Capítulo especial
Anos depois..
Eu pensei que quando Julian crescesse, teria a beleza do pai dele. Já pensou uma criança linda de cabelos negros e olhos azuis? mas por incrível que pareça ele se transformou no meu clone.
Cabelos encaracolados e olhos de jabuticaba.
Mas a personalidade é toda do pai, é teimoso, chorão e também se faz de surdo às vezes.
Ele ama imitar tudo que o pai faz, até a risada é a mesma.
E ele está nesse exato momento correndo pela praia feliz da vida atrás das benditas tartarugas.
E o meu marido logo atrás dele, com as mãos estendidas servindo de apoio para ele não cair, mas o meu filho é firme em seus passos e é muito independente. Desde do dia que começou a dar os primeiros passos, nunca mais quis voltar para o meu colo.
E eu pensando que ele seria totalmente dependente de mim, e que a minha vida seria protegê-lo a todo custo.
O garoto só chora quando quer alguma coisa e quando consegue o quer para de chorar.
Manipulador desde pequeno.
Ele já dorme sozinho, e sabe os nomes de todas as coisas que não gosta de comer.
Cada dia, ele nos surpreende.
E Diego está envelhecendo como vinho, cada dia mais grisalho e bonito.
Sem contar que está mil vezes mais rabugento.
E eu, estou aqui sentada na cadeira de balanço na varanda com os pés inchados porque estou esperando a nossa segunda filha que irá se chamar Amora.
Sim, nome de fruta.
Pois foi a primeira palavra que Julian disse, e é a fruta preferida de Diego, então ele decidiu que se um dia tivéssemos uma menina ela teria esse nome.
Pois bem.
Pena que não é ele quem vai parir.
Encerramos as sessões de terapia e podemos dizer que somos um casal saudável. Às vezes tenho vontade de matá-lo, mas acredito que é apenas uma reação natural do estresse que a vida a dois proporciona.
Annabelle agora é uma linda moça e começou a namorar com um rapaz a pouco tempo, pra tristeza de Diego que sempre que pode arruma um jeito de intimidar o rapaz.
Ele encontrou uma nova pessoa pra implicar.
Nunca imaginei que viveria pra ver ele com ciúmes.
É tão fofo.
Anna resolveu seguir o sonho da mãe que é ser bióloga e assim que se formar vai entrar pra faculdade.
Mas por enquanto vai seguir com a dança que acabou virando seu hobby favorito, graças a mim.
Lamento que ela não tenha nenhuma lembrança da mãe por conta do incêndio, mas Diego faz questão de lembra-la todos dias de como sua mãe era uma mulher maravilhosa.
E eu dou total apoio, afinal de contas, meu papel nunca foi tomar o lugar da mãe dela, e sim ser uma amiga que ela pode contar pro resto da vida.
Mas infelizmente vou ter que dormir com o pai dela às vezes.
Zyan cresceu bastante, assim como as suas madeixas, mas ele tem deixado crescer, somente para cortar e doar para as crianças com câncer.
Achei uma atitude louvável da parte dele.
Diego retomou suas atividades como médico atuando em hospitais públicos com intuito de ajudar as pessoas mais carentes que não têm condições de pagar um médico.
Mas eu vi que tem ido mais mulheres do que o normal em seu consultório.
E ele disse que era paranoia minha, que só estava fazendo o seu trabalho.
Fui até lá e encontrei uma mulher pedindo pra ele examinar as partes íntimas dela, sendo que ele nem é ginecologista.
Resultado, encaminhei ela para o cirurgião.
E o agredi também para ficar esperto da próxima vez.
Sei que ele não seria idiota a ponto de me trocar por um bando de mal amadas, ainda mais depois de tudo que passamos juntos.
Porém se trocar, tudo bem, se tem uma coisa que aprendi nessa vida e não depender emocionalmente de homem nenhum.
Sou uma mulher independente.
Com muito esforço eu consegui montar meu próprio restaurante e coloquei o Maycon pra trabalhar lá como gerente, como eu havia prometido.
Ele ficou feliz da vida.
Minhas receitas repercutiram o mundo inteiro e em pouco tempo o restaurante estava lotado.
Por falar em Maycon, ele e Brad finalmente encontraram uma mulher com a mente aberta para fazer sexo a três com eles.
E fez questão de me contar os detalhes, o que foi tenebroso.
Minha mãe se casou com Richard. Foi uma cerimônia simples, porém bem bonita.
Senti que ela estava mais do que feliz, pois isso nunca tinha acontecido na sua vida, e ela, assim como eu, encontrou o seu final feliz.
