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07 | state of grace


T A Y L O R


Chegar ao amanhecer, para mim, era como uma nova possibilidade de fazer outra curva ao mundo. De alguma forma, o alívio por respirar à mais uma aurora se misturava com a ansiedade do imprevisto, ansiando e temendo por mais um dia cheio de ações a serem tomadas, preparando-me para o futuro que se iniciava mais uma vez no “hoje”. 

Porém, amanhecer ao lado de Travis Kelce era uma dádiva. 

Foi a primeira coisa que pensei depois de alguns minutos vagando entre a realidade e o peso do sono que ainda abatia meu corpo, sem deixar que minhas pálpebras se levantassem para conseguir abrir meus olhos.

Um suspiro escapou dos meus lábios. A visão do quarto estava escurecida, janelas fechadas e o aquecedor competindo com a temperatura fria que invadia o ambiente por consequência da porta que deixamos entreaberta. O clima lá fora estava úmido e gélido, o que havia resultado em meias nos nossos pés e uma grande quantidade de chocolate quente na noite anterior, American Pie na televisão e uma dose exagerada de beijos e carícias que trocamos até Travis pegar no sono e eu puxar mais um pouco do cobertor que ele sempre roubava para si. 

Um movimento de seu corpo fez um leve balançar na cama, assim como o murmúrio suave de um bocejo e um coçar nos olhos que, mesmo de costas, pude notar acontecer. 

Logo depois, a mão que estava adormecida por cima do cobertor se infiltrou nos lençóis que vestiam a nossa pele nua e alcançou o meu busto, fazendo-me parar de respirar no segundo que aquela mão enorme me puxou para ele até que minhas costas estivessem encostadas completamente em seu peito. A palma dele estava quente e macia, acariciando minha pele e me provocando um misto de cócegas e arrepios. 

— Bom dia, princesa — a voz rouca de sono soprou contra a minha nuca. 

Travis beijou a ponta da minha orelha e depois afundou o rosto entre os fios do meu cabelo. Irresistivelmente, segurei em seu braço e me encolhi até que eu estivesse praticamente engolida pelo tamanho dele ao me cercar naquela posição de conchinha adoravelmente acolhedora. 

— Bom dia, amor — fiz esforço para que a minha voz saísse, ainda me acostumando com o carinho dos lábios dele nas minhas costas. — Dormiu bem?

— Até se eu estivesse acordado a noite toda, estando com você, tudo é maravilhoso — ele me lança uma frase galanteador, o que me faz sorrir descrente e humorada. — O descanso foi ótimo. E pra você? 

Perfeito — murmurei, fechando os olhos novamente e me deliciando com a sensação de conforto do seu corpo grudado ao meu. 

Nós ficamos alguns instantes em silêncio, permitindo que nossa mente buscasse mais um pouco de raciocínio à medida que nosso ser despertava o corpo em que habitava-mos e o sono se esvaia. Porém, isso não impediu o meu tight end de continuar me embalando nos seus braços, depositar beijos suaves nos meus ombros e sussurrar palavras de carinho no pé do meu ouvido. 

— Eu daria tudo que pudesse pra ter você comigo todos os dias — ele confessa, arrancando outro suspiro meu. 

Fiz um esforço notável para sair dos braços dele, apenas para me virar em sua direção e o abraçar novamente, contemplando seus olhos inchados de sono, contornando seu rosto de uma forma muito fofa até mesmo para ele. Repousei meus lábios na sua bochecha ao mesmo tempo em que sua mão buscava a minha cintura com total propriedade. 

— Nem acredito que amanhã já não estaremos mais juntos — lamento, tocando o seu pescoço e acariciando sua barba com o meu polegar. — Eu vou sentir tanto a sua falta, babe... Isso vai me matar. 

— Já está me matando — ele avançou contra os meus lábios, tornando o selinho um pouco mais ousado com um leve puxar do meu lábio inferior. — Hoje eu quero aproveitar o dia inteiro com você, sem exceção de nenhum segundo.

— Eu também quero isso, mas não se esqueça de que temos compromisso. Não vou recusar o convite da sua mãe — eu ri com o coração em mãos, torcendo o nariz dele com meus dedos ao tempo em que ele fazia um biquinho de descontentamento com os lábios. — Eu adoro ela e com certeza irei comparecer ao almoço. 

— Eu me esqueci completamente… Não podemos deixar ela esperando — ele assume e eu concordo com um sinal positivo. — Mas mesmo assim, ainda vamos ficar juntos. E quando voltarmos pra casa, vamos aproveitar nossas últimas horas. 

Últimas horas… — escondi meu rosto no seu peito, sentindo o peso daquelas palavras me abalarem no mesmo instante. — Meu Deus, isso é tão angustiante.

Por um lado, meu coração estava apertado pela dor precoce da saudade. Estar apaixonada por Travis me fazia querer reunir cada mínimo segundo restante do meu tempo para dedicar a ele, assim como ele sempre fazia o maior esforço para me dedicar suas horas e minutos disponíveis entre um compromisso e outro. 

Mesmo distantes, nossos números de telefone sempre estavam em alta no histórico de chamadas no celular um do outro. Porém, não dava para comparar a sensação de tê-lo ao meu lado, podendo sentir seu toque ao invés de ouvir apenas um ruído de sua voz num auto-falante e o vislumbre da sua face espelhada no FaceTime. 

