10
─ Izumi, como é beijar o Kirishima? ─ Yui perguntou com um sorrisinho malicioso.
─ Verdade, fala ai! ─ Kinoko falou chamando atenção da amiga que piscou confusa. ─ Afinal, vocês estão saindo e conversando.
Estavam reunidas no intervalo, queriam conversar de coisas de ''meninas'' então preferiam não almoçar junto com os garotos daquela vez então todas ficaram encarando a amiga esperando que ela comentasse algo. Ela estranhou aquilo não era uma pergunta normal sem contar que ela ficou confusa, que tipo de beijo aquelas garotas estavam falando?
─ Depende ─ falou vendo todas ainda mais animadas. ─ De qual vocês estão falando.
─ De língua ─ Pony falou como se fosse obvio. Então viu o olhar de Izumi e logo abriu a boca. ─ Pera... você nunca beijou ninguém?
─ MENTIRA! ─ as meninas gritaram juntas.
─ Bem, acho que só dei selinho e beijo na bochecha ─ falou coçando os cabelos esverdeados.
─ Gente... não sei nem o que falar ─ Itsuka colocou a mão na boca. ─ Mas tipo... ele nunca tentou?
─ Claro, porque ela ia saber quando um cara ia querer beijar ela sendo que ela nunca beijou! ─ Reiko disse.
─ Gente, Izumi que tem que querer beijá-lo... ─ Ibara comentou com um sorriso gentil. ─ Ela pode muito bem não querer isso.
─ Mas isso no geral ou só com o Kirishima? ─ Setsuna comentou olhando para a amiga. ─ Olha, a gente não quer forçar nem nada... só que tipo... você é bonita demais, não dá pra aceitar uma coisa dessas, sabe? Tem vários garotos aqui da escola afim de você. Se bobear até alguns da sala ─ soltou um risinho malicioso vendo as outras fazerem o mesmo, menos Midoriya, é claro.
Izumi olhava tudo aquilo abismada, nunca pensou que uma escola de heróis fosse assim. Se sentia no colégio onde as garotas fofocam sobre garotos e coisas de ''meninas'' e lá estava ela no meio disso tudo, achou que focaria só em sua força e carreira. Não esperava preparada, não, não se interessava com essas coisas ─ pelo menos agora ─ então nunca houve um momento na qual ela se sentiu atraída ou curiosa sobre o assunto.
─ Acho que eu só quero pensar em como aperfeiçoar meus poderes ─ disse jogando os ombros. ─ Não penso muito nisso. Quero só treinar e ficar ainda mais forte do que já sou.
─ Se você não pensa... por qual motivo você tá saindo com o Kirishima? ─ Pony perguntou confusa, assim como todas as outras estavam.
Então ela pensou, aquilo fazia sentido, se ela queria apenas focar em seu poder por qual motivo ela estava dando atenção para um garoto e também ficar junto com as garotas? O que ela estava se tornando, Stain teria dado um tapa em sua face caso a visse agora. Ela tinha sido treinada para caçar aqueles que mereciam justiça, não ter uma vida normal.
Normal
O que era normal para Midoriya? Sofrer, dor, treinamento. Era isso que vinha em sua cabeça, mas agora as coisas estavam diferentes e ela não sabia como lidar com todo aquele combo de informação quando viu já estava fazendo coisas que nunca pensou em fazer ─ ou que disse a si mesmo que não se rebaixaria aquele nível ─ o que fazer em uma situação dessas? Tinha alguém na qual poderia responder suas perguntas?
─ Eu acho que entendi ─ Itsuka falou com um sorriso triste. ─ Deve ser tudo novo pra você, não é? Amigos... brincadeiras, conversas idiotas... uma família.
Midoru abriu os olhos surpresa com aquelas palavras de Kendo. Assim como todas que ficaram quietas esperando a amiga continuar.
