Leviatã, a criatura marítima
Naquele navio cargueiro Lelouch já estava equipado com seu par de botas e luvas, o garoto estava de frente com a maior criatura que ele já viu em sua vida, nem nos filmes que ele já assistiu envolvendo monstros ele poderia imaginar que algo tão enorme assim poderia existir. A chuva no meio daquele oceano começava a crescer cada vez mais e os trovões continuavam a clarear o céu, o rugido que Leviatã soltou foi o suficiente para Lelouch se preparar se colocando em posição de combate.
— Meu pai me deu equipamentos de fogo para eu acabar em um cenário de chuva? Que sorte a minha. — Disse Lelouch dando um fino sorriso sarcástico e logo a criatura levantou a ponta de sua cauda para o alto.
— Apenas desista de sua insignificante existência garoto, nem mesmo a pílula que você tomou poderá ajudá-lo contra a minha força! — A voz da criatura era forte, mesmo sem paredes ela ecoava pelo oceano, parecia estar na cabeça de Lelouch e a cada palavra a voz se tornava mais clara.
— Eu imaginei que um dia eu encontraria forças muito mais superiores que a da pílula, mas com as pesquisas que eu vi uma vez de relance nos projetos de Nill Yagami... — Enquanto Lelouch falava, a criatura abaixava sua cauda em direção ao navio, era tão grande que chegou a cobrir completamente o meio de transporte, porém, ela não o atravessou, apenas parou em cima dele com um barulho alto de palma, como se duas mãos de gigantes batessem uma na outra com sua parte frontal. — Caso eu treinasse meu corpo fisicamente eu ganharia mais do dobro da força da pílula, qual é o limite? Eu não faço ideia, nem mesmo Nill chegou em suas conclusões. — Lelouch dizia isso com um sorriso confiante.
Uma cena impressionante para Leviatã, o garoto estava segurando sua enorme cauda com as duas mãos abertas, Lelouch estava rangendo os dentes se esforçando, foi como se ele colocasse a cauda da criatura nos ombros para carrega-la. Leviatã não queria admitir a força do garoto, o físico dele era o mesmo de quando o garoto tomou a pílula, mas ele sabia que aquilo era apenas um efeito dela.
— Por que você está se achando garoto? Eu nem usei minha força ainda. — Disse a criatura com sua poderosa voz e com seus olhos tomando um brilho avermelhado bem no centro de suas pupilas.
Nesse momento a pressão foi colocada sobre os ombros do garoto que em segundos se colocou sobre um joelho, tentando aguentar ainda mais a força que Leviatã estava usando e, com dificuldades, ele estava conseguindo.
— Pega leve aí... Precisa disso tudo para um ser tão pequeno? — Lelouch falava com dificuldades, seu tom de voz mostrava que aos poucos ele estava fraquejando.
Em um ato de determinação, o garoto começou a levantar sua perna na qual ele ajoelhou contra a própria vontade e junto foi levantando a cauda da criatura. Em um grito de guerra, o garoto move suas mãos para o lado e joga com força a cauda para o lado, fazendo ela desviar seu percurso e cair com o peso no mar, levantando uma enorme quantidade de água que molhou grande parte do navio, dando um banho em Lelouch.
— Sua força é interessante. — Dizia o demônio encarando o garoto. — Mas nada poderá fazer se o ataque vir de baixo. — Dizia a criatura e o garoto sentiu a pressão embaixo do navio mudar, foi como se todo o local começasse a tremer por conta daquele movimento.
— Se eu tenho força para segurar a cauda de um demônio gigante jogada com força em mim... — Lelouch colocou as duas mãos no lado de um contêiner verde trancada e levantou ela, jogando para cima e encaixando em acima de sua cabeça, segurando ela com as duas mãos. — É claro que erguer uma dessas coisas é moleza! — Falou Lelouch e arremessou a carga na direção de Leviatã.
Não esperando aquilo o demônio acabava com a carga acertando o lado de sua face, virando o rosto para o lado e perdendo sua mira, fazendo assim a sua cauda errar o navio mais uma vez e passar ao lado, levantando uma onda em direção a Lelouch.