Entretanto, mesmo lamentando muito, nós sabíamos bem das outras prioridades pessoais que mantínhamos no nosso particular, nosso trabalho nos esperava e esse era o respiro necessário para manter nossa integridade como um casal que, simultaneamente, detinham sucesso em sua carreira. 

Travis precisava estar com a sua turma, se dedicando aos treinos e aos jogos que se aproximavam, além das inúmeras cobranças que vinham junto disso, e isso era algo que não havia como interferir. Além disso, eu estava muito orgulhosa do seu progresso e sua força de vontade de fazer o time avançar positivamente ao caminho do tão sonhado Super Bowl, e eu tinha certeza, mesmo que aquilo fosse um tanto supersticioso demais, que eles iriam levar aquele prêmio novamente para casa. Eu tinha total fé naquele time e total confiança no trabalho do homem que, justo agora, mas que parecia estar destinado a mim durante toda uma vida, era meu. 

E eu, por minha vez, tinha a missão de continuar gerando aquilo que me deu vida. Uma sequência de shows ainda me aguardavam, regravações e trabalhos novos flutuavam nas nuvens carregadas dos meus pensamentos e havia um estúdio onde eu precisava fazê-las chover. 

Mesmo no meu maior estado de silêncio, eu ainda podia escutar a multidão apaixonada gritando por “mais”. 

Então, ali, naquele momento, minha mente e coração estavam totalmente em conflito. Um guerreando pela razão e o outro pela emoção, competindo para quem cederia mais rápido a cadência dos gritos de tortura que seria ficar distante daquele beijo macio e abraço apertado. 

— Já é muito tarde ou ainda podemos aproveitar mais um pouquinho aqui? — Travis beijou a ponta do meu nariz, à medida que sua mão acariciava ainda mais forte minha cintura.

— Ainda seria pouco — falo exageradamente manhosa, buscando a boca dele com carinho. — Trinta minutos…

A mão, que antes estava em minha cintura, ergueu minha coxa até que ela estivesse apoiada totalmente por cima dele, fazendo meu corpo deitar sobre o seu com plena comodidade. Travis puxou o cobertor para cima e cobriu nossas cabeças, nos deixando a sós com o calor do nosso próprio corpo naquele escuro confortável onde eu apenas conseguia visualizar os seus olhos.

Pela manhã, nós nos entregamos um ao outro ali mesmo, naquele cenário afetuoso de carinho e lamentação pela despedida que se aproximava. 

Deixei minha marca em seus lençóis antes que o sol voltasse a reinar entre as nuvens e evaporassem o meu cheiro da sua cama, mas uma parte de mim sempre continuaria ali, entranhada nele assim como ele também estaria emaranhado em mim. 

Travis quis me acompanhar no banho, fazendo um imenso esforço para que ficássemos apenas nas carícias e concentrados no banho que deveria ser rápido. Quando saímos juntos do chuveiro, ele se ofereceu para ajudar a secar o meu cabelo e, mesmo ele sendo um desengonçado, eu permiti que ele fizesse apenas pelo gosto de apreciar seu carinho e dedicação por mim, sabendo o quanto sentiria falta dele e da sua companhia tão adorável e carvalheira. 

Para visitar a minha sogra, a tão amável Donna Kelce, optei por um vestido longo e sobretudo de lã, sem dar espaço para que o frio me incomodasse. Travis parecia mais casual, um conjunto de moletom e poucos acessórios. 

Antes que eu me aproximasse do carro, ele abriu a porta para mim e me conduziu para dentro, deixando um beijo na minha bochecha antes de se direcionar ao volante. Um segurança meu nos seguia à poucos metros atrás, mas ali em Kansas, as coisas eram mais tranquilas, tínhamos uma grande rede de apoio e respeito dos moradores ao Travis, tornando nossa privacidade mais segura e branda. Então, sem muitos rodeios, estávamos indo juntos em direção a uma tarde repleta de conversas amenas e lições a serem aprendidas. 

E assim, demos início ao que seria, mesmo que por apenas algumas semanas, o nosso fim. 

T R A V I S 


Minha mãe havia nos recebido na porta de casa, com um sorriso tão grande e misterioso que me fez recuar alguns passos da minha linha de raciocínio. 

Eu só havia testemunhado aquele sorriso uma única vez na vida. E havia sido no casamento do meu irmão. 

Sua animação era tamanha que, mesmo sem querer, havia me deixado de lado por uns bons minutos por se concentrar na tal almejada chegada da minha loira em sua casa. 

Tudo bem, eu sabia que aquele era o propósito do dia, ela iria fazer de tudo para deixar sua nova nora se sentir acolhida na nossa casa — nossa porque minha mãe não admitia chamar de propriamente “sua” o lar onde havíamos construído nossa família — e isso estava totalmente resolvido na minha mente. Porém, eu precisava dizer que fui totalmente ignorado e ofuscado pela graça da presença da minha namorada. 

Mas era inevitável. Aquela mulher exalava uma aura de serenidade tão grande que era impossível não despertar em alguém minimamente são o desejo de se aproximar mais um pouco.

Taylor estava tão linda e cativante com aquele sorriso adorável no rosto que eu quase lhe apresentei como minha esposa. Ela não mediu esforços para retribuir o abraço apertado da minha mãe e estender carinhosamente para ela o presente que havia, por dias, desde que o convite havia sido feito, escolhido para dar a ela em agradecimento. 

Não era a primeira vez das duas juntas. Já havíamos tido encontros com nossas famílias, casualmente se conhecendo em algumas ocasiões ali e cá, principalmente minha mãe que havia sido a sua companheira e mentora naquele fatídico primeiro jogo onde ela havia comparecido e quebrado os tópicos da internet a nosso favor. 