─ Eu não sei o quão difícil foi sua vida no passado, ou as dificuldades que você passou para chegar até aqui..., mas acho que você deveria aproveitar esses momentos, sabe? Depois vamos ser adultas atarefadas lidando com agendas bagunças por conta de patrulhas e lutas. Então mesmo que você queira só focar em algo na qual você sempre focou, porque não relaxa um pouco... pelo menos só dessa vez? Ninguém vai te julgar por isso amiga.
Era isso que Izumi precisava escutar. Nunca ninguém disse para ela relaxar e curtir a vida como se fosse uma garota comum, pelo fato de ninguém a ver como uma garota comum. Estava tão no automático que nem percebeu que aquele tipo de coisa não era visto como algo normal para os outros, mas para si era como se fosse como beber água todos os dias. Não era fácil mudar assim sua rotina, ela poderia até tentar mudar um pouco só que não podia dar certeza de nada.
Só que pensando melhor, quando ela via as coisas na qual já estava fazendo notava que aos poucos ela estava se habituando e entrando em uma nova vida. Nem tinha se tocado disso, ainda pensava muito em treinar e virar uma justiceira ─ com licença de herói ─ só que também acabava fazendo pequenas coisas sem perceber, como fazer amigos e sair com um garoto ─ ela também já tinha saído com as amigas ─ ela estava voltando a sentir coisas que nunca sentiu antes, tinha tido seus picos de felicidade, bem fracos, com Stain só que ali dentro era diferente. Aquilo tudo era confuso, Izumi não sabia para qual lado correr. Sua cabeça e coração pareciam não estar na mesma direção então aquilo não ajudava em nada.
─ Que tal assim... metade você foca em si mesmo e a outra você curte a vida como qualquer menina da sua idade? ─ Itsuka falou olhando a amiga que ficou pensando. ─ Podemos ajudar em seu treinamento se quiser!
─ Sim, podemos dar umas dicas ou sei lá, uns negócios que vem na cabeça ─ Pony falou com um sorriso animado.
─ É! Podemos pedir para que você treine algo pra depois mostrar pra gente... tipo pra te motivar.
─ Assim você faz as duas coisas e não fica confusa em qual escolher ─ Ibara pegou as mãos da amiga abrindo um sorriso gentil. ─ Queremos que você seja feliz, você não precisa ficar focada só em treinos e mais treinos... viva um pouco.
─ Já que estamos falando de algo que possa te ajudar a treinar, eu tive uma ideia. É divertida até tal ponto que você pode até usar isso como algo pessoal e treino ─ Setsuna falou apontando o dedo para cima. ─ Bichinhos!
─ Bichinhos? ─ Midoriya perguntou confusa com aquilo.
─ Sim, você só joga fogo pra lá e pra cá sem forma alguma, como se fosse um fogo alheatório que qualquer um possa jogar ou um fogão possa fazer! Então... por que não dar forma?
─ NOSSA IA SER INCRÍVEL! Imagina um gato gigante atacando alguém? ─ Pony falou batendo palmas.
─ Isso pode ser sua arma e tanto... imagina vários corvos voando sobre si e depois indo em direção as pessoas as atacando! ─Reiko falou animada
─ MANO, UM CAVALO DE FOGO ONDE VOCÊ MONTA! ─ Yui gritou animada. ─ Nossa você pode fazer altas coisas!
─ E você também pode virar! No exercício do inferno do capeta, você ficou parecendo uma Kitsune ─ Reiko falou. ─ Você pode fazer o mesmo com o fogo ou até mesmo com seu poder de objetos!
─ Simmm!! Você já pode moldar seu vestido e fazer o que quiser, imagina que dahora você fazer uma pantera? E do nada... BOOM! Pega fogo! ─ Itsuka falou com um sorriso enorme.
