Capítulo Nove
Lilly Price não imaginara que logo depois de se despedir da amiga algo como aquilo aconteceria. Ela jamais se esqueceria do ocorrido. Depois de ter ficado segurando vela durante a agarração de Samantha e Noah, decidiu se despedir. Obviamente a amiga não iria para a casa dela. Não naquela noite, enquanto tinha a companhia de um homem como ele. Então decidiu que iria embora sozinha. Cinco minutos depois percebeu que tinha alguém em seu encalço. Ficou apavorada, claro, pois ninguém tinha seguido-a antes. Por um instante, pensou que fosse roubá-la ou até mesmo estuprá-la e, então, se deu conta. Era ele. Primeiro Melanie, depois ela. Ela era a próxima.
O coração estava acelerado e os nervos à flor da pele. Ela iria morrer. Não poderia esperar ele chegar e simplesmente matá-la. O medo tinha dominado-a. Portanto, correu. O mais rápido que podia, tudo que suas pernas sedentárias poderiam suportar. Os pulmões dela queimavam suplicando ar, descanso, mas continuou fugindo. E o pior de tudo era que ouvia os passos dele logo atrás dela. Ele a seguia. Para onde ela iria?! Para sua casa? Estava longe demais. Logo ela seria pega, pensava.
Em um instante, em um piscar de olhos, foi puxada. O corpo dela foi empurrado ao chão. Lilly tentou gritar, mas ele lhe tampou a boca com a mão enluvada. O que aconteceria com ela agora? Ele lhe cortaria os membros? Faria sangrar até a morte? O que seria de Lilly naquele momento...
Ela ergueu os olhos, tentando fitar o rosto de alguém. Todavia, estava escondido por trás da máscara. A máscara da própria morte. O assassino deixava bem claro que a última coisa que suas vítimas veriam seria a face da morte. E os olhos escuros tempestuosos dele.
Ele estava fazendo-a ficar sem ar. Precisava respirar, urgentemente. Sentiu sua vista ficar turva. Ela iria morrer. Contudo, algo fez com que ele afastasse. Um clarão invadiu o campo de visão de Lilly, que fitou a luz forte que vinha em sua direção. E ele sumiu. Em um piscar de olhos, ele não estava mais ali. Desapareceu como tinha surgido, sorrateiramente. Ela ouviu portas de um carro batendo. E ouviu uma voz repetindo as mesmas palavras. Seu nome.
— Lilly... — chamava o rapaz, tentando recobrar os sentidos dela.
Quando finalmente conseguiu ter mais consciência do que acontecia, fitou o rosto de Logan Sanders, o ex-namorado de Melanie Baker.
Samantha encarou o rosto da amiga. Ela parecia perdida em pensamentos. Claro, ela quase havia morrido, pensou Sam. Isso tudo era culpa dela. Se tivesse ido com Lilly para a casa dela, talvez nada daquilo tivesse acontecido. O assassino não iria atrás de duas garotas, acreditava nisso. Entretanto, graças a Logan Sanders, sua amiga estava viva. Ela nunca se sentiu agradecida por Logan, ele era um grande babaca, e ex-namorado de Melanie. Os dois haviam terminado alguns dias antes da morte dela. Aquilo deixou Mel bastante abalada. Só que ela disse que superaria, por isso havia ido a festa naquela noite.
Se o término não tivesse acontecido, ela não teria sido assassinada. A amiga estaria viva. Só que aconteceu e já havia passado dois meses desde sua morte. Sam deveria parar de pensar daquela maneira, nada poderia ser mudado. De fato, ela deveria agradecer à Logan por ter ajudado Lilly. Ele e a namorada Anna. Os dois chegaram a tempo e se não fosse por eles, Lilly estaria morta.
Apertou a mão da amiga que pareceu sair do transe e fitou Samantha. Lilly estava com o rosto pálido e os lábios em um tom roxo nem um pouco agradável. Encontrava-se em péssimo estado.
— Vou ali fora, tudo bem? — perguntou baixinho, só para Lilly ouvir. A amiga concordou.
