Decisões para serem tomadas
Uma iluminação batia nos olhos de Nill Yagami e o homem começava a acordar lentamente, incomodado com a luz e tendo dificuldades em se levantar, ele logo percebeu uma janela aberta ao lado da cama onde estava deitado, aos poucos conseguiu reconhecer o local em que se encontrava.
— Vejo que ainda segue forte depois de tantos ataques. — Dizia Undertaker, sentado no outro lado do cômodo em uma poltrona enquanto folheava um jornal, Nill virou seu rosto para ele e ficou o encarando, mas continuou calado, voltando a atenção para o local de madeira, eles estavam em uma cabana antiga, mas, bem cuidada. — Acredita na mídia? Disseram que seu corpo foi incinerado pelo incêndio na casa. — Undertaker falou virando o jornal para Nill. Lá havia uma foto da casa dos Yagami em chamas, juntamente com a notícia sobre o incêndio.
— Não tenho tempo para essas baboseiras… — Lentamente Nill se sentou na cama, sentindo que todas suas feridas estavam envolvidas por faixas. — Jogaram gás do sono enquanto eu analisava informações. — Disse Nill e logo Undertaker arqueou uma das sobrancelhas, demonstrava estar confuso.
— Você foi pego pelas costas? Logo você? — Undertaker deu uma curta risada e amassou o jornal com uma das mãos.
— Eu não fui pego, eu me deixei ser pego. — Nill levou o olhar para Undertaker que na hora mudou sua expressão para surpreso. — Todas as informações foram queimadas… Mas graças a pílula, além de inteligência, eu tenho memória fotográfica. Fiquei até o último segundo observando as informações antes de dormir com o gás. — O que Nill disse de fato impressionou Undertaker, ele deixou o jornal acima da mesa e se levantou.
— Entendo, você é duro na queda, sempre com cartas na manga né? — O rapaz caminhou até o guarda-roupa e pegou um casaco marrom, se aproximou de um balcão e pegou seu chapéu.
— E meus filhos? Onde eles estão? — Perguntou Nill com frieza, Undertaker deu um fino sorriso confiante e olhou o homem de canto após sua pergunta.
— Lelouch está no hospital e Lia está fazendo companhia, ela não estava ferida quando a encontrei. — O rapaz colocou o chapéu e então saiu do cômodo fechando a porta. Nill suspirou e olhou para o lado, se perdeu em pensamentos enquanto admirava o céu através da janela. O dia estava claro e ensolarado, sem muitas nuvens no horizonte.
Longe dali, no hospital de Los Angeles, Lelouch já estava acordado, e ao seu lado, sentada em uma cadeira estava Lia, ambos conversavam sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias.
— Lia, se você não ficou machucada, por que caralhos não fez nada? — Perguntou Lelouch e logo sua irmã abaixou a cabeça, levando seu olhar ao chão.
— Eu não sei… Depois que aquele rapaz me segurou, eu senti meu corpo paralisando, não consegui me mover nem mesmo na hora da queda, é como se o meu corpo não pudesse obedecer as minhas vontades. — A garota explicava com um tom de culpa em sua voz, ela se sentia inútil por não ter conseguido fazer nada.
— Acha que foi obra deles? Sempre pensei que anjos e demônios tivessem algum tipo de poder para serem mais fortes que os humanos. — Lelouch falava com dúvida, mas, ao mesmo tempo, tinha certeza de sua crença.
— Lelouch! Eu vim assim que soube! — Uma garota parava ofegante na porta, abaixando a cabeça e tentando descansar. Parecia ter feito uma longa corrida, então Lelouch olhou na direção dela e reconheceu Diana, deixando um sorriso escapar com a presença da garota.
— Quem te contou que eu estava aqui? — Perguntou Lelouch e Lia virou o rosto para o lado, começando a assoviar. — Imaginei, mexeu nos meus contatos, né? — Lelouch perguntou olhando desconfiado para sua irmã que se levantou da cadeira.
— Que nada! — Lia caminhou até Diana e estendeu sua mão para cumprimentar ela. — Eu só queria conhecer a minha cunhada. — Diana apertou a mão de Lia e logo corou ao extremo, a garota estava completamente vermelha com o comentário de Lia.
