É um lindo fim de tarde em Los Angeles, nessa época de primavera, o clima está úmido e com poucas nuvens, as pessoas caminham tranquilamente pelo centro da cidade, voltando para suas casas após mais um longo dia de trabalho. O trânsito de veículos logo ficaria agitado e essa rotina se repetiria ao longo dos dias. Ao leste do centro de Los Angeles, em uma escola particular, a aula de alguns alunos estava quase no fim, como sempre, a maioria desejava que a aula acabasse rápido, assim poderiam voltar logo para casa e relaxar.

- Pois bem, turma, encerramos o assunto sobre a segunda guerra, alguém tem alguma dúvida? - Questionou a professora da classe, ela tem uma aparência jovem, com cerca de 27 anos de idade, usava uma roupa social comum e salto alto, ajeitou seus óculos com o dedo indicador da mão esquerda enquanto observava a sala de aula, todos estavam quietos, não havia qualquer dúvida sobre aquele assunto.

O sinal tocou, todos guardaram seus materiais e começaram a se retirar da sala, porém, um aluno misterioso continuou sentado, ele ainda estava guardando sua caneta e o caderno. É um garoto de estrutura média, cabelo bagunçado e castanho, todos evitavam esse rapaz por ele ter bastantes segredos. Até que, uma garota loira se aproximou dele, seu cabelo é liso e chegava até seu ombro, ela não é muito social, mas logo chamou a atenção do garoto.

- O-Oi... - A garota está tímida, após cumprimentar o menino, ela virou seu rosto para o lado e evitou contato visual, demonstrava um pouco de nervosismo.

- Olá, posso ajudar em algo? - Perguntou o garoto enquanto se virava para ela um pouco confuso, ele colocou a mochila nas costas após guardar todo seu material e se levantou.

- Eu me chamo Diana... Sou nova aqui, eu gostaria de fazer novas amizades... Bom... Você me parece ser alguém bastante legal. - A garota deu um fino sorriso alegre, porém, ainda estava tímida, é bem fácil para notar isso em seu semblante.

- Saquei... - O garoto arqueou uma sobrancelha demonstrando estar confuso com o que acabou de acontecer. - Eu me chamo Lelouch Yamazaki, prazer em te conhecer, Diana. - Ele disse sorrindo, o garoto estendeu a mão de maneira educada, a garota vendo aquilo demorou para reagir, mas após alguns segundos, apertou a mão de Lelouch com seu rosto ficando vermelho.

- Sei que parece estranho uma nerd querer se aproximar de alguém do nada, mas acho que não seria legal passar o ano sozinha na escola... De novo. - Ela virou o rosto para o lado e soltou a mão de Lelouch, o garoto colocou a mão no queixo pensativo e lembrou-se da data atual, ainda era abril, então fazia sentido a garota pensar dessa maneira.

- Tudo bem... Eu nunca fui de fazer muitas amizades, na escola mesmo eu evito as pessoas, meio que tenho pensamentos diferentes sobre o mundo lá fora - O garoto sorriu após sua fala, estava calmo e relaxado.

Com os olhos brilhando de admiração, Diana parecia estar pensando: "Encontrei o amigo perfeito". Era nítido em seu semblante, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa sobre isso, uma curta risada foi ouvida, a professora que ainda estava em sala olhava os dois enquanto eles conversavam, ambos voltaram sua atenção para ela.

- Fico feliz em ver vocês iniciando uma nova amizade, são bons alunos, garanto que vão se dar bem daqui em diante. - Disse a professora pegando sua pasta e levantando na altura de seus seios, abraçando o objeto com os dois braços.

- Claro! Espero que a senhora esteja certa! - Diana dizia com confiança, sorrindo e dando fracas risadas tímidas. Lelouch apenas sorriu, assim que a professora se retirou, o garoto caminhou até a mesa de Diana e aguardou a mesma pegar sua bolsa.

- Você disse que é nova, foi transferida de onde? - Perguntou o garoto um pouco curioso sobre sua nova companheira, a garota pegou a bolsa e colocou em suas costas, os dois saíram da sala e caminharam pelo corredor em direção a saída.

