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Capítulo Trinta

Ela havia entendido o recado. Sarah seria a próxima. E logo depois Lilly e por fim Samantha. Os olhos dela arderam, enchendo-se de lágrimas. O medo transcorreu seu corpo. Fechou os olhos fortemente. Ele a faria ficar por último. Ele mataria cada uma de suas amigas, lhe faria sofrer e depois a torturaria até seu último suspiro. Sentiu que segurava algo e percebeu que o envelope amassado ainda estava em sua mão. Sam ergueu os olhos e viu um único abajur iluminando fracamente a sala vazia. A garota decidiu que não iria se deixar levar facilmente, se fosse necessário iria defender suas amigas. E talvez pudesse morrer antes delas.

E no fundo do subconsciente de Samantha, aguardava ansiosamente por aquele momento, quando finalmente veria o rosto do maldito assassino.

A cama macia não a conteve. Sam mudava de posição o tempo inteiro. Sua cabeça latejava, a mente criando rostos de pessoas monstruosas e teorias. Escutava o próprio batimento cardíaco. E o tum-tum-tum de seu coração a incomodava dormir. Às vezes cochilava, mas era por poucos minutos. O sussurro do vento batia nas janelas do quarto da garota. Os sussurros começaram a encher sua mente lentamente enquanto adormecia e a acompanhou até as trevas.

Era tudo tão escuro e vago. O vento fustigava sua pele, mas não era frio, era aconchegante como uma colcha macia, quente e delicado como uma carícia. Ela sentiu o vento acariciando sua pele e sussurrando frases delirantes. Parecia que o próprio vento havia criado consciência e clamor, exasperando frases psicóticas a cada afago. Samantha se sentia nua no meio de todo aquele turbilhão de pensamentos, frases e divagações. A própria mente dela não parecia estar consciente do que acontecia. Os sussurros insistentes do vento pareciam estar mais próximos, como se estivessem ao seu lado.

A garota sentiu algo escorrendo por suas pernas. O cheiro invadiu suas narinas, e parecia entrar em sua garganta. Olhou para baixo, confusa, e percebeu o vestido preto que usava, o mesmo que havia usado no velório de Olivia, tinha uma coisa pastosa na parte da frente. Ela tocou hesitante e sentiu a textura. Sangue. Ao toque do tecido encharcado de sangue suas mãos ficaram manchadas. Samantha entrou em desespero ao pensar que àquele sangue fosse seu. Deveria ir ao hospital. Correu o mais rápido que pode, percebendo ao poucos que não estava em um lugar escuro e amplo como imaginara. Aos poucos sua mente começou a tomar consciência que corria por um bairro qualquer da pequena cidade que morava. O hospital não deveria estar longe.

Ela sentiu-se cansada por correr tanto tempo, era como se cada vez mais estivesse longe do objetivo. Mas tinha que encontrá-lo. Virou à direita, entrando em um beco comprido e viu uma porta dupla. Empurrou-as com a esperança de encontrar alguém para ajudá-la. O ar frio do lugar banhou sua pele e o cheiro de sangue mais uma vez queimou seu nariz, mas não era apenas sangue, tinha algo além... Algo como podridão. Samantha estacou no lugar, que era grande e vazio. O piso de mármore frio fazia-a contrair os dedos dos pés. E a garota há alguns metros de distância de Sam fez seu coração pulsar mais rápido. A tal jovem usava um vestido longo e de cor vinho. O chapéu em sua cabeça dava lhe uma aparência estranha, e parecia estar usando uma fantasia. Uma fantasia de bruxa. Ou de fato ela era uma bruxa.

O som das botas da garota ecoou no piso liso ao dar alguns passos. O rosto de Charlotte iluminou com o luar. Estava pálido e sereno. Não havia dor e ódio. Seus olhos escuros pareciam quase pacíficos. Quase. O sussurro do vento veio novamente, e Samantha apurou os ouvidos para tentar entender o que dizia, mas percebeu que o sussurro vinha dos lábios da garota diante de si. O sussurro foi se repetindo, até ouvir uma única palavra. Samantha. O sussurro mortal invadiu suas entranhas, fazendo-as arrepiarem. O olhar arregalado de Sam fitou a garota.