— E… E… Eu… — Diana não sabia o que dizer, travava enquanto tentava falar qualquer palavra.
Foi então que uma das enfermeiras pediu licença as garotas e passou por elas assim que abriram caminho. Ela segurava uma ficha médica em suas mãos e demonstrou estar bastante assustada com o que viu, ela olhava para Lelouch e depois para a ficha, boquiaberta e desacreditada. O silêncio se fez na sala durante alguns segundos, mas logo Lia decidiu falar um pouco confusa, isso após voltar até a cadeira e se sentar novamente.
— Vai dizer algo? — A garota pareceu impaciente com essa pergunta, arqueou uma sobrancelha e esperou a enfermeira dizer algo.
— Oh! Desculpa. — Disse a enfermeira se organizando de forma rápida, ela voltou a olhar o papel ainda sem acreditar. — Aqui na ficha diz que ele deveria ter sofrido várias lesões com a explosão… Ele estar vivo é um milagre, era para ter sido uma morte quase instantânea. — Dizia a enfermeira encarando a ficha e depois Lelouch.
— Isso é bom… Então você é bem sortudo! — Falou Lia sorrindo, de qualquer forma, ela já esperava isso por conta da pílula, estava apenas fingindo surpresa.
— Realmente é um milagre, você chegou aqui ontem, e pelo que vejo, não está ferido, parece estar completamente bem, sem nenhuma lesão ou ferida. — Após ouvir isso, Lelouch retirou a agulha do soro de seu braço, se levantou e ficou olhando as garotas.
— Então eu posso ir embora? — Perguntou o garoto se levantando e alongando os braços, esperando elas falarem algo.
Nesse momento, todas ficaram boquiabertas, o garoto não precisou nem ouvir a resposta, ele riu da reação delas e logo, Lia apontou para a porta do quarto.
— Eu vou buscar a roupa dele. — Lia saiu da sala e logo a enfermeira a seguiu, Lelouch estava usando apenas uma roupa hospitalar de paciente. Diana, ainda não acreditando, chegou perto do garoto e deu uma tapa em seu rosto.
— Ai! Por que fez isso? — O garoto perguntou passando a mão no rosto, porém, sua expressão não era de alguém que teria sentido alguma dor ou formigamento com a tapa.
— Idiota! Você me preocupou! — Disse a garota já abraçando Lelouch, então o garoto retribuiu o abraço e deu um fino sorriso, contente em ouvir aquilo.
— Desculpa… — O garoto passou a mão nos cabelos da menina e acariciou os mesmos. — Não vai acontecer novamente, eu prometo. — Disse ele enquanto apertava a garota em seu abraço.
— Er… — A garota sentiu um breve desconforto no abraço, tinha algo duro mais embaixo na região da cintura. — Acho que eu não deveria ter me aproximado tanto assim de você… — A garota ficou bastante vermelha e imóvel, sabendo que o que estava ali não era um inchaço.
— Por que não? Gosto da nossa amizade e… — Enquanto Lelouch falava, ele entendeu o que estava acontecendo, então soltou a garota e deu alguns passos para trás, vermelho e envergonhado com o que acabou de acontecer. — Desculpa! — Ele disse e logo Diana também deu alguns passos para trás.
— Sou eu quem peço desculpas! — Ambos ficaram ali envergonhados por algum tempo sem conseguirem manter contato visual. Logo, Lia entrou no quarto e jogou a roupa de Lelouch na cara do garoto.
— Troque-se, você já recebeu alta. — Falou a garota e logo olhou para Diana, percebendo a vergonha da mesma. — Você está bem? Viu algo muito assustador? — Perguntou Lia arqueando uma das sobrancelhas, colocando as mãos na cintura esperando uma resposta.
— Bom… Eu não vi… Eu senti… Digo! Não, não vi nada! — Diana estava toda embaraçada para falar, Lia deu um riso de canto e olhou para Lelouch.