Joy pegou o buquê, mas teria que esperar os gêmeos nascerem para pensar em se casar de novo. Sem contar que ela tem a Amber que é uma espoleta e dá muito trabalho.
Seu marido é novo, mas está cheio de fios brancos de preocupação.
Eu me divirto muito com esses dois.
Enfim, tenho me esforçado o máximo pra ser uma boa mãe, madrasta, chefe, esposa e filha e confesso que não é uma tarefa fácil, mas fazer o que, ninguém é de ferro.
E quando estou a ponto de explodir é pra cá que eu venho, pra colocar os parafusos no lugar.
Estamos curtindo umas férias na casa de praia dos meus sonhos, literalmente.
A mesma que tem uma linda varanda, onde é possível ver o pôr do sol de perto.
Eu pensei que jamais pisaria os meus pés na praia outra vez, devido ao trauma que sofri, mas decidi que vou enfrentar todos os meus medos de cabeça erguida, não irei mais fugir.
A casa que moramos atualmente fica no meio do mato. Diego e eu optamos por morar em um lugar mais isolado, mas a cidade não fica tão longe, e temos que revezar na hora de levar as crianças para escola.
E quando ficarem grandinhos vão poder ir de ônibus.
Para aprender que a vida nem sempre é um mar de rosas.
É bom que saibam enfrentar seus medos, ainda pequenos, para não se tornarem adultos limitados.
Achei até melhor morar longe da cidade, assim não vamos ter que nos preocupar com vizinhos.
Tomei trauma.
E o único vizinho que eu não me arrependo de ter conhecido foi o Diego.
Ele não faz ideia do amor que sinto por ele.
E eu tentei fugir dele tantas vezes, sem saber que ele era o amor da minha vida.
Até hoje eu dou risada disso.
—– Amor, vem, a água está ótima — Ele gritou de longe.
Como esse idiota quer que eu vou nadar assim, é perigoso eu encalhar já que estou parecendo uma baleia.
De repente, notei que Julian havia sumido.
—– Diego, cadê o nosso filho? — Perguntei já com o coração acelerado, notando o seus chinelos sendo carregado pelas ondas agitadas do mar.
Ele olhou para os chinelos e depois começou a procurar desesperadamente na água.
O homem ficou branco na hora.
Eu estava quase entrando em desespero, quando Julian surgiu atrás de mim
—– Olha, mamãe, consegui pegar a tartaluga — Disse inocente segurando o bichinho com as duas mãos.
Abracei ele, quase infartando.
—– Tá aqui — Gritei para Diego quase sem voz, e ele veio correndo, tropeçando nos próprios pés, coitado.
Apanhou o menino no colo e o abraçou fortemente.
Julian ficou sem entender nada, e ainda ficou nervoso ao ver que seu pai o apertava demais.
Esse susto vai ficar pra história.
Na volta pra casa tivemos que levar a tartaruga pois Julian insistiu.
O que não fazemos por um filho.
E de pensar que eu nem podia ter filhos e hoje eu tenho dois.
Estou mais do que feliz por isso.
Chegando em casa, Julian abriu a porta do carro e saiu correndo para mostrar o bichinho para a avó dele, que não era bem a sua avó, visto que ela nem era mãe do Diego e muito menos minha, mas ele a considera como se fosse, então deixamos assim.
Ela mora com a gente e confesso que nos ajuda muito, já que fica com as crianças para que Diego e eu possamos trabalhar, e queríamos até pagá-la, mas ela se recusou, disse que cuidar dos nossos filhos ajuda a amenizar a dor de ter perdido a sua única filha, e como ela já está velha o dinheiro de nada a serviria.
—– Preciso de um banho urgente - Comentou Diego
—– Leva o Julian com você.
Julian ao perceber isso saiu correndo pela casa.
Ele odeia tomar banho.
—– Volta aqui seu porquinho — Diego correu atrás dele, e sua risada
Nunca vi uma criança tão enérgica, tão feliz, como o meu filho. Deus não poderia ter me dado um filho melhor.
Um marido melhor.
Uma vida melhor.
E hoje eu entendo que tudo de ruim que passei foi preciso para que coisas boas acontecessem na minha vida, para que eu me tornasse uma pessoa melhor e desenvolvesse o amor próprio que acredito que foi o que me libertou.
E antes que eu me esqueça.
E se um dia um carro parar e alguém te oferecer uma carona, não aceite, pois você pode se arrepender amargamente.
Digo por experiência própria.
Fim.
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