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56

Fui tomada por uma sensação terrível que me fez chorar litros, um choro abafado pelo silêncio da noite.

Eu queria gritar, mas eu estava no hospital, e não queria que ninguém pensasse que eu era uma louca.

Na real, eu não quero que ninguém saiba.

Eu não quero contar o motivo pelo qual eu estou assim.

Apertei os olhos e me espremi até a dor parar, mas só aumentava, aumentava cada vez mais.

É uma dor sufocante e agoniante, e pesa sobre meu corpo, pesa muito.

Fiquei feliz por abrir os olhos e ver que o dia já havia amanhecido.

Encarei o relógio e vi que faltavam  poucos minutos para o horário de visita, poucos minutos para minha mãe  vir aqui e me tirar desse lugar horrível.

Onde eles me espetam agulhas o tempo todo, além de me entupir  de morfina.

Queria que servisse para outros tipos de dores também.

Caramba, eu mal sinto meu corpo. Mal consigo respirar, mesmo com a janela aberta e o ar condicionado.

Levantei da cama cambaleante e fui até o banheiro. Eu nem sequer conseguia agachar pra fazer xixi. E quando conseguia doía horrores.

Mas nem morta que vou pedir ajuda, não quero aquelas enfermeiras passando a mão em mim.

Nem elas, nem ninguém.

Meu corpo está muito sensível ao toque.

Depois que voltei do banheiro, subi na cama, peguei o controle na mesinha ao lado e liguei a tv.

Todos os jornais estavam falando sobre a morte de Caleb. Nem morto ele deixa de ser celebridade.

Soltei um sorriso irônico.

Que filho de uma puta!

Fiquei feliz que a detetive conseguiu me tirar de lá a tempo da imprensa chegar.

Ter me deixado fora da mídia foi a melhor coisa que Caleb fez, assim ninguém sabe que eu existo, e muito menos que estive com ele todo esse tempo, e aposto que se eu contar para alguém sobre isso, vão até pensar que é mentira.

Caleb vivia uma vida dupla. Um psicopata bem disfarçado na sociedade.  Mas a detetive fez questão de destruir o legado dele. Agora todo mundo sabe quem ele é de verdade.

Bem feito!

Mas seria bom se ele estivesse vivo para ver todo o seu império desmoronar diante dos seus olhos.

Queria ter visto a cara dele.

Fico impressionada com a quantidade absurda de pessoas defendendo ele, e eu até entendo essas pessoas, é difícil mesmo de acreditar,  e eu também estaria defendendo ele até hoje se eu não tivesse acordado a tempo.

Quando já era tarde demais. Quando as  suas mãos violentas tentavam arrancar meu último suspiro.

Fico pensando se com Thomas não aconteceu o mesmo.

Eu acredito que diferente de Caleb, Thomas não nasceu mal, ele é o resultado do que fizeram com ele, pois sofreu coisas terríveis e inimagináveis para uma criança e por isso aprendeu a odiar o ser humano.

É errado pensar que ele me amava?

Apesar de ser um louco.

Ele era sutil até na forma de matar suas vítimas, não deixava marcas, nem permitia que sofressem, exceto quando disse que arrancaria os meus olhos.


Mas eu não sei, lá no fundo eu penso que se ele estivesse comigo jamais teria me feito mal.

A primeira coisa que eu vou fazer quando sair daqui é ir direto pra terapia.

Por que com certeza eu não sou normal.

Caleb conseguiu me manipular muito bem. Eu estava cega, e agora vendo claramente as coisas, sinto vergonha de dizer que um dia eu amei esse homem.

Assim como sinto vergonha de muitas coisas na minha vida.

Só de lembrar o nome dele, sinto náuseas.

Fui tirada dos meus pensamentos, assim que a porta se abriu e revelou uma mulher com poucas rugas aparentes, cabelos cortados, olhos fundos e com uma profunda tristeza estampada em seu semblante.


Ela nem conseguiu dar o passo adiante, ficou parada na porta completamente horrorizada com o que estava diante dos seus olhos.

Repito, eu não devo estar com uma aparência muito agradável.

—– Mamãe — Suspirei comovida.

Quando ouviu isso, as lágrimas saltaram dos seus olhos, e ela colocou a mão na boca pra abafar seu desespero.

Ela deu o primeiro passo, depois o segundo, e no terceiro ela não aguentou e veio correndo na minha direção e me abraçou forte.