— Sai só por três minutos e tu já terminou tão rápido? Que decepção hein! — O duplo sentido soltado por Lia deixou a garota e seu irmão completamente vermelhos de vergonha. — Bom, vou indo, você sabe onde Nill está, então passa lá mais tarde, ele parece querer falar com a gente sobre o que aconteceu. — Lia falou e se virou, acenando para os dois de costas enquanto caminhava. — Até mais, cunhada! — Nessa altura, Diana já nem sabia mais onde enfiar a cara de tanta vergonha.
— Bom… Vou me trocar e logo podemos sair! — Lelouch disse sorrindo e logo Diana concordou com a cabeça, ela saiu do quarto e esperou Lelouch do lado de fora.
Alguns minutos se passaram, os dois saíram pela porta principal do hospital e logo caminharam pela calçada, rumo a um parque ali próximo de onde estavam. Mais uma vez, ambos jogavam assunto fora e riam bastante no meio do caminho, até que, assim que acabaram os risos, Diana decidiu tocar em um assunto mais delicado.
— Sua irmã disse que vocês iam discutir sobre o ocorrido… O que aconteceu? — Diana perguntou um tanto curiosa, colocando ambas as mãos juntas atrás de si, atravessando a rua com Lelouch.
— Você quer mesmo saber? Não sei se você acreditaria. — O garoto respondeu enquanto adentrava o parque com Diana, caminhando com a garota por ali.
— Por que não? Vindo de você eu acredito sim! — Ela falou olhando o garoto com brilho nos olhos, demonstrando confiar bastante nele.
— Está bem, mas antes, vamos achar um lugar bom aqui no parque. — Ele disse olhando em volta e Diana levantou sorriu animada.
— Sim! — Ela caminhou na frente um pouco mais rápido, segurando no braço de Lelouch. — Conheço um bom lugar, venha! — Ela estava realmente animada e puxou o garoto até um canto do parque.
Eles chegaram até um lago onde alguns patos nadavam, se sentaram debaixo de uma árvore que dava uma boa sombra, podendo ver a vista dali. Do outro lado do lago, algumas pessoas corriam praticando exercícios, enquanto outras andavam de bicicleta ou participavam de esportes. Lelouch e Diana se mantiveram sentados um do lado do outro, de modo que ambos conseguissem encostar as costas na árvore.
— Então… Me conte cada detalhe, não esqueça nenhum! — Diana estava ansiosa, realmente queria saber o que houve, o brilho em seus olhos demonstrava isso, ela se mantinha encarando o garoto que estava sem jeito com um olhar tão próximo.
— Bom… Minha casa explodiu, plantaram bombas comigo lá dentro, machucaram meu pai pra valer durante tudo isso. — Lelouch suspirou fechando os olhos e se lembrando do dia anterior. — Isso foi causado por apenas duas pessoas… Ou melhor, demônios. — Após proferir tais palavras, o garoto virou para Diana, ela parecia impressionada ao ouvir isso.
— Realmente devem ser demônios por terem feito isso contigo. — A garota não levou para o lado literal e simplesmente olhou para o céu. — Sabe… Pessoas só se implicam uma com as outras por motivo nenhum, algumas apenas querem destruir sua vida. Tem algumas que chegam a ficar tão próximas de você apenas para realizar isso, e por conta desse ato que se torna difícil confiar nas pessoas. — Diana suspirou, a garota parecia ter passado por uma experiência igual ao que dizia. — Um dia você é uma pessoa boba, que não conhece o mundo, e simplesmente confia na primeira pessoa que é sua amiga. Já no outro dia, você se torna uma pessoa fria, desconfiada de tudo, só para ter a segurança de que seu coração não se quebrará novamente com as pessoas que você um dia jurou amar. — As palavras da garota deixaram Lelouch um tanto pensativo. Ela podia não ter levado o assunto para o lado literal, mas suas palavras com certeza ficariam no coração do garoto.
— Confiança… Você confia em mim? — Lelouch perguntou sem nem mesmo olhar para a garota, ele estava sério em seu tom de voz, sua expressão era de alguém que estava refletindo sobre o assunto, como um leitor que lê várias e várias vezes a mesma frase buscando algo nela.
