Laços de uma verdadeira amizade
É um dia ensolarado. Lia já estava cedo na estande de tiro treinando seus tiros com a mesma arma que ela usou no dia anterior. Não demorou muito até que outra garota entrasse no local, era Nicolly, estava com seus cabelos negros soltos e também estava contente em ver Lia. Ela foi saltitando com as mãos atrás das costas até a garota, parando logo atrás da mesma.
— Olá, nova amiga! — Disse Nicolly esboçando um grande sorriso. — Estou pronta para que me ensine a melhorar minha mira. — Ao dizer isso, Lia já teria parado de atirar, os tampões foram retirados pela mesma e ela entregou a arma na mão de Nicolly.
— Alguém já lhe disse que você é estranha? — Após entregar a arma, Nicolly pegou os tampões de Lia também. — Tipo, bem estranha sabe? — Lia cruzou os braços e a garota sorriu fino para a Yagami.
— Sim, já ouvi isso muitas vezes. — A garota levou seu olhar em direção ao alvo no estande. — É por isso que não tenho tantos amigos. — Ela sorriu meio sem jeito, dava para notar um pouco da tristeza em seu olhar.
— Okay… — Lia suspirou, ela mesmo tinha se arrependido de fazer a pergunta. — Vamos começar pelo básico. — Lia encostou-se na parede que dividia um estande do outro, ali ela podia ver os erros e acertos de Nicolly.
— Sim, senhora! — A expressão da garota simplesmente mudou para uma mais feliz.
— Tente concentrar a sua mira apenas em um alvo. Foque onde você quer acertar, e de início, não tenha pressa para disparar. — Lia manteve o braço apoiado na divisão e logo Nicolly colocou os tampões em seus ouvidos, apontando a arma para o estande.
Foi um momento de precisão para a garota, era a primeira vez que Nicolly tinha uma instrutora. Ela respirou fundo, fechou os olhos e em seguida abriu um deles, mantendo ambos os braços estendidos enquanto tentava mirar na cabeça do alvo. Foi então que aconteceu, a garota puxou o gatilho e a arma descarregou, mostrando que não havia nenhuma munição nela.
— Que!? — Nicolly olhou para sua pistola abrindo os olhos, impressionada e arqueando uma sobrancelha, confusa com tudo aquilo.
— Nossa… — Lia estava segurando sua risada, colocando uma mão na frente da boca. — Não acredito que você realmente caiu nessa. — A garota não se segurou e começou a rir.
— Ei! Isso foi injusto! — Nicolly fez biquinho e logo cruzou os braços, virando o rosto para o lado.
— Perceba… — Lia tomou a arma da mão da garota e pegou um pente de munição. — O segredo está no peso da arma. — Lia recarregou a Glock e em seguida engatilhou a mesma. Nicolly observou bem e na sequência a Yagami segurou a mão dela. — Sinta a diferença de peso. — Lia colocou a Glock sobre a palma de Nicolly e logo a soltou.
— Nossa… — Nicolly levantou a arma e logo levou a mira para o estande. — Como saberei a diferença na hora? — Perguntou Nicolly e Lia deu de ombros, voltando a se encostar na divisão.
— Com treino, é claro. Existem diversas armas por aí e com diferentes pesos, você teria que se acostumar com cada uma. O peso é o de menos para uma exímia atiradora aprender a controlar mais a sua atenção. — Ao dizer isso, Nicolly voltou a fechar um olho e logo mirou mais uma vez na cabeça do alvo. — Concentre-se. — A garota respirou fundo mais uma vez, demorou alguns segundos, mas em seguida ela disparou. O projétil percorreu rápido até o alvo, acertando a garganta do mesmo e fazendo uma marca ali.
— Droga! — A garota disse enchendo as bochechas, irritada, o alvo estava a exatos cem metros da garota.
— Tenha pulso firme, o coice da arma às vezes pode mudar a trajetória da sua mira. A distância, o vento, que não se faz presente aqui, claro, todas essas coisas são importantes para que você aprenda a ter uma mira perfeita, até mesmo a curvatura da terra é um detalhe importante. — Ao dizer isso, Nicolly fez uma cara confusa, não entendeu bem o que Lia tentou explicar.
— Vai ser um longo caminho, não é? — A garota ficou cabisbaixa e Lia deu um fino sorriso alegre.
— Mas é claro que vai, com essa mira sua com certeza vai. — Lia deu uma fraca risada, subestimando a garota.
— Tá bom né, eu sabia que deveria ter ficado nas artes marciais. — A garota virou-se e logo mirou novamente no alvo.