─ Várias ideias para um treino divertido, você não acha? ─ Ibara fala vendo as amigas gritarem animadas várias coisas na qual a amiga pudesse fazer. ─ Nem todo treino precisa ser puxado ou até mesmo ocupar toda seu dia, você vai conseguir algumas vezes juntar os dois.
─ Obrigada gente ─ com um sorriso meigo nos lábios fazendo todas pararem de gritar. ─ Eu adorei a ideia de vocês! Eu quero tentar todas.
─ AEWWWW!! ─ todas gritaram.
─ Mas vamos precisar de um alvo vivo! ─ Itsuka falou vendo todas ficarem confusas. ─ Precisamos ver se alguém consegue parar ela, não importa só jogar o fogo ele pode ser fraco em uma pessoa... não adianta a gente usar os equipamentos, precisamos usar alguém!
─ Alguém que aguentaria fogo e ainda fosse forte o suficiente para um ataque de frente? ─ Reiko perguntou.
─ Hm, essa pessoa precisa ser bem resistente a ponto de aguentar não só o fogo, mas os objetos também ─ Pony colocou o dedo no queixo.
─ Tipo o Tetsu? ─ falou vendo todas a olharem com um sorriso. ─ Que foi?
Não se sabia ao certo se o sorriso era pelo fato dela ter falado ''Tetsu'' ou dela ter dado a ideia de ele ser o escolhido.
[...]
Izumi não entendeu o motivo das meninas ficarem daquele jeito e nem queria, sabia que coisa boa não era. Resolveu visitar seu pai queria falar sobre o treinamento, queria ter permissão para ficar treinando em algum dos campos que a escola fornecia. Não podia simplesmente entrar em um e começar a utilizá-lo, seu pai disse que acabaria recebendo uma bela suspensão caso o fizesse então estava indo pedir. No meio de seu caminho encontrou Bakugou, aquilo só podia ser azar, mas dessa vez ele estava sozinho.
Quando viu Izumi ele apressou o passo para que ficasse próximo o suficiente para puxar a garota que gruiu com aquele ato. Parecia até mesmo um animal selvagem preso em uma armadilha querendo lutar para se soltar. Querendo ou não, no requisito força bruta Bakugou ganhava e ela tinha que ─ infelizmente ─ admitir, podia ser uma ótima lutadora entre outras qualidades só que não tinha tanta força como aquele garoto, ela tinha certeza disso.
─ O que quer? ─ respondeu irritada, como odiava aquele rapaz.
─ Quero falar contigo.
─ Falar? ─ deu uma risada sarcástica. ─ Acho que você já falou demais. Então me solta e vaza.
─ Foi você naquele dia, não foi? ─ perguntou vendo Izumi abrir os olhos surpresa. ─ Não adianta mentir pra mim.
─ Você me seguiu? ─ perguntou baixinho, não queria chamar atenção de ninguém.
─ Não..., mas aquilo explodiu no mesmo dia que você saiu de casa, não pode ter sido uma mera coincidência ─ falou sério. ─ A gente precisa conversar sobre sábado.
─ Mais? Já está muito claro o que seus pais acham de mim, Bakugou. Não sei o que você ainda quer discutir.
─ Olha, eu não penso igual a eles, tá legal? Eu nem sei o motivo deles terem agido daquela maneira, achei que eles ficariam felizes com você ter retornado... não dar aquela mancada de merda quando você fez aquela pergunta! Eu juro, eu não sabia sobre aquilo. Eu realmente achei que eles estavam procurando, eles me falaram isso quando eu era um pirralho... e quando vi que eles tinham desistido por não encontrar nada eu comecei a procurar!
─ Eu não tô com saco pra ficar aturando essa sua lorota ─ falou massageando sua testa com uma das mãos já que a outra Bakugou ainda segurava. ─ Eu só quero ir à sala dos professores, finge que não me conhece. Vai fazer um enorme favor pra mim.
─ Mas eu não quero simplesmente fingir que não te conheço!