E a deixou a sós com os pais. Os seus se encontravam lá fora, provavelmente na lanchonete do hospital. Sim, ela acabou vindo parar no hospital. Além de estar em estado de choque pela situação, tinha sofrido uma concussão. Saiu de fininho, para não incomodar os pais da amiga adormecidos. Encontrou Logan sentado do lado de fora em uma das cadeiras de espera para visitantes. A namorada não estava mais ali. Ele ergueu os olhos e a encarou. Parecia esperar respostas. Samantha se sentou ao seu lado. Não era amiga dele, mas precisava agradecê-lo por ter ajudado Lilly.
— Como ela está? — perguntou Logan.
Sam juntou as mãos sobre as pernas e escorou na cadeira, descansando as costas.
— Ela vai ficar bem, eu acho — sussurrou. — A única coisa que pode ajudá-la a superar isso é o tempo.
O tempo resolve tudo, pensou Sam.
Depois do ocorrido, a primeira pessoa que Lilly ligou foi para a amiga. A coitada estava em total desespero, que agiu loucamente. Tinha dito que ele iria atrás de Sam, por isso precisava avisá-la urgentemente. Ele não foi atrás de Sam, é claro, mas ficou grata pela preocupação da amiga. Mas naquele momento a própria recusava-se a perdoar a si mesma. Tinha agido errado. Quando precisava de Lilly, ela ficou ao seu lado, mas quando não precisava mais, deixou-a de lado. A culpa era inteiramente de Samantha pelo assassino ter ido atrás da amiga. Ela era a próxima, era isso que estava escrito naquele maldito pedaço de papel. Ele tinha que ter vindo justamente atrás dela. Se alguém ali merecia morrer, esse alguém era Samantha. Lilly era inocente demais. Era boa com qualquer pessoa, ninguém tinha motivo para odiá-la, muito menos aquele assassino.
— Quero agradecer... — começou Samantha.
— Pelo quê? —perguntou Logan, distraidamente.
— Por ter ajudado Lilly — completou ela. — Você e sua namorada foram muito gentis com essa atitude.
— Primeiramente, Anna não é minha namorada, e segundo, faria isso por qualquer um. Principalmente por Lilly, que era amiga dela...
Amiga dela... Amiga de Melanie. Obviamente era isso que tinha intenção dizer. Ele não tinha aquele direito de falar dela. Não agora, depois de tudo. Sam se sentiu irritada, todos os acontecimentos daquele dia a deixaram nervosa e frustrada. E agora vinha Logan dizer que fizera aquilo por Melanie! Ele tinha a deixado e a morte dela fora culpa dele também.
— Você não tem direito de dizer isso! — interviu Samantha, elevando a voz. — Você terminou com ela, é sua culpa ela estar morta agora.
Samantha se levantou de supetão. Logan a olhou como se ela estivesse louca, e também se levantou.
— Não foi minha culpa... Foi ela quem terminou comigo — disse ele.
Samantha arregalou os olhos. Fora totalmente diferente o que Melanie lhe contara. Ela dissera que Logan terminou com ela por ciúmes, entre outros motivos sem importância.
— Samantha, você está completamente enganada. Acho que durante todos os anos que vocês duas foram amigas, ela nunca foi sincera com você de verdade.
Após isso, Logan Sanders se virou e foi embora, deixando Samantha sem palavras e completamente confusa.
O fato era que ela nunca imaginou isso. Samantha teve sempre o mesmo grupo de amigas, elas sempre se mantiveram unidas, compartilhavam segredos. Eram famosas na escola por serem inseparáveis. Quando alguém via uma separada das outras já estranhavam. Foram assim durante anos desde o momento que se conheceram. A questão naquele momento era que talvez Samantha tenha caído na real, ou estava tentando enganar a si mesma dizendo que Melanie nunca mentiria para ela. As duas eram melhores amigas, nunca esconderiam nada uma da outra.
Isso não seria verdade, pensou.
Decidiu voltar para dentro do quarto e passar o resto da noite ao lado da amiga. Ela precisava de sua companhia.
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