— Espera, você pratica arte marcial? — Lia perguntou e Nicolly esqueceu o alvo, voltando a atenção para a Yagami.
— Claro, não sou a melhor nisso, mas sei bastante de algumas lutas, treino em casa mesmo. — Nicolly deu um fino sorriso alegre e fechou seus olhos contentes.
— Sabe, eu sempre gostei mais das armas de fogo, nunca treinei para valer meu corpo a corpo… Que tal você me ajudar com isso? — Lia arqueou uma sobrancelha com a proposta, ela sabia que não poderia ficar atrás de Lelouch e de seu pai, já que eles sabiam brigar corpo a corpo.
— E o que eu ganho com isso? — Nicolly fez uma expressão para chantagem e sorriu maliciosamente.
— Eu… Treino a sua mira!? — Foi uma pergunta retórica, Lia deu uma fraca e curta risada e Nicolly riu junto.
— Estava apenas brincando, não sou tão idiota assim. — A garota voltou sua atenção para o alvo novamente e mirou no mesmo. — Após o treino de hoje, pode passar na minha casa e treinamos de tarde… Uma rotina para nós, sabe? Dá para fazer no resto da semana. — A garota sorriu contente e fechou um de seus olhos. — Vai ser legal amiga. — Nicolly disparou um tiro e acertou ele um pouco mais acima da garganta, onde seria o queixo de um alvo de verdade. Lia ainda não se acostumou com o fato de ser chamado de amiga e simplesmente ficou sem expressão, sem jeito, levou a atenção para os disparos e começou a ajudar alguém que ela nem esperava que concretizaria uma amizade.
Longe dali, bem longe, em outro país, mais especificamente na Áustria estava Lelouch hospedado em um hotel junto com Diana. A garota se alongava, estava preparada para sair. Lelouch saiu do banheiro sem camisa, enxugando o cabelo enquanto sua amada estava a vestir uma jaqueta rosa por conta do ar gelado que estava naquele quarto.
— E então? Já vamos partir — Perguntou a garota enquanto sorria sutilmente.
— Vamos sim! Não é longe, mas vamos precisar de um táxi e caminhar bastante. — Falou Lelouch e logo retirou a toalha da cabeça, deixando-a em seus ombros.
— Está bem… O quão longe é? — Perguntou a garota curiosa, com brilho em seu olhar, louca para explorar o local.
— Bem… — Lelouch levou seu dedo indicador ao queixo e olhou para cima, parecendo estar pensativo — Ao chegarmos lá, vamos descer um morro, andar dois quilômetros, virar a esquerda, andar quinhentos metros, virar a direita, andar outros quinhentos metros, passar por um túnel subterrâneo de três quilômetros, subir uma montanha muito alta, descer a montanha muito alta, virar a direita mais uma vez e pronto, chegamos no local! — O garoto fez gesto com os braços em todas as direções que andariam, dando um sorriso alegre e fechando seus olhos contentes enquanto levava suas mãos a cintura. Diana nesse momento estava confusa, tentando memorizar o que ele falou.
— Hã!? — A garota se pergunta impressionada e assustada, após contar os cálculos nos dedos do quanto andariam. — Por que tem que ser tão longe? Não sei se aguento andar tudo isso não! — Disse Diana olhando para os números que ela tentava contar em seus dedos, confusa ainda.
— Calma, amor. — Lelouch deu uma fraca risada e passou a mão no cabelo da garota, bagunçando os mesmos. — Eu estava brincando, vamos andar no máximo um ou dois quilômetros. — Após dizer isso, a garota suspirou aliviada e sentou-se na cama.
— Acho que sou meio lerda para entender seu sarcasmo. — A garota começou a balançar suas pernas e Lelouch vestiu uma camiseta branca.
— Meio? — O garoto sorriu ironicamente mais uma vez. — Acho que peguei essa mania de tanto viver com Lia. — Disse Lelouch e logo começou a colocar uma jaqueta.
— Lia é uma pessoa tão doce e legal… Quando veremos ela novamente? Faz tempo que vocês não se encontram. — Disse Diana e fixou seu olhar em Lelouch, ela realmente admirava sua cunhada.
— Provavelmente muito em breve, recebi mensagens do Undertaker me dizendo que Nill analisou alguns demônios e os localizou em Los Angeles. — Lelouch pegou o seu celular e ligou o mesmo, verificando se tinha mais alguma mensagem.
