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02 | new romantics

Em uma manhã de quarta-feira gélida, moletons e calças de dupla costura seria a opção mais adequada para um dia de treino no estádio.

Porém, não era o que o renomado Tight End do Kansas City Chiefs havia escolhido para seu dia de tarefas. 

Isso foi o que Taylor pensou, observando-o um pouco de longe, sentada entre as bancadas, enquanto Andy Reid — técnico do time e amigo íntimo de Travis — passava as coordenadas para o restante dos jogadores, em suas respectivas posições. 

Era a terceira vez desde que Taylor visitava, ainda que secretamente, o time e assistia uns de seus treinos semanais. A turma estava agitada pelo progresso da temporada, avançando em direção ao tão estimado super bowl, mas antes passando por uma árdua seleção de vitórias em jogos contra seus adversários. 

A cantora havia sido recebida com surpresa e animação pela equipe e amigos de Travis, que foram confidentes em manter em segredo o envolvimento dos dois, acolhendo-a como uma nova irmã no meio de todo aquele gramado e homens desbocados. 

Ela observava, com atenção e curiosidade, os treinos e o desempenho dos jogadores, focando em um em específico. Adorava futebol e, o mais engraçado, era que seu time de superstição havia sido rival dos Chiefs no ano anterior e derrotado pelo mesmo. 

O time da casa Swift pertencia ao Philadelphia Eagles, tanto a cantora quanto seu pai e irmão eram verdadeiros amantes do time. E a história só continuava crescendo de maneira mais engraçada pois, o irmão de Travis, Jason Kelce, era um dos jogadores do time do coração de Taylor. Transcendendo, assim, as linhas e cordas invisíveis que os amarraram naquele lance de amor imprevisível e impetuoso. 

Em campo, ela notava a mudança e expressão corporal de Travis ao focar em seu trabalho. Sempre sendo generoso e pé firme quanto às questões do time e seus colegas ao lado, consolidando uma família ainda mais unida em campo. 

Ele era determinado e charmosamente decidido, o que não foi muito bom para os ânimos da loira que, instintivamente, precisava desviar os olhares e tentar não imaginar coisas ao contrário do que era permitido pela sua ética moral.

Depois do treino, Travis e os colegas precisaram se ausentar para uma ducha e outros cuidados íntimos da qual ela preferiu não saber de início. Mas antes, ele não controlou a vontade de subir os degraus da arquibancada e lhe dar um beijo enérgico na bochecha, o que resultou em uma Taylor sem graça e com um sorriso envergonhado. Especialmente depois que seus amigos começaram a cantarolar uma de suas músicas em um tom sugestivo para os dois. 

Ela precisou esperar um instante, aproveitando para andar e conhecer um pouco mais dos detalhes do campo, acompanhada de Andy, o qual fez a gentileza de lhe enturmar naquela parte exclusiva do mundo de Travis.

Há um tempo atrás, ela esteve ali, naquele mesmo lugar, performando para milhares de pessoas, sem saber que uma delas seria o motivo dela estar ali agora, viajando e rabiscando sua agenda para encontrar um tempo saudável e saciar a expectativa de suas emoções.

Emoções essas que ele lhe despertara num momento do qual ela nem sabia mais ser possível sentir. Um novo e inexplicável tipo de paixão, daquelas desenfreadas e cativantes.

Quando Kelce finalmente retornou, ela se despediu do técnico com um abraço intimista e passou seu braço para enroscar ao de Travis. Ele estava com cheiro de banho recém tomado e uma colônia cítrica. 

— Taylor, nós te adoramos, mas pegue leve com o nosso tight end, ainda temos uma série de jogos para realizar — Patrick Mahomes, o melhor amigo de Travis, sinalizou ao passar pelo dois, mandando um tchauzinho para a loira. — E obrigada, seja lá qual magia tenha usado, ele parece enfeitiçado. Foi a primeira vez que ouvi alguém comentar sobre estar ou não causando uma boa impressão em alguém, isso enquanto lavava o bumbum. 

A última frase lhes pegou desprevenidos. Travis parecia querer matar o amigo e Taylor não sabia se ria do constrangimento do companheiro ou pela graça de Mahomes, que era um cara e amigo adorável, apesar das palhaçadinhas entre os dois. 

