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05 | dancing with our hands tied


T R A V I S

— Vamos lá, não é como se fosse o fim do mundo!

Exclamei eu, lutando para que minha voz sobressaísse ao volume alto dos fones de ouvido dela, estrategicamente posicionados nas orelhas enquanto corria ritmadamente na esteira.

I'm damned if I do give a damn what people say — com a voz pontualmente afinada, ela cantarolou no time perfeito, ignorando minha existência ao seu lado.

— Eu com certeza também estaria ferrado se eu me deixasse abater pelo seu desprezo — revirei os olhos, quase cansado de insistir.

— Amor, eu já disse que não.

Por um momento, ela saiu de seu transe e me respondeu, aumentando a velocidade da esteira e voltando a se concentrar na própria respiração.

A nossa mera discussão se dava pelo motivo de que Taylor precisava manter sua rotina de exercícios em dia, dado ao fato também de que sua turnê estava em constante ação, circundando a América em uma sequência de shows seguidos que exigiam muito de sua disciplina e esforço, mantendo a saúde de seu corpo e disposição.

Porém, a cantora tinha o hábito de repassar toda a set-list de suas músicas em apresentação na esteira de corrida, fazendo um desafio que, na minha opinião, era insanamente maluco.

Eu não iria julgá-la pois não tinha abertura para interferir na escolha da sua rotina e seu compromisso pessoal com a turnê, mas me intrigava o fato de vê-la passar horas trancada naquele cômodo sozinha, podendo fazer o mesmo trabalho lá fora, enquanto tomava ar fresco e, ao menos, podia se distrair com algo a mais que não fosse as próprias músicas.

— Taylor, até mesmo você já deve ter enjoado disso — teimei novamente, percebendo que ela virou a cabeça rapidamente para mim. — Não é possível que não esteja cansada.

— Está insinuando que o meu trabalho é enjoativo? Eu pareço estar enjoada? — lançando-me um olhar mortal, eu logo percebi que minha fala havia chegado à mente dela em um pensamento totalmente contrário ao meu. — Ou é você que está cansado? Se estiver enjoado da minha voz ou das minhas músicas, você pode simplesmente dizer e se retirar.

— Não foi isso que eu quis dizer — tentei me retratar imediatamente, surpreso pela mudança do tom de sua voz. — Estou dizendo que isso é repetitivo demais, não querendo interferir nas suas escolhas de treino ou o que seja, só estou dando a sugestão de fazer algo diferente. Imaginei que estivesse cansada porque isso é cansativo!

— Eu estou perfeitamente bem, obrigada pela preocupação — parecendo descrente das minhas palavras, ela me afundou no seu mar de ironias, os olhos cheios de irritação. — É o meu trabalho, Travis, eu me esforço da maneira que achar melhor. Você sabe disso. E sabe muito da minha rotina pra saber que eu não iria quebrá-la por qualquer razão boba, sabe como isso funciona. Como eu funciono. Então eu não entendo o porquê está tão incomodado, se realmente estiver entediado, podemos parar de fazer isso juntos.

— Não quero parar de fazer isso com você — resignei minha resposta, certo de que não havia problema algum em treinarmos juntos, era algo tão simples quanto comum. — E não precisa falar desse jeito.

— É você que está implicando comigo — devolveu, juntando as sobrancelhas numa expressão de indignação.

— Porque está tão na defensiva? Você definitivamente não é assim — colocando de volta os pesos no lugar, eu fui até ela e travei o movimento da esteira para que ela prestasse atenção em mim, ao invés de me ignorar. — Não me pinte desse jeito, como se eu quisesse controlar algo tão insignificante quanto isso na sua vida. Eu não te propus isso porque cansei de ficar te escutando, eu não tenho como enjoar de você, Taylor, eu literalmente sou seu namorado. Você não é como um prato de comida pra que eu pudesse, simplesmente, um dia enjoar de comer. Você é a mulher que eu amo.

Parando alguns segundos para digerir minhas palavras, Taylor suavizou um pouco da expressão de carranca, mas não fez menção de dizer nada a altura do questionamento.

— Não é insignificante pra mim — continuou, sustentando o conflito que nem ao menos deveria ter se iniciado. — E eu definitivamente sou desse jeito.

Respirei fundo. Não, ela não era assim.

Tentei ignorar toda a sua arrogância e estresse repentino, mas a última atitude foi como um aviso prévio de que eu deveria simplesmente parar e deixá-la ali. Manter uma conversa com a sua tamanha teimosia era, com toda a certeza, a parte mais difícil daquilo, porque eu era tão explosivo quanto aquela loira. E o que mais me matava por dentro era o fato de eu saber que não conseguiria fazer nada, porque eu estava tão enfeitiçado por aquela mulher que, simplesmente, toda raiva excessiva em mim desaparecia.

Porém, a pontada de tristeza que surgiu em mim não pôde ter sido evitada.

— Tudo bem — falei, me esforçando para não olhar em seus olhos. — Pode voltar ao que estava fazendo, eu não vou continuar invadindo o seu espaço.

Retornei o movimento da esteira e me afastei, sentindo seu olhar sobre as minhas costas quando me virei para ir embora.

— Travis — quase como um alerta, a voz dela soou, claramente incrédula pela minha saída. — Por Deus.

— Não vou ficar aqui discutindo com você o quanto eu sou incomodado pela presença da minha própria namorada, ou então, tentando mudar suas decisões e, pior, sendo ignorado — cuspi as palavras ao vento, tentando descontar nelas a frustração que eu sentia por dentro. — Se é de espaço que você precisa, considere esse lugar sua casa. Sinta-se à vontade.

— Ei, Travis… — sentindo o peso da minha chateação, ela finalmente voltou a si. — Vem aqui, por favor.

— Você vai vir até mim quando estiver melhor — finalizei, empurrando a porta para que eu pudesse finalmente sair da minha própria academia. — Vá finalizar o que começou.

Por favor, Travis…

Foi a última coisa que ouvi antes de fechar a porta, indo em direção a casa e subindo direto para o quarto. No chuveiro, a estranha sensação de confusão invadiu minha mente.

Eu estava chateado pela falta de compreensão e a sua repudia em tentar veementemente tornar aquilo em uma briga sem sentido, se colocando tão avessa às minhas palavras. Não era difícil de entender, havia sido tão idiota que me dava vontade de revirar os olhos ao pensar.

Porém, ao mesmo tempo, outra coisa tomava o lugar do meu coração que devia se encher de indignação. E era a dúvida, a minha pior inimiga.

Eu já havia presenciado aquela mulher em muitas condições diferentes. Desde triste à completamente zangada com algo ou comigo, mas nada se comparava a estranheza da sua reação à minutos antes, naquela academia.

Embora pudesse sofrer de inúmeras emoções ao decorrer do tempo, eu sabia que Taylor era bastante controlada e culta, podendo até mesmo ocultar o que sentia por dias, mantendo aquele sorriso radiante no rosto e o bom humor, mesmo nos seus piores dias. Então não era do seu feitio se descontrolar tão rápido, dizer aquelas palavras sem pensar antes de criar uma catástrofe. Não era como ela agia, não normalmente.

