Capítulo Oito
Depois de passar o resto das aulas sendo observada e comentada por todos, Samantha finalmente pode ir para casa. Sua mãe a buscava todos os dias. E durante o caminho elas conversavam sobre o dia uma da outra ou sobre o tempo, entre outros assuntos. Mas naquele dia em especial Samantha teve que ouvir o sermão de sua mãe sobre o acontecimento do dia.
— Realmente, não acredito que aquele rapaz teve aquela atitude! — falava sua mãe. O rapaz em questão era Josh, ex-namorado de Samantha. — Te chamar de vadia? Perdoe-me, mas se eu encontrar com a mãe daquele garoto vou perguntar se por acaso ela deu alguma educação pra ele.
De fato, quando a mãe de Sam insistia em alguma coisa — como aquilo, — não desistia tão facilmente. Com certeza, se encontrasse com a Sra. Turner por aí, como no supermercado, as duas discutiriam muito.
— Mãe, por favor... — começou Sam.
— Eu irei falar sobre isso com ela sim, não tente me impedir, Samantha!
Ela não tentou impedir a mãe de forma alguma, sabia que era uma batalha perdida, por isso nem tentaria vencer a guerra. Quando chegou em casa, decidiu subir rapidamente para o quarto. Não queria mais ouvir as queixas da mãe. Ela também não queria se queixar. Samantha estava completamente despedaçada. E depois de ter ouvido aquilo de alguém que amara, deixou-a ainda mais machucada.
Naquele momento não sabia exatamente o que fazer. Josh a ofendera da pior forma o possível. Não a chamando de vadia, aquilo era o de menos. Mas aquela atitude brusca e possessiva sobre ela, como se fosse seu dono. Samantha nunca aceitaria aquilo, de forma alguma. Só que tinha uma coisa que não saía de forma alguma da sua cabeça enquanto se remexia na cama, tentando de alguma forma adormecer, mas os pensamentos não permitiam. Thomas Parker teve uma atitude hostil, obviamente, mas fez aquilo por ela. E aquela maldita sensação na boca do estômago... De forma alguma poderia ser aquilo, pois mal o conhecia. Ele era bonito e engraçado, entre outros fatores, mas seria errado demais gostar dele. E também tinha Noah, que era um problema maior. Bem maior. Ainda sentia algo por ele. Só que ele não estava lá, e nem naquele momento com Sam para confortá-la. Samantha percebera de um jeito ruim, que os homens tentavam defender a honra das mulheres da pior forma possível, como animais selvagens comendo a carne.
Ela ouviu o celular tocar dentro da jaqueta jogada em algum canto. Levantou-se preguiçosamente e puxou-o de dentro. Vendo qual nome surgia na tela, ponderou em atender, porém o fez.
— Imagino que esteja magoada... — disse a pessoa do outro lado da linha. — O que acha de dar uma volta?
— Oi, Lilly... — resmungou Samantha. — Acertou, estou, mas também não sinto vontade alguma de sair.
— Ah, por favor! — suplicou Lilly. — Vamos, pelo menos um pouco. Só nós duas.
Esse era o problema. Sair, somente as duas, enquanto tinha um assassino por ai. Era um risco e tanto. Mas não falou isso, pois assustaria a amiga. E não era uma terrível opção dar uma volta por aí, o sol ainda nem tinha se posto.
— Tudo bem, estou faminta, aliás — concordou Samantha.
—Sabia! Também estou! Passo na sua casa daqui a trinta minutos. — E Lilly desligou a ligação.
Meia hora depois Samantha esperava pacientemente sentada ao sofá. O problema da amiga era que marcava em um horário, mas sempre chegava atrasada. Claro que já havia passado exatamente os trinta minutos marcados, mas uma coisa que Sam nunca teve foi paciência. A campainha tocou, para o próprio alivio.
— Finalmente! — comentou Samantha, ao abrir a porta.
— Eu só me atrasei cinco minutos! — disse Lilly, indignada.