— O que os demônios querem com Los Angeles? Existem um monte deles naquela cidade! — Diana perguntou um pouco confusa sobre aquilo.
— Além do portal ter sido aberto lá? Nada. Mas parece que os demônios se espalharam em lugares do mundo que nem imaginamos. — Lelouch guardou o celular após ver que não havia nenhuma mensagem nova. — Mas deixando isso de lado, vamos nos aventurar! — O garoto levou um punho fechado para cima e Diana se levantou dando um salto alegre.
— Vamos! — A garota abraçou Lelouch dando alguns risos, não eram risos por achar algo engraçado, mas sim uma forma de expressar a felicidade que ela sentia de passar tempo com o garoto. Foi um abraço rápido, ela segurou a mão de Lelouch e começou a andar em passos rápidos o puxando para fora, saindo do quarto de hotel com seu amado.
Los Angeles, a tarde finalmente chegou, o sol estava no céu com algumas nuvens tentando o cobrir, um dia frio, mas nem tanto para os moradores de Los Angeles. Lia estava na entrada da casa de Nicolly, junto da mesma, que começou a pegar as chaves e destrancar a porta.
— Aí eu disse “Como assim esse molho de pimenta é seu? Eu vi primeiro!” — Após Lia dizer isso, as duas garotas caíram na gargalhada e a porta foi aberta por Nicolly.
— Ele deve ter ficado com uma cara do tipo “Quem é essa maluca!?” — Mais uma vez elas riram, contaram muitas histórias divertidas no caminho sobre situações que elas passaram, criando intimidade entre elas.
— Você precisava ter visto aquela cena. — Lia, ao dizer isso, simplesmente se sentou no sofá vermelho que havia no meio da sala como se a casa fosse dela.
— Fique a vontade Lia, eu moro sozinha. Morar com os pais… É um saco. — Nicolly foi até a geladeira e abriu a mesma, pegando duas garrafas de cerveja e voltando para a sala.
— Meu pai não atrapalha muito a minha vida, então para mim tanto faz. — Disse Lia e logo Nicolly se sentou em uma poltrona de frente para aquele sofá em que a Yagami estava.
— Hã? Sério? Já o meu… Era um grande protetor e nem me deixava namorar. — A garota ofereceu a garrafa para a Yagami que na mesma hora aceitou.
— Deve ser uma merda ter uma vida assim, apesar que nunca me importei com relacionamentos assim. — Lia disse e logo abriu a tampa da garrafa, começando a tomar a cerveja.
— Está me dizendo que nunca namorou? Tipo, nem beijou? — Nicolly arqueou uma sobrancelha em meio a um sorriso bobo, abrindo sua cerveja.
— Não, que isso, claro que já beijei, mas namorar mesmo nunca, eu não acho o homem certo, esses garotos de hoje em dia são tudo interesseiro e só vão atrás das meninas bonitinhas… — Mais uma vez Lia começou a beber sua cerveja e Nicolly riu da situação.
— É bem assim mesmo amiga, mas você é linda, nem esquenta. — Falou a garota começando a beber sua cerveja.
— Eu nunca disse que era feia. — Lia parou de beber e sorriu boba. — Para ser sincera até hoje tem garotos atrás de mim, mas não respondo nenhum. Eu não estou afim de relacionamentos agora, apenas quero treinar e, quem sabe, me divertir. — Lia começou a olhar em volta, reparando nos detalhes da casa que, para alguém que morava sozinha, tinha uma casa bem organizada e bonita.
— Eu tive muitos problemas na área do amor. Garotos são um saco, para mim, os homens são todos iguais. — Lia levou o braço para frente e logo mostrou sua garrafa de cerveja para Nicolly.
— Um brinde para as encalhadas por opção? — A Yagami sorriu confiante de canto e Nicolly não recusou, aproximou seu braço da garrafa da garota e brindou com a mesma.
— Um brinde as encalhadas por opção. — Após baterem a garrafa, as duas voltaram a beber, seguido de vários goles.
— Ah! — Lia suspira aliviada e afastando a cerveja de sua boca. — Tem mais? Porque olha, vamos precisar de muita cerveja agora que começamos a beber. — Lia sorriu de forma maldosa.
— Claro que tenho mais! Vamos ter uma festa de duas então! — A garota se levantou e mais uma vez foi em direção a geladeira, em busca de mais bebidas alcoólicas para as duas.
Horas se passaram e as duas estavam bêbadas, algumas garrafas estavam espalhadas pelo chão. Lia estava com um pé no sofá e outro no tapete, apoiada no braço do sofá onde havia um travesseiro em suas costas, rindo do que Nicolly a dizia.
