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Me veio à mente a imagem  terrível de um homem parado ao lado da minha cama, me observando.

Mas eu nunca pensei que essas lembranças fossem reais, sempre acreditei que eram pesadelos, já que só ocorriam na madrugada, quando o único som que se ouvia era o da minha própria respiração.

Quando os pesadelos começaram, eu tinha sete anos, e sempre chorava antes de dormir, porque eu sabia que quando eu fosse para o meu quarto, o monstro  viria como uma sombra se rastejando silenciosamente na escuridão. Um monstro que vinha para abafar os meus gritos. Mas por mais que eu  chorasse, minha mãe parecia não dá a mínima, talvez por achar que fosse uma típica birra de criança, acredito que se ela fosse uma mãe atenta, teria percebido os sinais, e eu dei muitos.

Eu demorei muito pra entender que aquele monstro na verdade era o meu pai, até porque durante o dia, ele se mostrava diferente, carinhoso e gentil, um lobo em pele de cordeiro.  Era ele quem na maior parte do tempo cuidava de mim, penteava meu cabelo, preparava lanches deliciosos e me levava para a escola. Mas quando você cresce começa a entender melhor o ambiente em volta e as pessoas com  quem convive, e passa a observar comportamentos estranhos, além de  descobrir coisas que jamais poderia imaginar e se recusa acreditar.

O monstro não tinha formas, ele era todo bagunçado, e tinha olhos que brilhavam como duas chamas acesas, sem contar que era enorme.

Essa foi primeira imagem que captei dele, mas eu era apenas uma criança vivenciando algo que sequer poderia entender.

Reportei para minha mãe diversas vezes sobre o tal pesadelo, mas ela sempre se esquivava do assunto, nunca estava disposta a me ouvir, ela nem estava lá pra escutar os meus gritos, e muito menos acreditou em mim.


Me lembro de ter me tornado agressiva na escola porque eu tinha raiva demais  para uma criança. Me tornei uma adolescente frustrada e me julgava a  mais problemática que todos os outros adolescentes, e minha mãe achou que a dança de alguma forma me ajudaria a lidar melhor com essa fase de descobertas, ela sempre tentou fazer com que eu não descobrisse o real motivo por trás disso tudo.

Eu era uma criança de onze anos tendo que lidar com uma sexualidade precoce.

E eu de fato nunca enxerguei o rosto do meu pai por trás daquele monstro , eu apenas deduzi que fosse ele, quando comecei a ter lembranças de situações do dia a dia, quando o seu olhar malicioso passava despercebido pela minha inocência, quando o toque sutil de suas mãos me distraia de sua perversidade, quando seus sorrisos eram dados com intenções erradas, e quando simplesmente descobri que ele não era o meu pai de verdade.

Ele sempre fez isso, mas suas ações eram disfarçadas de carinho.

(...)

Quando voltei para a realidade percebi que estava inerte no corredor, ofegante e com o coração acelerado. A porta do meu quarto estava fechada e eu estava a poucos metros de alcançá-la, mas estava paralisada pelo medo, medo de voltar a sentir coisas que eu não queria.

Por fim, tomei coragem e entrei no quarto onde coisas terríveis aconteceram, estava escuro e até eu conseguir encontrar o interruptor foi angustiante. Minhas mãos tremiam a todo instante. Quando o localizei, bati nele com força, como se estivesse punindo ele por ter sumido.

Escorei na parede aliviada e soltei todo  ar preso em meus pulmões.  Eu estava aliviada por pelo menos ter conseguido vencer a escuridão.

Olhei em volta e vi um quarto impecavelmente arrumado, do jeito que eu costumava deixá-lo sempre quando eu saia, ele tinha um aspecto infantil, embora eu  ainda ousasse um pouco com os post da minha banda de rock favorita. Enquanto algumas meninas sofriam com o amor não correspondido do vocalista, eu tive uma queda pelo baterista que tinha o dobro da minha idade na época e hoje deve ter o triplo.

Na prateleira, uma fileira de livros, revelando um dos meus hobbies favoritos.

Pendurada ao lado da minha cama, estava a roupa de balé que usei até os onze anos, depois passei a dançar outros ritmos até os quinze.

Cada cantinho daquele quarto me dava uma nostalgia imensa, e eu agradeci mentalmente a minha mãe por não deixar nada disso se perder.

Como eu me perdi.

Sinto que não pertenço mais  a esse lugar.

Os traumas causaram um abismo dentro de mim.

Uma parte de mim quer voltar atrás, mas a outra quer simplesmente apagar essa parte da minha vida.

E quando senti que o ataque de pânico estava vindo, corri em direção a porta, mas ela se fechou bruscamente na minha cara e a luz se apagou, fazendo meu corpo enrijecer.

—– Não — Sussurrei, tateando a mesma, com lágrimas nos olhos

Eu estava presa novamente, e além disso, eu estava sozinha.

A sensação era horripilante.

Agarrei a maçaneta da porta e comecei  a gira-la desesperada.

—– Mãe, eu estou presa, por favor me tira daqui — Gritei atordoada, esmurrando a porta. Mas os meus gritos foram rebatidos por um silêncio perturbador.

Eu não estava preparada pra enfrentar um dos meus piores pesadelos, eu nunca estive, mas me dei conta de que eu só sairia dali se fizesse isso, então eu respirei fundo e virei o rosto pra trás devagar.