Precisei de quase duas horas debaixo da água gelada para me certificar de que eu deixaria aquela sensação ruim passar do meu corpo, querendo ser o mais empático possível, mesmo sabendo que talvez ela não fosse ceder por conta da teimosia demasiada.

— Essa mulher fodeu com a minha cabeça — xinguei, desligando o chuveiro e rindo da minha própria situação.

O que diabos Taylor Swift havia feito comigo? Agora, ao invés de eu querer dar lugar ao meu orgulho, eu estava não somente ignorando minha chateação, mas me comprometendo em entendê-la. Porque, apesar de tudo, eu sei que ela faria o mesmo comigo, mesmo depois de me lançar no pior lugar do mundo: o cemitério das suas palavras.

Enrolei a toalha na cintura e saí dali, deixando que metade dos meus pensamentos morressem junto com a água que ia embora pelo ralo.

A única coisa que não consegui deixar de pensar, entretanto, foi nela.

T A Y L O R


Eu havia fodido tudo.

Pensei, logo após Travis bater a porta e me deixar ali, sozinha. No calor do momento, minhas palavras escorregaram da minha boca antes mesmo que a parte racional da minha mente pudesse assimilar sobre o que eu estava falando.

Eu só havia percebido a burrada que fiz depois que aquele olhar de decepção me contemplou, me fazendo sentir a pior pessoa do mundo por deixá-lo daquele jeito.

Embora Travis fosse uma verdadeira fortaleza, em questão de músculos e sua personalidade bruta, ele era, porém, facilmente sentimental e ressentido. O que não fugia também do que eu era, mas me dava a leve impressão de que ele era muito diferente de qualquer outro com quem eu havia me relacionado. Eu o amava por ser assim, tão verdadeiro. E me odiava por ter ferido aquele coração molenga, principalmente porque tudo era realmente minha culpa.

— Merda — murmurei, sem conseguir voltar ao foco do treino.

Desliguei a esteira e me sentei no chão, pegando a garrafa de água pela metade e também meu celular, interrompendo a música que ecoava nos meus ouvidos.

Disquei duas mensagens para Selena, minha amiga íntima da indústria e também da vida, e tentei externar nossa situação, certa de que falar com alguém naquele momento me faria voltar a cabeça no lugar e tentar resolver o problema que eu havia causado.

Selena

Honestamente, você está entrando no seu período?


Taylor

Sel, é só isso que tem a dizer?

E não, não estou.


Selena

Desculpa, é que não estou muito acostumada a ouvir seu lado explosivo. Entre nós, a colérica sou eu.


Taylor

Sel… Por favor, eu realmente preciso que me diga algo.


Selena

Amiga, você precisa pedir desculpas. Eu sei que é um pouco óbvio, mas é justamente por isso.

Eu não conheço Travis a fundo, mas você o conhece. Se acha que isso realmente o magoou, precisa se retratar e tentar entender o que aconteceu pra você ter ficado tão nervosa de repente.

Eu li seu texto e bufei, quase me deitando no chão da academia e planejando minha própria morte. Eu não sabia se conseguiria me entender e também não sabia se ele poderia fazer isso por mim.

Selena

Mas eu conheço você. E conheço bem.

Tem alguma coisa de errado com essa sua cabecinha e eu sei que você não vai me contar.

Se foi alguma lembrança, acho que compartilhar isso com ele pode ajudar.

Uma pontada de dor atingiu meu peito. Era incondicional o quanto aquela garota podia codificar qualquer uma das minhas questões indecifráveis. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo e, mesmo assim, ainda era capaz de manter a discrição pelo bem da minha privacidade pessoal.


Taylor

Obrigada, Sel.

Você é a melhor do mundo.


Selena

Esse título é todo seu.

Te amo. Fique bem.


Taylor

Espero ficar. Te amo.


Desliguei a tela do celular, mas não fiz menção de me levantar. Em poucos minutos, meu rosto esquentou e eu senti que iria chorar.

O que me restou dali foi minha companhia vazia, atormentada por memórias antigas e o medo de um futuro tão cruel quanto o passado recente.

Duas lágrimas escaparam dos meus olhos e eu as limpei rapidamente, sem me permitir chorar, certa de que lágrimas não iriam me ajudar naquele momento. O único que eu precisava era tomar coragem, a mesma coragem que tive para expulsar Travis de perto de mim, mas agora para tentar trazê-lo novamente para perto.

A covardia naquele instante, porém, falou mais alto. Eu sabia que ele não iria querer me receber tão prontamente. Mesmo sendo o mais gentil comigo, Travis também não era a pessoa mais fácil de se lidar estressado e um pouco de espaço, para ambos, talvez fosse a melhor escolha no momento.

Então, no restante daqueles minutos, todas as minhas tentativas em não chorar foram por água abaixo. Eu me sentia uma estúpida, imatura e uma completa grosseira. Nem eu me reconhecia debaixo daquela atitude tão fútil e caprichosa.

Praticamente duas horas depois, finalmente tive forças para levantar, estando mais cansada pelo desgaste da minha mente do que pelo corpo. Havia jogado o meu dia completamente no lixo.

Mas, ainda assim, precisei mover algumas montanhas dentro de mim para encontrar as forças necessárias e subir até o quarto dele, onde eu imaginava que ele estaria.

Bati na porta antes, mesmo sem precisar daquela formalidade. Por alguma razão, quis me refrear. Eu não sabia o quanto ele poderia ser paciente daquela vez.

— Travis? — chamei, depois de inúmeras batidas.

Será que ele estava me ignorando por vingança? A pergunta ressoou na minha cabeça. Logo depois, descartei a possibilidade. Ele não seria infantil aquele ponto. Além disso, eu não tinha total certeza de que ele estava no quarto ou não.

Então, da maneira mais delicada que consegui, empurrei a porta, agradecendo por não estar trancada. Mapeei o cômodo e por fim, o encontrei.

Mas, diferente do que eu imaginava, Travis estava totalmente esparramado na cama, com todo aquele absurdo de tamanho e sua postura desengonçada, dormindo tão profundamente que me fez prender a atenção em seus detalhes.

Um misto de alívio e ansiedade invadiu meu ser. Alívio por, pelo menos no meu primeiro contato com a sua presença após a nossa discussão — que eu iniciei sem motivo algum — estar sendo com ele, indiretamente, inconsciente. Não saberia como lidar ao contemplar os olhos dele diretamente nos meus assim que eu entrasse por aquela porta.

A ansiedade, por outro lado, me consumia porque aquilo parecia ser apenas mais uma barganha ao sentimento de covardia que me invadia, pedindo para eu fugir e fingir que nada havia acontecido, adiando o momento que deveríamos nos acertar.

Babe — chamei em um sussurro baixo, quase como uma murmuração silenciosa.