Samantha deu de ombros. Quando se virou para avisar a mãe que já estava saindo, deu de cara com ela parada bem atrás de si, com um sorriso estampado no rosto.
— Já vão? — perguntou Claire, encantada.
— Sim, mãe, já vamos. — Samantha piscou, confusa.
— Olá, senhora Miller, como está? — Lilly abriu um sorriso maior que o da sra. Miller.
— Vou bem, querida Lilly, e você?
— Igualmente...
— Ok, chega. Vamos logo, Lilly. Tchau, mãe. — Sam se despediu rapidamente antes que elas entrassem em algum assunto.
— Tchau. Se divirtam! — exclamou a sra. Miller animadamente.
As duas passaram o trajeto inteiro em um curto monólogo. Quando já estavam aconchegadas dentro da lanchonete que Sam e Noah tiverem um encontro há algumas semanas atrás, elas fizeram seus pedidos e se distraíram com seus celulares.
— Melhor pararmos. — Lilly tomou o celular da amiga e o guardou na bolsa.
— Ei!
— Temos que conversar. Que tipo de pessoa eu seria ao chamar você para sair e dar uma espairecida, mas ao invés disso só ficar no celular? — retrucou Lilly. — Aliás, me conta alguma coisa interessante, como por exemplo, por qual razão Thomas Parker te defendeu daquele maneira? Acho que ele tá afim de você!
O subconsciente de Sam bateu palmas alegremente. Era exatamente isso que ela queria que ele sentisse. Mas não, era óbvio demais. Ele só agiu grosseiramente.
— Claro que não! — respondeu Sam, fervorosamente.
— Você sempre diz isso, mas penso diferente. — Enquanto falava, Lilly dobrava o guardanapo distraidamente. — Nenhum garoto toma uma atitude como aquela, ainda mais pra sair machucado.
Lilly deu uma risadinha divertida. Samantha revirou os olhos debochadamente.
— Pra falar a verdade, quem saiu bastante machucado foi Josh. — A coisa boa de sair com Lilly era que ela tagarelava sem parar, o que facilitava bastante para Sam durante a conversa. Ela não precisava falar nada, só concordar.
— Ele mereceu.
Lilly balançou a cabeça distraidamente.
— Aliás... — começou a própria. Porém, se interrompeu com a súbita entrada de Noah Guzman acompanhado de uma morena muito atraente.
O problema de Sam era sempre notar as mulheres que acompanhavam eles. Como no dia que Josh estava com a garota loira — que não sabia o nome, — e todas eram sempre muito bonitas, muito mais bonitas e atraentes do que ela mesma. E isso irritava Sam. Bem, por que Noah beijou Samantha? Ela só fora uma distração até ele encontrar aquele mulher super bonita? E para Josh? Quase um mês de namoro e quando mais precisou dele, foi deixada de lado. Talvez ela fosse só um passatempo para eles.
— Ai meu Deus! — comentou Lilly, chocada, sem disfarçar. — Não acredito.
Quem devia dizer aquilo era ela, mas permaneceu calada.
Já pelo lado de Noah podemos imaginar que ele era um cara de momentos. Bom, ele se interessava por várias mulheres, saía com outras mil e ficava com outras cem, era somente uma forma de falar. Por isso, quando viu a jovem Rose, estagiária na delegacia, obviamente não poderia deixar passar. Uma moça inteligente e com seios fartos, o que deixava os sentidos dele mais aguçados. Mas havia um problema. Quando ele se interessava por uma mulher, era pra valer. E ela surgiu e deixou todos os sentidos dele confusos. Noah nunca se sentiu daquela forma, nauseado e completamente enfeitiçado, e não demorou muito para isso acontecer. Sabe quando algo te pega pra valer? Foi daquele jeito. Samantha Miller surgiu no campo de visão de Noah e tudo explodiu dentro dele. Ele sabia que se ficasse no mesmo espaço com ela por mais de vinte minutos, a agarraria sem pestanejar. Obviamente a respeitou por bastante tempo, até perceber que ela queria o mesmo que ele. O sentimento era correspondido. Quando a beijou, sentiu fogos de artifícios estourando em seu peito. Era a melhor coisa do mundo! Mas aí ele estragou tudo. Samantha estava abalada demais e ainda era muito jovem. Se ele persistisse com aquele relacionamento, os dois sairiam com os corações partidos. Por isso, ele cortou a ligação entre os dois, só que há alguns dias atrás ela foi em sua sala na delegacia e não conseguiu se conter. Mas ela o rejeitou, e ele mereceu.