Porém, toda vez que se encontravam, parecia que aquele vínculo era como o primeiro, se intensificando ainda mais ao construírem entre si um laço afetuoso que eu era imensamente grato. Minha mãe adorava ela e isso, para mim, era como mil passos de incentivo à frente. Eu não era um filhote imaturo que precisa da validação da mãe ao ponto de passar por cima do meu particular com a pessoa que eu amo, mas crescendo numa família presente e respeitosa, era crucial que ao menos eles entendessem o meu propósito de vida dali por diante com a cantora e eles haviam feito isso sem o menor esforço. 

E, convenhamos, quem seria o louco de não se alegrar por seu amado(a) ter uma ótima relação com sua família parental? Isso era como uma benção para mim. 

E Taylor, por sua vez, falava com tanto carinho e respeito pela mulher que me deu a vida que era impossível não sentir verdade naquele tom de voz tão calmo e generoso. Uma das minhas maiores paixões naquela mulher era o seu jeito genuíno de ser, sempre disposta a criar um laço de carinho com aqueles que despertavam nela o conforto de se sentir em paz e livre para expressar o seu coração. E eu sabia que a família Kelce, apesar de não ser perfeita, seria aquela que daria de tudo um pouco para que ela mantivesse a vontade de ficar. 

As duas partiram para dentro com grande entusiasmo. Eu não sabia o que fazer a partir dali, pois elas estavam engastadas em uma conversa marota e distraídas com a presença uma da outra, então eu apenas segui de perto o caminhar que nos levaria até o interior da casa, sem deixar de segurar a mão pequena que se escondia entre a minha, sorrindo com o jeito que as bochechas dela assumiram um tom mais rosado cada vez que minha mãe lhe direcionava um elogio repleto de admiração. 

— Eu mal posso esperar por um outro jogo, é tão gostoso estar com vocês, a energia é tão boa — Taylor expressa com animação na voz, gesticulando com as mãos e mantendo o clima confortável e amistoso da tarde. — Eu me sinto muito bem estando com vocês, é uma loucura sem tamanho. Sinto que faz parte da adrenalina que faltava em mim. 

— Nós adoramos te ter lá, principalmente Travis — minha mãe assume, me apontando o dedo logo em seguida. — Quando ele me contou que você iria naquele primeiro jogo, eu achei que ele fosse explodir de tão animado. Depois começou a fazer trocentas perguntas e criar algumas paranoias na cabeça, super ansioso. 

Mãe… — murmurei, sorrindo nervosamente e um pouco desconcertado. 

Taylor me olhou de soslaio e sorriu, arrastando sua mão para rodear minhas costas e repousar sua cabeça em meu ombro. 

— Eu também estava ansiosa, não sabia muito bem o que esperar dali por diante. Eu só sabia que seria inesquecível — com carinho, ela massageou discretamente minha pele, me enviando um aviso silencioso de que aquilo estava sendo dito diretamente para mim. — Foi algo que absolutamente mudou a minha vida. 

Segurei um pouco da vontade de sorrir igual um palhaço emocionado, principalmente quando minha mãe olhou nos meus olhos com um ar provocativo e sábio de quem finalmente entende o porquê da paixão avassaladora da relação de um filho por alguém que, mesmo sem pretensão, havia se tornado o elemento principal da vida que era me dada a reger por agora em diante. 

Nós conversamos apenas mais alguns minutos até que minha mãe se levantasse e Taylor fosse junto, fazendo questão de ajudar a colocar a mesa o almoço e se disponibilizando a fazer qualquer mínima ação possível que estivesse ao seu alcance. Não pude ficar de fora, então apenas acompanhei o desenrolar das duas e, quando tudo se fez pronto, nós nos sentamos à mesa. 

Carinhosamente, minha mãe passou a palavra da prece para Taylor, rezando pelo alimento e o nosso dia, e até mesmo naquilo eu senti que havia algo de sobrenatural sobre ela. A cantora era Cristã de berço, não deliberadamente protestante, mas mantinha os princípios de sua fé e conduta guardados bem pessoalmente, algo que pessoas não tão próximas talvez não soubessem disso. A paz de suas palavras invadiram a casa e, no segundo que ela pronunciou o “amém”, uma sensação de conforto havia tomado meu coração. 

Sentamos à mesa e um vinho branco acompanhava o salmão grelhado, fazendo combinação com o prato repleto de vegetais e proteínas propositalmente ali para manter o equilíbrio das refeições suaves da loira e a taxa de calorias que eu, como jogador em ascensão, deveria manter em função aos jogos. 

O clima era o mais descontraído possível, com Taylor contando sobre sua infância e minha mãe e eu ouvindo atentamente a maneira como ela desabrocha os detalhes do seu passado com a precisão de alguém que havia vivido algo apenas no dia anterior, e não há mais de 15 anos atrás. 

— Na verdade, eu agradeço por ter saído dessa curva do colegial, faculdade e tudo o que vinha depois. Eu teria sido uma bagunça se seguisse esse caminho — ela gesticula, prendendo nossa atenção com o seu discurso. — Digo, algumas pessoas só descobrem o que querem ser ou fazer durante o resto de sua vida na faculdade. Alguns até começam cursos e se arrependem depois. E há aqueles também que, mesmo depois de todo o processo, não conseguem ao menos tomar qualquer direção. Mas eu não, eu sempre tive certeza do que eu queria fazer e comecei isso cedo, não esperei o fim do ensino médio ou o que fosse. Sempre entendi que, quanto mais rápido eu persistisse, menos tempo a deriva eu teria. 