— Bom, 113kg não me parecem uma ameaça — ela ousou, olhando de soslaio para o homem enroscado ao seu braço direito. 

Apenas alguns minutos rasos de conversação restaram, já que o casal estava visivelmente de saída e Patrick também se dirigia para ir embora e fazer companhia à esposa e aos filhos em casa.

Os seguranças e o carro da cantora foram acionados e, em poucos instantes, a loira estava acomodada no banco de trás com a cabeça deitada no ombro do jogador e suas mãos sobre a perna do mesmo. 

— Precisa começar a se vestir de maneira apropriada, que o karma não me ouça, mas acabará ficando doente — ela ralhou, vendo-o usar um leve traje esportivo enquanto a temperatura era baixa o suficiente para que granizo caísse dos céus. 

— Eu estou bem. Estou acostumado, não se preocupe — disse Travis, sorrindo gradativamente enquanto os olhos azuis o perfuravam com a contradição de sua fala. — Estou falando sério. 

— Certo — suspirou ela, indicando que não iria insistir mais no assunto. 

Travis precisou de mais alguns minutos até que a respiração da sua pessoa favorita estivesse no mesmo impasse de calmaria de sempre, com ela descansando sobre seu peito e ele acariciando cada fio dourado do seu cabelo brilhoso. 

— Gostou de ter ido ao treino? — ele perguntou, contente e orgulhoso. — Quero dizer, não que tenha atingido em você o nível máximo de empolgação. Estávamos só correndo suados e xingando pelo gramado. Mas eu com certeza gostei do fato de te ver me censurando pela arquibancada. 

O riso descontraído do jogador foi silenciado quando Taylor ergueu o rosto em direção ao dele, calando-o com um beijo meigo e carinhoso. 

— Eu amei, cada segundo — ronronou, buscando os lábios dele outra vez. — Quem me dera poder viver nessa paz durante todos os meus dias. Eu acompanharia todos os treinos que eu pudesse se isso fosse me manter perto de você. Eu iria aos jogos… Deixaria você segurar minha mão nas ruas, falaria as maiores besteiras enquanto você ri desse jeito fofo que me mata.

— Já dei minha palavra sobre isso — ele murmurou, parando com os beijos aos poucos. — Sabe que eu não mediria esforços para encarar além das nossas fronteiras, não é? 

Com as palmas de sua mão, quase gigantescas perto das dela, Travis segurou o rosto de Taylor e redirecionou seu olhar para os olhos azuis e estonteantes que lhe roubavam o fôlego. 

— Queria ser tão otimista assim. Infelizmente, me sinto numa bolha prestes a estourar — o sorriso de canto que ela deixou repousar no rosto não evidenciou nenhuma alegria, apenas o velho hábito de conformidade. — Nessa etapa da minha vida, as coisas estão as mais maravilhosas possíveis. Eu tenho minha família, meus fãs, estou recuperando meu trabalho e agora eu tenho você. Isso é melhor do que eu podia imaginar algum dia. Mas não significa que não hajam riscos, e todos eles são imensamente indescritíveis. 

— Você se sente numa bolha prestes a estourar porque se submeteu a viver dentro de uma. Mas parece não conhecer mais como é a sensação de viver fora dela, a incerteza de continuar ou seguir em frente de uma vez — embora o tom do tight end fosse suave, as palavras atingiram Taylor como um soco no estômago. — Alguma vez na sua vida, desde de quando atingiu um mínimo sucesso, já esteve fora de perigo? Sequer já se sentiu fora dele?

Ela balançou a cabeça devagar, quase sussurrando o “não”. 

— E o que mudou pra você? É óbvio, tudo isso tomou uma proporção maior. O amor e o ódio se espalharam como moinha ao vento. As ameaças, as perseguições, eu sei que é demais para qualquer um — Travis continuou, se inclinando para dar um beijo na ponta do nariz da loira. — Mas além de uma equipe de homens grandes e carros altamente seguros para seu transporte, você tem uma família que te apoia e que não abriria mão de viver uma vida pública ao seu lado, apesar de tudo. E você tem a mim, que sou maior do que todos os seus seguranças e não me importo com o que vão especular sobre o fato de estar namorando uma cantora mundialmente conhecida e requisitada.