— Você é forte, mas é lento. — O garoto disse e chutou uma carga com a sola do pé fazendo ela voar até a onda, atingindo o seu centro e abrindo uma abertura que se fechou apenas quando passou pelo navio, deixando o garoto ileso de ser molhado mais uma vez pelo mar.
— A sorte esteve ao seu lado uma vez garoto, mas não pense que isso acontecerá aqui... Eu terei a sua força para mim! — Leviatã começou a se submergir na água e começou a nadar por baixo do navio.
— Isso seria inveja das minhas habilidades? Desculpa, mas isso é de nascença e não da pílula. — O garoto debochava enquanto se aproximava da beira do navio encarando o mar e podendo ver aquela gigantesca sombra passando por baixo de si.
— Inveja? Posso ser conhecido por esse nome, mas não há nada de mau em querer as coisas dos outros. — Disse o demônio. — Roubo não é uma coisa ruim, as pessoas que são egoístas o bastante e estão dispostas a arriscar sua vida para não dividir seus bens materiais. — Aquilo que o demônio falava deixava o garoto um pouco irritado, tirando toda aquela expressão sarcástica do rosto do garoto.
— Você diz isso como se a vida fosse uma brincadeira. — Lelouch dava as costas e andava em direção de alguns contêineres vermelhos empilhadas como pirâmides, eram três andares ali e no centro do navio.
— Brincadeira? Sim, pode dizer que os humanos são brinquedos, nossas marionetes e nos divertimos bastante. — Aquela voz poderosa ecoava na mente do garoto. — As pessoas tendem a errar cada vez mais e colocam a culpa nos demônios, não fazemos nada, nosso maior trabalho é recepcionar aqueles que chegam no inferno de forma recente, o que elas fazem na Terra é o que condenam eles. — Leviatã continuava a nadar por baixo do navio, dando voltas. — Luxúria, Gula, Orgulho, Ira, Preguiça, Ganância e Inveja, são esses os pecados capitais, pois os humanos tendem a cometer um deles por dia sem nem mesmo notarem, sem contar os outros mínimos detalhes que eles cometem como o próprio fanatismo que faz eles se desrespeitarem, a fofoca dita com má intenção de quem não conhecem... Muitas coisas em que os demônios não interferem, tudo que fazemos sobre isso é apenas rir. — Leviatã dizia e Lelouch sentia a pressão vinda novamente da água. — Demônios não fazem mal para a humanidade, a humanidade que faz mal para a humanidade. — A pressão começou a ficar maior e Lelouch deu um profundo suspiro, subindo até o topo da pirâmide de cargas.
— "Demônios interiores" é o que costumamos chamar, não temos certeza do que tem após a vida, tem diversas crenças, mas existem regras entre os humanos, muitas delas que alguns não seguem e acabam sentindo a justiça... Se você acha que um roubo é normal e as coisas devem ser "divididas"... — Lelouch faz gesto de aspas com suas mãos e se coloca em posição de combate. — Então... — Nesse momento Leviatã saiu da água e foi em direção de Lelouch com a boca aberta, mostrando seus dentes afiados e sua língua dívida em três. — Eu irei parar de ser egoísta e dividir um soco com você! — O garoto deu um salto para o lado com força que aumentou drasticamente sua velocidade.
Aquilo não foi calculado por Lelouch, ele simplesmente chegou ao canto da boca de Leviatã e socou ela por dentro, atravessando a pele dura e grossa da criatura como se fosse pano, jorrando uma enorme quantidade de sangue ao mesmo tempo que empurrava o corpo da criatura para o lado, forçando todo aquele gigantesco corpo a desviar do navio.
Lelouch agora estava no mar, tentando manter a parte superior de seu corpo fora da água enquanto movimentava seus braços e pernas sem sair do lugar, sendo movido apenas pela pressão da água que o jogava de um lado para o outro. O mar havia ficado vermelho em volta do navio por conta do sangue que saiu de Leviatã, era apenas uma pequena quantidade comparada ao que o demônio ainda tinha.