— O que você quer? — disse uma voz rouca que saiu dos lábios de Samantha. – Você não havia morrido?

O vento riu. Tudo ficou mais denso e abafado.

Você vai me matar?  perguntou Charlotte em uma boa distância, mas parecia que a voz da garota estava ao seu lado.

— Nunca te mataria.

 Mas foi o que você fez e vai fazer com cada uma de nós... — sussurrou a garota de olhar sereno.

— Eu nunca...  tentou dizer Sam.

— Não minta!  interrompeu a jovem sibilando. A bruxa deu um passo. — A arma está em suas mãos, é o que você vai fazer!

Sam olhou-a confusa e depois para baixo. O vestido preto ainda estava manchado de sangue e a arma de fato estava em suas mãos. Ouviu uma voz em suas lembranças. ''Suas digitais foram encontradas na arma do crime. ''

Então era verdade. Samantha havia matado Charlotte. Ela deu um passo à frente, segurando firmemente a faca, e avaliou o rosto sereno da jovem.

Você merece isso.  — Os lábios de Sam se moveram ao dizer tal coisa, mas não era o que a garota queria dizer. Porém, uma raiva fervente começou a apoderar de seu peito e espalhou por cada pedacinho de seu ser. Deu um passo para frente, decidida.

Charlotte gritou antes de a faca entrar no meio de seu peito. Era como se a pobre garota soubesse antes mesmo de ver. A dor lacerante a invadiu antes da faca e a corrompeu de dor e sofrimento, mas ninguém a escutou gritando e chorando. Ninguém teve piedade dela e muito menos Samantha teria. A pobre Charlotte morreu sem piedade, o assassino não hesitou em fazê-la sentir o mesmo que o havia feito sentir. Mas não era um assassino, mas sim uma assassina.

Samantha foi banhada pelo sangue da garota que jazia diante de si. Ouviu uma voz sussurrante invadir sua mente, mas não era da garota morta no chão. Era além. Ela se virou, observando a escuridão. Uma pessoa estava escondida nas sombras, o rosto escondido sob a máscara do diabo. A pessoa levou à mão a máscara e levantou para cima, mostrando o rosto.

— Não! Não! Não!  exclamou Samantha, balançando-se para frente e para trás compulsivamente.

O rosto ominoso de Sarah abriu um sorriso, e a pele negra dela foi banhada pelo luar. Ela tombou o rosto doentiamente, avaliando tudo como um predador. A assassina permaneceu fitando-a. Mas a verdade era que Samantha havia matado Charlotte, e era a culpada. Continuou olhando o rosto de Sarah, o nome dela se repetindo em sua mente como os vários ''Não!'' que saíam de seus lábios. Era uma garota, o assassino era uma garota.

— Não! — gritou Samantha.

Acordou subitamente. Sentiu o corpo suado e enroscado nos cobertores macios e quentes. Não havia sangue, faca, Charlotte e muito menos Sarah. Tudo tinha sido apenas um de seus vários pesadelos, mas parecia tão real. Fitou o teto por um longo momento ao perceber que do lado de fora o amanhecer se aproximava vagarosamente. A luz do sol iluminou o quarto lentamente, projetando uma cor laranja no carpete cinza. Samantha evitou pensar no pesadelo que havia tido. Sua mente tentava afugentar o rosto desagradável de Sarah. A garota parecia monstruosamente cruel e se deliciava pela angustia da outra. Tudo parecia tão anormal, até mesmo a vida. Qual era o sentido de tudo se havia tanta dor?