— Sinceramente, em tão pouco tempo, eu consegui confiar muito em você. — Diana deu um fino sorriso alegre e ambos continuaram sem manter contato visual. — Só espero que essa confiança não machuque… E nem que esteja sendo entregue a uma pessoa errada. — O sorriso sumiu da face garota após proferir tais palavras.
Naquele momento, Lelouch se virou para a garota olhando em sua face, a mesma estava tão emotiva quanto o próprio garoto. Seus olhos demonstravam tristeza, ela parecia esconder um passado triste. Lelouch ao ver aquilo, só conseguiu admirar a beleza que a garota possuía. Diana se virou para Lelouch e o encarou nos olhos, talvez para ela, aquilo tenha sido repentino, ela ficou levemente corada, então ambos sentiram a conexão ali. Lentamente, começaram a aproximar seus rostos, fecharam seus olhos e foram se aproximando cada vez mais. Quando a face de ambos estava muito perto, o celular de Lelouch tocou em seu bolso e quebrou o clima entre os dois ali, fazendo com que a garota se afastasse envergonhada do garoto e olhasse para o lado oposto ao dele.
— Acho melhor você atender, pode ser importante. — Disse a garota colocando ambas as mãos em seu peito, podendo sentir as batidas aceleradas de seu coração, talvez fosse uma paixão passageira, ou um amor que ela nunca sentiu antes.
— Ah… Desculpa, vou atender. — Lelouch retirou o celular do bolso e olhou a chamada, era Lia, naquele momento o garoto suspirou e atendeu colocando o aparelho próximo a seu ouvido. — Diga… — Lelouch falou meio irritado, afinal, sua irmã acabou de estragar seu momento com Diana, uma garota que talvez estivesse tendo o mesmo sentimento que ele.
— Venha para o esconderijo daquele amigo do Nill, eu esqueci o nome dele… Mas seja rápido! Parece que nosso pai analisou tudo sobre os fatos de ontem. — Disse Lia deixando o garoto um tanto interessado, talvez fosse algo relacionado a Abaddon.
— Claro, já chego aí. — Lelouch respondeu e desligou a chamada, levantando-se do chão e estendendo a mão para Diana.
— Você tem mesmo que ir? — Perguntou a garota enquanto encarava a palma da mão de Lelouch, demonstrava estar um tanto decepcionada.
— Me desculpa, é coisa da família. — Respondeu Lelouch e logo Diana segurou a mão do garoto, aceitando a ajuda dele para se levantar.
— Eu posso saber que negócios são esses? — Ela perguntou sem olhar para o garoto, estava focada em limpar sua saia com algumas tapas, tirando a poeira e sujeira que estava na mesma.
— Essa sim é uma longa história, posso te contar amanhã na escola? — Perguntou Lelouch olhando para a rua, o garoto parecia com pressa, Diana o encarou e logo segurou a mão dele.
— Posso te acompanhar até um certo ponto? Acho que vamos na mesma direção. — Ela perguntou com um sorrisinho fino para o garoto. — E eu tenho algo para te contar. — Disse Diana e Lelouch retribuiu o sorriso para a garota, puxando ela e começando a andar.
— Claro, me diga o que quiser. — Falou Lelouch, então a garota soltou sua mão, abraçou o braço esquerdo de Lelouch e andou grudada nele, observando o caminho enquanto acompanhava seus passos.
— Eu meio que te contei como acabei nessa cidade, mas nunca te disse quem era minha mãe. — Ela falou em meio a risos curtos e baixos, Lelouch arqueou uma sobrancelha e ficou confuso enquanto olhava para a garota.
— Eu conheço? — Ele perguntou com a dúvida nítida em seu olhar, Diana fixou seus olhos na face do garoto e sorriu de forma alegre.
— Claro! — Ela fechou os olhos e continuou com uma expressão boba e alegre. — É a nossa professora de história… Eu sou adotada, mas mesmo assim, amo ela como minha mãe de verdade. — Diana levou seu olhar para frente e prosseguiu caminhando com Lelouch, ele ainda não conseguia acreditar no que ouviu. — Eu não conheci nenhum dos meus pais de sangue. Minhas lembranças são todas do orfanato, ela me adotou quando eu tinha seis anos de idade, desde então vivi com ela. Eu gosto bastante dela. — Diana sorriu enquanto se recordava de boas memórias com sua mãe adotiva. — Embora ela sempre saísse a noite e nunca tenha me dito para aonde iria, isso me preocupava, talvez fosse por conta do medo de ser abandonada… Mas em todos esses anos, ela nunca fez isso, então já perdi esse medo. — Diana sorriu mais uma vez alegre e satisfeita por ter sido adotada por uma mulher dessas.