O beijo na ponta do nariz desceu para o arco do cupido, alcançando com pouco esforço os lábios dela logo embaixo. A junção de suas bocas em um selinho demorado fez o coração de Swift derreter um pouco mais. 

— Você não precisa viver numa bolha, Taylor. Você tem capacidade de estourar todas elas, da forma mais caótica e poética possível. Você está livre… Sempre foi — após se separarem do beijo, Taylor voltou a deitar a cabeça no peito de Travis, curtindo o balanço suave do carro na estrada enquanto a voz pesada do jogador reverberava pelo veículo — Mas, acima de tudo isso, quero que você se sinta confortável. E é aí que está sua liberdade, você tem poder de decidir como reagir ao seu novo mundo, seu novo momento. Mas que seja por um motivo de conforto, e não por medo. Eu me sacrificaria um pouco mais se isso fosse motivo de orgulho e, por você, eu sei que é muito além disso. Mas não vou te pressionar, quero que se sinta bem para decidir. Contanto que estejamos juntos… Eu vou estar aqui, seja qual for sua decisão. 

Você vai acabar comigo — foi o que a mente de Taylor gritou quando ela o encarou novamente, perdida na mistura oliva e caramelo do verde daqueles olhos intensamente ludibriosos.

— Os rumores estão comprometidos  — a voz dela falhou, com a respiração levemente alterada à medida que o corpo de Travis trabalhava contra o seu, apenas para deitá-la no banco de trás do carro. — Irá viver uma vida de especulações, associado à uma imagem que talvez não queira, recebendo ameaças que não merece. Não pode colocar tudo da sua vida em risco apenas pela faísca de um momento. 

— Que se fodam os rumores, Taylor — a voz pesou com mais seriedade. O corpo dela afundou nos bancos e ele se acomodou entre as pernas da loira, agradecendo aos céus pela cortina de privacidade que os separava do motorista e o segurança no banco da frente. — No final do dia, nós sabemos que quase todos são verdadeiros. 

— Quem te ensinou isso?

Ela riu, recordando-se do trecho de uma própria música sua, enquanto sentia-se agradavelmente sem ar pela pressão dos músculos de Travis sobre ela.

Quando o jogador abaixou a cabeça para beijar a bochecha esquerda da cantora, Taylor sentiu o roçar da sua barba na curva do seu pescoço e o corpo todo estremeceu. 

— Quando um assunto me interessa, eu busco conhecê-lo a fundo — ele fez seu charme, amando ouvi-la arfar contra seu peito. — E tenho tendência à obsessão. E eu estou tão obcecado por você… 

— Tanto quanto? — com as mãos, ela alcançou o topo da cabeça dele, sentindo a textura dos fios espetados com o corte baixo do seu cabelo. 

— Tanto que eu renderia toda minha vida para te assumir aos quatro cantos. Eu não sei se estou muito louco e nem faço ideia se você sente o mesmo. Diz pra mim, você também não sente vontade de arriscar? — a mão grande interrompeu o movimento do braço de Taylor, passando para prendê-lo em um abraço pelo pescoço. — Que risco seria maior do que viver uma vida sem me orgulhar de estar ao seu lado? Não estou alimentando a faísca de um só momento. Sua insensatez não te deixa ter noção de que eu te quero pelo resto dos meus dias.

— Me beija, agora — ordenou, sentindo o baixo ventre formigar em antecipação, com o corpo esquentando de maneira perigosa. — Não consigo formular nenhuma frase que seja boa o bastante pra expressar a bagunça que você me fez, a não ser o fato de que eu preciso de você. Por favor, Travis…

Alguns minutos silenciosos foram alimentados de sussurros e gemidos contidos. O movimento perigoso de seus corpos juntos, enquanto se beijavam de forma apaixonada e desesperada naquele banco de trás, foi o suficiente para que uma decadência surgisse nos sentidos aflorados dos dois. 

Quando por fim puderam saciar todo o descontrole e desejo irracional, conseguiram voltar ao seus estágios normais, ao momento que ela apenas se apoiava em seu ombro enquanto as mãos dele rodeavam sua cintura em um abraço íntimo. 

— Não consigo acreditar no tanto que perdi, me forçando a ficar trancada por todos esses anos — ela esboçou uma reação de culpa e indignação própria. — Eu estava tão cega, tão entregue… Tão perdida. 