Sam levantou da cama e caminhou penosamente até o banheiro. Visualizou no espelho o próprio rosto cansado e com olheiras. Teria de arranjar uma maneira de esconder o rosto torturado pelos sonhos inquietantes. Massageou as têmporas. Sua cabeça latejava. Procurou algum remédio para dor de cabeça nas prateleiras ao lado do espelho. Pegou o comprimido e o engoliu com a água da torneira. Logo em seguida se enfiou no chuveiro e deixou a água quente tranquilizar todo o corpo, mas o grito de Charlotte ainda surgia em sua mente. Como ninguém a ouviu gritando? Será que o assassino... Ou assassina foi tão rápido que a garota não teve tempo de sentir dor? E por que Samantha não sentiu piedade ao enfiar a faca no peito da garota?

Tentou parar de pensar. Se continuasse a delirar com os sonhos nunca mais dormiria em sua vida. Ouviu uma batida na porta de seu quarto e a voz de sua mãe a chamou.

— Samantha, querida, levante-se! Está na hora de ir à escola!

Sam não respondeu, apenas saiu do chuveiro e foi se vestir. Vestiu qualquer roupa e desceu as escadas para tomar café da manhã. A mãe da garota sorriu ao vê-la e entregou uma tigela para por cereais. Samantha se alimentou devidamente, mas não sentia um pingo de fome. O tic-tac do relógio na parede da cozinha a irritava enquanto aguardava. Sam ainda não havia decidido se contaria à alguém sobre o sonho e o envelope que encontrou grudado na porta de sua casa. Ela ouviu uma buzina do lado de fora e correu para pegar a mochila e despediu-se de seus pais.

O carro de Thomas estava parado, como de costume, em frente de sua casa. O rapaz a aguardava com um sorriso avassalador, mas Samantha não se sentia motivada em retribuir. Ao entrar no carro sentiu o perfume invadir suas narinas e tranquilizar seu coração que pulsava aceleradamente.

— Está tudo bem? — perguntou Thomas, preocupado.

— Está tudo ótimo — respondeu a garota, se inclinando e dando um breve beijo nos lábios dele. Thomas não pareceu satisfeito com a resposta, mas não insistiu.

Eles foram para escola, cada qual perdido em seus próprios pensamentos. A neve macia afundou os tênis de Samantha enquanto caminhava para a escola. Tudo parecia mórbido e escuro. Parecia haver uma tempestade à caminho, para piorar tudo. Dentro da escola estava quente e movimentado. Os alunos fugiam do frio lacerante que estava do lado de fora.

Sam encontrou Elliot próximo ao armário dela conversando com Nathan. Ela deu um breve sorriso ao se aproximar dos rapazes. Thomas os cumprimentou tradicionalmente, e parecia até mesmo ansioso. A garota se distraiu em colocar um livro dentro da bolsa, e ouviu murmúrios irritados à suas costas. Se virou curiosa e observou Thomas lançar um olhar irritado para Nathan. O garoto deu de ombros. Antes que Samantha pudesse questionar, ouviu seu nome sendo chamado.

— Samantha! — Lilly surgiu carregando a mochila e com o cabelo sujo de neve. Ela balançou os cabelos. — Estou tão animada para este final de semana!

A amiga a abraçou animadamente. Sam observou Thomas arquear a sobrancelha e conter o sorriso. Havia algo muito estranho acontecendo ali. Elliot manteve as mãos dentro do bolso da calça, observando o piso de mármore. A garota observou suas botas manchadas de preto. Teve de se conter para perguntar porque o garoto parecia tão distraído, mas até mesmo ela tinha coisas que não preferia contar. Elliot ergueu o olhar e os dois trocaram breves palavras silenciosas. ''Te conto depois '' , parecia querer dizer o garoto.

Samantha se afastou da amiga e deu um breve aceno de concordância para Elliot. Voltou para Lilly que tagarelava sobre um filme qualquer que iriam ver quando Sarah surgiu no meio de toda conversa. Sam sentiu um arrepio subir sua espinha ao fitar o rosto da garota. As mechas onduladas caiam em cascata pelo rosto redondo e bonito. Não parecia nada com o que havia visto no sonho.

— O que eu perdi? — perguntou Sarah, vendo toda a excitação de Lilly.

