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Golpe de Misericórdia

A movimentação de Undertaker era rápida e ágil, mas sem dificuldades Astaroth conseguia acompanhá-lo com os olhos. Em uma única tentativa, o demônio fechou seu punho e concentrou sua força na mão direita, levando ela até Undertaker onde seria um soco frontal para esmagar o rapaz.

— Morra, humano imundo! — Disse o demônio com sua voz alterada e acertou o solo, levantando uma enorme cortina de poeira e fazendo o solo estremecer por um longo período.

— Ah, merda! — Lia dizia se segurando na borda da janela tentando manter o equilíbrio com aquele "terremoto" que o demônio causou.

— Não subestime ele... — Lelouch disse ofegante e mantendo um olho fechado, o garoto nem mesmo estava olhando pela janela, apenas estava sentado no chão encostado na cama, observando sua irmã enquanto a mesma permanecia preocupada.

— Eu... Eu não estou subestimando ele idiota! — Lia disse orgulhosa e voltou sua atenção para a luta.

— Ei, coisa feia! — A voz de Undertaker surgiu do local de impacto e, em alta velocidade, o rapaz saiu da cortina de poeira e correndo pelo braço de Astaroth enquanto fazia uma trilha com sua foice, rasgando o braço do demônio que começava a sangrar conforme o rapaz ia escalando Astaroth. — Não desvie sua atenção de mim. — Disse Undertaker chegando até os ombros do demônio. Devido a forte dor causada pelo homem, Astaroth acabou largando a marreta no chão e gritou irritado.

— Desgraçado! — O demônio gritava de dor e com a outra mão tentava pegar Undertaker.

— É grande, mas é lento! — Undertaker disse e saltou do ombro do demônio, cravando a lâmina da foice em suas costas e deslizando por ela, abrindo outra ferida até se aproximar do solo e saltar até o chão, ficando de costas para o demônio e apoiando a foice em seu ombro.

— Ele é rápido... — Nicolly dizia observando a luta com Lia e mostrando estar impressionada.

— Um simples mortal não pode me derrotar! — O demônio dizia e de suas feridas saiam fumaça, cicatrizando e curando elas de um segundo para o outro.

— Você está enganado. — Undertaker se virou e olhou para cima, encarando Astaroth. — Para a sua sorte, diferente do meu parceiro, eu sou um pouco mais misericordioso.— Falou Undertaker e sorriu confiante de sua vitória.

— Como ousa!? — Astaroth levantou seu pé e tentou pisar em Undertaker que respondeu correndo por baixo do demônio, ficando próximo da área de impacto, mas escapando com um salto, se aproximando da casa.

— Lia, rápido, onde está o ponto fraco dele? — Perguntou Undertaker em voz alta olhando para o demônio.

— Ah! Sim, espera um momento! — A garota tirou a franja da frente de seu olho onde continha um pentagrama no globo ocular e analisou o demônio, achando o ponto fraco rapidamente. — É na nuca! — Disse Lia, conseguindo ver uma estranha massa de energia verde por baixo dos longos cabelos de Astaroth.

— Essa vai ser fácil. — Undertaker disse e girou a foice na mão enquanto o demônio de virava para ele.

— Você deveria ficar parado e aceitar sua morte! — Disse Astaroth irritado e, assim que se vira para Undertaker a foice é arremessada, passando do lado direito do rosto do demônio e fazendo um leve corte em sua orelha. A foice tinha sido arremessada com tanta força que seguiu seu percurso em linha reta, deixando seu alvo para trás.

— Eu terei misericórdia, com isso não precisa se preocupar. — Usando a luva que Undertaker utilizava, o rapaz fechou o punho e puxou ele para trás, fazendo sua foice dar meia volta no ar e vir girando até ele, acertando a nuca de Astaroth no caminho e cravando a lâmina ali.

Astaroth deu um forte grito de dor, uma fumaça com coloração verde começou a sair de sua pele intensamente enquanto seus gritos de agonia se tornavam mais alto e fortes, chegando a quebrar vidros de casas e lojas a cinco quarteirões de distância. Após alguns segundos gritando, aquela fumaça foi sumindo, sendo levada pelo vento e ali estava Astaroth em uma forma mais humana, a mesma que Lelouch havia visto em seus sonhos antes dele se transformar. Astaroth se manteve de joelhos com as duas mãos no solo enquanto respirava ofegante, estava impressionado com o que havia acabado de ocorrer e manteve seus olhos arregalados enquanto a foice de Undertaker voltava para a mão do rapaz.

— Como é possível? — Astaroth se perguntava olhando fixamente para o chão e Undertaker foi se aproximando lentamente com a foice apoiada no ombro.

— Nenhum demônio estará acima dos humanos. — Disse Undertaker ficando próximo a Astaroth que, rendido, fez força para se equilibrar e manter-se de joelhos enquanto encarava Undertaker com um olhar derrotado.