Mas a questão foi essa, depois de ter estragado o que poderia ter sido algo deliciosamente bem interessante, Noah decidiu arranjar uma distração, que no caso era Rose. Ela era perfeita para aquilo, faria ele se esquecer de Samantha em poucas horas, depois que a levasse para sua casa. Decidiu levá-la para uma lanchonete perto do trabalho e depois de uma boa refeição banhada a muitas calorias os dois a gastariam durante algumas horas à noite. Só que o pobre coitado detetive não imaginava que ao entrar na lanchonete se depararia com Samantha Miller. Ela era o maior problema de sua vida no momento.
Samantha estava de coração acelerado. Lilly não parou de lançar olhares na direção deles desde que entraram.
— Por que você está com essa cara? — perguntou a amiga.
— Que cara? — indagou Sam, fingindo não compreender.
— Essa de quem comeu e não gostou — respondeu Lilly, risonha.
— Acho que a batata tinha algum tipo de droga, ou o molho que estava batizado — comentou Sam, tentando mudar de assunto.
— Nenhum dos dois. — A amiga balançou a cabeça veementemente.
Samantha comeu em silêncio, mas parecia que Lilly não queria permanecer calada em momento algum.
— Você parece não ter gostado — resmungou Lilly.
— Gostei sim, a comida está boa — disse Sam, mesmo que sabendo que não era daquilo que a amiga estava falando.
— Não é disso que estou falando!
— Então é sobre o que? — murmurou.
— Do detetive com a Rose.
— Você a conhece? — perguntou Samantha, surpresa.
— Ela é amiga da minha irmã. — Lilly deu de ombros. — Mas esse não é o ponto... Por qual não gosta dos dois juntos?
— Se eu te contar, você promete não falar pra mais ninguém? — Lilly balançou a cabeça, concordando animadamente. — Nós dois nos beijamos.
— O quê?! — ela gritou. Todas as pessoas na pequena lanchonete viraram os rostos na direção das duas, até mesmo Noah e a tal Rose. Então ela sussurrou: — Desculpe, mas não consigo acreditar. Por que não me contou antes?
— Não teve um momento pra eu contar.
— Não precisa de um momento, é só virar e falar ''Ei Lilly, não tem o detetive gostosão? Eu beijei ele''.
— Lilly! – disse Sam, chamando a atenção da amiga — Você quer que ele saiba que estamos falando dele? Então, por favor, pare de gritar.
Lilly assentiu plenamente. Sam segurou-se para não revirar os olhos.
— Conte-me mais! — falou a amiga, animadamente.
E então, por fim, Samantha fez a única coisa que poderia fazer, contou tudo para a amiga. Contou quando ele a chamou para sair e os dois vieram justamente naquela lanchonete e como ele a beijou. E também como ela percebeu que estava apaixonada por ele, mas ele se afastou dela e que há algumas semanas quis voltar, mas ela se recusou.
— Não acredito! — comentou a amiga, embasbacada. — Quero dizer... Eu acredito, mas sempre digo isso quando estou surpresa!
Samantha apenas balançou a cabeça em concordância enquanto bebericava o refrigerante.