Do outro lado, Travis respirou fundo e pareceu se agitar na cama. Me aproximei devagar, sentando ao pé do colchão e controlando minha vontade em passar as mãos por aquele cabelo desgrenhado e tão… irresistível.

— Você deveria parar de encarar as pessoas enquanto elas dormem — com a voz baixa, ele pronunciou, me fazendo dar um salto de susto. — É estranho.

Seus olhos ainda estavam fechados e a posição do seu corpo estático, então imaginar que ele estava acordado não era naturalmente o que se passaria na minha cabeça. Me perguntei quanto tempo ele estava conseguindo sentir meu olhar quase obsessor e um pouco de vergonha atingiu meu subconsciente.

— Acordei depois da terceira batida, mas não estava com muita força pra pedir que entrasse — murmurou novamente, finalmente abrindo os olhos, mas ainda sem olhar pra mim. — Desculpa se te assustei.

— Me desculpe por interromper seu descanso — falei rapidamente, um pouco atordoada e confusa. — A verdade é que eu não estou me sentindo em paz desde que você foi embora. Eu precisava entrar aqui.

— Acho que você não está em paz há mais tempo que isso — sem fazer questão alguma de me direcionar o olhar, ele continuou, erguendo sua postura na cama e mantendo seus olhos no teto acima de nossas cabeças. — Acho que o seus exercícios não estão provocando a devida endorfina que você tanto esbanja, afinal.

Irônico, Travis deu um sorriso amargo e eu me contentei em engolir suas palavras, certa de que eu também merecia ouvir um pouco daquilo.

— Você pode ter certa razão nisso — tentei deixar de lado o seu tom zombeteiro e me concentrei em enfrentar o problema.

O problema é que eu havia causado o problema.

No final de tudo, eu sempre sou o problema.

— Então agora você está me escutando? — ele continuou, porém rebaixou a voz em um tom mais calmo, mas ainda bastante ressentido. — Você também funciona desse jeito?

— Travis, eu sei que não fui a melhor pessoa com você lá embaixo, mas… — tentei me expressar, sendo rapidamente interrompida.

— Espero que saiba mesmo disso — alfinetou.

— Ele não gostava do meu trabalho.

Soltei a informação em uma frase rápida, tentando fazer com que aquilo saísse de uma vez do meu peito.

Travis finalmente voltou os olhos para mim. Eles estavam um pouco caídos, como os olhos de alguém que havia lutado para cair no sono depois de uma madrugada acordado. Tristes e confusos.

Meu coração afundou mais um pouco.

— Não é como se ele não prestigiasse, mas em alguns momentos, era também como se ele não quisesse que minha carreira fosse ressaltada no nosso relacionamento — continuei, sem dar tempo para que ele falasse algo. — O que é praticamente impossível. Meu trabalho faz de mim quem eu sou. Não há como anular isso. Não consigo me dividir em duas, apesar de já ter tentado. De ter sido forçada a tentar. Então eu me perguntava se, na verdade, o seu problema era eu.

Flutuei mediante as nuvens do meu pensamento, torturando-me ao relembrar dos velhos tempos e me sentindo amarga com o gosto do ressentimento ainda presente no paladar da minha fantasia.

— Eu lutei muito por isso. Foram anos sonhando, anos sendo pisada e anos precisando me levantar, aos cacos, de todas as vezes que me jogaram pro lugar obscuro que é a sensação de impotência. Eu nunca serei capaz de abandonar o que construí, mesmo que eu me reduza o máximo possível por algo ou por alguém — gesticulei com as mãos, tentando não sentir os cantos da minha boca tremendo levemente enquanto buscava ar para a minha próxima fala. — Por mais que eu o amava perdidamente, meu amor por tudo isso ainda será a única coisa que genuinamente me mantém viva. É a única coisa que me restará depois de um dia ruim, depois de algum período difícil na minha vida, depois de alguma realização e uma conquista feliz ou então um ciclo encerrado com alguém que poderia ter sido o único. Minha arte é o que me resta.

Profundamente, despejei para ele aquela parte sombria e mal acalentada do meu coração. E ele só me ouviu. E, de alguma forma, eu fiquei totalmente agradecida.

Curiosamente, senti que precisava daquele silêncio ao meu redor. Precisava que minha voz fosse ouvida por alguém, mas não através das minhas canções.

Que fosse através da minha alma.

— Eu não sei o quanto dessa pressão eu absorvi durante esses anos, mas deixaram algumas feridas que ainda não cicatrizaram por completo, mesmo que não doam tanto como antes. Ainda existe algo ali para me lembrar das marcas — evitei olhar nos seus olhos, agora me sentindo prestes a cair num buraco escuro. — Não estou dizendo que foi o mesmo, mas me pareceu, por um segundo, que alguma coisa na sua atitude queria me refrear. Me parar, como ele fazia. Sei que é injusto pensar dessa forma, porque são circunstâncias e contextos diferentes. Mas fui movida pelos gatilhos e deixei isso me consumir, sem querer escutar nada além da minha consciência dizendo que eu não deveria parar de fazer o que eu estava fazendo por uma opinião sua. Foi algo bobo, eu sei que foi. Foi tosco. Você estava querendo me ajudar e eu… Eu agi como um dia eu deveria ter feito, no passado. Mas não agora.

Fechei os olhos e, ao abri-los novamente, eles ardiam com o esforço que eu fazia para não chorar. Seria ainda mais inútil.

— Sinto que, constantemente, estou tentando compensar isso. Essa falta de atitude. A falta de me impor, de saber defender o meu lugar. Mas acho que essa necessidade se torna mais ansiosa do que precavida — respirei em uma pausa, sentindo um vazio estranho no peito. — Não sei de nada. Nem ao menos o que estou tentando dizer, é só que… Eu realmente não sei. É como se eu estivesse assombrada. Te faz algum sentido?

Perguntei, certa de que a maior dúvida era minha.

— Me desculpe, por favor. Eu sei que o melhor que eu poderia fazer era simplesmente pedir perdão e não ficar contando uma historinha triste pra você se comover. Não quero que se comova por mim, eu só senti que precisava explicar — disse por fim, tentando encerrar o assunto antes que minha boca revelasse ainda mais coisas do que já havia feito. — Perdão por ter sido arrogante e por ter feito uma verdadeira tempestade com essa situação. Você é a melhor companhia que eu poderia querer, seja em qualquer lugar que eu for. Eu sempre vou almejar te ter por perto, Travis. Me desculpe por ter sido tão boba. 

Ouvi e senti o movimento que ele fez na cama para se aproximar e meu corpo tremeu, levemente ansioso. Senti sua mão nos meus ombros e, em um segundo depois, elas migraram para o meu rosto, cobrindo minhas bochechas e trazendo o meu olhar para cima, onde eu encontrei os olhos dele. 

— Eu vou repetir quantas vezes for necessário, até você entender — sua voz era firme, porém em um tom suave de quem precisa repreender uma criança. — Eu amo você, Taylor.