— Entendo… Você realmente deve ter tido uma infância difícil. — Lelouch disse e abaixou o rosto encarando o chão. — Eu tenho algumas memórias com minha mãe, ela gostava bastante de um campo com flores em um parque aonde sempre íamos. — Ele deu um fino sorriso alegre, mas seus olhos demonstravam tristeza. — Ela sempre dizia que queria uma garota que cuidasse de mim tão bem como ela cuidava… E eu sempre respondia que era impossível. — Sem perceber, o garoto já estava com lágrimas nos olhos. Diana ao perceber aquilo, parou de caminhar e forçou o garoto a parar também.
— Sua mãe só queria o melhor para você. — Ao dizer isso, Lelouch olhou para a garota e dava para perceber que ele não queria deixar a lágrima cair. — Um amor de mãe não pode ser esquecido, ele fica guardado em nossos corações. — Dizia a garota colocando a sua mão no peito de Lelouch. — Ela pode ter ido para um lugar melhor, mas, ao mesmo tempo, ela nunca saiu daqui. — Diana disse se referindo ao coração do garoto, levantou seu rosto e fixou seu olhar em Lelouch, dando um sorrisinho alegre. — Vou garantir que o amor que sua mãe queria que você recebesse seja entregue. — A garota fechou os olhos e inclinou um pouco o rosto para o lado.
Com aquelas palavras, Lelouch teve mais memórias de um campo lindo e florido, lá ele caminhava com Yumi e ria bastante. Nem mesmo Nill era tão apegado a mãe do garoto como ele. Sem enrolação, Lelouch colocou as duas mãos no rosto da garota e aproximou sua face da dela, inclinando um pouco a mesma, fechou os olhos e deu um beijo em Diana. A garota arregalou os olhos surpresa, mas aproveitou o momento. Lelouch levou suas mãos para a cintura da garota que correspondeu levando suas mãos ao peito de Lelouch, mantendo um beijo de língua lento e intenso. Durante o beijo, uma lágrima escorreu pela bochecha de Lelouch, chegando até seu queixo, ele finalmente entendeu o melhor que sua mãe queria. Após alguns segundos, ambos pararam o beijo e afastaram suas faces lentamente. A sensação ainda continuava na boca de cada um, isso fez com que eles abrissem os olhos de forma lenta e encarassem um ao outro. Eles mantiveram contato visual por alguns segundos e Diana levou seu polegar ao olho do garoto, limpando a trilha da lágrima que escorreu durante o beijo, tudo isso foi feito em silêncio. Tiveram ali um momento deles, e após a garota terminar seu ato de amor, eles se abraçaram carinhosamente e um pouco forte, ficando assim por algum tempo.
— Estarei sempre contigo… — Diana disse com total confiança no garoto e um tom de apaixonada em sua fala.
— Te digo o mesmo, Diana. — Ele falou para a garota e ambos se separaram do abraço. Foi então que o celular de Lelouch tocou mais uma vez e a garota riu de forma fofa para o mesmo.
— Pelo visto você está atrasado — Lelouch arregalou os olhos preocupado e pegou o celular, vendo outra ligação da Lia.
— Desculpa, Diana! Mas agora eu realmente preciso ir! — O garoto não disse mais nada, simplesmente saiu em disparada rumo ao local onde Nill estaria com sua irmã.
Chegando em uma casa abandonada após alguns minutos, a última casa de uma rua sem saída, Lelouch pulou a cerca quebrada que ali havia e foi adentrando as árvores atrás da casa. Ao chegar no meio daquela mata fechada, Lelouch se aproximou de uma escotilha que havia no chão e abriu a mesma, começando a descer os degraus que haviam ali, fechando a escotilha logo em seguida. Estava bastante escuro, cada passo era dado com cuidado para o garoto não cair. Não precisou andar muito para conseguir ver a luz mais a frente, ele adentrou aquele esconderijo subterrâneo e logo viu Nill, ele estava atrás de uma mesa com o torso completamente envolvido por faixas.