- Olha, acredito que a atitude dele foi tola, mas Samantha, por favor, agarre aquele homem por mim, pela Sarah e por você. Porque sei muito bem que você está se remoendo aí dentro dessa sua cabecinha querendo agarrar aqueles bíceps maravilhosos.
— Você já viu os braços dele? — perguntou Samantha, curiosamente.
— Talvez eu tenha o visto passando correndo em frente da minha casa de manhãzinha, só de regata. — Samantha não se aguentou e começou a rir, sendo acompanhada pela amiga.
Ela percebeu um movimento e viu Noah se levantando e saindo com a morena, amiga da irmã de Lilly. Sam sentiu a garganta secar e o coração se apertar.
— Okay, volte à atenção para mim – disse Lilly, estalando os dedos em frente ao rosto da amiga. — Vamos terminar de comer isso aqui e ver um filme na minha casa? O que acha? Depois meu pai te leva em casa.
Samantha concordou distraidamente enquanto molhava as batatas no molho.
Noah se decidiu. Ele iria levar Rose em casa e retornar para a lanchonete. Iria se declarar para Samantha, mesmo não sabendo ao certo o que dizer, mas diria algo que a faria mudar de ideia, de alguma forma. Quando parou o carro bem em frente à casa de sua colega de trabalho Rose, ela o olhou confuso. Obviamente tinha o mesmo pensamento que Noah inicialmente, só que todos sabemos muito bem o que o fez mudar.
— Se não vai ser na sua casa, tudo bem ser na minha — disse Rose, com um sorriso.
Noah tentou dizer algo, mas foi interrompido pelos lábios dela contra os seus. Ela empurrou o tronco contra o dele e os seios grandes esmagaram o seu tórax. Rose mordeu o lábio inferior dele e começou a puxar o seu cabelo. Isso o incomodou. Noah colocou as mãos nos ombros dela, tentando de alguma forma afastá-la, mas não deixando transparecer que estava sendo rude — ele já estava sendo o suficiente rude ao rejeitá-la, — e tentou grunhir o nome da moça, mas esta o entendeu de forma completamente diferente. Naquele momento, ele a empurrou bruscamente, já que era a única forma de fazê-la se afastar. Rose o encarou, frustrada.
— Rose, sinto muito... — Noah amaldiçoou a si mesmo por ficar sem saber o que dizer. — Eu não posso.
— Como assim? — perguntou ela, incrédula.
— Eu... Estou interessado em outra pessoa.
— O quê? Como ousa me dizer isso? Ainda mais depois de ter me chamado para sair.
— Eu sei, mas chamei-a para sair como amigos – mentiu Noah.
Rose pareceu furiosa. A mente de Noah não funcionou rápido o suficiente, quando percebeu foi tarde demais. O rosto dele ardeu em brasa quando Rose deu um tapa em sua face.
— Seu cretino! — Ela saiu do carro e bateu à porta com força.
Noah não sabia se sentia aliviado por ela ter saído ou furioso pela dor que sentiu do lado esquerdo do rosto. Aquela área devia estar vermelha e latejava de dor. Ela tinha uma mão pesada, pensou ele.
Bem, naquele momento tinha outro problema para resolver. Samantha Miller. Ele precisava ter uma bela conversa com ela. E que ao contrario de tapas ele recebesse beijos, suplicou inconscientemente.
Ambas as garotas terminaram de comer e logo depois pagaram a conta. As duas saíram da pequena lanchonete já se arrependendo. Lá dentro estava tão quente, pensou Sam.
— Que frio maldito... — sussurrou Lilly, abraçando a si mesma. — Vamos lá pra casa?
Samantha pensou em recusar, mesmo que no momento precisasse distrair um pouco a mente, o que seria uma boa ideia ao ir para casa de Lilly ver um filme. Porém, quando as duas saíam da lanchonete e estavam prestes atravessar a rua, Sam escutou seu nome sendo chamado. Ela olhou assustada para trás e não viu ninguém. Um arrepio subiu por sua espinha.
— Você ouviu? — perguntou Lilly.