Seus olhos verdes brilharam pra mim e os meus embaçaram, quase perdendo o foco da visão, as lágrimas fumegando diante da sua confissão. 

— Você tem dúvidas disso? — continuou ele. 

Balancei a cabeça de forma negativa, quase suspirando com o calor das mãos dele no meu rosto, me acalentando com o poder do seu toque. 

— Ótimo. Espero que realmente não duvide, porque eu morreria pra te demonstrar o quanto eu adoro você — seu polegar alcançou o canto dos meus olhos e absorveu as gotas grossas de lágrimas que escapavam por ali. — Eu te amo justamente por ser quem você é, Taylor. Por não abrir mão do que te faz feliz. E pode ter certeza de que não vai ser eu quem vai te impedir de algo, eu não poderia, nem mesmo se eu quisesse. É inútil lutar contra a força que você carrega, é impossível parar você. 

— Você não vai me amar desse jeito quando precisar me fazer escolher entre uma noite nossa ou uma semana trancada dentro de um estúdio… — fechei os olhos, sem força alguma para manter minha visão ofuscada pelo choro. — Vai se decepcionar com a minha resposta, no final. 

— Eu não quero te fazer escolher, Taylor. Não precisa ser assim — ele afrouxou o toque em meu rosto, quase se afastando novamente. — Quero que priorize ao máximo a sua vida porque eu pretendo estar nela, pelo resto dos dias que vierem sobre nós. Eu quero fazer parte disso com você. 

Travis…

Eu tentei dizer algo, esboçar a loucura que se manifestava no meio daquelas palavras e a inebriante feitiçaria da paixão que tocava o meu coração a cada frase sua. 

— Não se esqueça, foi o seu trabalho que te trouxe até a mim. Como eu não poderia amar aquilo que selou o meu destino com a mulher mais linda e genial do mundo? — trazendo a memória o motivo pelos nossos destinos terem se cruzado, eu sorri, me satisfazendo com aquele fator tão marcante em nossas vidas. — Naquele dia eu me senti amordaçado… Você parecia inalcançável. Se parecia com tudo aquilo que eu mal conseguia idealizar, de tão irreal. Mas quando eu tive a oportunidade de te conhecer, isso simplesmente não mudou, só se aperfeiçoou ainda mais. Eu acabei por conhecer a moça que faria dos meus dias os mais improváveis e calorosos possíveis, eu conheci o seu coração, Taylor. 

— E você ainda acha que não irá se abalar quando eu precisar estar ausente, quando eu não puder dar aquilo que você precisa, no momento que você deseja? — a pergunta foi genuína, mesmo que eu ainda estivesse navegando em êxtase, digerindo suas palavras doces. Ainda assim, o temor falava mais alto. — Vai suportar toda a idolatria, toda a pressão? Você não pode fazer promessas que podem facilmente serem levadas pelo vento da incerteza, Travis.

— Tudo o que eu quero que me dê é a certeza de que você me ama, fora isso, a ausência se limita a apenas uma distância de corpos. Se o seu coração estiver comigo e o meu contigo, nós suportaremos esses meros detalhes. O maior artifício é você — sua voz se reduziu a um volume baixo, brando e leve, atingindo-me da forma mais oculta e profunda possível. — O vento da incerteza não atinge um muro de amor concreto. O que eu sinto por você é concreto, Taylor. 

— É óbvio que eu te amo, Travis — explanei, convicta das minhas palavras e sentimentos por aquele homem. — Também não tenho dúvidas quanto a isso.

— Pois então, temos o suficiente pra seguir adiante — com um leve encostar de lábios, Travis beijou minha bochecha molhada, arrancando de mim um arrepio intrínseco. — Sabe, não precisamos dividir nossas escolhas. Seja em um estúdio ou em um campo. Nós teremos nossas estratégias. Entre decidir por uma noite nossa ou te deixar livre para se trancar com aqueles instrumentos malucos que você tem, eu poderia facilmente passar minhas noites lá dentro com você, a não ser nos dias que você precisasse de espaço para externar sua criatividade. E eu continuarei sendo grato por todas as vezes que você comparecer naqueles treinos ou então nos jogos, me vendo fazer o que eu amo e guardando aqueles biscoitinhos super calóricos que você faz pra me dar depois de toda aquela surra. Nós podemos escolher um ao outro sem deixar que  isso crie uma divisão entre a nossa realidade e nossas conquistas. Vamos conquistar juntos. 

Aquiesci levemente, mesmo que eu ainda não estivesse totalmente confiante de que, finalmente, as coisas poderiam seguir um fluxo mais saudável na minha vida. Porém, Travis fazia parecer real. Ao menos daquela vez, a ideia de manter algo seguro com a pessoa amada fazia mais parte da realidade presente do que de um sonho ilusório. 

— Eu não vou mentir em dizer que fiquei um pouco atordoado com o que aconteceu mais cedo, mas desavenças acontecerão entre nós, e precisamos fazer dessa tempestade uma oportunidade pra dançar na chuva — com um toque carinhoso, ele me puxou para o seu peito e eu pude, finalmente, encontrar o conforto dos seus braços, me aninhando naquele amor incondicional. — Acho que tomar cuidado com algumas palavras pode ser bom, mesmo que o nosso temperamento seja um pouco difícil. Eu amo você, mas não sou de ferro. Mas suas desculpas são bem-vindas e aceitas, também não quero continuar sustentando esse clima pavoroso entre nós. 

— Fui eu quem criou ele. Eu realmente sinto muito — disse eu, verdadeiramente arrependida e aliviada. — E obrigada por tentar me entender, mesmo eu não merecendo toda essa sua gentileza. Você é um homem incrível, Trav. 

Rapidamente, me inclinei para lhe retribuir um beijo na bochecha, um pouco tímida de repente pela tensão do momento. Travis percebeu meu acanhamento e sorriu enquanto eu escondia meu rosto no seu peito, sentindo-me entranhada no perfume da sua camisa. 

— Independente do que aconteça, eu espero continuar sendo o seu gentlemen — a piada caiu com mais ternura do que graça, me arrancando uma risada folgada. — Eu sei que ainda existe um receio grande em você e não tem haver comigo, mas vou respeitar seu espaço e tudo o que se inclui nele. Vamos deixar isso dar o fim que merece. 

— Obrigada, apenas obrigada. 

Eu o abracei com força, quase me deitando em seu colo com a pressão dos meus braços e o restante do corpo contra o seu. 

— Você ainda está muito estressada para um beijo? — ele provocou, agora com uma palhaçada evidente na voz. — Acho que seria uma ótima forma de agradecimento e, sabe, aquele lance de reconciliação também e…

Eu o calei instantaneamente, movendo meus lábios contra os seus em um movimento súbito. As lágrimas no meu rosto estavam apenas úmidas, criando uma película fina na minha pele que rapidamente sumiu com a carícia dos seus dedos, contornando minha face enquanto mergulhavá-mos naquele mar bravio de emoções. 