— Bom, Jason e Travis também foram assim. Os dois se metiam em todo o tipo de esporte possível, seja na escola ou em qualquer campo público de um clube aberto. Golfe, Hóquei, Basquete… Eles transitaram bastante, mas a maior paixão sempre foi o Futebol — a expressão orgulhosa dos olhos da minha mãe me fizeram sorrir com a nostalgia da infância vivida ao lado do meu irmão, ali mesmo, naquela casa onde iniciamos o que seria, mais tarde, o propósito das nossas vidas. — Eu já via o caminho deles sendo traçado. Quando os dois chegaram juntos no Super Bowl, foi onde eu senti o descanso do meu coração em saber que havia feito certo, que havia conseguido. Eu sabia que um deles ganharia e o outro infelizmente não conseguiria tocar com propriedade aquele troféu. Mas a vitória, ela chegou para todos em casa. Quando tocamos aquele gramado em Pensilvânia, todos nós havíamos vencido. E todos ficamos orgulhosos por ter sido Travis a nos dar esse prazer. 

— Eu sequer posso imaginar — quase como um suspiro, a voz de Taylor saiu soprosa, visivelmente emocionada. 

— Tenho a certeza de que os seus pais tiveram a mesma percepção sobre você — minha mãe continuou, ao passo que estendia sua mão para cobrir a da loira em um gesto reconfortante e afetuoso. — A paternidade é algo assustador, tanto quanto bonito e transformador. Como mãe, eu sempre almejei ver meus filhos conquistando seus sonhos, mas isso requer muito esforço e renúncia. Existem coisas que não podemos impor, momentos onde precisamos baixar a guarda e sermos apenas espectadores, deixando que eles tomem suas decisões, mesmo sabendo que talvez não dê certo lá na frente. Existe uma linha tênue entre o cuidado e libertação. Precisamos deixá-los livres, mas certos de que podem voltar pros nossos braços no momento que precisarem. Você já deve ter sentido isso em algum momento, a necessidade de ir adiante e, logo após, recuar. A transição e mudanças de etapas da vida é tão complexa quanto escolher uma mera profissão no final do colegial. 

— Meus pais se abdicaram da vida deles por mim. Minha família toda fez isso, viajando pra lá e pra cá, implorando até que alguém me desse a chance de tocar um dos meus discos e talvez conseguir ser algo além do que uma garotinha que não tinha nada além de um caderno e um violão como companhia — assim como numa composição elaborada, as palavras dela fluíam com sutileza, uma harmonia bonita de conjugações que só ela era capaz de discorrer. — Os planos de vida de Austin, meu irmão, sempre foram mais pés no chão que os meus. Ele é tão inteligente e centrado que chega a ser loucura. Para ele, seria mais fácil seguir o próprio rumo e, talvez, meus pais quisessem me guiar pelo mesmo caminho, sem deixar eu insistir naquela história de querer ser cantora. Mas eu tinha influências, eu era apaixonada pela minha avó que foi uma destemida cantora de ópera e, mesmo passando poucos anos ao seu lado, havia sido a maior das minhas inspirações. Ela despertou em mim o desejo de voar seguindo os meus instintos. A diferença é que eu não queria me limitar ao que ela se reduzia, eu queria mais. 

Do outro lado, ao visualizá-la, Taylor tinha a mesma doçura de uma criança sonhadora enquanto, observando-a falar, era como se engrenagens estivessem se movimentando sobre sua cabeça, o profissionalismo criando barreira entre a comoção de suas palavras, demonstrando o quão naturalmente ela era centrada e, emocionalmente, sensível à própria vida. 

— Foram anos perseguindo meu propósito. Poderia dar tudo errado, ou então eu poderia não ter atingido o pico de sucesso que consegui. Aliás, ser mundialmente famoso não é algo que você, honestamente, lá no fundo, acha que vai conquistar — ela passou a mão pelos fios do cabelo e engoliu em seco, preparando-se para o fim do próprio discurso. — Meu irmão embarcou nessa comigo. Meus pais estavam lá e, desde então, sempre estiveram aqui. Eu posso já estar na casa dos trinta, mas ainda existe aquela sensação gostosa de ser a garotinha da casa. Eu não sei que tipo de sentimento eles têm por mim ou quem eu me tornei, não sei como eles enxergam tudo isso hoje em dia. A única coisa que eu sei é que nunca vou ser capaz de retribuir tudo o que fizeram por mim, é isso que mantém meu pé no chão. Eu trabalhei muito duro, meu sucesso é um mérito meu. Mas eu só tive a oportunidade de trabalhar porque eles fizeram de tudo pra que fosse me dado essa chance. Então, para mim, eu acho que, verdadeiramente, o maior tipo de sucesso vem da hierarquia de uma família adstrita. Uma família que está disposta a te abraçar no seu melhor e pior momento, te fazer crescer sem o sentimento de abandono. Porque eu sei que, mesmo se eu perder tudo algum dia, eles ainda vão estar lá. 

Seus olhos brilharam de uma maneira diferente, quase como lágrimas brotando e fazendo uma película transparente sobre sua íris azul. Por debaixo da mesa, levei minha mão secretamente para pousar em seu joelho, deixando um carinho em sua pele que evidenciava que eu também estava tocado pelas suas palavras e sua sensibilidade. 