- Vim de uma escola em Miami, morava por lá. - A garota evitava contato visual, embora acompanhasse os passos de Lelouch, respondeu sua pergunta com tranquilidade.

- Ah! Que incrível! Você realmente é nova aqui, não só na escola, mas também na cidade! - Lelouch pareceu empolgado com a história da menina e a mesma apenas retribuiu com um sorriso fino e alegre.

- Decidi morar com minha mãe, ela se divorciou de meu pai após descobrir uma traição dele, é claro que ao saber disso, eu quis continuar com a minha mãe. - Disse a loira um pouco desconfortável e insegura do que estava falando, passando sua mão direita sobre o braço esquerdo.

- Pelo visto eu não sou o único que têm uma família com histórias complicadas... - Lelouch dizia colocando a mão atrás da cabeça, relaxado e olhando para cima, sem perder o ritmo do passo, seu semblante estava despreocupado como sempre.

- Como assim? Aconteceu algo entre seus pais? - A garota mais uma vez ficou empolgada ao falar com Lelouch e levou seu olhar diretamente ao garoto.

- Não, calma, não é bem isso que eu quis dizer... Ah! É uma longa história! - O garoto não conseguia uma explicação e acabou se perdendo na hora de falar. Vendo aquilo, Diana riu e apenas concordou com a cabeça.

- Vou fingir que entendi o que você disse! - Disse a garota sorrindo e em seguida os dois já teriam se retirado do pátio da escola.

Jogando assunto fora, os dois caminharam e tentaram se conhecer melhor, saindo da escola e indo para o ponto de ônibus mais próximo, ficava a uma quadra dali, no outro lado da rua. Lá, os dois pararam e se sentaram no banco. Diana levemente apoiou suas mãos nas coxas e ficou olhando para a face de Lelouch, admirando o mesmo que nem sequer notou, estava tão ansioso e concentrado em falar um pouco de si que esqueceu os detalhes, mas mal sabia ele que a garota nem estava prestando atenção no que dizia, talvez estivesse viajando em seus pensamentos, talvez sobre a coincidência de histórias com Lelouch ou até mais, algo que não dava para saber logo de cara.

- Mas enfim... - Após o garoto ter terminado de falar, Diana levou sua atenção para ele e ficou com um semblante de desentendida. - Você vai pegar o ônibus? - Perguntou Lelouch fixando seu olhar ao da garota. Aquele contato visual envergonhou ela que logo não suportou mantê-lo e virou o rosto para o outro lado.

- Sim... Acho meio óbvio, por isso estamos sentados aqui. - Falou a garota. Nesse momento, foi como se uma pedra acertasse a cabeça de Lelouch, sua pergunta foi bastante idiota e ele sentiu vergonha de ter perguntado.

- Ah! Desculpa! Nem percebi o que falei! - Ele coçou atrás da cabeça meio sem jeito, então Diana riu. - É que eu não vou pegar o ônibus... - O garoto colocou suas mãos no banco, uma em cada lado e se relaxou no local, olhando para cima, ficando completamente calmo.

- Hã? - A garota ficou surpresa e arqueou uma sobrancelha, não era algo normal que alguém diria estando naquele local. - O que está fazendo aqui então? - Ela perguntou curiosa e confusa.

- Companhia para você... - Nesse momento a garota ficou vermelha, Lelouch tinha a olhado de canto, um olhar tanto que encantador vindo de um jovem atraente como ele, ela não sabia como reagir. - Brincadeira! - Sorriu o garoto, tirando toda a graça de Diana. - Eu sempre espero minha irmã mais velha me buscar aqui, minha casa é bem longe, como ela não trabalha nem nada, acaba ficando encarregada de me buscar. - Diana simplesmente estava mais envergonhada ainda por ter ficado vermelha por um motivo que nem mesmo era real.

- La está ele! - A garota se levantou, foi um modo rápido de escapar daquele assunto, o ônibus ao longe estava vindo em sua direção, a garota se aproximou um pouco mais da beira da calçada e estendeu o braço, demonstrando querer que ele parasse.

- Então... Vou te ver amanhã? - Lelouch perguntou observando as costas da garota, não esquecendo nenhum detalhe, parecia um tarado analisando ela, mas ele não tinha segundas intenções em sua observação.