— Você estava amando. Todos ficamos um pouco perdidos quando estamos apaixonados — ele a confortou. — O maior perigo da paixão é esse. Se perder de si mesmo, achando ter se encontrado no outro. Eu não acredito em encaixes. Acredito em somas. 

— Travis… Sei que pode parecer estranho falar isso agora, mas não se sente desconfortável? Digo, o fato de mencionar minha relação passada, isso não te incomoda? — ela perguntou, altamente preocupada e em alerta. — Eu não quero reviver o assunto a cada instante, mas é que é tão difícil às vezes. Difícil acreditar que eu me conformei com a desilusão de um sentimento que eu exaltava. Eu estou imensamente feliz com você, não me entenda mal, eu juro que não queria. 

— São reações naturais, acredito que falar sobre conflitos pessoais, seja lá quais forem, são essenciais nos primórdios da relação. Isso inclui decepções passadas. Eu também não me orgulho do meu histórico de humilhações e burradas — ele a cutucou na costela, fazendo-a rir com cócegas, tirando o peso que havia ficado no ar. — Te ouvir nunca será um problema. Além disso, eu só me sentiria desconfortável se eu não tivesse a certeza de que quero ser alguém melhor do que todos os outros foram pra você. Não que eu seja o mais correto de todos, mas existe um certo esforço que precisa ser feito. 

— Obrigada — ela agradeceu, mas não soube exatamente o motivo do agradecimento. 

Era como se uma paz lhe atingisse a cada palavra proferida por ele, com tanto carinho e apreço. Não estava querendo alimentar mais ainda suas expectativas e sua atração, mas era inegável que estava subitamente encantada por aquele jogador de futebol americano. Ela só não o deixaria saber daquele fato mais profundamente, pelo menos não ainda. 

— Sabe, nesse tempo, eu precisei reprimir algumas vontades absurdas que eu tinha. Mas elas eram engraçadas, na maioria das vezes, e genuínas — recordou Taylor, lembrando de suas ânsias no relacionamento passado. — Eu queria sair mais, visitar restaurantes diferentes e lugares comuns, com pessoas comuns. Você já foi em um zoológico acompanhado de uma parceira? Não parece fofo? 

— Ah sim, eu adoraria beijar enquanto cangurus pulam na minha frente — ele riu, arrancando outra risada folgada dela. 

— Pois então. Eram coisas simples que foram tiradas do meu campo de escolha. Eu renunciei tudo, e acho que é por isso que eu temo que você faça o mesmo por mim. Não quero que sinta a pressão que eu senti. Sei que não é a mesma situação, mas o peso ainda pode ser esmagador — suspirou. — Um dia eu perguntei se ele teria coragem de andar de moto comigo, às três da manhã. Nós sabíamos dos perigos e, naquele momento, eu havia dito aquilo em um tom de blefe. Obviamente eu não sairia para perambular de madrugada nas ruas, ainda mais nas condições que eu vivo. Mas a sua reação foi tão estranha e resignada que me feriu de uma maneira única. Algo como “você deveria parar de ser uma menininha fantasiosa” saiu da boca dele e eu automaticamente me recolhi como uma criança, pensando em quanto tempo ele me via daquela forma, como uma menina com ideias toscas e imaturas. Não é assim que eu deveria me sentir ao lado de um namorado. Não era assim que eu queria me sentir. 

Foi a última coisa que Taylor disse, antes que seus olhos fechassem e o silêncio reinasse sobre eles. Quando decidiu intervir nas palavras da loira, ele notou a respiração suave de quem havia adormecido em seu ombro, dando um ponto final na última frase daquela página de conserto entre eles. 

Ele a enroscou contra seu corpo, deixando-a descansar enquanto tinham tempo até chegar em casa. Porém, sua mente ainda vagava pelo som das palavras que havia ouvido, vindo da boca da cantora.

E, com uma determinação indescritível, ele assentou no seu coração que quebraria aquele paradoxo.

***

Depois de um dia inteiro juntos, Taylor e Travis precisaram recuperar suas energias em um breve descanso no quarto. Já passava das 20h. quando a loira sentiu a falta do jogador ao seu lado na cama, despertando-se do seu momento de quietude. 