─ Céus, o que você quer? Já tivemos essa conversa de merda antes! Quer chamar atenção dos outros alunos, é isso?
Bakugou usou sua força impulsionando Izumi para que ela ficasse na parede ela piscou confusa com isso e quando notou o rapaz tinha um braço de cada lado de seu rosto. Ela não entendeu o motivo daquilo e se incomodou pela distância curta que ambos tinham como se a qualquer momento ele fosse a beijá-la. Aquilo deu certa repulsa, o garoto tinha problema para querer fazer isso depois de tudo? Era um tipo de masoquista e pior de tudo era achar que seria correspondido.
─ Eu gosto de você ─ falou vendo a outra o encarar pasmo. ─ E por isso não vou ficar sentado vendo você e a porra do cabelo de merda saírem. Assim como não vou deixar aquele outro escrotinho da sua sala ter algo com você
─ Oh, agora você vai controlar o que eu faço com a minha vida? Vai fazer o que? Me tranca em um quarto e me dar comida de 3h em 3h horas?
─ Não, eu não vou controlar sua vida ─ abriu um sorriso de lado e se aproximou de Midoriya ficando próximo do ouvido dela. ─ Mas nada me impede de tirar a concorrência do caminho e ter você pra mim.
Ele se afastou com um sorriso um tanto selvagem e se afastou de Izumi que ainda piscava os olhos em completo choque, não conseguia acreditar naquelas palavras. Ele realmente achava que podia fazer aquele tipo de coisa? E ainda por cima cortejá-la para que de alguma maneira ela o escolhesse? Que merda estava acontecendo para as coisas estarem se encaminhando para esse caminho?
─ Pode não gostar de mim agora, Deku ─ falou colocando as mãos no bolso da calça. ─ Mas pode ter certeza que não sou um homem que desisti fácil vou fazer você ficar caidinha por mim.
Bakugou foi embora deixando uma Midoriya na parede chocada. Ela queria esmurrar o garoto naquele momento, estava se odiando tanto, ela podia ter feito algo quando estava encurralada, mas ficou ali parada escutando o que o Katsuki tinha a dizer e agora sabia o que menos desejava, um rapaz perturbado atrás de si querendo atenção.
Se antes ela já estava se sentindo um tanto desconfortável ao ignorar todo seu desejo por poder─ de virar uma Stain versão feminina ─ para virar uma justiceira, agora ela estava ainda mais irritada. Começaria a treinar pensando em matar Bakugou. Rosnou e apertou os punhos com força, não queria chamar atenção de ninguém principalmente aquele tipo de atenção.
─ Garoto idiota ─ resmungou e voltou a andar.
Ela só não contava que alguém estava ali perto vendo aquela última cena.
[...]
Bakugou andava com um sorriso de deboche pelos corredores, qualquer um ali que entrasse em seu caminho ─ herói ou garotos enxeridos─ ele os destruiria, ninguém ia impedi-lo nem mesmo Midoriya. Ele gostava de meninas difíceis e ela ainda era durona, bonita e acima de tudo era atraente um combo na qual ele não podia desejar melhor. Quando entrou na sala viu alguns olhares para si, claro que alguns nem olhavam estavam mais ocupados fazendo outra coisa. Só que os que o olhavam tinham um sorrisinho de lado e ficavam o olhando como se ele estivesse se vestindo com algo completamente ridículo.
─ Hmmm... ─ Jirou falou com um sorrisinho de lado. ─ Você... Midoriya... desde quando se interessa por humanos, Bakugou?
─ Eu vi tudo! Tive que contar pro pessoal ─ Mina falou com um sorriso malicioso. ─ Oh, quem diria. Por isso fico todo bravinho quando viu o Tetsutetsu com ela?
─ Opa, não tava sabendo disso! ─ Uraraka falou curiosa.