O sorriso da minha mãe se desvaneceu em apenas um erguer do canto dos lábios. Ela balançou a cabeça positivamente e olhou para mim com um olhar de ternura, fazendo um sinal silencioso que somente eu e ela poderíamos decifrar. 

— Você está certa, querida — se desvencilhando do nosso contato visual, minha mãe deu a última palavra sobre o assunto, ainda nos mantendo naquela atmosfera poderosa de conforto. — Absolutamente certa.

O restante do almoço seguiu aquele clima ameno, nós migramos de assuntos aleatórios para os mais profundos possíveis, como o cenário político atual e o relevo causado na sociedade por decorrência do governo. 

Em tudo, Taylor se mostrava a mais inteligente e educada possível. Por um momento, eu duvidei se alguém conseguiria manter um mínimo argumento contra ela em um debate sério. Até mesmo quando contrariada, ela conseguia calcular e distribuir a sua linha de raciocínio com pontualidade e civilidade. Aquela mulher era tão disciplinada que, em meio à admiração, poderia também causar medo. Ela era imbatível. 

Minha mãe e eu apresentamos o resto da extensão para a cantora que parecia admirada com qualquer metro quadrado descoberto. Quando minha mãe a levou até o jardim, ela quase enlouqueceu. Fiz uma nota mental de, sempre que possível, levar flores para ela. 

Apenas um momento oportuno foi nos dado para que ficássemos a sós, quando minha mãe me deu a missão de apresentar o meu próprio quarto para ela. Era um espaço meu que ficava retraído apenas para mim, por conter informações pessoais demais para manter em outras casas que não fosse ali, onde estariam todas protegidas. Além disso, minha infância e adolescência haviam sido construídas ali dentro, então uma grande quantidade de fotos estavam espalhadas em quadros surrados pelas bancadas. 

— Seu quarto é de um homem adulto, mas isso aqui é lindinho demais — ela fez gracinha, pegando uma foto minha, quando bebê, segurando um espinafre na mão e fazendo careta. — Você era tão fofo, amor! 

Eu revirei os olhos, mas não consegui evitar sorrir. Contei para ela sobre uma foto em específico onde eu estava com um uniforme do estado, todo sujo e com um sorriso cansado e mais alegre do mundo no rosto. Havia sido o primeiro jogo relevante que eu havia participado e ganhado com o meu time da época, a primeira conquista que obtive em campo. A foto estava emoldurada desde então, mantida ali para me lembrar de manter a ingenuidade daquele mesmo garoto de sorriso grande toda vez que eu entrava em campo. Seja no quintal de casa ou sendo televisionado pela grandíssima NFL. 

Mostrei as medalhas, falei sobre os torneios e, quase sempre, ela me fazia perguntas mais elaboradas sobre esses assuntos, demonstrando interesse e curiosidade, o que me dava ainda mais ânimo em compartilhar com ela o lado mais íntimo da minha vida. 

Eu a abracei por trás, mantendo minhas mãos ao redor da sua cintura e beijando os fios do seu cabelo, sentindo a fragrância suave do seu shampoo impregnado neles. Taylor deixou o quadro com o retrato de Jason e eu, no meu aniversário de dezesseis anos, em cima de uma das cômodas e passou a analisar uma outra, a foto tirada quando assinei meu primeiro contrato com os Chiefs.

— Você traz muita alegria pra sua mãe. Eles se orgulham de você e do seu irmão — mencionando minha família, ela pronunciou com veemência, o tom calmo da sua voz era cômodo e atrativo. — Eu também me orgulho. 

Ela confessa em um suspiro, segurando meus braços com força e deitando a cabeça no meu peito. Não contive a vontade de beijar o pouco da nuca que escapava pelo seu sobretudo e, assim que meus lábios tocaram sua pele, eu senti ela se arrepiar e ouvi um murmúrio baixo escapar de seus lábios. 

— Você não faz ideia do quanto isso significa pra mim — era apenas para ter dito, mas eu quase sussurrei no seu ouvido, sentindo minha voz falhar. — Não faz ideia do quanto você significa pra mim. 

Taylor virou o corpo de frente para o meu e, ao contemplar seu sorriso doce, uma pressão ansiosa tomou conta do meu peito, meu coração oscilando entre as batidas rápidas e lentas. Ela ergueu o rosto e me deu um selinho demorado, respirando suavemente contra a minha pele e murmurando entre a minha boca. 

Eu sei… — falou convicta, mas não com ar de presunção, apenas como alguém que tinha a certeza de um amor correspondido. 

— Jura pra mim? — segurei com suavidade as curvas do seu pescoço, direcionando seu olhar para o meu. 

Sua resposta foram inúmeros beijos soltos, selinhos e encostar de lábios que apenas me instigavam e me faziam ter mais vontade de tomá-la em meus braços. Então, sendo assim, reivindiquei seus lábios e aprofundei o beijo, ela recebeu o gesto empurrando sua língua contra a minha e entrelaçando-as. 

Logo, minhas mãos desceram do seu pescoço para o seu ombro. Apesar de estar fazendo frio lá fora, o aquecedor da casa deixava o clima mais confortável, o que me impulsionou a descer as alças do seu sobretudo até que ele caísse no chão. O cólon dela ficou livre, exibido no vestido longo e justo no busto, os seios empinados no sutiã estavam escondidos pelo casaco, mas agora, a visão do seu corpo era totalmente aparente para mim. 