Quando por fim resolveu fazer menção de se levantar, a porta foi aberta e por ela passou um homem com uma faceta totalmente nova. Vestido de preto e com um sorriso travesso no rosto, foi assim que ele a saudou quando viu sua expressão de dúvida. 

— Descansou bem, princesa? — ele se aproximou, trocando um selinho com ela. 

— Sim… — respondeu de forma preguiçosa, ainda intrigada com o que via diante dela. — Onde estava? 

— Resolvendo um assunto — Travis sorriu mais largo e uma ruguinha se formou na testa de Taylor. — Estava esperando você acordar. Temos uma atividade pendente. 

E só depois de mais alguns minutos, ela percebeu que havia dois capacetes na mão do jogador e, instantaneamente, um flashback passou pela sua mente. 

Não — ela negou, fazendo sinal com a cabeça e tentando conter o calafrio que tremeu seu corpo. 

— Não? — recuou, tentando encontrar os olhos perdidos dela.

— Você não precisa fazer isso, Travis — erguendo-se na cama, ela sentou e esfregou o rosto com as mãos, tentando reorganizar os pensamentos. — Não precisa compensar minhas frustrações, deixe isso no passado. 

— Não estou tentando compensar nada, só quero ter a satisfação de viver esse momento com você — ele agarrou uma mecha bagunçada do cabelo loiro e enrolou com os dedos. — Não é porque uma experiência se tornou frustrante que ela, algum dia após, não possa se tornar libertadora. A diferença é que eu não quero que seja um blefe dessa vez.

Engolindo em seco, Taylor baixou o olhar, sem saber como deveria reagir e o que fazer. Ela não queria ter alimentado nele a necessidade de tamanho trabalho, apenas para curar suas histórias tristes e sem cor, embora com certeza Travis não enxergava as circunstâncias daquela maneira. 

Por outro lado, o gesto havia reacendido nela uma chama apagada de anos atrás, mas que agora clamava por algo novo. Como uma pólvora sorrateira, a proposta de Travis havia criado uma expectativa que ansiava por ser saciada. 

Um misto de desaprovação e adrenalina estavam tomando os sentimentos da loira, sem deixar que ela tivesse uma resposta plausível para o homem em sua frente. 

— Eu já conversei com seus seguranças, espero não ter te chateado por isso. Mas você ainda precisa dar a última palavra para que tudo aconteça bem — ele alertou. — Eu estou voltando lá pra baixo, mas vou deixar isso aqui. 

Ele pôs o capacete ao lado dela na cama, temeroso de que no fundo ela não aceitasse, mas ainda esperançoso. 

— Sei que não são três da manhã, mas ainda temos uma noite para aproveitar — Travis se levantou, indicando sua saída. — Quero fazer parte das suas fantasias. 

Com passos vagarosos, ele saiu do quarto, deixando-a à lutar contra seus próprios pensamentos. Seu coração estava pesado de algo que não reconhecia, mas era bom e forte demais para mantê-la calma naquelas circunstâncias. 

Quando fechou os olhos, sozinha naquele aposento, refletindo sobre si mesma, ela não teve dúvidas. Ainda se sentia uma menina ferida, mas estava encontrando em Travis alguém que a fizesse sentir uma mulher mais forte, embora mantivesse sua essência de ingenuidade. 

Ela olhou para o capacete e o agarrou entre as mãos.

Mesmo que não soubesse o rumo que tomaria a sua vida depois daquela noite, já estava decidida sobre ao lado de quem deveria caminhar.

***

Um pouco mais de quarenta minutos. Esse foi o tempo que Taylor demorou para se aprontar, tomando um banho rápido e trocando suas roupas. 

Por sorte, havia uma calça preta de couro e uma bota de cano baixo guardadas na mala que havia levado para passar os dias na casa de Travis. Uma regata branca foi o único que achou para tentar equilibrar a escolha de roupas, mas precisou de uma jaqueta mais encorpada para se prevenir do frio que fazia ao lado de fora. 

Ela desceu do quarto e caminhou até a porta de entrada da casa, situando-se no pátio onde havia um jardim simples e bem polido, onde também estava Travis e um dos seus seguranças, do qual o jogador fez questão de retirar de seus aposentos de hospedagem, apenas para embarcar naquela aventura caótica. 