— Eu preciso ir... — murmurou Samantha, enquanto se afastava do grupo rapidamente. O coração descontrolado e a mente assustada.

Andou apressadamente por entre os vários estudantes. Sua mente gritava. Sarah não poderia ser assassina. Era uma garota tão boa e inocente. Contudo, no sonho fora tão cruel e assustadora. Ela nunca agiria de forma cruel, o pior talvez fosse o fato de que Sarah seria a próxima da lista. O assassino ou assassina iria matá-la logo em seguida e Sam teria de arranjar uma forma de impedir. Não iria perder outra amiga.

Thomas percebeu a súbita saída de Samantha. Ele observou ela sair apressadamente quando Sarah chegou. Havia algo de errado acontecendo com a sua namorada. Ele sabia que devia ter insistido mais em saber como ela estava. O rapaz percebia que cada dia que passava Samantha ficava mais afastada. E se a deixasse sozinha, a situação poderia piorar. Então, deu uma desculpa qualquer e correu atrás dela. Sam estava escorada próximo ao banheiro feminino, os olhos opacos e escuros.

— Samantha? — chamou em um sussurro. Ela se sobressaltou, assustada. — Desculpe, não queria assustá-la.

Ela não respondeu, apenas manteve-se distraída com os alunos que andavam pelo corredor.

— O que houve com você? — indagou Thomas, se aproximando calmamente. — Você tem agido estranho desde que a busquei em casa.

Samantha resmungou. Thomas não conseguiu compreender o que ela dizia e aproximou mais.

— Apenas tive um pesadelo... — Samantha hesitou ao dizer.

— Que tipo de pesadelo? — insistiu Thomas. A garota o olhou por um instante, ponderando se deveria ou não contar.

— Um pesadelo em que matava Charlotte. 

O sinal tocou e interrompeu os pensamentos de Sam. O movimento entre os alunos aumentou e Thomas desapareceu. Ele não disse nada a respeito do sonho da garota, mas subitamente se afastou sem dizer uma palavra. Ele pareceu esquisito e misterioso, e isso não a agradou. Os estudantes seguiram com passos arrastados até as classes e ela fez o mesmo. O burburinho de vozes cessou quando entraram em salas. O trimestre estava acabando e as provas começaram a consumir o tempo de cada aluno, fazendo-os colocar o papo em dia nos corredores lotados e turbulentos. Naquele dia Samantha faria três provas e não estava preparada.

A sala ficou em silêncio, apenas se ouvia o rabiscar dos lápis e as borrachas apagando. Às vezes ouvia alguns cochichos pedindo cola ao colega do lado, mas logo se calavam ao receberem um olhar enfezado da professora. Sam terminou a prova o mais rápido que pode, não conseguia pensar direito e todo aquele silêncio desconfortável não contribuía com a sensação de inquietude dentro do peito. Entregou a prova e saiu meia hora depois.

A garota sentou em um canto qualquer da escola. Os corredores vazios traziam lembranças estranhas. Sam e as amigas há alguns meses caminhavam por ele, animadas. Há cinco meses tudo era diferente. A felicidade irradiava dentro da garota e não havia motivo algum que a faria se sentir mal. Namorava Josh e tinha as quatro melhores amigas de todas. Eram populares da maneira delas. Porém, tudo foi destruído naquela noite. A lembrança do corpo de Melanie pendurado na árvore ainda vagava pela mente de Sam. Nem a lembrança mais feliz a faria esquecer do corpo nu e marcado da garota.

Samantha sentia-se cansada e os olhos piscavam lentamente de sono. Ela escorou a cabeça na parede e fitou o corredor vazio. O piso branco encerado e os armários azuis nas paredes. Tudo parecia tão tradicional e clichê. Menos o garoto no fim do corredor. Talvez pudesse ser qualquer garoto. Sam esfregou os olhos, tentando compreender o que via, mas ele desapareceu. Ela se levantou e puxou a mochila e correu apressadamente até o fim do corredor. Não havia ninguém. Havia sumido tão rápido quanto apareceu. Ouviu o barulho da porta do banheiro masculino batendo ao fechar e Elliot surgiu no corredor. Ele parou abruptamente ao ver Samantha.