- Sim, Lelouch, vamos nos ver amanhã, gostei muito de falar com você - Ela olhou ele por cima dos ombros e sorriu. - Agradeço por falar comigo, tchau!

Logo, o ônibus parou, a porta se abriu e a garota entrou no veículo já acenando para Lelouch como despedida, o garoto retribuiu da mesma forma, tanto a despedida como o sorriso. As portas se fecharam e o ônibus partiu, o garoto ficou observando o mesmo indo embora, enquanto ela se sentava em um assento no fundo do ônibus, suspirando fundo e tentando entender tudo que aconteceu hoje. Não demorou um minuto, o barulho de uma moto dobrando a esquina já podia ser ouvido, assim que se aproximou de Lelouch, a mesma parou na sua frente, a motoqueira logo jogou um capacete para o garoto.

- Sobe aí criança, sua babá chegou. - A motoqueira falou para Lelouch, o garoto colocou o capacete e em seguida subiu na garupa, se segurando nas partes traseiras da moto para não cair. - E que fique bem claro, eu vi a minha cunhada antes dela sair! - A garota falou em um tom sarcástico. Lelouch naquele momento acabou tendo um pequeno acesso de raiva.

- Lia, eu vou te - Antes que ele terminasse sua fala, a garota acelerou a moto realizando uma empinada, começou a pilotar em uma velocidade, acima dos padrões exigidos naquela rua, mas ela realmente não se importava com isso.

Algum tempo depois, em uma estrada de areia, os dois continuavam a andar de moto se isolando cada vez mais da cidade, a velocidade estava acima dos 120 km/h. A brisa era forte, balançava não só as roupas como os poucos cabelos loiros de Lia que estavam para fora do capacete, e assim ela mantinha a moto naquela velocidade.

- Então, quem era a sua namorada, maninho? - Lia perguntava em voz alta por conta do vento que tampava um pouco de sua voz.

- Ela não é minha namorada! É uma garota nova que conheci hoje! - Disse Lelouch um pouco irritado, ele já estava acostumado com esse tipo de pergunta vindo de sua irmã, era sempre assim.

- Sei! É bem assim que começa! Espero que você não demore muito para se declarar com a vida merda que você tem! - Lia, após tal comentário, começou a diminuir a velocidade, já era possível ver o grande casarão onde os dois moravam.

Já no local, a garota levou a moto para uma garagem improvisada ao lado da casa, era espaçosa, ela deixou a moto em um canto na esquerda, de modo que possa sair rapidamente quando for preciso. Desligando a moto, Lia e Lelouch desceram dela e retiraram seus capacetes, olhando um para o outro. Os cabelos longos de Lia chegavam até suas costas, eram lisos como de alguém que faz chapinha, mas são naturais, ela cuidava bem do cabelo.

- O pai ainda não chegou, vou treinar um pouco até o velho chegar. - Disse a garota colocando seu capacete em uma pequena mesa que ficava na garagem.

- Está bem... Você tem alguma notícia da nossa mãe? - Perguntou Lelouch preocupado, ele colocou o capacete ao lado do dela e suspirou angustiado.

- Não, nenhuma. Já fazem duas semanas que ela sumiu. - Ela nem estava mais fazendo contato visual com Lelouch, apenas levantou o banco de sua moto e retirou uma maleta dali, se aproximou da mesa e colocou a maleta ali. - A dona Yumi deveria ter nos avisado para aonde iria antes de partir. - Lia parecia irritada com sua mãe, abriu a maleta revelando uma sniper desmontada, um rifle de precisão AS50, o qual a garota começou a montar sozinha rapidamente.

- Droga... Espero que ela apareça logo, esse desaparecimento repentino dela está me deixando preocupado. - Lelouch disse e se virou de costas, ele era o mais apegado com Yumi então sua ausência afetava o garoto em grande escala - Vou para dentro, quando Nill aparecer, me avisa. - O garoto tentou manter a calma e respirou fundo, saindo da garagem e indo em direção as escadas de madeira de seu lar, que levariam até a varanda da casa e em seguida para a porta da mesma.