— Boa noite, senhora — o homem a cumprimentou, um gesto de respeito que Taylor respondeu com total graciosidade. 

— Boa noite, Simon — a voz gentil sobressaiu. — Quais são as coordenadas?

Assumindo a postura esguia, Taylor transpassava autoridade e firmeza numa linha tênue com a simplicidade. Algo em toda aquela sua generosidade era capaz de ganhar a admiração de qualquer um.

— Nós conversamos com o senhor Kelce e montamos uma guarita para fechar as pontas de uma rua de retorno. É deserta, mas não perigosa. E conseguimos o apoio da polícia local, caso algo maior venha a acontecer — Simon explicou-lhe. — Temos um esquema de chamada, então em caso de qualquer anormalidade a senhora pode nos acionar. Também acompanharemos sua localização e assim que sentir a necessidade, estaremos indo ao seu encontro. 

— Como conseguiram apoio da polícia? Não há como fechar uma rua pública apenas para transitarmos nela — a ideia pareceu meio irreal para Taylor. 

— A rua não tem movimento, justamente por ser muito distante das vias locais da cidade. É apenas um escape de rotas caso algo maior aconteça pela região, mas não creio que essa noite seja a ocasião perfeita para esse imprevisto — o segurança tranquilizou, alternando o tom profissional e amigável para com a loira. — E quanto a polícia, trabalhamos com o apoio dela para manter sua segurança, seja onde quer que estivermos, então não foi preciso muito esforço. Além de que, o senhor Kelce tem uma certa e bastante influência sobre o departamento de Kansas. 

— Acredito que tenha — suspirou ela, arrancando de sua cabeça um pensamento perigoso. — Tudo bem, Simon. Estaremos partindo logo, obrigada.

— É sempre um prazer. 

Ao dar a devida licença, o segurança se afastou para se comunicar com o resto da equipe da cantora, deixando-a a sós com a sombra de quase dois metros de altura em suas costas. 

— Então, finalmente decidiu vir? — depois de todo aquele tempo, Travis finalmente se dispôs a dizer alguma palavra. 

— Você estava aqui? Engraçado, não me lembro de ter escutado sua voz — em uma disputa de ironia e piadas, os dois viraram de frente para o outro e se encararam. 

— Perdão, eu estou extasiado — sorrindo, Travis se aproximou, rodeando-a pela cintura. — Nunca pensei que te ver vestida de uma maneira tão descontraída e incomum fosse me fazer querer desistir dessa ideia e te levar de volta para o quarto. 

Com total satisfação, ele voltou a observar cada canto da obra de arte que era a mulher em seus braços. Os lábios vermelhos, as ondulações do cabelo dourado e o corpo desenhado com curvas suaves em medidas fatais para ele.

— Você ainda terá a chance de fazer isso quando voltarmos — ela provocou, sorrindo de lado e desviando o olhar quando ele olhou diretamente para sua boca. — Mas acho que precisamos ir agora. 

Reunindo o pouco de força que tinha, em contrapartida com os braços fortes dele, Taylor se desvencilhou e levantou o capacete, dando-lhe as costas e se direcionando à garagem onde escolheriam o automóvel de transporte para seu passeio noturno. 

Por fim, Travis e Taylor decidiram que a escolha seria a BMW Bagger do jogador, equilibrada e segura o bastante para levar a sua loira aonde quer que ela quisesse, ao menos naquela estrada minuciosa e cheia de segredos a serem desvendados. 

— Está certa mesmo disso, não é? — ele perguntou a última vez, querendo se certificar de que ela não estava se sentindo pressionada com a proposta. — Caso fique com medo de algo, pode me dizer que nós recuamos no mesmo momento. 

Já descendo do carro, a medida que seus seguranças levaram o transporte até o local escolhido para os dois, Travis assumiu o lugar na motocicleta e ajustou os farois, retrovisores e a marcha de velocidade para que tudo ficasse o mais seguro possível. 

— Quero fazer isso — o tom objetivo e claro de Taylor fez as dúvidas na mente de Travis cessarem. — Confio na minha equipe e confio em você. Além disso, essa é a roupa mais alternativa que já usei. 

Com um risinho, ela se afastou para subir na parte de trás, colocando seu capacete que a deixou quase irreconhecível por debaixo do traje negreiro. 