— Ouvi — afirmou Samantha.
Após isso, Noah saiu de dentro do carro e acenou para ela. Isso a deixou desconfiada. Ela e Lilly se entreolham por alguns instantes.
— Vai lá! — incitou Lilly, dando um empurrãozinho em Sam.
Ela decidiu ir, curiosa e desconfiada. Sam caminhou até Noah e foi recebida com um daqueles sorrisos charmosos. Estranho, pensou, por que havia chamado-a ali? Será que ele a estava esperando? Bom, não importava mais, já estava parada bem em frente dele.
— Noah. — Samantha o cumprimentou com um aceno.
— Samantha. — ele retribuiu. Definitivamente quando o nome dela saía daqueles lábios, era o som mais divino que já ouviu. Aqueles lábios perfeitamente esculpidos por anjos...
— O que quer? — perguntou, diretamente.
— Preciso conversar com você — admitiu Noah.
— Seja breve. — Samantha cruzou os braços.
Ele deu um meio sorriso e se escorou no carro, aparentando estar à vontade.
— Como quiser — falou ele, sedutoramente. — Bom, pra começar, vou ser bem sincero. Estou apaixonado por você.
Epa! Como assim? Ele estava apaixonado por ela? Impossível. Noah era muita areia pro caminhãozinho dela, se assim poderia dizer. O coração de Sam se acelerou. Céus, ela estava tão nervosa. O que deveria dizer?!
— Você está apaixonado por mim? — repetiu ela, ainda sem saber como reagir.
— Estou.
— Mentira! – A garganta dela ficou seca. Precisava de água, definitivamente precisava.
— Estou — repetiu ele, afirmando. — Completamente apaixonado, e só percebi isso agora. Me sinto um tolo por ter agido daquela maneira com você, mas saiba que se me der uma segunda chance, me entregarei por completo à você.
Isso era, de fato, uma declaração. Mas sem a parte de ficar de joelho e dar flores e chocolates. Aquilo não era necessário no momento. Obviamente Noah agia com indiferença naquele momento, ele sempre tinha aquela atitude. Todavia, ela podia perceber pelo olhar e as palavras dele que aquilo era verdade. Não era amor, pensou Sam, mas ela também não o amava. Achava ele perfeitamente lindo e a havia conquistado. Se ela desse uma segunda chance, poderia se arrepender. Mas no ardor do momento a única coisa que pode fazer foi ficar calada por um bom tempo, sem palavras.
— Me perdoe — sussurrou Noah. Ele deu um passo à frente, ficando mais próximo dela. Mais alguns centímetros e ele poderia beijá-la.
Ah, beijá-la... Samantha aprovava essa ideia, se ela não estivesse confusa naquele momento. Se afastar e sair correndo ou simplesmente retribuir aquele sentimento? Noah não era alguém difícil de amar. Ele tinha vários fatores que contribuiriam para ela se apaixonar. Se já não estivesse. Contudo, estava confusa demais, e naquele momento surgiu uma imagem que conturbava sua mente. Thomas.
Thomas. O nome dele se repetia em sua mente como um sinal. Perigo. Ela também gostava de Thomas. Mas o dois nem se conheciam e não tinha nada entre eles. Aquilo estava se tornando um pesadelo. O que deveria dizer à Noah? Ele estava esperando. Por um instante pensou em listar algumas características boas e outras ruins deles. Porém, eles eram perfeitos.
Olhou para os olhos escuros de Noah. Ele ansiava sua resposta. Samantha piscou, por um instante, saindo de seus devaneios.
— Ok — ofegou ela, desistindo de ponderar. — Podemos tentar.
Noah não conseguiu conter o sorriso. Ele aproximou o rosto e roçou o nariz na bochecha dela.
— Não irei te decepcionar — sussurrou ele, bem perto de sua orelha. Um arrepio subiu por sua espinha. Mas não como aquele que sentira anteriormente. Era um arrepio bom, delicioso, até.