— O problema nunca foi você, Taylor — ele sussurrou contra meus lábios, alternando entre selinhos e beijos na minha testa. — Você é a solução para todos eles.

— Você ainda vai me enlouquecer por ser desse jeito — fechei os olhos, pensando em como Travis Kelce era um verdadeiro sonho realizado. 

Nós encerramos aquele assunto por ali, concentrando-nos apenas naquele momento pacífico de amor e compreensão, nossos corpos agarrados na cama em um carinho genuíno e inocente. Sua boca sem deixar a minha por um segundo sequer e minhas mãos acariciando sua barba, sem interromper nosso toque físico. 

— Você chegou a comer? — parando um instante de me beijar, Travis perguntou desconfiado.

— Na verdade… — balbuciei, já prevendo o que aconteceria no exato momento que eu dissesse “não”. 

— Passou o dia inteiro com fome depois daquele treino insano de manhã? — sua voz tornou ao tom de alerta, como uma bronca.

— Eu não estava com fome — tentei me defender, embora aquilo realmente fosse verdade.

— Mas não significa que não precisa comer — ele apontou e eu suspirei. Não havia quem implicasse mais, a não ser minha mãe, com o fato de que eu deveria me alimentar direito. — Vamos, eu faço alguma coisa pra você, se é isso o caso. 

— Amor, não precisa, de verdade — toquei em seu braço, o impedindo de se levantar. — A ansiedade cortou um pouco do meu apetite, então não acho que eu conseguiria fazer isso agora, mesmo com esforço. Além disso, eu tenho certeza de que um banho seria bem mais convidativo agora do que uma refeição mal digerida. 

Expressei, vendo uma ruguinha se formar na sua testa. Travis relaxou os ombros, como quem aceitava a trégua, mas ainda não parecia muito convencido das minhas palavras. 

— Tudo bem, também acho que deveria descansar um pouco — ele apoiou, mexendo nos fios de cabelo que escapavam da minha trança. — Quer que eu prepare a banheira? Tem a hidromassagem, ela é bem útil depois de um dia cansativo. 

— Talvez seja uma boa mesmo — pensei, já sentindo o prazer que seria me afundar na água quente e relaxar os músculos. — Ao menos que venha comigo. 

— Não, eu já passei duas horas debaixo da água e…

— Eu não vou ficar sozinha no seu banheiro e não estou nem te fazendo uma pergunta, é quase como exigência — fiz um teatro apenas para que ele me acompanhasse. — O que foi, você tem medo de banho? 

Eu não! — se defendeu veementemente, rindo com indignação. — Mas é sério, quer mesmo que eu fique no caminho do seu momento de paz? 

— A paz só reina quando você governa comigo — brinquei com as palavras, vendo-o revirar os olhos. — E aí, você vem ou não? Depois vai ser tarde pra voltar atrás…

Deixei a frase em um tom sugestivo no ar, lançando-lhe um olhar insinuante que logo despertou sua curiosidade. 

— Como assim? — perguntou.

— Assim como? — provoquei. 

Travis revirou os olhos novamente e riu.

— Okay, estou indo — finalmente aceitou, me fazendo dar um sorriso satisfeito. — Só me dê alguns minutos. Você consegue ir adiantando lá? 

— Claro — afirmei, me levantando da cama e dando partida ao compartimento do banheiro no final do quarto. — Te espero lá. Não demore! 

Deixei o aviso, me encaminhando para o que, no final, seria ainda mais inesperado do que sequer podíamos cogitar.

A noite começava ao pôr do sol, se entrelaçando no fenômeno onde a luz encontrava a escuridão, tornando-se um só. 

Seríamos dois astros brilhando e se fulminando, imersos no nosso universo rodeado pelo caos. 

Eclipse total. 

***

Dado o momento, Travis voltou para o quarto e foi até onde esperava encontrar sua loira, sorrindo com divertimento ao notar as roupas dela dobradas impecavelmente sobre a bancada, os brincos e piercings separados e o anel de compromisso caprichosamente por cima dos outros.

Ele admirava o jeito que ela era naturalmente ética até mesmo naquilo, como se não fosse possível ela ser indelicada ou incorreta na sua polidez uma vez na vida. Ele não conseguia imaginá-la sendo bagunceira ou tão desordenada quanto ele. Gostava de saber que, os dois juntos, eram uma mistura tão bonita quanto improvável.

Indo até o compartimento do banheiro que abre a porta para outro cômodo, ele passou para dentro, podendo já ouvir o ruído baixo da água que caía da hidromassagem. Porém, quanto mais se aproximava, mais perto ele estava da visão longínqua de encontrá-la, brincando com os pés na água como se fosse uma simples criança inocente, sem fazer ideia de que estava dando um nó na mente do jogador ao visualizá-la nua e tão graciosa daquele jeito.

Travis admirava a cantora como se ela fosse sobrenatural. Porque, para ele, não existia outra mulher tão fascinante quanto ela.

Taylor estava com o corpo descoberto, os cabelos, tão claros e brilhantes como o sol da aurora, estavam ainda mais ondulados por resultado da trança que ela havia desfeito, caídos como véus pelo corpo, cobrindo parte da visão de seus seios.

Por mais que Taylor fosse geneticamente magra, suas coxas se destacavam nas pernas longas e o bumbum era deliciosamente desenhado e empinado, com as poucas linhas esbranquiçadas ao redor junto das pintinhas e sardas, como estrelas da constelação de um universo atraente, onde o céu resplandecia o azul estonteante de seus olhos.

O rosto, como sempre, era o mais precioso e angelical. Ali, sem maquiagens e qualquer adereço, ele admitiu que ela conseguia ser ainda mais bonita daquela forma. A pele brilhava com um viço saudável, os cílios longos deixavam seu olhar charmoso ainda mais impactante, os traços do nariz eram suaves em conformidade do rosto e a boca carnuda lhe convidava a beijá-la pelo resto de seus dias.

Taylor — ele pronunciou seu nome, como se ela fosse uma Deusa e ele estivesse lhe rogando em uma oração.

Imediatamente, a loira voltou em si e se libertou da distração com a água, encontrando o olhar de admiração nos olhos de Travis.

— Você demorou — ela ignorou o formigamento em seu baixo ventre quando ele passeou o olhar pelo seu corpo. — O que tem aí?

— São só… — ele tossiu várias vezes antes de organizar os pensamentos na mente. Apenas ela tinha o poder de deixá-lo daquela maneira, tão desnorteado. — Eu sei que você insistiu na ideia de estar sem fome, mas ainda assim eu quis trazer algo se você quiser se esforçar. Eu pensei que gostaria de algo mais leve, pela sua situação. Trouxe algumas frutas, petiscos e um espumante.

O jogador se explicou, deixando uma bandeja de frios na borda da hidro onde Taylor estava sentada.

A hidromassagem de Travis era grande, não necessariamente por causa do seu tamanho, mas pelo próprio conforto do astro da NFL. Ali dentro, havia lugar para pelo menos cinco pessoas ao mesmo tempo, sobrando ainda espaço para a comodidade entre os banhistas.