— Sabe mesmo pilotar isso? — uma última questão foi levantada por ela. Travis riu e a respondeu ao emitir um som quase ensurdecedor pelo cano de metal, resultando em um súbito susto na cantora. — Travis! Estou falando sério! 

— Relaxa, linda, eu não seria louco de te pôr em risco — ele a acalmou, sentindo-se totalmente bem quando ela o abraçou por trás, as mãos cruzadas sobre seu busto e a cabeça deitada em suas costas. — Segure firme. 

Em poucos segundos, Taylor pôde começar a sentir o tremor do veículo chacoalhar suas pernas e vibrar seu corpo. Travis andou os primeiros quilômetros com certa relutância, temendo que ela se assustasse, apenas para deixá-la curtir a brisa da noite e observar a vista da cidade de longe, por cima das árvores e as luzes incandescentes. 

— Travis? — ela o chamou, um pouco alto para que ele escutasse sua voz. Ele olhou rapidamente de relance, indicando que estava ouvindo-a. — Acelere um pouco mais. 

O jogador ficou preso na incerteza de que deveria obedecer seu comando ou então manter o ritmo aceitável para que nenhum incidente acontecesse. No final, ele assumiu que, se estavam ali, era unicamente para que aquela experiência fosse a melhor possível para ela. Então era justo que ele a concedesse o desejo do seu coração. 

A cada vez que a velocidade era alterada, Taylor se sentia mais perto de algo novo, mais perto de vivenciar algo nunca esperado. 

Ao tomar coragem, ela soltou suas mãos e abriu os braços, o vento batendo com força pela jaqueta e enviando fios de ar frio pelos botões mal abotoados. 

Seu corpo estava composto de adrenalina e conforto, onde não existia nada além do bom sentimento de viver a vida que sempre almejou. As curvas da estrada causaram nela um motivo de riso, sentindo um frio gostoso na barriga a cada vez que se sentia prestes a cair, mas que Travis manobrava de maneira habilidosa e rápida o bastante para fazê-la gritar. 

E ele adorava ouvi-la e vê-la daquela forma, a gargalhada doce e os olhos brilhantes que lhe atravessavam cada vez que os dois se olhavam pelo retrovisor. 

Taylor acabou por descobrir que existia uma certa excitação em sair pelas ruas naquela hora da noite, montada em uma motocicleta, abraçada a um homem que não somente dava voltas pela estrada, mas também conseguia dar voltas em sua mente e sanidade. 

Algo naquele tremor entre as pernas, suas mãos tateando o corpo musculoso por debaixo da camisa de frio e a velocidade da luz passando pelos seus olhos, fizeram com que as resistências de Taylor fossem desarmadas dentro de si. 

De repente, o medo e o pavor haviam sumido. E não era como se ela não soubesse que tudo poderia dar errado algum dia, mas estava certa de que merecia viver sem o fardo de pensamentos pessimistas sobre si mesma.

Queria abraçar todos os riscos e incertezas, desde que aquilo mantivesse a conexão de suas almas juntas, onde ela podia repousar a cabeça em seu ombro e fechar seus olhos enquanto o vento cantava uma canção ruidosa dos novos românticos em seus ouvidos, fazendo-a se sentir a mais segura e protegida do mundo. 

Reduzindo a velocidade, eles pararam no meio do caminho quando a loira sentiu a necessidade de tomar um pouco de fôlego, sem sentir aquela bagunça de emoções e arrepios de adrenalina enquanto Travis pilotava pelo asfalto liso e espelhado com a sombra das árvores próximas e o brilho fraco dos postes de luz amareladas. 

Ele a ajudou a descer, segurando-a com delicadeza e deixando que ela tirasse o capacete para descobrir o rosto, fazendo o mesmo gesto em seguida. 

O vento, agora menos agitado, soprou contra seus rostos e o cabelo loiro esvoaçou, emaranhado e bagunçado. Antes mesmo que Travis pudesse se aproximar para fazer algo, ele sentiu o impulso do corpo dela pulando para o seu, com uma vibração e animação que o surpreendeu de imediato. 

O beijo havia sido tão repentino e ao mesmo tempo tão arrebatador que ele não teve tempo de prestar atenção ao fato de que ela estava contendo soluços, enquanto o beijava de uma maneira tão entregue e sincera. 