─ A gente viu ele e a Kendo grudados na Midoriya, falando como ela era quente e que queriam tomar banho com ela ─ falou vendo o olhar de todos sobre si, ela não comentou que o banho era coletivo e em um rio como se fosse uma festa na piscina.
─ Não era banho, eles queriam ir pra um rio com a turma deles ─ Kirishima falou incomodado com a situação.
─ Não importa, no momento... o foco é o Bakugou com a Midoriya ─ falou dando palminhas. ─ Então, desde quando?
─ Ué, não tem sentido isso... Midoriya não está saindo com ele ─ Sero falou coçando a cabeça.
─ Como não. Gero?
─ Verdade, não tem sentido ─ Denki também concordou balançando a cabeça. ─ Até porque, ela ta saindo com o Kirishima.
Kirishima travou com aquilo, tinha falado pra Denki ficar de bico fechado sabia o quão fofoqueiro ele era. Notou Sero bater a mão no rosto como se não acreditasse no que o amigo tinha feito já Kaminari se tocou o que tinha dito e logo soltou um risinho e coçou sua nuca com um olhar um tanto envergonhado.
─ Opa.
─ VOCÊ TA SAINDO COM ELA?! ─ Mina se jogou na mesa onde Kirishima estava sentado, vendo-o virar o rosto. ─ Gente como assim, vocês nunca ficam andando juntos pela escola.
─ Não é porque a gente tá saindo que precisamos ficar andando juntos na escola. Ela tem os amigos dela, assim como eu tenho os meus.
─ Então, por qual motivo alguém do seu grupo de ''amigos'' estava fazendo kabedon com a Midoriya.Gero? ─ Asui perguntou curiosa. Ela queria muito ter visto isso pessoalmente, não era sempre que um homem colocava a mão na parede impedindo de a garota sair para falar com ela.
Bakugou e Kirishima não queriam ficar no mesmo grupo de amigos, por conta de suas devaneias por conta de ambos quererem Izumi, mas é aquele ditado: mantenha seus amigos perto, mas seus inimigos mais perto ainda.
─ Talvez sendo ignorante com ela, você por acaso viu a expressão dela? ─ Kirishima perguntou para Mina que mordeu o lábio. ─ Então pronto.
─ Ciúmes? ─ Bakugou retrucou o garoto que abriu um sorriso.
─ De você? Nem um pouco ─ respondeu encarando os olhos vermelhos. Ficaram daquele jeito até Aizawa entrar na sala mandando se sentarem em seu lugar. Kirishima precisava ter cuidado com o garoto de mechas loiras, ele queria tentar algo com Midoriya isso ele sabia de longe, já que eles tiveram um passado. Só que pelo que entendeu um passado lá não muito agradável e se tivesse rolado algo no sábado Izumi ainda não daria atenção que estava dando ou aceitasse sair de vez em quando. Só que todo cuidado é pouco e não deixaria aquele garoto lhe passar a perna.
[...]
Midoriya tinha conseguido sua tão amada sala para treinar seu pai tinha lhe informado que não era saudável treinar todos os dias ─ o que ela queria ─ pois ficar usando por tanto tempo seu poder de fogo poderia fazer com que ela ficasse exausta para a aula do dia seguinte. Então ela poderia treinar apenas duas vezes na semana e se ela se comportasse bem Kan a ajudaria com alguns truques, já que ele mesmo ia até um deposito treinar.
─ Izumi!
Ela parou ao escutar aquela voz, a reconhecia tinha certeza. Sua sorte era que estava já no fim das aulas e tinha informado o pessoal de não esperar por ela. Já que ela ia demorar já que queria reservar um local para treinos então provavelmente só tinha a mochila dela na sala. Se virou e piscou os olhos em choque, era Hitoshi! Não tinha mudado nada, só tinha ficado com muitas olheiras.
─ Oh... você aqui? ─ perguntou confusa.
─ Eu estou no curto de suporte ─ falou se aproximando aos poucos.