— Tudo bem? — indagou.

A garota arqueou a sobrancelha, insatisfeita pelo desaparecimento do garoto que vira rapidamente.

— Sim e você? — respondeu, naturalmente. — O que está fazendo aqui no corredor?

— Vim ao banheiro e você?

— Acabei a prova cedo — respondeu Samantha, ajeitando a mochila nas costas.

— Então deveria saber tudo, para acabar tão rápido — brincou Elliot, mas o sorriso em seu rosto sumiu antes que Samantha percebesse.

— Não estava com cabeça para fazer prova alguma — murmurou.

— Eu preciso ir — começou Elliot, olhando para a porta de uma sala há alguns metros dos dois. — Tenho que voltar para a aula de Química, ou a professora vai reclamar da minha demora. Te vejo no intervalo.

Elliot voltou à classe. Samantha decidiu ir à biblioteca matar o tempo.

Tudo parecia estar passando lentamente. As aulas antes do intervalo pareciam durar dias em vez de minutos. Quando finalmente foi ao refeitório, não sentia nenhuma fome. A ideia de comer não cabia em sua cabeça, por isso sentou em uma das dezenas mesas redondas que havia por ali. Alguns minutos depois Elliot surgiu. Ele parecia cansado e mal humorado. E afastado. Já fazia algum tempo que o rapaz estava agindo daquela maneira. Preferia ficar calado a falar, e isso não era do feitio do rapaz. Sempre tentava inutilmente fazer uma piada, mas se distraia pesaroso. Em seu rosto comum e belo era difícil ficar um sorriso por muito tempo. Samantha o avaliou enquanto se sentava e retirava um livro de dentro da mochila. O costume de ler nunca o deixou. Sempre quando não tinha nada à dizer, preferia ler do que conversar com algum colega. Samantha não entendia as mudanças súbitas do amigo, mas não comentava nada.

Ele passou uma página distraidamente e soltou um suspiro. Samantha se conteve para não perguntar o que estava acontecendo. Elliot tinha um problema na família, seus pais já haviam voltado e separado três vezes, mas ele sempre continuou sendo um garoto bem humorado e adorável. Nunca vacilou por causa dos problemas dentro de casa, as brigas e separações o mantiveram ainda mais decidido a ser uma boa pessoa. Elliot apertou os lábios, como se tivesse lendo uma coisa desagradável.

— Pare de me olhar — murmurou ele, erguendo os olhos das páginas do livro.

— Desculpe. — Sam deu uma risada nervosa ao perceber que o fitava por um longo momento. — O que está lendo?

— Harry Potter.

— De novo? — questionou a garota. — Essa não é a décima vez que lê?

Elliot revirou os olhos e pareceu querer chorar.

— O que está acontecendo? — perguntou Samantha, assustada. Ela nunca o tinha visto daquela maneira. Ele pigarreou.

— Eu... Não sei se vai gostar de saber, mas não quero guardar isso apenas para mim — disse Elliot, deixando Samantha mais assustada. — Recebi ontem a noite, e não consegui dormir direito. Sam, estou com medo.

Todos estão, pensou a garota. Elliot tirou um envelope marrom de dentro da mochila e entregou para Samantha. A garota o abriu e retirou o conteúdo. Eram fotos. E nelas o rosto de Charlotte era visível e detalhava o sofrimento e a morte. As fotos eram minimalistas. A primeira mostrava Charlotte com um sorriso tosco e na segunda o sangue manchando seu vestido escuro e o rosto comprimido em uma dor silenciosa.

— Será que ela gritou? — Àquela pergunta era muito tola ao pensamento de Sam, mas a incomodava.

— Se ela tivesse gritado alguém teria escutado — respondeu Elliot. Ela sentiu a mão fria do garoto tomar as fotos das suas e as colocar no envelope, que escondeu na mochila. Sam ergueu os olhos intrigada pela atitude dele, mas viu que Thomas, Nathan, Lilly e Sarah se aproximavam.