— Não pode ser... — Astaroth parecia impressionado com o que via. — Você é... — Antes que pudesse terminar de falar, Undertaker cravou com força a lâmina de sua foice no alto da cabeça do demônio, matando Astaroth de forma rápida e, puxando o cabo de sua arma para trás, ele forçou o demônio a cair de rosto no chão enquanto seu sangue escorria pelo solo, Astaroth havia morrido de olhos abertos com uma expressão assustada.

— Foi o que eu disse, você tem sorte de não ser o meu parceiro, ele não teria deixado isso acabar tão rápido. — Disse Undertaker e levou sua foice para o lado na intenção de retirar o sangue de sua lâmina com um golpe em falso.

— Uau... Isso foi... — Nicolly estava impressionada, mal conseguia falar pelo que viu.

— Incrível! — Lia diz levantando os braços, contente com o que viu, terminando a frase de sua amiga. — Aí Undertaker, arrasou desgraçado! — Lia colocava as duas mãos em volta da boca com a voz em tom alto de forma que garantia que o rapaz ouvisse.

— Obrigado! — Undertaker disse acenando e com um sorriso em seu rosto, foi então que seu celular tocou e ele atendeu a chamada. — Sim... Entendi, já estou a caminho. — Foi uma conversa rápida, mal deu para entender o diálogo, o rapaz apenas desligou e guardou o aparelho no bolso traseiro da calça. — Lia, Nill quer ver você, ele disse que tem coisas para nos contar. — Ao dizer isso, Undertaker se vira e começa a caminhar, saindo do local.

— Nill quer me ver? A essas horas? — Lia arqueou uma de suas sobrancelhas e logo se virou, olhando para Lelouch. — Maninho, quer que eu te leve junto? — Lia perguntava vendo as condições de seu irmão.

— Não, tudo bem... Ele quer te ver, não a mim. — Lelouch disse e Lia afirmou com a cabeça.

— Que bom! Não vou precisar levar esse peso morto aí. — Disse a garota e caminhou até a porta do quarto. — Diana linda do meu coração, cuida dessa criança aí, não deixa ela sair de casa por qualquer motivo e segura na mão dela para atravessar a rua, okay?- Disse Lia e atravessou a porta do quarto indo para a escadaria. — Olhem sempre para os dois lados antes de atravessar, vai que passa uma pessoa doida em alta velocidade, tem muito dessas lá na cidade. — Disse Lia e com o tom de voz alto enquanto descia as escadas.

— Hum... A única doida que anda em alta velocidade é você. — Lelouch disse e Diana o ajudou a se levantar.

— Eu ouvi isso hein! Cuidado com o que fala se não eu já fecho seu outro olho na porrada. — Lia disse e abriu a porta da casa. — Nicolly, vamos! — Nicolly ainda estava olhando pela janela, impressionada com o que aconteceu. — Vem logo desgraçada! — Lia disse do lado de fora já, olhando para a garota na janela.

— Ah! Sim, desculpa, estou indo. — Nicolly balança a cabeça para sair de seus pensamentos e anda rápido até a porta de entrada. — Tchau! Lelouch! Tchau! Diana! Foi um prazer conhecer vocês. — Disse Nicolly com passos rápidos para alcançar Lia.

— Sabe, eu tenho a cunhada mais doida do mundo. — Diana disse e ajudou seu amado a se sentar na cama.

— Toda a minha família é doida, apenas minha mãe era normal. — Lelouch disse e deu um fraco sorriso desanimado por sentir falta de Yumi.

— Fique aqui, vou pegar um gelo para tratar disso antes que fique inchado. — Disse Diana e se retirou do quarto indo até à cozinha, a garota estava pensativa no que Astaroth havia lhe dito em seus sonhos. — Será que... Eu conto para ele? — Ela se perguntou em meio a sussurros consigo mesma, insegura do certo, colocando ambas as mãos em seu peito e indo até à cozinha preparar um saco de gelos para Lelouch.

Já em casa, Lia estaciona a moto na garagem e Nicolly desce da garupa tirando o capacete. Lia respira fundo e desliga a moto, retirando o capacete em seguida. O silêncio se fez entre as duas de início até que Nicolly resolve dar iniciativa.

— Então... Estou envolvida nos assuntos agora? — Nicolly perguntou um pouco insegura e olhando para o chão sem jeito.

— Eu não quero te colocar nessa fria, é muito arriscado. — Lia desceu da moto e olhou para a Nicolly. — Talvez você não esteja preparada para tudo isso, é mais um assunto de família. — Lia se aproximou e tocou no ombro da garota.

— Mas eu sei o básico com armas de fogo e seria útil em combate corpo a corpo, como não estaria preparada? — Nicolly perguntava e Lia negava com a cabeça.

— Você me entendeu errado, você não está preparada psicologicamente para isso, no início até Lelouch teve dificuldades com os sentimentos nesses negócios. — Lia soltou Nicolly e se virou, caminhando até a saída da garagem.