Sam umedeceu os lábios e esperou. Noah beijou o seu pescoço e subiu com pequenos beijos até seus lábios. Ele se demorou no canto de sua boca e finalmente juntou os lábios com o dela. Então, tudo explodiu. Aquela sensação de formigamento cresceu e as borboletas no estômago voltaram à vida. Ela sentiu a língua deles se tocarem, o beijo foi se aprofundando, se tornando cada vez mais íntimo e saboroso. Estava cada vez melhor. Noah segurou firmemente a cintura de Sam, como se ela pudesse fugir a qualquer momento, e entrelaçou os dedos nas mechas do cabelo dela. Para Noah, Samantha era tão inocente e deliciosamente maravilhosa, trazia lhe uma nova sensação a cada toque, a cada beijo. Ela o envolvia por completo.
Samantha não soube por quanto tempo durou aquele beijo, mas sabia que odiou o momento que os dois foram interrompidos com um pigarro a suas costas. Quando se afastaram, ela recuperou o fôlego e sorriu tolamente.
— Desculpe-me interromper, apesar de que eu tenha percebido que vocês estavam se divertindo, mas tenho uma pergunta — falou Lilly, dando uma risadinha nervosa.
Sam se virou e encarou a amiga com as faces coradas.
— O que foi, Lilly? — perguntou Samantha.
— Nós não nos conhecemos, né? Eu sou Lilly, amiga de Samantha — começou ela, estendendo a mão para Noah, que retribuiu o gesto. – Sabe, nós somos amigas desde quando éramos crianças. Aliás, sei quem é você. Foi no primeiro dia de aula lá na escola, não é?
— Lilly... — Sam tentou chamar a atenção da amiga que parecia fora de controle.
— Desculpe, me distraí. — Ela soltou um suspiro, — Ok, só vim confirmar se você ia lá pra casa mesmo, mas percebi que você deve estar ocupada e definitivamente não deve estar interessada em ver um filme, já que tem coisa mais interessante pra fazer aqui. Então, não?
Samantha voltou-se para Noah e os dois se olharam por alguns instantes. Não seria muito legal da parte dela deixar a amiga de lado, ela estaria consolando-a se tivesse escolhido deixar de lado Noah. Ela sofreria com aquela escolha, mas teria a amiga para ficar do seu lado.
— Você não importa se eu ficar com ele essa noite? — perguntou Sam, culpada.
— Claro que não! — exclamou a amiga. — Se eu fosse você também escolheria essa opção, ele é bem mais atraente do que eu.
Lilly riu, divertindo-se com o próprio comentário. Sam não conteve o sorriso e percebeu que Noah fez o mesmo.
— Okay, me desculpe, na próxima vou pra sua casa ver um filme, prometo.
—Não tem problema, melhor eu ir, até amanhã, Sam. E, tchau, Noah!
— Tchau...
— Até amanhã! — terminou Sam.
A amiga se foi, andando apressadamente para casa. Samantha se virou para Noah, que tinha um sorriso afetuoso nos lábios.
— Então? — perguntou ela, inocentemente.
— Quer ir pra mim casa? — Definitivamente essa frase não saiu nenhum pouco inocente. Sam percebeu certo interesse nessas palavras.
— Na verdade, melhor não.
Noah deixou os ombros caírem, como se estivesse decepcionado. Ele se virou e abriu a porta do carona.
— Então, entre, jovem dama, irei levá-la diretamente para a casa — disse ele, de modo cavalheiro, mas com um sorriso malicioso que demonstrava o contrário.
Sam riu, entrou no carro e ambos saíram noite adentro. Os dois pararam em uma pequena praça muito bem iluminada e se sentaram em um dos bancos espalhados por aquele local.
— A sua amiga é bem doidinha — comentou ele.
— Sim, completamente doidinha — Samantha afirmou. — Acho que ela poderia começar a tagarelar sem parar se não tivéssemos a interrompido.