- Vai lá preparar sua mamadeira para você ficar mais calmo! - Lia sorria de forma sarcástica na garagem, suas provocações sempre irritavam o garoto com sucesso.

- Lia! Vai tomar no seu cu! - Enquanto gritava irritado, Lelouch se deparou com uma caixa de papelão fechada em frente a porta da sua casa. Nesta caixa, tinha escrito com um marcador preto as palavras "para NY", e logo Lelouch deduziu o que seria. - Lia! Tem uma caixa aqui com as iniciais "NY"! É para o pai? - O garoto perguntava com dúvida, já tinha parado sua caminhada para observar aquela caixa.

- Não, Lelouch, essas iniciais não são de Nill Yagami, são de Nova York, seu idiota! - Claro que mais uma vez deu para notar a ironia nas palavras da garota. - Acho melhor não mexer nisso daí! Nill ficaria uma fera se soubesse que abrimos alguma coisa dele sem permissão! - Por mais que fosse sarcástica, dessa vez Lelouch sabia que sua irmã falava sério.

- Está bem... - O garoto falou consigo mesmo e deu de ombros, empurrou a caixa para o lado com o pé sentindo a mesma ser bastante leve, mas não ligou, apenas a tirou do caminho e entrou em casa.

- Perfeito! Hora de melhorar ainda mais minha mira! - Lia dizia consigo, a sniper já estava em suas mãos completamente montada, ela se virou para a saída da garagem e caminhou, contornando a casa e indo para o fundo da mesma, onde teria um estande de tiro improvisado pela garota com bonecos de palha e alguns alvos em suas barrigas e cabeças, com a distância de cem metros de diferença um do outro. Lia se deitou atrás de um tronco e posicionou seu rifle ali, usando a luneta da arma para mirar e em seguida, começou a atirar.

Uma hora depois de Lia ter iniciado seu treino, um Corvette Scarlet chegou na residência e estacionou na garagem. Um homem saiu do carro, Nill Yagami, 35 anos e cabelo castanho escuro arrumado para trás. O rapaz estava com vestes sociais, mas se parecia com o dono de uma grande empresa. Lia percebeu a chegada de seu pai e decidiu parar o treino, enquanto a mesma descansava um pouco, Nill andou até a varanda da casa e pegou a caixa, entrando logo em seguida.

- Espero que isso não seja apenas uma perda de tempo. - Disse o rapaz um pouco irritado, como se tivesse tido um dia difícil.

- Olha quem chegou! - Lelouch dizia na escadaria de sua casa para o segundo andar da mesma, estava escovando os dentes enquanto observava seu pai.

- Pois é, hoje terminei meus serviços um pouco mais cedo, o cliente não reclamou de nada. - Nill deu um sorriso confiante, Lelouch sabia do que ele estava falando e então subiu para terminar de escovar seus dentes.

Na sala de sua casa, Nill se sentou no sofá branco, bastante confortável, colocou a caixa em seu colo e começou a abrir, uma tarefa fácil de início. Ao abrir, ele percebeu a mesma cheia de isopor. Nill colocou sua mão dentro dela e logo retirou um pen drive dali, colocando a caixa de lado.

- Opa! Chegou cedo hoje, o que houve? A vítima não resistiu? - Lia dava algumas risadas curtas enquanto fechava a porta da casa.

- Digamos que sim. - Nill manteve o mesmo sorriso confiante no rosto enquanto pegava seu notebook, já estava ligado, então ele apenas conectou o pen drive.

- Tem algum serviço para mim, pai? Sabe, ser assassino sem ser assassino é meio chato! - Resmungou Lelouch descendo as escadas, seus passos eram altos e tediosos, com certeza ele estava andando daquela forma de propósito.

- Não é todo dia que tem uma oportunidade, eu apenas caço algum alvo quando eu preciso, a recompensa dura bastante até eu gastar tudo. - Nill falava calmamente enquanto digitava a senha do notebook.

- Parece que vocês dois só pensam em matar! Será que ninguém aqui nessa casa é do bem como eu? - Lia saltou por cima do sofá, apoiando sua mão nas costas do mesmo para tal ação, pousando sentada ao lado de seu pai, fixando seu olhar na tela do notebook. - O que é isso? - Perguntou a garota curiosa, observando o pen drive que estava conectado ao aparelho.