Eu a puxei pela lateral das pernas e a peguei pelo colo, as mãos dela rodearam meu pescoço e sua boca continuou grudada na minha. Sem muito esforço, deitei seu corpo na cama e pus o meu sobre o dela, interrompendo nosso beijo lento apenas para beijar o pescoço à mostra. 

Amor… — ela me chamou com a voz fraca. — Travis, sua mãe está aqui. 

— Não estamos fazendo nada — resmunguei de volta, certo de que não havia nada de errado. — E a porta está trancada. 

— Não estamos fazendo nada ainda. Você sabe muito bem como essas brincadeiras acabam — ela segurou o meu queixo, sem deixar que eu ao menos me aproximasse dos seios abaixo de mim. — Eu sei que vamos ficar muito tempo separados, mas precisamos nos conter. Não precisa se desesperar, ainda temos uma noite.

— Você precisa descansar — descartei a possibilidade, mesmo que quisesse muito passar a nossa última noite enrolado com ela na cama, eu tinha a plena consciência de que deveria zelar pela saúde dela acima de tudo. — Não vou deixar você viajar exausta.

— Não sei se já notou, mas o meu jatinho é bastante confortável. Eu consigo dormir e descansar muito bem nele — ela me direcionou um olhar travesso, ignorando completamente o que eu havia dito antes. — Mas é sério, acho melhor pararmos por aqui. Eu não vou ser louca de desrespeitar a casa da sua mãe e, muito menos, ela mesma, Travis. 

— São só alguns beijinhos, isso não…

Michael Kelce. 

— Tá bom. 

Levantei, fingindo estar super abalado por ela ter me repreendido. Ela também se pôs de pé e me entregou o seu sobretudo para que eu a ajudasse a colocá-lo de volta. Como se nada antes tivesse acontecido, nós demos as mãos e fomos até a sala de estar onde, provavelmente, minha mãe estaria nos esperando. 

Nós a encontramos com Chauncey, meu cachorro de estimação que estava passando uma temporada ali na casa apenas para fazer companhia a ela, e duas canecas de chá na mesa de centro. Ela ofereceu apenas para a loira, já que sabia que eu não era chegado à bebidas quentes. 

Antes, porém, de terminarmos a nossa tarde, minha mãe entregou meu fiel companheiro de quatro patas para Taylor e pediu licença para a loira, me arrastando para um canto, alegando que precisava da minha ajuda para algo. 

— E aí, o que você está achando? — fui direto, já sabendo que aquilo havia sido apenas uma desculpa sua para conversar comigo. — Está ficando mais sério. 

— A única coisa que eu acho é que você precisa valorizar ao máximo essa mulher — ela me apontou o dedo indicador, assim que entramos na área do depósito de alimentos. — Ela é uma menina boa, Travis. Eu sei que não devo interferir nas suas decisões ou na maneira como você segue sua vida pessoal, mas me chatearia muito saber que você fez algum mal pra ela. Taylor é uma mulher muito gentil. Eu gosto dela. 

— Sendo racional, eu nunca buscaria fazer nada contra ela. Eu a amo, mãe — fui sincero, sem limitar meus sentimentos para a mulher que havia me dado a vida. Ela me conhecia mais do que ninguém. — Ela é incrível. Você vê a forma como ela fala? O jeito que ela se comporta. Tudo nela é fascinante. 

— Ela é linda, em todos os sentidos. É uma mulher de respeito — minha mãe cruzou as mãos, tomando uma postura séria diante de mim. — Mas eu sei que, mesmo tendo todas as qualidades perfeitas para ser companheira de alguém, Taylor também tem seus defeitos e questões íntimas. Não deixe que essas coisas venham se sobressaltar, ajude ela da mesma forma como ela ajuda você. Talvez seja essa a oportunidade dos dois superarem o passado conturbado que tiveram, vocês podem ser bons um para o outro. Você mudou tanto, meu filho… E não foi de personalidade, estilo ou jeito de ser. Ela não anulou quem você é. Ela te moldou por outro lado. Aqui dentro.

Minha mãe encostou a palma da sua mão no meu peito e meu coração aqueceu. 

— Não deixe ela escapar, Travis — esse foi o seu último aviso. 

Eu assenti com a cabeça, sem mais palavras. Depois de mais alguns conselhos, minha mãe e eu voltamos para a sala e encontramos Taylor coçando os olhos ao brincar com Chauncey, indicando um cansaço que ela não queria aparentar. Minha mãe recomendou que eu, discretamente, conduzisse ela para irmos embora. Taylor obviamente relutou, dizendo que poderíamos ficar mais um pouco, mas ela estava visivelmente sonolenta e precisava se organizar para a viagem do dia seguinte. 

— É uma pena ter que ir, eu amei passar essas horas com a senhora — no meio de um abraço apertado, Taylor trocava palavras com a minha mãe. — Obrigada pela hospitalidade, a senhora é uma pessoa maravilhosa.

— Sempre que você quiser estar aqui, essas portas estarão abertas — minha mãe afagou suas costas com uma carícia precisa, fazendo minha namorada praticamente se encolher no seu abraço. — É uma honra receber minha nora em casa. Você faz parte do time agora. 

Quando elas se apartaram dos braços uma da outra, Taylor estava com o rosto corado e um sorriso tímido. Nós nos despedimos e, assim que entramos no carro, meu primeiro impulso foi beijar sua bochecha e dizer pra ela o quanto ela era linda.