Com três andares em elevação de degraus nas laterais, a expansão tinha um formato oval. Haviam três entradas de água e duas de saída, uma fonte de luz led e opções de cores para deixar o ambiente mais atrativo.

Travis desligou as luzes do local e a hidromassagem ficou banhada por uma cor azul ciano brilhante, o que deixou Taylor intrigada e instigada.

Ele se despiu devagar sob os olhos dela, penteou com desleixo o cabelo curto para trás e desceu os degraus da banheira, sentando-se no segundo, com apenas a cintura para baixo imersa dentro da água.

Para a curiosidade de Taylor, Travis não havia sequer se aproximado, pelo contrário, havia se sentado ao lado oposto da banheira, mesmo que na direção em frente a ela.

Ele, porém, permaneceu olhando-a, imaginando todas as coisas que poderia fazer com ela ali, e sua respiração pesou. Dado as circunstâncias, não achava que a noite pudesse avançar de outra maneira, até porque ele não seria louco de tocá-la sem ter a certeza de que Taylor estava totalmente esvaziada daquele esgotamento mental. Mas, ainda assim, estava sendo absurdamente louco para ele ter que desviar de si todos os pensamentos que invadiam sua mente a cada segundo que se passava.

Ela, por outro lado, parecia continuar impassível. Com a postura despreocupada, ela permanecia sentada na borda da banheira, como se não soubesse que estava abalando toda a força que havia dentro de Travis ao deixá-lo vê-la daquela maneira, com o corpo nu brilhando sob a luz ciana.

— Venha até aqui, princesa — a voz dele era quase um sussurro, estendendo sua mão para ela. — Me deixe cuidar de você.

Taylor sorriu, imaginando, de repente, qual tipo de cuidado receberia das mãos grandes e acolhedoras de Kelce.

Lentamente, ela deixou o corpo escorregar da borda direto para o fundo da banheira, mergulhando até chegar a centímetros de distância do jogador.

Quando seu rosto emergiu, os cabelos longos estavam escorridos e inúmeras gotas de água ainda caíam de sua testa. Ela apoiou a bochecha, tão quente quanto a água em que se banhavam, na palma estendida da mão de Travis e ronronou como um gato recebendo carinho.

— Deixe as coisas acontecerem de forma natural — olhando-o nos olhos, Travis pôde contemplar que o azul da luz que os envolvia não poderia sequer chegar perto da intensidade do olhar dela, puxando-o para si como a força da gravidade na terra. — Eu sei que você me quer, Travis.

As mãos de Taylor alcançaram o abdômen do tight end, imerso debaixo d'água, e suas unhas arranharam a pele suavemente. Ele a olhou com censura, sentindo seu corpo enrijecer gradativamente enquanto ela lhe lançava um sorriso calmo e travesso ao mesmo tempo.

— Você me quer tanto que precisou disfarçar e se jogar dentro da água, antes que eu percebesse que estava excitado — não era sua intenção fazê-lo ficar levemente vermelho, desde ao rosto até a pele do pescoço, mas ela conseguiu. — Não precisa fingir, seu olhar denuncia o que sua mente pensa.

— Não vamos nos provocar, você sabe bem onde isso termina — impedindo-a, ele travou sua mão, acariciando os dedos finos e mantendo a forma cortês. — Não quero que nossos conflitos sejam resolvidos ou compensados dessa forma.

— As pessoas costumam me pintar como uma garota que vale a pena por uma noite só — com o ruído da água, a voz dela se tornou misteriosa e distante. — Mas eu não sou uma mulher que se vende a um sexo casual. Por mais que eu goste bastante da diversão, sempre vai haver um sentimento maior por trás. Então, não se engane achando que eu usaria nossos corpos apenas para anular uma briga e trazer uma reconciliação balela para nós. Não somos dois objetos em um leilão de barganhas.

O corpo dela se moveu lentamente, fazendo com que a água alcançasse a borda da hidro e quase escapasse para o compartimento do chão.

— Não há motivos para reprimir o que naturalmente não se pode reprimir — investiu ela, a calmaria da conformidade dançando nas suas palavras. — Se o seu receio é por mim, pode ter certeza de que não há com o que se preocupar.

— Não vejo nossas relações como sexo casual — argumentou, se esquivando daquela narrativa. — Mas eu respeito muito você e eu não vou avançar sabendo que talvez não seja o momento mais apropriado.

— Parece um momento bem oportuno fazer amor com o homem que eu amo agora — sendo mais direta do que ele imaginava, a loira expressou com veemência. — Você é um fofo, Travis. Chega a ser um pouco irritante, nunca encontrei alguém que me tratasse dessa forma, que falasse desse jeito comigo. Acho que é por isso que eu estou tão apaixonada por você e eu não consigo resistir a ideia de aproveitar cada segundo do seu toque, porque eu amo sentir você. Então, por favor, vamos focar no que importa. Assim como você, eu também quero fazer isso. Não é o suficiente?

As palavras escorregaram com franqueza pelos lábios de Taylor, deixando a tensão do ar ainda mais pesada e, sexualmente, quente. Os seus rostos estavam tão próximos que era possível que sentissem a respiração um do outro, soprando junto com o desejo que fluía entre os dois.

Em uma atitude inerente, Travis então acariciou os lábios rosados e entreabertos dela com o polegar, sentindo os dentes dela apertando seu dedo com uma leve malícia. E, sem forças para resistir mais, ele a puxou suavemente para perto de si e provou o gosto inebriante de seu beijo outra vez, vendo-a comprimir um sorriso a cada fração de segundos em que seus lábios se separavam.

— Você realmente fodeu a minha mente... — murmurou ele, mordendo o lábio inferior de Taylor, deixando-o inchado e mais avermelhado do que o comum, provocando nela uma leve, mas prazerosa dor.  — Venha logo aqui.

A cantora sorriu de lado, convencida do seu poder de persuasão sobre ele e imediatamente acatando o pedido do namorado.

Ela virou de costas, encaixando-se perfeitamente no colo do jogador, e transferiu todo o seu peso ao se sentar sobre ele, sentindo sua ereção e se divertindo com o murmúrio que ele soltou quando ela se remexeu em seu colo.

— Ainda não — ele a parou, segurando-a pela cintura quando Taylor friccionou seu sexo ao dele, quase o deixando entrar. — Vamos manter a calma.

Travis se arrepiou por completo quando a loira, então, grudou seu corpo por inteiro ao dele. A pele macia e fina fazendo contato com seus membros superiores e o molhando no peito que ainda estava seco.

Ele puxou a bandeja com frutas e a garrafa de espumante para perto, despejando o líquido dentro da taça repousada ao lado e entregando para Taylor, que bebeu tudo no mesmo momento.

— Você não precisa ter pressa — ele zombou, com um sorriso nos lábios que ela não pôde contemplar. — Ainda temos tempo.