— Estou te falando menina, essa foi a primeira vez que eu me machuquei feio. — Disse Nicolly quase que deitada na poltrona, com as pernas esticadas e entrelaçando uma com a outra.
— Não creio! Como caralhos você se machucou tentando dar um golpe de capoeira? — Lia tentava imaginar, mas não conseguia, foi então que Nicolly se levantou e colocou a garrafa em pé, ao lado do sofá.
— Eu meio que tentei fazer isso aqui… — As garotas estavam realmente bêbadas, dava para notar pelo tom de voz das mesmas. Foi então que Nicolly colocou as duas mãos no chão e levantou uma das pernas, tentando girar e chutar alto, mas acabou se desequilibrando no meio do caminho e caindo no chão.
— HAHAHAHAHA! — Lia caiu descontroladamente em suas risadas, ela nunca havia dado tanta risada assim em sua vida. — Levou um pacote! — Disse a garota se referindo ao tombo e continuando a rir com uma mão na barriga.
— Ei! Tenta você! — Nicolly falou tentando se sentar e logo Lia se levantou.
— Está bem… Você vai ver, com a garrafa na mão aindan... — Lia, ao colocar as mãos no chão, acabou por cair direto e bater o rosto contra o chão, deitando o resto do corpo no mesmo.
— PUTA QUE ME PARIU HAHAHAHAHA! — Agora Nicolly que estava rindo de forma descontrolada. — Ai meu rim! — Disse a garota e logo Lia começou a acariciar o tapete.
— É tão… Macio! — Disse a garota fechando os olhos e aos poucos pegando no sono.
— Ei! Não durma! Ainda é cedo… — Nicolly, ao dizer isso, deitou com tudo no chão e fechou os olhos, desmaiando de sono antes de Lia.
— Acorda… — Lia tenta jogar a garrafa em Nicolly e a mesma não chega nem na metade do caminho, então a garota dorme, com a cara no tapete e de bruços, diferente de Nicolly que estava com a barriga para cima.
Mais uma vez, na Áustria, Lelouch e Diana atravessavam uma mata fechada, indo por uma trilha que parecia estar abandonada há muito tempo, até chegarem em um caminho que a mesma se acaba. Perdida, Diana pega um mapa em seu bolso e começa a olhar o X que ela havia marcado ali. Lelouch se aproxima sem entender e apoia seu braço na cabeça de sua namorada por ela ser mais baixa que ele.
— O que está fazendo? — Lelouch perguntou olhando para o mapa dela.
— Achando nossa localização. — Disse Diana concentrada em seu objetivo.
— Sério? — O garoto ficou sem expressão no rosto e levou seu olhar para frente.
— Sim, por que eu estaria brincando? — A garota continuou a procurar no mapa e Lelouch retirou seu braço da cabeça dela, inclinando-se na direção da garota e apontando o dedo para diversas localizações no mapa.
— Talvez porque isso seja um mapa de jogos? Isso nem mesmo existe no Mapa Mundial! — Lelouch, ao dizer isso, fez Diana ficar surpresa e a mesma começou a virar o mapa de ponta cabeça.
— Meu Deus! — Falou ela impressionada e tirou o mapa da frente de seus olhos, fixando o olhar para a árvore que estava na sua frente. — Como eu não notei que aqueles pôneis e arco-íris com certeza não existem em um mapa de verdade? — Lelouch bagunçou mais uma vez o cabelo de Diana e começou a andar na frente.
— Sua lerdeza se supera a cada dia. Mas olha, para compensar… — Lelouch foi adentrando um pouco mais a frente com sua amada o seguindo, ele começou a retirar algumas folhas de sua frente que atrapalhavam a passagem e, alguns segundos depois, eles conseguiram ver ao longe o local que Lelouch havia visto em seus sonhos. — Ali atrás eu vi um pontinho vermelho, mas ele realmente parece estar um pouco longe. — o garoto levou uma de suas mãos para cima de seus olhos na horizontal, como se tentasse tampar o pouca luz do sol que atrapalhava sua vista.
— Me carrega! — Diana pulou nas costas de Lelouch e o mesmo segurou as pernas da garota dando uma fraca risada — Vamos cavalinho! — A garota se agitava nas costas do rapaz e o mesmo começou a andar sem dificuldade alguma.
— Relaxa amor, logo estaremos lá, economize essa energia para quando chegarmos no local. — Lelouch começou a andar em direção ao local carregando Diana com um sorriso em seu rosto.
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