Tão forte que ficou difícil respirar.

—– Mãe, calma, eu ainda não me recuperei totalmente — Forcei a voz

Ela se afastou e rapidamente e recolheu as lágrimas dos olhos.

—– Desculpa meu amor, eu esqueci —  Ela fungou cabisbaixa.

Depois visualizou todo o meu corpo. Parecia não acreditar.

—– O que fizeram com você? — Suspirou voltando a chorar — Está tão magra, machucada.

—– Mãe — Agarrei firme o seu rosto, e passei o dedo pelos cantos úmidos dos  seus olhos — Eu estou bem, já acabou.

Ela abriu um sorriso e depois voltou a me abraçar dessa vez com cuidado.

Suspirei em êxtase.

Me senti tão acolhida. Passei anos desejando esse abraço.

—– Eu rezei tanto, eu nunca desisti de te procurar minha filha, nunca — Disse acariciando meu rosto.

O desespero era evidente em seu olhar. E ela também parecia mais magra, com uma aparência sofrida.

—– Eu não comia nem dormia, só rezava por você.

—– Eu sei — Sussurrei

—– Você sabe que eu sempre fui contra você morar com esse homem, eu disse pra você não ir minha filha e você foi, por que, por que você foi com ele?  —  Ela chorava e isso me doía na alma.

—– Porque eu, em toda a minha vida, sempre fui ingênua em relação a todo mundo, mãe, nunca enxerguei de fato a maldade nas pessoas, e eu não entendia o porquê até descobrir —  Soltei, apática.

Ele se afastou pra olhar para o meu rosto.

Quando ela abriu a boca para questionar, o enfermeiro entrou de repente para anunciar a minha alta.

Finalmente eu estava livre daquele hospital, livre daquela cidade onde eu vivi as piores experiências da minha vida, convivendo com um monstro que eu acreditei que me amava.

Minha mãe se ofereceu para me ajudar a tomar banho e me trocar. Ela trouxe roupas limpas e cheirosas, já que as minhas estavam rasgadas e manchadas de sangue. Depois penteou os meus cabelos, me fazendo relembrar dos velhos tempos.

A detetive disse que mais tarde ela iria enviar os meus pertences que ficaram na minha casa para a casa da minha mãe.

Depois disso nos despedimos do enfermeiro e seguimos para o carro.

Um homem que eu nunca tinha visto na minha vida deu meia volta no carro e veio ao nosso encontro.

Muito prestativo, ele ajudou a minha mãe a me colocar no banco de trás com segurança. Porque eu me sentia um pouco fraca ainda.

Meus olhos entraram em contato imediato com os olhos dele, mas nenhuma memória me veio à mente.

Dez anos se passaram e as pessoas não são mais as mesmas. Vou ter que aprender a lidar com a mudança, com todo o tempo que perdi não convivendo com as pessoas que eu amo.

Vou ter que reaprender a viver. Recomeçar, e isso me assusta de certa forma.

Esse homem que trouxe a minha mãe era jovem, aparentava ter uns trinta anos, e se vestia de maneira casual.

Deve ser apenas um motorista comum que veio trazer a minha mãe. Bom é o que eu quero acreditar.

Levando em consideração o histórico da minha mãe.

Não entendo porque meu pai não veio com ela.

Assim que me acomodei no banco de trás, minha mãe entrou  no carro e encarou o homem que estava ao volante como se compartilhassem algum segredo.

Tentei encostar mais para o lado, mais tinha algo me impedindo, quando virei o rosto pra olhar,  me surpreendi ao perceber que se tratava  de uma cadeirinha.

E me surpreendi ainda mais por ver uma criança dormindo nela tranquilamente.

O que? Minha mãe tem outra família?

Meus pais se separaram?

A criança aparentava ter uns três anos, e seus cabelos eram pretos assim como os meus.

Na verdade, o garotinho tinha alguns traços meus.

Olhei pra frente, boquiaberta, e dei de cara com aqueles olhos me fitando pelo retrovisor. Fechei a boca no mesmo instante.

—– Está tudo bem aí?—  Ele perguntou, chamando atenção da minha mãe que se virou pra olhar pra mim.

—– Sim, está — Respondi para os dois me sentindo um pouco deslocada.

Parecia que eu estava no carro de outra família.