— Sempre tenho pressa quando o assunto é você, Travis — diferente do que ele esperava, a resposta de Taylor foi como uma faísca de fogo  pequena, porém potente, numa poça de álcool, fazendo todo o interior dele se aquecer. — Você sabe bem disso…

— Eu sei — respondeu, mas ele realmente não fazia ideia.

Kelce retirou a taça vazia das mãos dela e pegou um cubo de abacaxi da bandeja, levando a fruta até a boca da cantora, que a mastigou prazerosamente antes de engoli-la.

Ele enrolou os cabelos dela cuidadosamente em um coque torto e tocou em seus ombros, aliviando a tensão dos músculos dela em uma massagem amena e revigorante, mesmo que por poucos minutos. Logo após, a palma de sua mão rodeou majestosamente o pescoço longo e a cobriu, apertando-a de leve.

— Você disse que precisávamos ir com calma… — um sussurro foi emitido por ela, segurando um riso descontraído nos lábios.  — Não acho que me enforcar seja exatamente a definição disso, não é?

— Não seria uma má ideia se fosse — ele a beijou abaixo da orelha, deixando-a arrepiada. — Mas eu realmente tenho outros planos pra essa noite. Disse que iria cuidar de você, e eu vou.

O toque dele se desvaneceu da pele do pescoço, caindo pela clavícula bem marcada até a altura dos seios, onde Taylor estremeceu em ansiedade.

A palma da mão de Travis cobriu os mamilos entumecidos, apertando a região com sutileza. Ele sentiu toda a textura macia e ao mesmo tempo salivou, imaginando sua língua rodeando as aréolas claras enquanto a loira se remexia sobre ele.

— Qual é a sensação? — ele perguntou em meio ao devaneio, deixando-a confusa. — De tocar.

— Bom… — a voz falhou. — Eu… Hum…

Instrumentos. Estou falando dos instrumentos — ele acrescentou, corrigindo-se e tentando controlar a risada que quis escapar ao notar o desespero dela, mas guardando aquela informação para um próximo momento. — Eu realmente admiro a forma como você se conecta com tudo isso. Se te faz tão bem, algum segredo há.

Taylor pigarreou antes de poder abrir a boca para falar qualquer coisa, sentindo-se um pouco envergonhada pela suposição que havia passado em sua mente e também um pouco amolecida porque ainda podia sentir as mãos de Travis massageando carinhosamente seus seios, provocando nela um turbilhão de sensações ao mesmo tempo.

Mas então ele a beijou no ombro esquerdo e suas mãos interromperam o toque dos seios para traçar as costelas e o busto. Com suavidade, os lábios se arrastaram pela pele molhada até chegar à orelha, onde ele sussurrou para que ela prosseguisse.

— Quando eu era mais nova, minha animação vinha de idealizações e contos de fadas que eu inventava na minha mente. Mas, ao crescer, eu descobri que há uma certa excitação diferente quando se toca um instrumento, principalmente se tratando de cordas. Elas se emaranham em acordes, se fundem… — ao passo que ela encontrava forças para falar, os dedos dele tocavam e rodeavam a sua cintura. — São difíceis de se dominar, a princípio. Um pequeno toque diferente pode fazer uma ruína. Mas se souber os segredos por trás de cada traste, você pode transformar qualquer coisa em arte. É uma harmonia. E, embora cada nota seja individualmente preenchida por si mesmas, quando se juntam, elas se completam.

Travis escalou os quadris de Taylor com os dedos, fincando as mãos na parte interna das coxas entreabertas. Ela suspirou, quase derretida, e deixou que o toque dele se aproximasse mais.

Ainda assim, com a mão dele perigosamente perto demais daquilo que podia emanar nela um descontrole comunal, ela continuou o discurso.

— E você pode criar de tudo, até um mundo alternativo, dentro daquilo que lhe é oferecido. Não existem regras que parem sua ganância em descobrir mais — ela soprou, os olhos pestanejando sem forças para se manterem abertos por muito tempo. — É gostoso quando você finalmente domina.

Os dentes dele rasparam o lóbulo da sua orelha, fazendo-a sobressaltar. Travis puxou o corpo dela com mais força para si, aumentando o contato, deslizando finalmente os dedos em direção ao que clamava tanto por ele em urgência.

— E você não quer parar… — um soluço engoliu a voz dela, sentindo que ele finalmente havia chegado lá.

Debaixo da água quente, o toque de Travis foi mais ligeiro e prazeroso. Com a leveza e sensibilidade aflorados, ela gemeu quando ele fez um movimento devagar de cima para baixo em seu clitóris.

— Até se sentir plenamente satisfeito.

— Você é realmente inacreditável — a voz pesada dele caiu nos ouvidos dela, extasiado pela fascinação que as palavras da cantora surtiram nele, carregadas de excitação e magia.

A pressão do toque dele aumentou, mas os movimentos ainda eram contidos, fazendo-a tremer em seus braços. Com a outra mão disponível, Travis voltou a apalpar seus seios, sentindo o prazer dela em cada gemido sôfrego. As cordas vocais produzindo o mais belo som que ele gostaria de ouvir naquele momento.

— Travis, pelos deuses… — as palavras saíam apenas em um fio de voz, enquanto ela lutava para manter as pernas paradas.

— Relaxe, princesa — falou ao atracar-lhe o pescoço, descendo com a língua pela lateral da pele quente. — Quero te dar uma dose de carinho antes de transformar esse lugar num inferno.

— Isso é tortura — resmungou, jogando a cabeça para trás, praticamente deitando sobre o corpo dele. — Desgraçado.

À medida que o toque se intensificava, Taylor sentia que seu corpo iria entrar em ebulição completa. E isso nem era devido a água em alta temperatura, mas sim ao desejo que somente Travis poderia lhe proporcionar.

— Me mostre como você quer, como você gosta — ele pediu, deixando de tocá-la e fazendo o corpo de Taylor se contorcer em excitação. — Deixe-me ver como você faz.

Ele guiou a mão trêmula dela até sua própria intimidade, fazendo a loira suspirar alto e xingar até sua última geração. Ela sentia que Travis estava querendo matá-la e ele estava bem perto de conseguir.

— Como você se fode quando está sozinha, Taylor? — ele cobriu a mão dela com a sua própria, querendo descobrir todo e qualquer movimento que ela pudesse fazer. — Como você se fode ao pensar em mim?

— Acha mesmo que eu me toco pensando em você, Kelce? — a cantora inclinou a cabeça para olhá-lo nos olhos. — É um palpite muito alto.

— Vamos, princesa, pare de fingir — o sorriso do jogador atingiu um ponto fraco em Taylor. Ela era especialmente atraída pelo olhar presunçoso e aquele sorriso de lado irritante. Ele era bom em desestabilizá-la. — Porque eu não mentiria o fato de passar noites e noites pensando em você. Mas diferente de mim, eu sei que você tem necessidades urgentes, que não gosta de esperar, que toma atitudes. Eu poderia enlouquecer de desejo, mas ainda esperaria até te ter na minha cama. Você não. Porque sabe que não precisa de ninguém pra se sentir satisfeita. Vamos lá, use sua imaginação. Eu estou bem aqui, prestes a enlouquecer.