Noah riu. E a risada dele era muito boa de ser ouvida. Com certeza a risada era um bom motivo para se apaixonar por ele. Ou a forma como ele passava os braços em volta dela e a segurava firmemente. E os beijos... Definitivamente os beijos. Samantha não deveria ficar listando motivos para amar Noah. Ele era amável pelo simples fato de existir. Mas tinha algo a incomodando e estava inconformada por não saber a razão. Talvez soubesse, só não queria aceitar.
Ela sentiu um formigamento familiar ao toque de Noah e ele apertou sua cintura gentilmente.
— Senti sua falta — sussurrou o detetive.
Samantha balançou a cabeça, saboreando o momento. Não era igual. Ela tentou controlar sua mente, negando a si mesma a pensar. Aproveite o momento, Samantha, aproveite, dizia a si mesma. Não era a mesma coisa desde que eles se afastaram. No inicio aquilo era sua calmaria, sua segurança, seu conforto. Noah poderia ser tudo aquilo, ele era tudo aquilo. Só que ela se tornou outra coisa. Tinha uma obsessão. Algo a qual descobrir. Colocar a vida em movimento. Seguir em frente e esquecer-se das coisas era um opção, mas se sentia frustrada demais para deixar aquilo de lado.
Noah segurou seu pescoço e aprofundou o beijo. Era bom ser beijada por ele. Tocou o peitoral dele e sentiu a pele quente sob sua mão. Queimando, era assim que ele estava. Queimando por ela. Samantha aproveitou do momento para colocar as mãos por debaixo da camisa e roçou a ponta dos dedos em sua barriga definida. Ele a puxou para o colo, fazendo a se sentar ali. Os beijos continuaram cada vez mais urgentes, matando cada saudade. Acabando com o mínimo espaço que existia entre eles. Aquilo se tornou obsessivo para Noah. Ele precisava dela, cada vez mais. Ele queria que ela fosse dele, completamente. Quando ele colocou a mão esquerda sobre o seio direito dela, que estava coberto pela fina camada da blusa, sentiu Samantha se retesar. Ela olhou-o assustada... Talvez surpresa. Será que ela nunca havia sido tocada daquela maneira? Pergunta-se Noah.
— O que foi? — questionou, preocupado.
— Nada... — respondeu ela com a voz rouca.
— Sam... Tem alguma coisa te incomodando?
Ele deveria ter perguntado aquilo? O que a estaria incomodando? Se sentiu frustrado. Nunca se sentira daquela forma com uma mulher, mas a reação dela não foi uma das melhores. Talvez tenha diminuído a masculinidade dele, somente um pouco.
— Não tem nada... É só que... — Sam ponderou em dizer. Céus, diga logo. — Sou virgem.
Isso era bem pior. Bem, ela era virgem. Ele já ficou com virgens, é claro. Mas era Samantha, e ele não estava pensando nisso. Obviamente ela não iria querer que a primeira vez dela fosse em um banco de uma praça. Além de ser uma péssima ideia e um lugar desconfortável e público, era nojento. Ela o fitou, os grandes olhos castanhos parecendo indecisos.
— Bom, isso é normal, não é? — perguntou Noah, sem saber ao certo o que dizer.
— Acho que sim... — murmurou, pensativa.
— Não se preocupe, não vamos transar. — Ele soltou um suspiro, e notou que ela ficara aliviada. — Eu posso esperar, se quiser. Mas se você for do tipo que espera até o casamento, bem, até lá eu não sei se posso esperar.
Péssima coisa a se dizer, pensou. Noah soltou uma risada nervosa. Ele estava sem graça, não sabia nem mesmo onde enfiar a cara pelo constrangimento.
— Não, não sou desse tipo. — Um ponto para Noah! Mas menos um ponto pelas péssimas palavras escolhidas. — Só estou insegura.
— Não se preocupe, não farei nada sem sua permissão. — Sam deu um sorriso, parecendo convencida. — Quer ir para casa agora?