Demos partida até chegarmos na nossa casa. Sim, nossa, porque aquele lugar já havia sido consagrado como dela desde o momento que ela pusera os pés ali, fixando seu perfume nas paredes e enchendo os cômodos com o poder da sua presença. 

No caminho, ela acabou adormecendo e eu reduzi a velocidade da corrida apenas para deixar o seu sono mais tranquilo. A expressão do seu rosto era tão serena quanto engraçada, os lábios entreabertos faziam seus suspiros escaparem com suavidade e ela parecia um anjo. E não havia dúvidas quanto a isso, talvez ela realmente fosse algum tipo de ser sobrenatural enviado pelos maiores e mais bondosos deuses para a minha vida. E eu nunca me senti tão abençoado. 

Billy Joel tocava no rádio e a companhia adormecida da loira ao meu lado era o motivo da minha felicidade. Seria difícil me acostumar com a solidão depois de ter experimentado o gosto da sua liberdade. 

Mais difícil ainda, seria sobreviver sem ela. 

T A Y L O R


Fechei a última mala com a ajuda de Travis, quase desistindo e deixando metade das coisas para trás, porém com a plena consciência de que já haviam pertences demais meus em sua casa. Tal como sapatos, uma boa variedade de roupas e cosméticos. Eu não queria sentir que estava morando no apartamento dele, apesar da situação se parecer completamente com aquilo. 

Eu ainda estava me sentindo um pouco sonolenta depois de ter adormecido no trajeto de volta da casa de Donna, então precisei urgentemente de um banho para despertar de vez e não perder os últimos segundos que eu teria para desfrutar ao lado do meu jogador favorito.

— Já está tudo pronto? — ele pergunta assim que eu saio do banheiro, ainda enrolada na toalha e com o cabelo úmido. 

— Acredito que sim, apesar de parecer que as malas se multiplicaram — apontei para o canto do quarto e as malas enfileiradas crescentemente, da menor a maior. — Eu sempre acabo trazendo mais coisas do que deveria. Acho que é a síndrome do “tudo pode acontecer”. No final, sempre acontece tudo, menos aquilo que eu tinha previsto acontecer. 

Travis riu fraco, colocando a última e maior mala no final de todas as outras, respirando fundo enquanto a mão ainda estava segurando a alça. 

— Vou sentir sua falta — as palavras escorregam, a conformidade brincando com a tristeza aparente. 

— Eu também — passei a mão pelos meus fios de cabelo, um pouco ansiosa demais. 

— Sabe que pode me ligar quando quiser, não é? E se tiver algo de errado, eu quero ser o primeiro a saber — ele fez as recomendações, usando um tom de voz fraternal e firme ao mesmo tempo. — Tente comer direito, por favor. Eu sei que a sua rotina é uma loucura, mas não se arrisque tanto. 

Eu sorri e concordei, fazendo uma nota mental para não esquecer daquilo. Perdida com meus próprios pensamentos, a próxima ação que tive foi apenas encarar seu rosto e ficar em silêncio. 

Uma parte de mim queria memorizar cada traço da sua face, temendo esquecer da vitalidade dos seus detalhes ao contempla-lo de frente a mim, pessoalmente, habitando o mesmo espaço. Eu não sabia se estava sendo sensível ou louca demais, mas a ideia de estar longe dele estava me dizimando por dentro.

Talvez eu estivesse mesmo maluca. Ou talvez fosse apenas porque ele me fazia tão bem e tão feliz ao ponto de me fazer chorar em meio aos risos. 

Eu não quero ir embora — desabafo, sentindo meu nariz úmido e meu rosto quente. 

Eu estava realmente prestes a chorar. Aqueles dias haviam sido os mais especiais desde estão, eu me sentia tão imersa em nós dois e amava sentir que ele também estava entregue ao que estávamos construindo. Não éramos mais adeptos à paixão rasa, culminada pela eletricidade do momento e a adrenalina da tensão. 

Agora, éramos pertencentes ao amor sólido. Profundo e ardente. 

— Não faz isso comigo, princesa — Travis caminhou até a mim e, ao estar bem perto, segurou meu rosto entre as mãos.

Seus olhos também pareciam emocionados quando se cruzaram com os meus. A diferença maior foi que eu não consegui fazer a comoção parar. Meus lábios tremiam e meus olhos se fecharam, finalmente cedendo e se derramando. 

Travis beijou a minha pálpebra e meu coração quase explodiu. Havia sido um gesto tão sutil e único que me fez lamentar ainda mais. A lágrima silenciosa desceu por minhas bochechas e os lábios dele acompanharam o movimento da gota, enxugando o meu choro da maneira mais delicada e terna que eu sequer poderia imaginar. 

Esse era o tipo de homem que Travis era. Imprevisível e surpreendente. Era notório que eu estivesse surpresa pela sua chegada, nunca havia cogitado algum dia ter a sua presença vagueando minha vida e tornando os meus dias mais memoráveis. Aquele homem havia me enlaçado no seu feitiço da maneira mais improvável e certeira possível, e eu realmente nunca mais voltaria a ser a mesma de antes depois de ter me apaixonado por ele.

— Você vai voltar pra mim, a despedida é só por um momento — ele me envolve com um abraço, afagando minha cabeça com as mãos enquanto eu limpo o restante das lágrimas no tecido da sua camiseta. — E eu vou estar aqui, esperando por você. Sempre. 

Naquele instante, sem sapatos ou qualquer adereço que pudessem me ajudar, Travis, com toda a sua postura e altura esguia, me fazia parecer muito menor do que de costume. Quero dizer, é incrivelmente difícil fazer uma mulher de 1,80 cm se sentir pequena.