— Ela parecia apaixonada... — murmurou Samantha. O amigo a olhou. — Você acha que é alguém que conhecemos?

— Eu não sei, Samantha. — Elliot soltou um suspiro e se calou quando os outros se sentaram ao lado deles.

Os olhos de Elliot vagaram por cada um que havia chegado e se sentado, observando-os com atenção, mas depois pareceu desistir do que estava tentando fazer e voltou para o livro. Lilly sorriu largamente ao ver Sam, estava muito animada. E isso incomodou a garota. Ela viria depois de Sarah, lembrou Samantha.

Sarah estava encolhida ao lado de Nathan, que bebericava um suco, os cabelos longos ondulados e os olhos escuros. Ela era uma garota pequena, e Sam conteve o pavor ao vê-la. Sarah não era culpada, era apenas uma vítima. E não faria mal algum nem à uma mosca. Thomas colocou uma caixinha de suco e batatas diante de Sam. Ela o olhou, irritada. Sentiu raiva ao se lembrar da atitude vaga do rapaz depois de ter contado lhe o sonho. O silêncio estranho que deu como resposta deixou-a mais intrigada e amedrontada. Todo aquele sentimento que a consumia estava se transformando em um turbilhão, e ela sentia vontade de gritar. Thomas a olhou compassivamente.

— Não estou com fome — disse Sam, empurrando o alimento de volta para Thomas. Ele segurou sua mão.

— Por favor, coma. Você precisa se alimentar.

— Não... — começou Sam, mas Thomas lhe lançou um olhar que a fez tremer e decidiu comer. A ideia de obedecer alguém não a agradava, mas não o retrucou novamente.

As imagens do corpo morto de Charlotte ainda invadiam sua mente. Lottie parecia ter sofrido, mas não gritou. Será que a pessoa que a matou fez promessas? Como Romeu e Julieta? Que a encontraria além da morte? Samantha bebericava um pouco do suco, empurrando as imagens do corpo morto da garota para o fundo de sua mente.

— Estou tão ansiosa para o nosso fim de semana! — exclamou Lilly, girando uma mecha de cabelo entre os dedos.

O fim de semana. O aniversário de Samantha era no dia seguinte e por um momento tinha esquecido. A ideia de completar 18 anos não a agradava, e muito menos sair, mas sabia que Lilly e Sarah só queriam fazer a amiga socializar e sair um pouco.

— O que vão fazer no fim de semana? — perguntou Thomas, igualmente interessado.

— Vamos ao cinema, não é, meninas? — indagou Lilly, lançando um olhar diretamente para Sam. Ela apenas balançou a cabeça, concordando. — É o aniversario de Sam, e precisamos comemorar de alguma maneira, mesmo com apenas uma ida ao cinema. Ela odeia festas.

Samantha piscou, observando Thomas olhar confusamente para a garota e desviar-se para Sam. Ela não se lembrou de ter dito para Lilly que não queria uma festa, mas pelo visto a amiga ainda se lembrava dos comentários mal humorados dela. Samantha odiava festas surpresas. A ideia de ser surpreendida em seu aniversário a deixava desgostosa. Ou que pessoas que não gostasse viessem a sua festa, era pior ainda.

— Enfim, irei passar em sua casa às 7h00, ok? — Lilly pegou a bandeja e se levantou. Sarah a seguiu.

— Tudo bem — concordou Samantha. Lilly deu um sorriso e se foi com Sarah.

O silêncio retornou, fazendo parecer que apenas Samantha estava à mesa. Thomas amassou um pedaço de plástico e se retirou segurando firmemente a bandeja. Nathan deu um assovio distraído e sorriu para ela. Tinha alguma coisa estranha acontecendo, percebeu. Ela pegou a mochila e se foi sem dar satisfação, como os outros.