Somente quando as lágrimas que escorriam dos olhos dela molharam também o rosto dele, foi quando Travis se afastou. Ela estava com os lábios borrados e a franja dividida ao meio, indicando a confusão indecifrável que havia se tornado. Porém, naquele instante, pareceu se achar perfeitamente no espaço de cumplicidade entre os dois. 

— Tay…

— Eu estou feliz. 

Foi o único que respondeu, sabendo que essa era a maior preocupação dele. Não queria que Travis interpretasse suas lágrimas como tristeza ou então como a saudade de um momento não concluído que havia se tornado apenas uma lembrança antiga. 

Ela estava tão enérgica e contente que cada pedaço do seu ser explodia em êxtase e vigor, resultando em lágrimas cálidas e respirações profundas.

— Eu quero uma jaqueta — sua voz soou soprosa, acalmando os ânimos aos poucos. 

— Agora? Não sabia que estava sentindo tão frio, me perdoe — ele fez menção de retirar a própria peça de roupa do corpo, quando Taylor gargalhou baixo, engolindo mais um soluço. 

— Não, não essa. Eu quero uma jaqueta do seu time. 

Mais uma vez, ele foi pego de surpresa, principalmente quando ela o puxou para perto, forçando-o a se recostar na moto estacionada apenas para apoiar o seu corpo ao dele. 

— Eu quero ir em um dos seus jogos — determinou, as mãos presas no rosto dele enquanto acariciava sua barba e deslizava as unhas de maneira pretensiosa pelo pescoço do jogador. — Estou pronta para isso. 

— Você está bem mesmo? — com um toque suave, ele retirou as mãos dela de seu rosto e a olhou profundamente nos olhos. — Isso seria maravilhoso para mim, mas somente se estiver tudo bem para você. 

Os olhos azuis estavam mais escuros na penumbra da noite, com um brilho instigante e reluzente. Embora o choro já tivesse cessado, ele ainda temia por algo que talvez ela não quisesse confessar. 

— Eu estou melhor do que nunca estive antes — essa foi a confissão que ele não esperava, mas que recebeu de bom grado. O sorriso grande estampado na face de Taylor não lhe deixou com dúvidas alguma de que aquilo era verdadeiro e sincero. — E estou decidida a deixar de lado minhas fantasias. Quero que todas elas se cumpram com você. Que não sejam apenas mais loucuras da minha mente… que sejam reais. Que você seja real. Comigo. 

Os rostos juntos, tão próximos e serenos, trocaram um laço de afeto com a ponta de seus narizes juntos e os olhos fechados. Taylor sentiu seu corpo ser abraçado por completo, cada curva sendo tomada pelas mãos do seu tight end, à medida que seus lábios roçavam em antecipação pelo beijo. 

— Pode me beliscar se ainda achar que não sou real. Ou então me beije para ter a certeza de que eu estou louco por você — Travis sussurrou, provocando nela uma onda intensa de ambição pelos seus lábios e tudo aquilo que somente ele poderia lhe proporcionar. — Minha jaqueta já é sua. Com toda exclusividade. Eu sou seu

Taylor sentiu os lábios inferiores serem puxados em uma mordida suave, antes que a língua de Kelce invadisse sua boca e perfurasse o âmago de seu espírito. O seu coração palpitou, as mãos suaram e o arrepio permaneceu como uma corrente elétrica contida pelo seu corpo, prestes a dar perda total. 

E ali, bem naquela rua deserta, com a motocicleta sendo a única testemunha da sua troca íntima de carinho com o homem que mais tarde descobriria ser o dono das suas ânsias, foi que ela sentiu.

A bolha havia estourado. 

E a conclusão mais perversa era que a arte havia ultrapassado a parede que a dividia de sua realidade. 

Afinal de contas, as melhores pessoas da vida são livres.

//

Oiii, meus amores. Passando mais uma vez aqui com outro capítulo e agradecendo IMENSAMENTE a dedicação de vocês. Vocês são o meu porto seguro.

Obrigada pelos votos novos e comentários, todo o carinho de vocês por mim me faz sentir uma garota de sorte.

Amo vocês, se cuidem. Até mais!!!

Att., Luna🤍

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