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Acordei dias depois no hospital, mas ao contrário da minha mãe, vi um homem  velho de cabelos grisalhos dormindo na cadeira ao lado.

Fiz menção de me levantar da cama porém não consegui pois a dor que acometia meu corpo era forte demais.

Eu estava com o braço e parte do tronco enfaixado.

Ainda com esperanças de que minha mãe entraria por aquela porta, com sua aparência desequilibrada e o sorriso amarelado. Ajeitei a minha cabeça no travesseiro e fiquei encarando o teto apreensivo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto pequeno.

Onde está a minha mãe?

Foi a primeira coisa que pensei.

Senti algo se movimentar do meu lado e meu coração acelerou de repente. Era aquele homem estranho, ele tinha acordado.

Arregalei os olhos assim que ele se aproximou da cama.

Fiquei paralisado e comecei ofegar.

—– Ei, se acalma — Ele apoiou a mão em meu peito, e eu grunhi como um animal ferido — Eu não vou te machucar, garoto.

Sua voz falha por um instante me tranquilizou.

Fiquei calado olhando para aquele par de olhos grandes voltados pra mim.

—– Mas tive que dizer que você era um dos meus netos que havia desaparecido, para poder te tirar daqui — Cochichou.

Permaneci com os olhos vidrados nele.

—– Como se chama? — Ele perguntou, mas eu tive receio de responder, então permaneci calado — Bom, seja lá como se chama, vai ter que dizer que se chama Diego, ok?

Balancei a cabeça negativamente, até porque eu tinha um nome, e era Gael.

—– Garoto tolo — Ele resmungou —Quer ficar aqui ganhando injeção na bunda o tempo todo? e depois vão te mandar para um lugar onde as crianças da sua idade não dormem, só trabalham...

Fiquei mais assombrado com a forma como ele falou do que com a história em si.

Depois que eu recebi alta, aquele velho inventou que a sua casa havia pegado fogo e todos os meus documentos estavam lá.

O médico abaixou os olhos e me  encarou desconfiado.

—– Diego,  esse é o seu avô?

Olhei para aquele homem alto e notei que ele se encaixava no perfil dos homens que a minha mãe namorava.

E fiquei encarando ele por um bom tempo.

—– Ele ainda tá um pouco em choque com tudo que aconteceu, não está muito afim de falar — O velho disse para o médico, em seguida saiu me empurrando em direção a porta de entrada do hospital.

A gente seguiu rapidamente até a sua caminhonete que estava estacionada do outro lado da rua.

—– Diego era o nome do meu neto mais velho —  Disse após fechar a porta do carro — Ele tinha sua idade quando morreu, onze anos.

—– Não tenho onze, tenho oito — Rosnei

Ele me olhou de cima a baixo, e eu me encolhi na cadeira esperando uma bronca daquelas.

Se eu respondesse a minha mãe assim ela iria me bater até mijar nas pernas.

—– Então você fala? Pensei que era mudo — Ele falou e depois girou a chave do carro —  Bom, meu neto se perdeu, depois de uns dias eu o encontrei boiando em um lago aqui perto — Vou te ensinar a nadar para que o mesmo não te aconteça, me arrependo de não ter ensinado ele nadar, se ele soubesse nadar, isso não teria acontecido.

Ele parou o carro e quando desci me deparei com uma simples cabana.

O velho pegou a espingarda atrás do banco, e bateu a porta do carro, me assustando completamente.

—– Vamos entrar — Sua mão tocou em meu ombro e depois ele passou por mim.

Sua estatura se igualava a minha, e eu
não sabia ao certo se eu era grande ou ele era pequeno demais.

Eu fiquei parado ali por um tempo, tentando absorver toda aquela situação.

Como eu fui parar no hospital?.
Como ele me encontrou? Onde está minha mãe?

Depois que ele entrou, dei meia volta e sai correndo  em direção a mata.

Eu precisava sair dali, precisava achar minha mãe. Ela prometeu que ficaria comigo.

Meu coração batia acelerado e minhas pernas tremiam.

Mas mesmo fraco e despedaçado por dentro, continuei correndo sem saber pra onde ir.

