Kim Taehyung não nasceu para ficar fechado em lugares pequenos e apertados. Já sentia seu corpo quente e começou a se desesperar. Aquele dia realmente não estava sendo dos melhores.

— E-Estamos presos aqui?!

Jungkook apertava todos os botões e tentava falar com alguém pelo interfone, porém não conseguiu, e sua expressão séria deixava bem claro.

— Talvez.

— E as câmeras? Se tiver alguém nos vendo, podem ajudar.

— Elas estão com problema... Vamos ter que esperar — ele se sentou encostado na parede.

Quanto tempo ficariam ali? Será que alguém lembraria dele ou morreria ali com a pessoa que menos suporta no mundo? Taehyung não sabia. Ele só queria sair dali o mais rápido possível.

— Ei, assistente, você não parece bem.

— Como eu vou ficar bem? Estamos presos aqui e você está aí todo calmo!

— Você quer que eu faça o quê? Não tem sinal de celular e a empresa está vazia. Provavelmente teremos que dormir aqui.

O que Jungkook falou deixou Taehyung ainda mais assustado. Teriam que esperar até amanhecer? O garoto não aguentaria até lá.

— E-Eu não consigo. Não consigo... — ele começou a puxar o ar com força. Jungkook se levantou e segurou seus ombros.

— Taehyung! Respira devagar. Puxa pelo nariz e solta pela boca, ok? Sem pânico, vamos ficar bem.

Ele já sabia o que tinha que fazer para ficar calmo, mas ver Jungkook o ajudando tocou o coração do garoto de uma maneira diferente. Foi a primeira vez que o chamou pelo nome e não pelo apelido "Assistente".

— O-Obrigado...

— Senta e respira fundo.

Taehyung fez o que o chefe pediu, mas ainda pensava na possibilidade de o elevador cair. Ele só tinha 23 anos. Não tinha vivido direito ainda.

Enquanto o Kim estava dando suas crises de pânico, do outro lado, Jungkook observava sem saber direito como agir. Não sabia que o assistente tinha esse problema com lugares fechados. De certa forma se sentia culpado por não saber o que fazer.

Os minutos foram passando e o silêncio tomou conta do espaço novamente. Jungkook resolveu distrair o outro para esquecer um pouco da situação que estavam.

— Assistente, já que estamos aqui, por que não nos conhecemos melhor?

Podia ser chato da parte de Taehyung, mas o garoto não queria bater um "papo amigável" com seu chefe.

— Com todo respeito, Sr. Jeon, mas eu não estou com muita vontade.

Jungkook apenas soltou uma risada e ignorou o comentário.

— Você não vai muito com a minha cara, né? Percebi desde que te contratei. Seja sincero.

Já que ele estava pedindo, por que Taehyung mentiria?

— Você é muito mimado e grosso. Pensa só em si mesmo e nem sabe fazer seu trabalho direito. Esse apelido que você me deu, "Assistente", parece que eu sou insignificante nessa empresa, mas eu que faço seus relatórios e organizo suas reuniões. Você não sabe depender de você mesmo e sempre tem que ter alguém como seu pai e o dinheiro dele, para fazer as coisas. É isso que eu acho, senhor.

A expressão do Jeon estava neutra. Ele já havia escutado aquilo tantas vezes, que não era para fazer mais diferença. Mas, de certa forma, ouvir aquilo da boca de Taehyung o incomodou muito.

— Eu não percebo quando sou assim. É uma coisa de família, sabe? Querer ter tudo e mandar em tudo. Quando eu insisto em uma coisa, eu faço de tudo para conseguir. Não importa como.

E a conversa parou por ali.