Jogando fora a última porcentagem de dignidade própria e sanidade que havia em sua mente, Taylor foi a fundo, sentindo a própria carne delicada nos dedos e, imediatamente, conteve um gemido. Estava sentindo a musculatura dolorida por estar tanto tempo tentando conter a excitação e precisava aliviar aquilo o quanto antes.

Em outro tempo, se envergonharia ao fazer aquele gesto na frente de outra pessoa, mas se era isso o que Travis queria, ela lhe daria tudo e mais um pouco. 

O dedo indicador dela girou, fazendo-a fechar os olhos e, com o contato da água molhando cada centímetro dela, passar a imaginar e flutuar por uma fantasia em sua mente. No primeiro instante, ela imaginou Travis molhando-a com a sua língua.

Como se ele estivesse chupando, de cima para baixo, os dedos dela ditaram os movimentos. De repente, a língua dele se espalhava pela vulva e, depois, seus lábios sugavam o clitóris inchado e úmido. Ele a olhava nos olhos e ela gemia por mais.

Por favor… — quando ela gemeu, Travis ficou hipnotizado.  — Ah, sim.. por favor..

Logo depois, ela o visualizou por cima dela. O corpo grande e cheio de músculos, ofegante, ele a penetrava ao mais fundo que podia. Devagar… Ele lhe beijava nos lábios enquanto lhe devorava do jeito que ela mais gostava. Era forte, mas não tão rápido, louco e provocante.

Ela o abraçava com as pernas ao redor de suas cintura, fazendo com que o contato ficasse ainda mais íntimo, mais apertado. Seus corpos suados se moviam em sincronia e, sem desviar o olhar nem um segundo, eles se amavam até que o fôlego não fosse o bastante para respirar.

Mais rápido, amor…

A fricção se tornou mais intensa e Taylor  esfregou a mão em si mesma com rapidez, deixando Travis com dificuldade de acompanhá-la. Ele retirou a mão que cobria a dela e deixou que ela encontrasse o alívio que precisava sozinha.

No fundo de sua mente, o filme que se desenrolava era de Travis metendo-a em um ritmo frenético, exatamente do jeito que ele fazia. E, na sua fantasia, ela estava perto, perto demais, então ele se concentrou em não deixar que ela se distraísse, pois sentia tudo dentro dela se fechar com a pressão do prazer irreal.

— Porra… — ela gritou, abrindo os olhos e dando um fim no cenário de sua imaginação, explodindo no último segundo daquela brincadeira indecente.

O coração batia tão forte que, em um dado momento, pensou que iria realmente infartar. Mas ela se sentia mais viva do que nunca. O sorriso no meio da respiração entrecortada fez Travis delirar em um vislumbre, sem conseguir lembrar se havia, alguma vez, encontrado uma mulher tão atraente e instigante como a que estava em seus braços, tremendo após um orgasmo.

Ele, após alcançar a bandeja, esperou que ela se recuperasse e pegou alguns morangos para pôr dentro do champanhe. Ele estendeu a taça para ela, mas Taylor somente quis a fruta.

O morango estava tão maduro que o sumo da fruta escorreu pelo canto da sua boca, o gosto mais doce do que cítrico.

Ela esperou apenas alguns minutos até que se sentisse bem novamente e, sem aviso, se desvencilhou dos braços dele.

— Estou cansada de fantasiar, Travis — ela se pôs de frente a ele, fazendo-o fitar o olhar nos seus lábios manchados de vermelho. — Não estou aqui para joguinhos.

Ela o empurrou para que ele subisse até o primeiro degrau da banheira, e o acompanhou enquanto o encarava de perto. Com o contato da água apenas nos tornozelos, Taylor passou as pernas pelos quadris do tight end, sentando em seu colo novamente, de frente para ele, num encaixe único.

Os seios rígidos tocando o peitoral do astro da NFL o fizeram salivar. Taylor lhe arrancou a taça da mão e o pegou desprevenido em um beijo com urgência, tão desenfreado que o desnorteou. Ela tinha gosto de morango, champanhe, paixão e pura libertinagem.

— Agradeço muito por cuidar tão bem de mim, Travis… — ela segredou nos lábios dele, os olhos azuis se conectando com o verde oliva. Taylor não precisou de muito para sentir que ele também estava ansioso para tê-la. Bastou apenas um movimento para que Travis entrasse totalmente dentro dela. — Mas prefiro quando você acaba comigo.

O resto da noite foi como um flashback translúcido, as recordações embargadas pelo prazer, se confundindo entre os momentos de loucura.

As mãos de Taylor ao redor do pescoço de Travis.

As mãos de Travis ao redor da cintura de Taylor.

O corpo de Taylor ondulando sobre o dele, enquanto ele impedia as mãos dela de se moverem, atando-a possessivamente em um toque sensual.

A boca fechada de Travis sobre o mamilo de Taylor, fazendo-a clamar por mais...

Gemidos. Arrepios. Tremores. Ápice. Transcendência.

O fim e o recomeço.

Quando terminaram, Travis a abraçou contra o corpo e Taylor sussurrou palavras de segredo no ouvido dele. Palavras que seu coração gritava em silêncio toda vez que sentia as prisões da sua mente finalmente encontrando liberdade.

Ele era sua liberdade. Ela era sua prisão.

Eram céu e inferno se fundindo num paraíso lindo e dolorosamente inacessível.

Éden contaminado pelo pecado.

O corpo de Taylor amoleceu nos braços de Travis. Quando ele escutou o primeiro suspiro, ele soube que ela estava dormindo. O rosto escondido na curva do pescoço dele, as mãos juntas, cabelo bagunçado e um semblante sereno.

Ele riu, porque ela era fenomenal. Facilmente uma diabinha perversa, facilmente um anjo que o guiaria ao caminho da eternidade cheia de plenitude.

Ele a beijou no rosto, depois de ter lhe beijado todo o corpo, com a intenção de que seus lábios chegassem até o coração dela.

E ela sentiu. No mais profundo de seus sonhos, tudo o que não fugia da sua realidade era o fato de que Travis Kelce era o amor de sua vida.

E, mesmo que não quisesse admitir para si mesma, seu coração já sabia da resposta.

Ele era o único.

//

CARAMBA, VIU. (Minha honesta reação vendo que não perdemos o engajamento com as revisões) eu estou me sentindo a própria Taylor com as regravações, sabe. Daqui a pouco eu mudo o nome da fanfic para "Obsessed (Luna's Version)" e vocês vão ter que aclamar kkkkkkkk

Brincadeiras a parte. Agradeço a cada um e mando um beijo, de todo o meu coração, para vocês. Vocês não fazem ideia do quanto eu sou apaixonada por cada caprichete daqui kkkkk <3

Att., Luna🤍

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