A última aula foi na companhia de Lilly, que infelizmente não parava de tagarelar. A garota tinha tanto a falar sobre a ida ao cinema que Sam preferiu não retrucá-la. E com o decorrer do dia a garota se sentia mais negativa em sair com as amigas. Sarah permaneceu calada e distraída, deixando Samantha contrariada. E Thomas parecia evitar a garota no corredor e ela decidiu fazer o mesmo. Quando o último sinal tocou o alívio invadiu o corpo dela, deixando-a satisfeita para ir, finalmente, embora.

O volume de neve começara a aumentar consideravelmente nas calçadas. Ao sair, Samantha escorregou, mas foi acudida pelos braços de Elliot. O garoto a olhou, risonho, e ajudou-a se afastar das escadas escorregadias.

— Obrigada... — murmurou Samantha, constrangida com o quase tombo.

Ele deu uma breve risada. Sam lançou um olhar sobre os ombros procurando algum rosto familiar, e voltou-se para Elliot.

— Já está indo embora? — perguntou o amigo, tirando as chaves do carro do bolso.

— Sim — afirmou ela.

— Quer uma carona? — Elliot a fitou, hesitante. Samantha olhou novamente para a saída da escola, esperando encontrar alguém. Viu-o caminhando ao lado de Nathan. Pareciam discutir algo entre si, entusiasmadamente. Ele a estava ignorando, pensou Samantha, não faria mal aceitar a carona de Elliot.

— Claro! — O amigo sorriu, satisfeito, e saíram juntos em direção ao carro.

Samantha ignorou as chamadas de Thomas em seu celular e pediu para Elliot fazer o mesmo. O garoto a deixou na entrada de sua casa, e despediram-se com um abraço. Thomas insistiu com as ligações para o celular da garota, mas foram ignoradas. Sam apoiou a cabeça no travesseiro e fitou o teto. A mente da garota vagava pelas imagens do corpo de Charlotte.

''Será que ela gritou?''

Aquela pergunta tola invadia sua mente e a irritava. O que iria mudar em sua vida se ela havia gritado? Talvez Charlotte confiasse na pessoa que a matou. O que significava que o assassino encontrava-se mais perto do que imaginara. Deitou em posição fetal, agarrando-se às suas pernas e se questionando silenciosamente sobre tudo que estava acontecendo. A própria mente começou a vacilar, a sonolência tomou conta de seu corpo e adormeceu.

Acordou subitamente, ouvindo alguém subindo as escadas. Talvez estivesse meio inconsciente quando ouviu uma voz no andar de baixo. O som de passos cessou, devia ter hesitado. Samantha levantou bruscamente e fitou a porta do próprio quarto, aguardando. A pessoa do outro lado bateu.

— Samantha? — Ouviu a voz de Thomas chamando-a.

Sam abriu e fitou o rosto do rapaz. Em sua expressão facial era visível a fúria e preocupação.

— O que está fazendo aqui? — indagou à Thomas, olhando-o assustada.

— Fiquei preocupado — respondeu ele, entrando no quarto e ficando bem próximo dela. — Você desapareceu e pensei que tivesse acontecido algo.

— Estou muito bem, obrigada.

— Quem a trouxe em casa? — Ele a avaliou, aguardando a resposta.

— Elliot.

A expressão de desgosto perpassou pelo rosto de Thomas.

— Eu não gosto dele — disse o rapaz, esperando alguma reação vindo de Sam. Ela apenas piscou, incomodada.

— Não me importo se gosta ou não de Elliot, ele continua sendo meu amigo — retrucou Sam, cruzando os braços.

— Você já percebeu que ele faz de tudo para afastá-la de mim? — Thomas estava ligeiramente ofendido.

— Ele não me obrigou a ir embora com ele — começou Samantha, erguendo o queixo e encarando o namorado. — Apenas perguntou se eu queria uma carona, e concordei.

— Eu iria te trazer em casa, como sempre faço!

— Você não é obrigado a me trazer em casa, Thomas! — Eles estavam parcialmente gritando.

Thomas tinha os punhos cerrados e o rosto tomado pelos ciúmes.