─ E mesmo assim durante todo esse tempo não teve coragem de olhar na minha cara? ─ perguntou grossa. ─ Não estamos no primeiro dia de aula, você sabe muito bem disso.
─ Eu só não tive coragem, tá legal? Eu estava com medo em ver sua reação.
─ Agora que já viu que não foi nada boa, faz favor, vaza ─ disse voltando a andar.
─ Espere, olha eu... queria voltar a ser seu amigo.
─ Claro, falou o cara que demoro semanas pra falar comigo... estudando na mesma escola. Imagina se fosse na mesma sala?
─ Eu já te falei o motivo de não ter conversado com você antes, poxa a gente era tão amigo quando pequenos.
─ É até sua mãe surta e me xingar. O que ela te falou? O que eles falaram?
─ Izumi...
─ É foi o que pensei.
─ Não acha que se eu realmente acreditasse eu estaria aqui conversando com você? A garotinha que conheci naquele dia era gentil comigo... meus dias eram os melhores quando eu tinha você ao meu lado, os garotos do meu colégio eram horríveis comigo. Todos se afastavam por conta do meu poder só que você não... por isso gostava tanto de você na época.
─ Não sei se é uma boa ideia você se aproximar novamente, você sabe como isso acabou ─ segurou o braço com certa força.
Queria muito culpar Hitoshi de tudo, mesmo que não fosse culpa do garoto. Ela só queria ter alguém a quem pudesse culpar. Tinha sofrido tanto com aquele afastamento e por ver que o garoto não tinha ido atrás de sua localização. Era ingênua naquela época achando que uma criança pensaria nisso ou até mesmo um adolescente, ─ afinal crianças esquecem das coisas, certo? ─ mas isso não a deixava menos triste e mais abandonada.
Achava que se Hitoshi realmente gostasse de si teria a procurado quando tivesse uma idade suficiente para tal coisa, mas ele não o fez e Izumi ficava irritada com isso. Era um tanto egoísta ela fazer isso ─ ao ver de todos ─ só que para ela não era, para alguém que sofrera tanto como Midoriya ver que ninguém tinha buscado seu paradeiro doía muito, principalmente um amigo. Ela sabia que estava sendo injusta, mas não conseguia aceitar facilmente que ela era a errada da situação. Tinha que aceitar que crianças e adolescentes não ficariam buscando sua localização, mesmo gostando dela.
─ Eu... eu.
─ Eu sei que sua cabeça deve estar uma bagunça, não sei como foi pra você depois de eu ter sumido. Eu sempre via você sozinha você era no parquinho. Antes da gente ser amigo ─ soltou um suspiro triste. ─ Não quero imaginar o que aconteceu depois... o quanto sofreu com nossa despedida e como tinha sido sua vida depois de tudo. Você sabe que eu não tinha controle sobre as ações da minha mãe eu jamais teria a abandonado. Eu sei que fui um covarde por demorar tanto tempo pra voltar a falar com você, mas me desculpa... eu realmente tinha medo da sua reação. Achei que ia me culpar por tudo.
─ Não quero arrumar encrenca com sua mãe.
─ Ela não vai me impedir, não de novo ─ falou vendo ela encarar confusa. ─ Não vou deixá-la fazer o mesmo daquela época, somos amigos! Você me protegeu naquela época e eu não pude fazer nada... te fiz sofrer sem ter como impedir as palavras duras da minha mãe. Só que agora eu juro pra você, eu prometo!
─ De verdade? ─ se vira encarando Hitoshi que abriu um pequeno sorriso se aproximando.
─ Juro, juradinho ─ falou levantando o dedo mindinho. Falavam assim quando pequenos quando prometiam algo e não deixaria de usá-lo atualmente.
─ Então não pode quebrar a promessa ─ levou o mindinho até o rapaz que o segurou fazendo com que ambos ficassem entrelaçados.
─ Eu nunca vou quebrá-la.
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