- É o que estou prestes a descobrir. - Disse Nill e em seguida Lelouch se aproximou, apoiando os dois braços sobre as costas do sofá e olhando a tela do notebook ali de trás, em pé e de forma relaxada.

Não demorou muito para Nill começar a vasculhar os arquivos do pen drive, e logo ele encontrou apenas três vídeos em uma pasta. O título do primeiro é "Introdução", o segundo estava sem nome, o terceiro e último está intitulado "Recado". Sem pensar duas vezes, o Yagami clicou no primeiro vídeo que não demorou muito para carregar, um rapaz todo de preto com cabelos longos foi exibido na tela, esboçando um semblante depressivo e sério na frente de uma câmera, sua pele é branca como a de um vampiro.

- Quem é esse? - Perguntou Lelouch tentando reconhecer o rapaz do vídeo.

- Undertaker, nunca soube seu nome verdadeiro, mas é um assassino que trabalhava comigo. Após uma certa missão, tivemos que nos separar, desde então, não trabalhamos juntos novamente. - O Yagami respondeu com calma e iniciou o vídeo.

- "Nill! Esse vídeo é de extrema importância para você, posso concretizar que sempre estive certo!" - O rapaz falava com a voz calma, mas em seus olhos dava para ver que ele realmente descobriu algo. - "Em todos esses anos, sempre estive me questionando se realmente eu estava ficando louco, aliás, todo mundo dizia isso para mim!" - Undertaker por alguns segundos desviou sua atenção da câmera, olhando para algo além dela, mas logo voltou ao normal. - "Porém, mesmo depois de todos esses anos, depois de a nossa parceira ter acabado, eu finalmente tenho certeza!" - Empolgado, o rapaz deu um sorriso prazeroso, fechando seus olhos e abrindo seus braços - "Os demônios vivem entre nós." - Falou o rapaz com calma e certeza. Nill suspirou impaciente quase fechando a tela do notebook, mas o vídeo continuou prosseguindo. - "Sei que não deve estar acreditando no que estou falando, mas talvez essa explicação funcione. Era necessário abrir um portal entre o mundo dos humanos e o mundo demoníaco, mas o sacrifício de uma mulher é necessário, de preferência uma que tenha encontrado o seu verdadeiro amor. Não está convencido? Veja o próximo vídeo então." - Ele falou com calma, seu sorriso já tinha desaparecido e seu semblante depressivo mais uma vez apareceu, permanecendo em sua face até este vídeo acabar.

No próximo vídeo, o qual reproduziu automaticamente, havia um grupo de pessoas com um manto totalmente escuro, fazendo algum tipo de ritual enquanto oravam em uma língua desconhecida. Era possível ver um pentagrama enorme de sangue abaixo dessas pessoas e cada uma delas estava sobre uma ponta da estrela, no total, tinham cinco pessoas nessa seita. No meio do pentagrama tem uma mesa retangular e grande, em cima da mesa está uma mulher amarrada, seus pulsos e outras partes do corpo foram cortados, o sangue escorria por toda sua pele. As lágrimas de dor eram notáveis nessa mulher, ela se debatia na esperança de que conseguiria fugir dali, mas era em vão. Seu corpo já estava enfraquecido e não conseguiria escapar de nenhuma forma. Um dos homens em volta havia retirado um punhal de seu manto, sem revelar o rosto, ele pegou a arma e segurou firmemente com as duas mãos, levantou o mais alto que podia enquanto as vozes ficavam cada vez mais alto.

- Mã...- Lelouch tentou dizer algo, mas aquela cena o deixou chocado, aquela mulher era sua mãe, ela parecia estar sofrendo intensamente. - Mãe! - Lelouch disse em voz alta e desesperado ao mesmo tempo, o punhal golpeou o coração de Yumi, acabando com o sofrimento dela. Nill não conseguiu dizer nada, apenas arregalou os olhos surpresos, já Lia e Lelouch sentiram um forte aperto no coração ao assistir à morte de sua mãe em vídeo, seus olhos se encheram de lágrimas, a pessoa mais importante para eles tinha morrido.

