6
Eu estava entediada em casa assistindo a um filme pela vigésima vez quando ouvi a campainha tocar. Pela fome que eu estava sentindo, imaginei que fosse algum entregador de pizza, meu estômago roncou de satisfação, mas era só o carteiro.
–— Vicent Coleman, mora aqui? — Ele perguntou
Franzi a sombrancelha confusa, até finalmente deduzir que ele provavelmente estava se referindo ao vizinho da casa ao lado.
—– Não, ele mora ali - Apontei para a casa ao lado da minha
—– Ok, obrigado.
O carteiro deu de ombros, mas a curiosidade e a excitação estavam me consumindo por dias sem notícias do novo vizinho que tinha desaparecido misteriosamente de sua janela.
Só queria me certificar de que estava tudo bem com ele, antes de voltar para a minha vida miserável. E aquela era a minha única oportunidade.
–— Espere — Chamei
O carteiro se virou ao ouvir a minha voz e me olhou confuso.
—– Eu acho que ele não está em casa agora — Coçei o nariz — Mas se quiser, pode deixar que eu entrego — Funguei olhando fixamente para o rapaz afim de convencê-lo.
Ele encolheu os ombros, depois se aproximou de mim novamente.
—– Ok, é só assinar aqui — Ele me estendeu uma caneta, e eu a peguei de sua mão e assinei em sua prancheta com a mão um pouco trêmula por sentir seus olhos presos em meu cabelo, depois que voltei a olhar, e ele limpou a garganta disfarçadamente.
–— Obrigado senhora, tenha um ótimo dia - Desejou, e eu retribui com um sorriso gentil, mas assim que ele se virou eu fechei os olhos e suspirei, pensando na estupidez que tinha acabado de fazer.
Vicent Coleman.
Li o nome na caixa e olhei para a fachada de sua casa com receio.
É hoje que iremos nos conhecer pessoalmente.
Peguei a caixa soltando o ar com força e caminhei até a casa, sentindo meu coração bater acelerado,e minhas pernas tremerem a cada passo.
Eu precisava vê-lo, nem que fosse só um pouquinho, estava me sentindo muito solitária e carente ultimamente já que Caleb tinha viajado a negócios.
Como se a presença dele aqui significasse alguma coisa.
Revirei os olhos e subi três pequenos degraus até a porta da casa do vizinho.
Estendi a mão para tocar a campainha, mas vi que a porta estava entreaberta e um tanto convidativa.
Eu ainda pensei em deixar a caixa na porta e voltar correndo pra casa, mas eu não iria fazer aquela cena com o carteiro, só pra chegar até aqui e desistir.
Então fechei os olhos e empurrei de leve a porta, e logo depois adentrei, sentindo um frio na barriga.
Invadir a casa de alguém é um tanto intrigante, mas extremamente perigoso.
A casa era grande, decorada com alguns móveis antigos e quadros. Uma decoração um tanto retrô. Tinha me esquecido que o velho Robert morava ali. Tudo me fazia lembrar dele. Era como se por um instante, ele fosse entrar pela porta com sua bengala e o cigarro entre os dentes e falar:
"Eva, minha querida, sente-se aqui, que eu vou te contar uma história".
Sorri comovida com as lembranças.
Queria ter tido a oportunidade de entrar em sua casa quando ele ainda estava vivo, ele sempre me convidou, mas por receio de Caleb descobrir, eu sempre negava, porém não acho que o vizinho tenha feito muitas mudanças.
Na casa ainda havia algumas coisas encaixotadas, e estava uma bagunça que fazia minhas mãos formigarem de vontade de arrumar. Se Caleb visse toda essa desorganização, certeza de que ele teria um colapso nervoso.
—– Olá — Chamei — Tem alguém aí?
A minha voz foi rebatida por um silêncio perturbador que me deu até um frio na espinha, mas até que de casas grandes e vazias, eu entendo.
Adentrei mais o recinto da proibição, sentindo uma excitação fora do comum.
Eu estava invadindo a casa dele, que loucura, mas eu estava mais preocupada em descobrir quais eram os segredos que ele escondia do que com a minha própria intromissão.
Subi as escadas inebriada pelo prazer de reencontrá-lo, e pelo medo também de sua reação. Só que eu não me importei muito, pois estava com sua correspondência na mão, ou seja eu tinha a desculpa perfeita.
Andei pelo corredor, até ver a porta aberta do seu quarto, o que aumentou ainda mais meus batimentos cardíacos.
Comecei a ofegar, mas não sabia se era pelo medo ou desejo.
"Ella, você está indo longe demais, tem que voltar".
Uma voz me alertava enquanto meu corpo ignorava, consumido pela adrenalina.
Um pouco de emoção não faz mal a ninguém, e ele também nem está em casa, eu só vou dar uma olhadinha de leve e depois volto pra casa dos horrores.
Entrei em seu quarto e a excitação aumentou, logo meu peito estava subindo e descendo e minha boca estava seca.
A primeira coisa que fiz foi olhar para a janela do meu quarto através da sua. Percebendo que assim como eu tinha uma visão privilegiada do seu quarto, ele também tinha do meu. O que era um tanto excitante e assustador, já que eu tinha a mania de desfilar pelada sem nenhum pudor, e confesso que tenho feito isso com mais frequência desde que ele chegara.
Pelo simples desejo de ser observada, de ser desejado por um homem jovem e bonito.
Eu sei, o senso passou longe, mas experimenta viver casada com um homem por seis anos, sofrendo as piores humilhações, sem nunca receber carinho ou amor da parte dele, certeza que vai desejar que qualquer estranho te note.
Sua cama estava desarrumada, e havia uma camisa branca sobre ela que eu inconscientemente peguei e aspirei, sentindo um delicioso perfume adentrar as minhas narinas, me fazendo suspirar.