— Acho que conversamos demais, talvez você tivesse vantagem enquanto estava naquele navio, mas agora você está em meu território. — A criatura começou a se movimentar rápido por baixo da água.
— Merda... — Lelouch dizia consigo mesmo enquanto tentava acompanhar a criatura com os olhos, não era difícil pelo tamanho, mas ele estava concentrado apenas em encontrar a cabeça de Leviatã embaixo da água.
— Aquela garota é importante para você? — Ao dizer isso, Lelouch arregalou os olhos, ele não esperava que a Inveja teria informações de Diana. — Quando ver o estado em que ela está irá se arrepender de ter desafiado os demônios, você e sua família podre. — Disse o demônio e a pressão começou a ir em direção a Lelouch. — Mas você não viverá o suficiente para reencontrar com aquela fedelha! Morra mortal! — Disse o demônio e abriu sua boca novamente vindo do fundo do mar.
— Vocês já levaram a minha mãe... — O garoto respirou fundo e afundou no mar, nadando em direção a leviatã que vinha de forma feroz em sua direção, tudo que passava na cabeça de Lelouch era "Não deixarei tirar mais ninguém de mim".
O demônio tentou abocanhar Lelouch que se colocou a frente dos dentes do demônio com uma esquiva lenta embaixo da água, colocando ambas as mãos ali enquanto era empurrado para a superfície. Leviatã tirou enorme parte do seu corpo para fora da água e arremessou Lelouch para o céu enquanto se estabilizava sobre as águas, soltando um rugido alto em direção ao garoto.
— Vocês não vão machucar mais ninguém que eu amo! — Lelouch dizia desequilibrado no ar dando vários mortais no mesmo pela força que foi arremessado, mas assim que a gravidade começou a puxar o garoto ele ergueu um de seus punhos, preparando um soco. — Já falou merda demais em um dia só, está na hora de calar essa sua maldita boca! — O punho de Lelouch ficou azul e pequenas chamas daquela cor começaram a se formar em volta, mas nada que durava muito tempo por conta da chuva, mas todo aquele fogo estava sendo acumulado em seu punho, tornando a luva cada vez mais azul.
Em um ato de coragem o garoto não pensou duas vezes, forçou seu corpo para ir mais rápido para baixo e foi em direção a boca de Leviatã, acertando o soco em um de seus dentes no qual fez um buraco preciso, sem quebrar completamente o dente.
O soco desferido pelo garoto não foi apenas na boca, ele chegou mais fundo atravessando a garganta e indo cada vez mais abaixo do corpo do demônio até onde conseguiu. A criatura gritou de dor e seu corpo começou a brilhar, as chamas dentro de si, foram quentes o suficiente com o dano ao ponto de gerar uma explosão interna no corpo do demônio.
A explosão foi tão forte que arremessou Lelouch em instantes para fora do mar, jogando o garoto para cima do navio que deslizou e fez pose para aterrissar, colocando uma de suas mãos no chão enquanto encarava o local onde leviatã estava, tendo boa parte do sangue sobre todo o navio enquanto o oceano ficou ainda mais vermelho naquela dimensão. Lelouch não estava contente por derrotar o demônio, seu olhar mostrava preocupação pelo que Leviatã havia dito e sua expressão demonstrava o quão sério ele estava. O garoto olhou para os céus e o sangue do demônio ainda caía, se misturando com a chuva, Lelouch estava completamente banhado pelo sangue da criatura.
— Bom... — O garoto fechou seus olhos e abaixou sua cabeça respirando fundo enquanto batia suas mãos uma na outra para limpa-las. — Vamos ver se eu entendi como faz o portal que Nill falou. — O garoto falou e utilizou do sangue de Leviatã para fazer o ritual no navio, ritual esse que abriria o portal para o inferno. — Diana, me aguarde... Estou a caminho. — O garoto sussurrava consigo mesmo, ele caminhou até a porta de uma carga e socou ela atravessando sua mão, em seguida puxando e abrindo ela, tirando tudo que tinha lá e começando a fazer os símbolos no chão dela onde a chuva não interferiria, citando as palavras ditas por Nill antes enquanto ele desenhava com o sangue de Leviatã.
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