— Pelo visto o amor estava no ar. — Lia falou sentada em uma poltrona, segurando uma taça de vinho enquanto sorria de forma irônica para o garoto.
— Então, Nill, pode falar o que sabe. — Undertaker dizia encostado a um balcão, observando o Yagami que estava no centro daquela sala, com o mapa aberto na mesa e algumas folhas acima dela.
— Graças ao computador de Undertaker, consegui descobrir algumas coisas sobre Abaddon, nem tudo é relacionado com os demônios, apenas algumas informações. — Nill disse de forma calculista e Lelouch se encostou na parede ao lado da escadaria, observando a expressão de seu pai, o qual demonstrava tamanho foco nas suas análises.
— O que você concluiu? — Perguntou Lelouch, parecia ter alguns alvos na mesa, e foi então que o Yagami pegou duas folhas, entregando uma para Lia e outra para Undertaker.
— São cinco alvos, vou deixar Lia com o recepcionista de Abaddon, ele além de receber as coisas, também conta o dinheiro. Ele é um demônio, então seja rápida, você precisará apenas se posicionar e mata-lo às dezesseis horas de amanhã, vai ser o momento de uma das entregas. — A garota observou a folha enquanto seu pai falava, ali estava escrito o local e a hora, além de uma foto do recepcionista, um rapaz negro e sem cabelo, vestido bem socialmente e com óculos de lentes circulares.
— Está bem, pode deixar comigo. — A garota disse confiante e tomou um gole do vinho na taça em sua mão.
— Undertaker está encarregado de matar um dos seguranças de Abaddon, simplesmente suma com ele enquanto dorme, na forma humana, eles sentem sono e precisam dormir. — Undertaker entendeu o que Nill dizia e concordou com a ideia, segurando o papel em mãos da mesma forma que Lia, recebendo as mesmas informações, mas retratos diferentes.
— E eu? Nenhum alvo? — Perguntou Lelouch e Nill encarou seu filho, o garoto engoliu seco ao ter um olhar de vingança vindo de seu pai.
— Preciso que você mate um demônio que está na sua escola. — Nill falou com frieza e logo se afastou da mesa, pegando o papel e indo em direção a Lelouch.
— Está bem, tem muitas pessoas lá, mas acho que consigo fazer tudo silenciosamente. — Nill entregou a folha para o menino que na mesma hora arregalou os olhos.
— Maria Walker é um demônio que provavelmente estará de olho em você quando descobrir que está vivo. — Nill falou em tom sério e o garoto continuou não acreditando no que estava vendo. — Agora vocês têm um alvo, todos tratem de concluir suas missões. Após executa-los, partiremos para o plano principal e acabaremos com Abaddon no centro comercial… O shopping. — Nill se afastou de seu filho e voltou para a mesa, voltando a analisar os mapas e os planos.
— Essa… — Lelouch sussurrou e se virou falando consigo mesmo, ele começou a subir as escadas para a superfície. De certa forma ele não conseguia acreditar no que via. — Droga… — O garoto amassou um pouco a folha e saiu para fora daquele local, abriu a escotilha e soltou a mesma com tudo para se fechar. Caminhou até a árvore mais próxima. — Merda! — Pronunciou o garoto de raiva e socou fortemente a árvore, quebrando a estrutura da mesma e fazendo ela cair. O garoto soltou o papel e se sentou no chão, abraçando suas pernas e apoiando a cabeça em seus braços. — O que eu faço agora? — Perguntou ele lamentando.
Naquela folha amassada ali no chão, pouco longe à direita do garoto, havia a foto de Maria Walker, a qual era a professora de história de Lelouch. O vento passou pelo local e levou a folha junto consigo pra um local aleatório. Lelouch agora estava pensativo e com raiva, a verdade estava o corroendo por dentro e talvez fosse uma das decisões mais difícil de sua vida naquele momento.
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