Até que escutei um barulho e caí de cara no chão, assustado.

O velho tinha atirado pra cima com sua espingarda.

Ele se aproximou de onde eu estava, e eu meu peito começou subir e descer, esperando sua próxima ação impiedosa.

Ele vai me matar, pensei.

Mas ele apenas me pegou pelo braço e me virou em sua direção.

Outra vez encarei seus olhos grandes, mas dessa vez ele estava furioso.

—– Escuta aqui,  garoto, eu sei que você não me conhece e pensa que eu sou um velhinho mal que anda com uma espirgada por aí sequestrando crianças, mas eu não sou, criei quatro filhos e seis netos sozinhos, sem apoio de ninguém, eu mesmo que caçava a comida e a preparava, e tenho criado meus netos para fazer o mesmo desde então. Quando perdi um, isso me doeu na alma, mas não foi por falta de aviso, essa mata não é parque de diversão não, quer se aventurar? saiba que não vai durar uma noite aí dentro...

Ele me jogou no chão e apontou o cano da espingarda pra mim, segurei o braço pra conter a dor, meus olhos lacrimejaram.

—– Acha que isso que estou fazendo é maldade, acha que estou sendo maldoso com você, quando eu te encontrei, tava deitado em um monte de espinhos agonizando, e tinha ferimentos por toda parte, tá vivo por puro milagre, podia ter virado comida de lobo, e acho que não foi o suficiente porque você quer voltar lá pra apanhar de novo, se você prefere viver com um tipo de pessoa dessa ao invés de viver comigo, um velho rabugento que salvou a sua vida, vai em frente, está livre pra ir quando quiser...mas saiba que vai está sozinho nessa, eu não vou mover um dedo pra ir atrás de você dessa vez...

Dito isso, ele virou as costas e seguiu seu caminho de volta, me deixando ali desprotegido.

Levantei do chão com um pouco de dificuldade e segui seus passos lentos.

Depois que a ficha cai, você não tem outra escolha a não ser aceitar.

Na cabana, eu me juntei aos seus outros netos, duas meninas e três meninos, todos com idade entre quatro e oito anos, e lá eu me tornei uma criança feliz, amada, aquele velho rabugento cuidou de mim, me ensinou a amar o próximo e perdoar. Com ele eu aprendi o que era família de verdade.

Tinha pesadelos com a minha mãe e meu irmão o tempo inteiro.

Mas aquele senhor disse que eu tinha que esquecer o passado e focar no presente, pois não havia nada de bom que eu pudesse tirar de lá.

Eu teria que substituir aquelas lembranças dolorosas por novas lembranças.

Ele conseguiu novos documentos pra mim, e eu acabei me tornando um dos seus netos oficialmente.

A gente tinha roupa, comida, cobertores quentinhos e o mais importante, amor.

Foi com ele que desenvolvi o amor pela natureza e os animais, apesar da caça ser nossa única fonte de alimento, eu nunca matei um animal sequer.

Eu era fascinado pela forma como aquele velho cuidava da gente, sempre que a gente se machucava, ele mesmo fazia os curativos e preparava chá de ervas medicinais pra gente beber, comecei a praticar o mesmo com os animais mortos que eu encontrava pela mata.

Eu os abria e retirava seus órgãos para analisar.

Com isso ele viu que eu era útil pra alguma coisa.

Eu queria ser como ele, eu queria salvar pessoas, cura-las.

Mas ali eu não teria essa oportunidade, então ele me deu alguns trocados para que eu conseguisse pelo menos chegar até a cidade.

Comecei estudar por lá, conclui o ensino médio e foi assim que eu consegui uma bolsa para cursar  medicina.

Conheci a Cristine na faculdade, ela  estava cursando veterinária, começamos a namorar, e tínhamos a promessa de nos casar assim que terminassemos os estudos. 

A gente foi se conhecendo e ela me contou que uma vez que havia conhecido um garoto que se parecia muito comigo, porém seu jeito não a agradou. Ele era frio e duro como uma rocha, mas mesmo com seu jeito arrogante e misterioso, arrancava suspiros por onde passava.