— Eu não considero uma obrigação! Mas não quero você com ele novamente!

Samantha se enfureceu, girou os calcanhares e foi até a janela, evitando olhar Thomas. Não compreendia a tola briga. Na verdade, era a primeira briga dos dois, e foi estranho pensar como uma briguinha tola de namorados. Mas era o que eles eram, percebeu. E Thomas estava enciumado pela companhia de Elliot com a garota. Ela gostou. Sentiu o toque das mãos do rapaz a envolvendo pela cintura.

— Não me toque  — murmurou, mas definitivamente queria que ele a tocasse.

— Eu nunca quero deixar de tocá-la  — sussurrou bem perto de seu pescoço, fazendo-a arrepiar. — Desculpe, estou com ciúmes! E é patético!

— Na verdade, eu gosto.

Thomas riu contra o pescoço dela, começando a beijá-la naquele ponto.

— Está se aproveitando da minha fragilidade por você? — Thomas acariciou o pescoço dela com os lábios, e começou a retirar lentamente o moletom que usava.

— Contanto que não me mate, por ciúmes — brincou Samantha, vacilando nos braços do rapaz.

— Eu nunca faria mal algum à você — Ele mordeu lentamente o lóbulo de sua orelha, fazendo o arrepio percorrer todo seu corpo.

— Minha mãe... — Sam gemeu quando sentiu as mãos calorosas de Thomas descer lentamente para sua calça jeans.

— Ela saiu... Disse que tinha algumas coisas para resolver. — A voz dele saiu rouca. — E nós também.

Samantha cedeu aos sussurros e toques de Thomas. O rapaz a deitou sobre a cama, beijando, tocando e apertando cada mínima parte do corpo dela. O ritmo do coração de Sam acelerou. Ansiou com àquele momento por um longo tempo, desde... Não importava desde quando. O importante era a presença avassaladora de Thomas, os lábios e sussurros que trocavam entre si. Cada peça de roupa escorregou de seus corpos.

O rapaz levou as mãos aos seios da garota e os beijou, cheio de desejo. Ela arquejou aos toques dele, deixando-se ser levada pelo prazer que a consumia. Thomas segurou os quadris de Sam e se enterrou neles. Ouviu os gemidos urgentes da namorada que era embalada pelo prazer do momento. Samantha mordeu o lábio inferior tentando conter os arquejos de prazer que escapavam de seus lábios. Thomas era bom em todos os sentidos, pensou a garota.

Ele a beijou com urgência, enquanto se enterrava cada vez mais. Sam erguia os quadris, almejando cada vez mais do rapaz. Levou as mãos para as costas largas e musculosas do namorado e fincou as unhas com força, delirando pela exaustão de seu corpo que queria cada vez mais o de Thomas. A sensação dos corpos de ambos se movendo em sincronia era avassaladoramente boa. Em pouco tempo se deixou levar pelo prazer completo, que fez seu corpo tremer da cabeça aos pés. Thomas chegou ao clímax pouco tempo depois. Ele trouxe a mão com delicadeza ao rosto pálido e macio da namorada e sorriu. Levou os lábios mais uma vez aos dela e sentiu o sentimento novo o consumindo aos poucos.

Era diferente, e intensamente bom. Bem diferente do que havia sentido por qualquer pessoa. Thomas abriu os lábios para dizer o que sentia por ela, mas se conteve. Não sabia como colocar àquilo em palavras. Mesmo que fossem apenas três simples palavras, foi tão difícil quanto qualquer coisa. Então se calou e deitou ao lado da garota que estava completamente apaixonado.

Naquele dia frio, Thomas e Samantha aqueceram um ao outro. E ela soube que o amava fervorosamente. Mas tais sentimentos não foram demonstrados em palavras, mas sim na evidente ternura que compartilharam entre si. O ar em volta dos dois foi esfriando e Sam se aconchegou contra o corpo de Thomas, satisfeita mentalmente e fisicamente. Nunca mais se esqueceria do afago de sua paixão.

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