Sentei em sua cama e corri os olhos em volta, admirando cada detalhe, era surpreendente a energia sexual que se fazia presente naquele lugar. As paredes, o tapete, tudo ali foi minuciosamente pensado pra deixar aquele ambiente perfeito para uma boa transa.
Só a sensação de que ele estava ali, fazia meu corpo vibrar, mas no meio disso tudo, havia uma pequena porta, quase que despercebida.
Mordi o lábio inferior como uma forma de controlar minha curiosidade de entrar lá e bisbilhotar. Eu confesso que ter invadido a sua casa foi um grande erro e sem contar que invasão
domiciliar é crime. Eu nem o conhecia direito, e a única coisa que sabia sobre ele eram coisas que eu mesma deduzi na minha própria cabeça com o tempo que fiquei observando ele.
O que também não é uma coisa que se faça, mas por outro lado, essa pode ser minha única chance de descobrir mais sobre ele, e afinal de contas quem não gosta de bancar o detetive.
Girei a maçaneta da porta, e dei cara com a escuridão, o que me assustou de início, me fazendo dar alguns passos pra trás, apavorada.
O escuro nunca foi algo bem vindo pra mim. Desde que Caleb começou a me trancar naquele quarto, eu só tenho vivido a meia luz. Tudo relacionado à escuridão me perturba, até porque aquele quarto não é só escuro, e claustrofóbico, vive trancando, ou seja deve ter está repleto de aranhas entre outros bichinhos que me dão arrepios só de imaginar.
Respirei fundo e fechei os olhos, deslizando a mão pela parede até encontrar o interruptor. E ao acender a luz, me deparei com um pequeno quarto que parecia mais um closet cheio de brinquedos, mas não brinquedos para crianças, e sim para adultos.
Incluindo fantasias eróticas.
Meu vizinho era nada mais nada menos que um dominador ou um sádico.
Ou um simples amante da prática. Um colecionador, porque a quantidade de chicote ali era absurda.
Coloquei a caixa em canto, boquiaberta e comecei a explorar mais o local, fascinada com tudo que eu via pela frente, me lembro de ter visto algo parecido só em filmes.
Agarrei logo um vibrador e fiquei observando todo o seu comprimento e espessura, imaginando o prazer que ele seria capaz de me dar. Se bem que eu poderia levá-lo comigo, mas aposto que ele nem entraria fácil em mim.
Com toda a atenção que Caleb anda me dando, é bem provável que eu tenha voltado a ser virgem de novo.
—– A curiosidade matou o gato, sabia? - Ouvi uma voz grave e rouca atrás de mim, que fez meu corpo todo estremecer.
Virei o rosto e me deparei com um homem absurdamente sexy de cabelos lavados, escorado no batente da porta me encarando seriamente. Ele estava usando apenas uma calça preta e descalço.
Ele olhou diretamente para a minha mão e sorriu revelando suas charmosas covinhas.
Segui seu olhar e percebi que ainda estava segurando o vibrador.
Coloquei imediatamente o objeto de volta na prateleira e voltei a encara-lo ofegante e ruborizada, sentindo meu rosto queimar de vergonha e meu coração palpitar.
–— Me desculpa, eu pensei que não tinha ninguém em casa — Confessei acelerada, vendo ele caminhar na minha direção.
—– A é, e o que veio fazer aqui? — Provocou chegando ainda mais perto.
—– E-eu — Gaguejei com os olhos grudados nos seus, que eram incrivelmente verdes e marcantes — Eu vim te entregar isto — Peguei a caixa e apontei para o seu peito, colocando um obstáculo entre nós — Ele ainda manteve os olhos fixos e interessados em mim, pra logo depois desce-los até a caixa e apanha-la.
Fiquei olhando para os seus lindos cabelos dourados que caiam sobre seu rosto enquanto ele olhava e vasculhava a pequena caixa em suas mãos.
—– É, deve ser as algemas que pedi — Ele disse voltando os olhos para os meus, me fazendo engolir a seco — Mas não acho que seja só por isso que está aqui — Disse colocando a caixa no lugar que estava.
—– É sim, a porta estava aberta e eu entrei, mas...não deveria ter entrado — Falei ofegante ao sentir ele me pressionar contra a parede.
—– E o que está fazendo especificamente nesse quarto? — Ele perguntou intrigado, me encurralando com os seus braços.
Perdi completamente as palavras.
—— Eu sei o que quer, mas eu só preciso que me diga — Ele soltou ofegante, me deixando arrepiada.
Quando o seu corpo encostou no meu, abri a boca permitindo que toda excitação acumulada saísse por ela convertida em um profundo suspiro.
—– Diga — Ele sussurrou no meu ouvido, me instigando com os movimentos do seu corpo quente e rígido sobre o meu, fazendo meus mamilos endurecerem e a umidade se instalar entre as minhas pernas.
Meu corpo ansiava por esse tipo de atenção.
Suspirei inconscientemente, quase me rendendo aos seus beijos em meu pescoço.
—– Sei que você andou me observando, o que pretendia com isso? — Ele gemeu, mordendo a minha orelha, fazendo meu corpo inteiro se contorcer.
Sem avisar ele me agarrou e me beijou, mas eu o repreendi com um tapa no rosto, e logo após isso, sai correndo do quarto sentindo meu coração a mil por hora enquanto eu descia as escadas quase tropeçando nos degraus com a terrível sensação de está sendo perseguida. Assim que alcancei a porta da minha casa, entrei imediatamente e me escorei nela, me sentindo sufocada e apavorada ao mesmo tempo, com os olhos encharcados e arregalados, me dando conta do erro que eu cometi ultrapassando a barreira.
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