— Entendo, acho melhor ficar de fora então. — Disse Nicolly e soltou um suspiro, demonstrando estar aliviada.

— Mas ainda preciso de você para me treinar hein! — Lia disse e Nicolly a seguiu até a porta de entrada da casa.

— Então... Boa sorte com suas missões, estarei aqui quando você precisar amiga. — Nicolly disse com um sorriso desanimado, talvez pelo cansaço que o dia trouxe e Lia afirmou com a cabeça.

— Está tarde, dorme aqui hoje, pode descansar lá no meu quarto. Vou resolver os assuntos com meu pai. — Lia disse e Nicolly concordou com a cabeça esboçando um fraco sorriso contente.

— Se cuida. — Nicolly disse e abraçou Lia que retribuiu o abraço passando a mão nas costas de sua amiga.

— Você também, descansa bem essa cabeça aí, dessa vez nenhum demônio louco vai invadir seus sonhos. — Lia soltou a garota com um fino sorriso sarcástico em seu rosto e se despediu de Nicolly, caminhando até o porão de sua casa. — Okay, vamos ver o que me aguarda. — A garota colocou ironia em suas palavras e olhou para a entrada do porão por algum tempo, Lia abriu ambas as portas e então adentrou o local, descendo as escadas.

— Imbecil! — Nill soltou suas palavras com raiva, colocando as duas mãos sobre uma mesa de trabalho enquanto analisava alguns papéis.

— Cheguei em uma boa hora? Onde está seu companheiro de porão? — Lia dizia olhando em volta e não encontrando Undertaker.

— Ele ligou para cá, disse que teve imprevistos no caminho e não poderá ajudar dessa vez. — Nill se virou tentando manter a calma, mas seu olhar mostrava que ele estava incomodado.

— Ah! Então, o que você queria me dizer? — Lia perguntou e logo Nill pegou um par de botas, se sentando em uma cadeira e começando a calçar elas, pareciam ser de algum material metálico e tinham um tom vermelho-escuro, quase se camuflavam com a calça escura que Nill estava usando.

— Não podemos mais atrasar pegando demônios de baixa categoria, vamos caçar os do alto escalão e acabar com esse caos todo. — Nill dizia enquanto ajeitava a bota que, por sua vez, se apertava de maneira confortável no Yagami sem cadarços para amarrar.

— Então, quem eu tenho que caçar? — Lia perguntou e Nill olhou para a mesa de trabalho, Lia se aproximou e olhou algumas fotos do alvo.

— Ele está com a informação de todos que saíram e entraram recentemente nos portões do inferno, ele é o guardião, vamos atrás do Cérberus. — Nill dizia e na hora Lia se espantava virando seu rosto lentamente e olhando para seu pai.

— Espera, "vamos"? Como assim? Eu e você? Você e eu? Nill em ação? — Lia parecia assustada e surpresa em simultâneo, não acreditava que seu pai iria entrar em ação.

— Algum problema? — Nill olhou para a garota com frieza e ela negou com a cabeça. — Foi o que eu pensei. — Nill se levantou e se aproximou de uma das fotos, apontando para a mesma enquanto olhava para sua filha. — Cérberus é dono de uma boate famosa aqui na cidade, Love and Sexy. — Ao dizer isso, Lia olhava para as fotos que seu pai mostrava, na foto o nome da boate estava no fundo, enquanto Cérberus estava mais na frente.

— Loiro dos olhos azuis? Ele teve um bom gosto mesmo para uma aparência. — Disse Lia e Nill afirmou com a cabeça indo até às escadas.

— Ele me dirá onde os 7 pecados capitais estão, vamos eliminar um por um, com os mais fortes caindo os menores irão se render. — Nill disse e pegou um casaco da mesma cor que as botas, parecendo ser feito do mesmo material metálico, mas com um tecido mais aconchegante, como roupa de frio para um inverno forte.

— Vamos agora? Tipo, agorinha mesmo? Sem nem tempo para descansar? — Lia se perguntava confusa e Nill parava nas escadas olhando para a garota.

— Sim, Lia, vamos agora, não tenho mais tempo a perder, se você não quiser vir junto eu dou meu jeito sozinho. — Nill disse isso com calma e suspirou, se virando e voltando a caminhar.

— Eu estou indo mesmo para uma missão junto com meu pai... — Lia estava desacreditada e olhando para o chão, ela se sentia mais honrada do que nunca com a notícia.

— Vamos logo Lia! — Nill falou já na entrada do porão e Lia acordou de seus pensamentos, andando com passos rápidos até as escadas.

— Estou indo "papis lindio". — Lia falou com dengo e um sorriso feliz em seu rosto, deu um pequeno salto de alegria com uma mão levantada e um "Yes" baixinho escapando de seus lábios, a felicidade não podia ser contida já que ela estava saindo em uma missão junto com Nill antes mesmo de seu irmão.

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