A delicadeza do seu toque me fazia transcender em ternura, enquanto eu parecia visivelmente como uma menina a ser amparada no seu abraço. 

— Você é o amor da minha vida.  

Declarei, sem nenhuma barreira para interromper aquela constatação. Travis parou por alguns segundos, deixando sua mão parada em meus ombros e respirando profundamente. 

— Amor da sua vida… — seu pensamento ressoa alto, como se ele estivesse digerindo a informação lentamente. 

Em meio aquele cenário, uma película entre a insanidade e a racionalidade do fascínio foi instalada no meio de nós. Me pus na ponta dos meus pés e a única coisa que meus lábios conseguiram capturar foi a pele do seu pescoço, dado a nossa diferença de altura e sua postura estática. 

Travis se curvou, aproximando seu rosto do meu e permitindo que eu o beijasse. Rodeei sua cintura com os meus braços e pressionei meu corpo ao seu, enquanto nossas bocas dançavam uma com a outra, seguindo um ritmo oscilante e envolvente. Seguimos naquela disputa, o corpo sendo levado ao mar de desejos e o coração tomado de emoções intensas e precisamente complexas. 

Era isso. Essa disputa, essa briga incansável entre a urgência e o afago. Isso era o amor que sentíamos, o amor que vivíamos. Um jogo que poderia ser tanto excitante quanto perigoso e cruel. Isso, claro, ao menos que soubéssemos jogar bem e certo. 

E, graças aos deuses, eu tinha o melhor jogador do mundo ao meu lado. 

Suas mãos, lentamente, se encaminharam para dentro da brecha que escapava da toalha no meu corpo. Minhas costelas foram tocadas por seus dedos e um suspiro escapou da minha boca, buscando mais contato e levitando com o furor da eletricidade da excitação. 

Você é a minha vida. 

Ele sussurrou, cruzando sua língua com a minha e desnorteando a minha mente. Meu corpo se abalou contra o seu, quase caindo em seus braços e me fazendo crer que ele era o meu maior ponto fraco, o meu calcanhar de Aquiles. Mesmo com a maior das fortalezas habitando em mim, Travis sempre conseguiria me desestabilizar, ludibriando-me com o seu carinho selvagem e gentileza erudita. 

A toalha caiu com sutileza do meu corpo e o frio sequer conseguiu arrepiar tão ferozmente a minha pele quanto a sensação do seu toque quente em mim, me levantando para estar no seu colo e apertando em carícias suaves as curvas do meu corpo.

Com resignação, separamos nossos lábios e buscamos o ar que havia se perdido naqueles segundos de emocionalismo, o que me levou a acariciar seu rosto enquanto nos perdíamos na cor exuberante dos olhos um do outro. Rodeei seu corpo com as minhas pernas, sentindo ele me segurar ainda mais firme, me deixando confortavelmente embevecida em seus braços. 

A atmosfera do quarto havia mudado completamente. Agora, a despedida não se parecia mais com o fim. Era como apenas o prelúdio de mais uma etapa a ser traçada nas nossas vidas, intensificando a nossa devoção um ao outro, perto ou longe. A tristeza se esvaia, mesmo que a saudade ainda estivesse ali, prestes a perfurar nosso peito, mas estávamos certos de que trataríamos ela apenas como um aviso: sempre teríamos a oportunidade de voltar aos braços um do outro. 

E, se a saudade existia, era porque a evidência do amor se fazia presente. A benevolência dos nossos sentimentos se entranhavam junto da expectativa da companhia dos nossos corações, batendo ritmamente no mesmo compasso, ecoando melodias que eu lembraria, algum dia, de usá-los em acordes secretos, escondendo-os no nosso canto de intimidade. 

Minhas costas sentiram a maciez da cama e o corpo dele, recém despido, afogou o meu com a inundação da copulação. Nossas auras se tocaram e o espírito benígno acalentou a dor da nossa separação, o prazer celeste selando nossos destinos, ligando-nos um ao outro por uma corda invisível e poderosa o bastante para que nada e ninguém o rompesse.

— Obrigada. 

Lembrei de sussurrar para o teto, tentando fazer a voz do meu pensamento chegar até o Deus que habitava o campo e o firmamento do universo celestial, acima e no meio de nós.

Travis dormia calmamente preso à mim e imerso no próprio descanso. Enquanto isso, eu ainda prestava atenção no som da sua respiração e inspirava ao máximo o cheiro característico do seu corpo perfumado. 

Quando a paz por fim invadiu meu subconsciente ansioso, eu o abracei e fechei os olhos, sentindo a sensação de dormência derruir meu corpo e acalmar minha mente. De alguma forma, senti que minha prece havia alcançado o terceiro céu. Pois, ter Travis ao meu lado, não só fisicamente, mas sim presente em cada quinhão da minha existência, era ter a certeza de que eu era mais do que afortunada. 

E isso, não podia se descrever ou comparar a qualquer outra coisa. 

Era um estado de graça.

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Acho esse é um dos capítulos mais fofos que eu fiz deles. Eu amo tanto esses momentos Caprichettes (aliás, eu adorei que agora esse termo é usado para identificar as Tayvis Stans kkkkkkkk) eu simplesmente amo eles dois.

Tudo bem, meus amores???  Enviando amor, carinho e toda a felicidade que a vida puder proporcionar a vocês daqui! Boa semana para vocês!!!

Att., Luna🤍

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