Me deparando com o quarto vazio e uma única janela.

Senti o ar faltar,  e o suor frio escorrer pela minha testa.

Mesmo relutante, eu me forcei a ir até lá, e senti meus passos molhados, quando olhei para o chão notei que a água cobria os meus pés.

Paralisei, quando avistei um homem de meia idade, completamente encharcado, parado ao lado da janela olhando pra mim.

Seu olhar me congelou.

—– Venha filha, não tenha medo  — Ele  me estendeu a mão.

Nessa hora senti as batidas do meu coração acelerarem e a raiva dominou por completo o meu ser, mas não mais do que o nojo de olhar para o homem que me causou tanto sofrimento.

Caí de joelhos no chão vencida pela dor, e fechei os olhos, tentando me convencer de que nada era real, que minha mente só estava tentando me pregar uma peça.

Eu só preciso respirar.

Não entendi porque eu estava exausta, eu sentia um peso enorme sobre mim que me fazia sufocar.

Eu nunca consegui ir até aquela simples janela, eu nunca entendi o porquê desse medo, sempre quando eu pensava em ir até lá, me dava uma sensação muito ruim.

—– Você conta dessa vez.

Levantei os olhos e vi seu corpo se esgueirando por detrás das cortinas.

Olhei ao redor e o quarto não parecia mais tão assustador, e sim colorido, me despertando um sentimento bom, e tinha um  cheiro agradável de bolinhos de chuva e chocolate quente.

Me levantei e logo senti um desejo inexplicável de procurar pelo meu pai.

1, 2, 3....

Prontos ou não, lá vou eu...

Avancei com passos sorrateiros até a janela, mas quando me aproximei das cortinas o medo veio com força  e eu percebi que não queria encontrá-lo, então dei dois passos pra trás e o quarto voltou a ficar com um aspecto aterrorizante.

—– Ella não tenha medo, eu estou aqui com você — Uma voz calma me fez olhar para o lado e ver Ed vestido como um anjo.

Sua aparência angelical me fez sorrir e me encheu de esperança.

—– Ed — Sussurrei, e ele sorriu radiante.

—– Precisa perdoá-lo — Ele suspirou e uma faca se cravou em meu peito.

—– Não, eu nunca vou perdoá-lo — Falei movida pela a raiva.

—– Assim vai conseguir separar as coisas boas das ruins — Ele completou

—– Não tem que perdoá-lo e nem ficar descascando essa ferida — Outra voz migrou os meus sentidos para outro canto do quarto.

E Caleb surgiu com o seu olhar implacável de sempre, com as mãos manchadas de sangue.

—– Quando tocamos na ferida, ela dói, mas se a esquecemos, ela sara —  Ele completou.

—– Não dê ouvidos a ele, Ella, o perdão é o descanso da alma, se você esquecer a ferida sem tratar dela, ela vai demorar pra sarar.

—– Eu teria costurado a sua boca, se soubesse que era tão falante — Caleb o confrontou.

—– Me diga Caleb, como é aí no inferno?

—– Que loucura — Revirei os olhos — Isso não está acontecendo.

Me afastei dali e comecei a andar em direção a porta que por incrível que pareça agora estava aberta.

Eu estava apta a fugir das situações e ver aquela porta aberta me deu uma alegria imensa.

Mas parei na metade do caminho, quando percebi que assim que eu atravessasse aquela porta todo o meu esforço de chegar até aqui teria sido em vão, e todas as palavras que eu disse para a minha mãe no fim não iam servir  de nada.

Então me virei novamente e dessa vez eu estava decidida a enfrentar o meu pai de uma vez por todas, eu não sou mais aquela garotinha medrosa.

—– Isso mesmo, Ella, mostre que você é corajosa — Ed me incentivou, enquanto Caleb tentava me intimidar com sua risada monstruosa que ecoava por todo o quarto.

—– Eu o mataria —  Outra voz adentrou os meus ouvidos — Pedófilos merecem sofrer.

Cerrei os punhos ao me lembrar de toda a dor e desconforto que me foi causado.

Olhei para Vicent com os olhos embasados pelas lágrimas.

Ele estava com uma expressão apática e sombria.

—– Eu dei descanso a muitas almas sofridas, permitindo que chegassem ao paraíso sem um arranhão, mas todos que me machucaram, eu teria o prazer de derreter suas peles com soda cáustica e ácido enquanto ainda vivos.

Seu comentário me deixou extremamente desconfortável.

Em seguida,  ele se aproximou e me entregou uma faca ensaguentada.

Fiquei em choque.

—– Faça-o sangrar até a morte — Ele disse direcionando os olhos para a frente.

Segui seu olhar e vi que o meu pai estava amarrado em uma cadeira, completamente nu.

Meu corpo estremeceu.

—– Pense no sofrimento daquela garotinha, pense no seu sofrimento — Ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo apertar a faca com força.

Cega pela raiva e motivada pelo sentimento de ódio e vingança, eu avancei em direção ao meu pai sem dó nem piedade.

E o primeiro golpe atingiu seu coração em cheio, mas senti uma pontada no peito e minha respiração encurtou.

Logo me vi sangrando e me afastei assustada, deixando a faca cair no chão, e quando eu olhei para frente novamente notei que o meu pai havia desaparecido.

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