Isso me assombrou por um tempo, eu não queria que o meu irmão descobrisse que eu estava vivo.

Eu tinha idade o suficiente para entender que minha mãe tentou se livrar dos seus dois filhos, porém de formas diferentes.

—– Isso é muita coincidência —  Eu disse para Cristine

Mas o meu disfarce não durou muito tempo, logo os murmúrios se espalharam pela instituição. A semelhança era nítida, não tinha nada que nos diferenciasse a não ser a personalidade, então fui obrigado a mudar de faculdade e a me separar do meu amor.

O passado me perseguia a todo instante, eu não o odiava, mas sentia que tinha que ficar longe dele, por segurança.

Posso ter trocado de nome, mas mudar de aparência era impossível.

Assim que terminei a faculdade, mudei para outra cidade e comecei a atuar na área da medicina, e me ocupei durante um bom tempo salvando vidas, enquanto o meu irmão aparecia na televisão como sendo um dos empresários mais jovens de toda a América.

Eu estava orgulhoso por ele, vendo que ele tinha vencido seus traumas de infância, e tinha se tornado um homem bem sucedido.

Foi uma crueldade o que fizeram com ele, quando era apenas uma criança. E não parava de pensar que o mesmo poderia ter acontecido comigo.

Aqueles pesadelos, os sinais que ele sempre dava, eu só fui compreender anos depois e confesso que isso me chocou bastante.

Eu só queria abraça-lo, mas infelizmente o único contato que tínhamos era através da tv onde eu acompanhava um pouco da sua vida, anonimamente.

Eu fui ingênuo demais de acreditar que ele não me odiava, fiquei confiante demais achando que ele nunca me encontraria em lugar algum. Fui vivendo a minha vida tranquilamente, sem me importar com o que poderia acontecer.

O poderoso Caleb Miller tinha coisas mais importantes pra se preocupar.

Eu não significava nada pra ele, e muito menos pra minha mãe.

Qualquer semelhança com ele seria pura coincidência.

Era melhor ele continuar acreditando que eu tinha morrido.

Reencontrei a Cristine anos depois em uma festa, e por incrível que pareça o amor que sentíamos um pelo outro permanecia o mesmo. Então nos casamos em uma bela tarde de primavera, nos mudamos no verão,  e anos depois tivemos a nossa primeira filha.

Eu acreditei mesmo que poderia viver  feliz com a minha família.

Acreditei que chegaria a ver o meu filho crescer, e até na possibilidade de ter outros.

Queria a casa cheia como o meu avô, que morreu sem conhecer sua primeira bisneta.

Nunca passou pela minha cabeça que esse sonho poderia acabar um dia.

Eu ia à igreja todo domingo e rezava por todo mundo, principalmente pelo meu irmão, pedia a deus que o perdoasse por todo mal que ele me fez, porque eu já tinha o perdoado.

Mas isso foi depois da terrível tempestade que passou pela minha vida e destruiu tudo.

Não teve um dia dentro daquela solitária fria e escura que eu não chorei, um dia que eu não desejei a morte daquele indivíduo que entrou na minha casa e matou minha mulher e filho, eu queria que ele sofresse, queria que implorasse por misericórdia, e por fim queria ver o seu sangue escorrer pelo chão.

E isso era tão destrutivo, que só me  consumia dia após dia.

E não foi o que o meu avô me ensinou, ele dizia que o perdão lavava a alma e tornava a vida mais leve.

Mas como perdoar alguém que tirou tudo de você.

Quando eu soube que o meu irmão estava por trás do massacre, eu precisei perdoá-lo duas vezes.

E até hoje sinto que não o perdoei totalmente. Era melhor se tivesse me matado, doeria bem menos.

Sinto que sou culpado por ele ter se tornado quem se tornou.

Atualmente vivo minha vida pensando no que eu poderia ter feito de diferente.

Seus gritos nunca mais saíram da minha cabeça. Aquela criança tá presa dentro de mim, me lembrando todos os dias que eu poderia tê-la ajudado e não ajudei.

Ele era o meu irmão, e apesar de tudo,  eu o amava.

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