— Ótima ideia — concordou ela.
Depois de Noah ter estragado o momento, ele finalmente teve a boa ideia de lavá-la em casa. O que ele estava pensando? Os dois acabaram de voltar e já estava levando aquilo para o outro lado. Não podia, não devia. Eles retornam para o carro e partiram em direção da casa de Samantha. Noah perdido em pensamentos e Sam distraída com o toque da musica.
Ele não vai te amar como eu amaria
Te amar como eu amaria
Não era uma coisa boa a se ouvir no momento. Noah poderia amá-la como ela queria? De fato, ele a respeitou. Iria deixá-la esperar o momento certo. Mas Josh feriu seus sentimentos e se seus pais não tivessem chegado a tempo naquele dia, ela teria se entregado à ele facilmente. Então, se arrependeria e estaria se amaldiçoando para sempre. Por isso, temeu aquele momento com Noah. Ela sabia que ele era o cara perfeito, só queria um tempo para si mesma e ver se aquilo que havia entre os dois daria certo.
Por parte de Noah, ela podia sentir a paixão emanando, mesmo que ele tentasse não aparentar. Já Samantha estava frustrada demais para pensar em mais alguma coisa. Noah parou o carro bem em frente a sua casa. Ele parecia tenso, a espera da sentença final.
— Noah... — sussurrou Sam. — Quero me desculpar pelo o que disse.
— Tudo bem... — começou ele.
— Não está tudo bem, fui estúpida. Nunca deveria ter dito aquilo para você. Devo ter te magoado.
Noah balançou a cabeça. Um tempo depois de silêncio, a única coisa que se escutou foi o toque da música, nada além daquilo. Foi como se os dois tivessem parado de respirar.
— Me senti mal, sabe, por um instante pensei em você morta e não quis aceitar aquele pensamento. Aquilo me machucou de verdade. Foi naquele momento que percebi o que sentia por você.
Samantha se inclinou e o beijou. Ele retribuiu. Aquilo era único. Noah era único. Ela não queria outra pessoa e nem iria compará-lo com outro alguém. Naquele momento ela pertencia à Noah, completamente dele. E só desejava estar com ele. Sam passou os braços em volta dele e o segurou firmemente. Ela não viu, mas Noah tinha um sorriso apaixonado estampado nos lábios.
— Você é perfeita — murmurou para Sam.
Ela não era perfeita. Mas para ele, naquele momento, se tornou tudo, até mesmo a perfeição.
— É melhor eu ir... — falou ela.
Noah assentiu.
— Discordo. — Ele deu um sorriso divertido — Mas eu sei que você precisa ir. Vejo você amanhã?
— Sim!
Samantha saiu do carro, dando um último beijo em Noah e foi para dentro de casa. Ela falou com os pais, que estranharam o fato dela estar sorrindo daquela maneira, mas nem perguntaram. Ela subiu para o quarto e tirou o casaco, jogando-o em qualquer lugar. Jogou-se também na cama e encarou o teto durante um bom tempo, até ouvir o toque irritante de seu celular. Remexeu-se na cama e levantou, resmungando até pegar o celular e ver o nome que aparecia na tela. Lilly. Provavelmente querendo saber o que aconteceu entre ela e Noah. Ela não podia culpar a amiga pela curiosidade, se fosse ao contrario estaria enchendo Lilly de perguntas. Então, decidiu atender o telefonema. Só que aquilo que escutou do outro lado da linha a deixou aterrorizada. Samantha sentiu as pernas por um instante fraquejarem.
A voz desesperada do outro lado da ligação, ela conhecia muito bem.
— Samantha... Ele veio atrás de mim... — Lilly ofegou do outro lado da linha, amedrontada e aterrorizada.
Samantha não precisava escutar mais nada. Ela sabia muito bem quem era. Quem foi atrás de sua amiga. O assassino voltou e tentou fazer sua próxima vitima.
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