Ainda nesse vídeo, um portal negro se abriu acima do corpo de Yumi, então todos começaram a ser absorvidos para dentro do portal, as pessoas da seita até tentaram resistir se segurando na mesa, mas não adiantou e todas foram puxadas para dentro dele. Naquele momento, criaturas horrendas e demoníacas saíram de dentro daquele buraco e começaram a correr, gritar e destruir tudo, o portal então se fechou e o vídeo acabou.

- Mas o que acabamos de ver!? - Lia não conseguia acreditar, estava com a boca aberta, impressionada, apavorada, repleta de diversos sentimentos.

- "Acredita em mim agora, Nill?" - O último vídeo estava sendo reproduzido, e mais uma vez Undertaker falava nele. - "Esse vídeo foi gravado a cerca de duas semanas por algum tipo de seita, os demônios em tão pouco tempo já trouxeram mais deles para o mundo humano, como são seres metamórficos, eles conseguiram se infiltrar entre nós e planejam acabar com o mundo!" - De certa forma, o rapaz disse isso um pouco assustado, voltando a olhar além da câmera preocupado com o que tinha ali. - "Encontrei o corpo de Yumi, precisamos nos encontrar, Nill, no dia 17, venha até o beco que sempre aceitávamos as missões em Los Angeles, lhe darei mais informações, entregarei o corpo da sua esposa e trarei novidades..." - Um barulho de algo caindo no fundo foi ouvido, algo tinha se quebrado. - "Merda! Me acharam! Espero te ver logo, Nill." - E ali se encerrou o vídeo. Faltava apenas um dia para a data marcada do encontro, tudo aquilo afetou bastante Lelouch e Lia, que se encontravam em estado choque.

- Pai... O que você irá fazer? - Lelouch perguntou cabisbaixo, nada podia explicar a dor de uma perda para ele naquele momento.

- Pai... - Lia percebeu que Nill estava sem reação, apenas com os olhos no notebook.

De repente, o Yagami se levanta e joga o notebook agressivamente contra o chão, pisando várias vezes seguidas com seu pé esquerdo nele, destruindo completamente o aparelho e o pen drive que nele estava. Nill soltou um grunhido de raiva e chutou os restos do notebook para longe, seus filhos apenas assistiram seu surto sem comentarem nada. Devagar, Nill colocou as mãos na cabeça e tentou se acalmar, raciocinando o que estava acontecendo.

- Amanhã eu irei ver Undertaker, vocês não vão comigo, trarei o corpo de Yumi de volta. - Nill já havia tomado a decisão e nem mesmo olhou para seus filhos.

- Mas, Pai! Precisamos ir com você! - Lelouch de toda forma queria saber o que estava acontecendo, mas Nill se virou para ele, já um pouco calmo com a situação e então falou com rapidez.

- Você tem aula amanhã e Lia tem que te levar e buscar, não quero que você falte um único dia. - Nill disse preocupado, como se guardasse algum segredo de seus filhos.

- Mas, pai... - Lia tentou interromper, mas Nill negou com a cabeça.

- Sigam seus dias normalmente, irei gravar toda minha conversa com Undertaker e garantir que vocês fiquem sabendo cada detalhe. - Nill após dizer isso começou a caminhar, passando por Lelouch e indo para o segundo andar.

- Espero que ele saiba o que está fazendo, mesmo sabendo que pode ser uma armadilha. - Lelouch diz preocupado e abaixando a cabeça, logo Lia se levantou e começou a contornar o sofá.

- O Nill sabe o que está fazendo, maninho... - Ela falava em um tom calmo, logo ficou próxima de Lelouch e deu um sorriso alegre, tentando levantar o ânimo do garoto. - Sei que está mais triste do que eu, mas estou aqui para o que precisar, está bem? - Lia então se aproximou mais e envolveu Lelouch em seus braços, mantendo ele em um abraço confortável.

- Certo... - Com o clima triste ainda, Lelouch retribuiu o abraço de sua irmã que era um pouco mais baixa que ele, mantendo um abraço caloroso e aconchegante, aquele foi o abraço mais longo e doloroso que ambos já deram em suas vidas.