Capítulo 32
Antonella
Saio do elevador correndo, e quase consigo deixar o hotel, mas dois homens me seguram antes que eu consiga.
Não sei se são seguranças ou mafiosos. Devem ter dois metros e pouco mais de 100 kg distribuídos por eles, então não tento me debater. Um deles está com uma espécie de rádio onde diz "já estamos com ela chefe".
— O que vocês querem de mim? Por favor me solta — eles fingem não me ouvir. O homem com o rádio me solta e o outro me carrega no colo como se eu fosse um bebê.
Ele caminha em direção ao elevador. Olho para a entrada e esse lugar não pode ser completamente dominado por eles.
— SOCORRO — grito o mais alto que consigo. — SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA, SOCOR...
Um soco não me deixa terminar. Merda! Sinto meu lábio queimar e não preciso de um espelho para saber que está sangrando.
Olho na direcção do punho responsável pelo soco e não é nenhum dos dois homens, mas a ruiva. Ela me olha com um sorriso psicótico. Se antes essa mulher me deixava com raiva, agora sinto medo do que ela pode fazer.
— Mais um grito e eu acabo com você agora mesmo — como eu não percebi antes seu sotaque?!
Ela parece sentir tanto prazer nisso que não tenho dúvidas, então desisto de continuar gritando.
[...]
A ruiva abre a porta da sala onde o Russo está, e o homem gigante me joga para dentro.
— Por que ela está sangrando? — ele pergunta olhando especificamente para a ruiva.
— Ela estava gritando muito — ela diz sem dar nenhuma importância.
— Natasha, se você desobedecer mais uma ordem minha nós vamos ter problemas — diz se levantando — Eu vou cuidar disso.
— Ata — ela diz com deboche. Fazendo o russo lançar um olhar furioso mas que parece não afetá-la de modo algum. Ela parece ainda mais ardilosa que ele.
— Podem sair — o homem finalmente me solta e até certo ponto me sinto aliviada. Os dois deixam a sala.
O Russo vai até a porta e enquanto ele a tranca, corro para o outro lado da sala, para não estar perto dele.
— O que você quer de mim? Por favor, me deixe ir, eu não sou útil para você de nenhuma forma.
— Você não tem noção de como será útil para mim — nesse momento eu só quero que Lorenzo apareça por essa porta e me tire daqui, não sei o que eles têm e nem o que ele pretende fazer comigo, mas eu não gostaria de descobrir.
— Você é muito bonita. — ele vai até uma estante no canto da sala e volta com dois copos e uma garrafa de uísque.
— Cara, eu não sei quais são seus planos, mas por favor, vocês podem resolver isso de outro modo — ele parece não me ouvir. Serve o uísque nos dois copos e com a mão me chama para levar um deles.
— Ele não te contou né? — pergunta sem me olhar.
— Não contou o quê?
— Sente-se, vamos só conversar — vencida vou para o canto do sofá e me sento o mais longe dele.
— Lorenzo matou minha esposa — as batidas do meu coração se aceleram e minhas mãos ficam trêmulas.
Não consigo olhar para ele. Merda Lorenzo.
— Ele sempre foi egoísta. Ele matou uma mulher inocente para poder me vencer nos negócios. — ele vira o copo de uísque — Agora eu tenho três filhos sem mãe.
Depois de alguns minutos de silêncio, uma lágrima solitária deixa seu olho e percorre lentamente sua bochecha. Ele se joga no sofá e me olha. Não sei o que dizer, Eu simplesmente não sei.
— Irina era uma mulher tão bonita, inteligente, uma mãe maravilhosa. Eu trocaria a vida dela pela minha — sinto sua dor em cada palavra, e é como se ele me torturasse.
— Eu deixei Lorenzo — digo rápido — Não estamos mais juntos. Por isso voltei para Roma.
Seu olhar não manifesta surpresa alguma. Claro. Ele deve saber até a cor da calcinha que estou usando agora.
— Mas ele ainda te ama. Se eu te matasse ele sofreria tanto como eu sofri quando Irina se foi — engulo em seco.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu temendo por minha vida e ele com certeza escolhendo a melhor forma de acabar com ela.
— Você vai me matar? — mesmo eu tentando ao máximo ser forte, meus olhos estão inundados e sei que a qualquer momento as lágrimas terão que se libertar.
— Ainda não sei. — responde como se estivesse com a mente longe. — Eu não gosto disso, mas quero que Lorenzo sofra da pior forma possível, quero que ele se arrependa pelo resto da vida por ter feito o que fez.
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