—– Desculpa, ele insistiu muito pra vir, e eu tive que trazer — Ele completou se referindo a criança.

Sorri fraco em resposta.

Minha mãe estava estranhamente calada, acho que ela estava esperando o momento certo pra soltar a bomba.

Talvez ela esteja com medo que eu pule a janela do carro, ou algo do tipo, pois ela está com aquela cara de :

" Se eu falar agora, ela pode surtar, afinal ela não parece muito bem das ideias ".

Na verdade eu não estou mesmo, inclusive agora eu estou vendo estrelas. O médico me dopou achando que ficaria abalada pela morte de Caleb.

Mas a verdade é que nada mais me abala.

Sinto que não perdi ninguém.

Na verdade, eu não sinto nada.

O carro parou, e minha mãe soltou um suspiro que por algum motivo fez meu coração disparar.

—– Chegamos, querida — Ela tentou disfarçar a sua tensão com um sorriso.

Me virei para o vidro da janela, e rapidamente os meus olhos se encheram de lágrimas ao me deparar com a minha antiga casa.

Um turbilhão de memórias da minha infância se agruparam na minha cabeça causando uma intensa nostalgia.

Minha casa. É incrível como ela está exatamente igual depois de tanto tempo.

O homem estranho cujo nome eu ainda não sei, abriu a porta do carro pra mim e me conduziu pra fora dele, e minha mãe seguiu me conduzindo até a entrada.

Uma de suas mãos estava apoiada em minha cintura, e a outra segurava meu braço que estava em volta do seu pescoço.

Eles estavam me tratando como se eu fosse uma boneca de porcelana, com todo cuidado do mundo pra não quebrar.

Se eles soubesse o quanto eu estou quebrada por dentro, não se preocupariam tanto.

De nada adianta essa proteção agora, se o pior já aconteceu.

—– Pode deixar, eu vou sozinha — Me desprendi dela e segui na frente.

O que não foi uma boa ideia, já que o meu corpo chegou a se curvar de dor.

Maldito Caleb, espero que esteja queimando no inferno.

—– Tem certeza, filha? — Minha mãe perguntou atrás de mim, enquanto eu arrastava um pé após o outro.

Me virei para ela.

—– Tenho — Cerrei os dentes.

Eu amo a minha mãe, mas quando eu lembro do que ela fez comigo, não consigo disfarçar a raiva.

Ainda mais agora que as minhas emoções estão a flor da pele.

Andei com passos relutantes até chegar na porta. Parei alguns segundos pra respirar, depois empurrei a mesma.

E quando eu entrei, me deparei com uma festa de boas vindas.

E o meu nome escrito com letras enormes em um cartaz.

Não sei por que, mas isso me deixou  revoltada.

Eu queria mesmo era ir para o quarto, cair de cara na cama e ficar lá pelo resto da vida.

Corri os olhos por todos que estavam  presentes na sala.

Pessoas que não conheço, algumas que conheço, mas que estão diferentes, crianças que inclusive visitavam a loja do meu pai, e agora estavam absurdamente crescidas. Tinha até um cachorro.

E tinha a Joy.

Nossa como ela está linda, e em seu colo havia um bebê recém nascido que só de vê-lo os  meus olhos transbordaram de emoção.

Do seu lado, estava o seu marido, com um misto de confusão e estranheza em seu rosto.

Não acredito que ela se casou com o garoto nerd da escola, que ela disse que tinha um bafo horrível por conta do aparelho que ele usava.

—– Ella —  Ela disse com a voz embargada vindo ao meu encontro.

—– Joy — Forcei um sorriso.

Me esqueci até de como é sorrir. De como é ser feliz de verdade. Eu estava nervosa com tantos olhares voltados pra mim. Muitos desses olhares, horrorizados.

Joy no auge dos seus vinte e poucos anos estava ainda mais bonita de quando estudávamos juntas.

Nem parecia que tinha acabado de ser mãe.

Ela me abraçou apesar de estar com o bebê no colo. Que na verdade era uma linda garotinha.

—– Quer segurá-la — Ofereceu, notando que eu não parava de olhar.

Eu estava fascinada com aquela menininha de olhos azuis e rostinho corado.

Levantei os olhos para Joy.

—– Posso?

—– Claro — Ela sorriu entre as lágrimas, e logo em seguida me entregou a garotinha, e assim que a segurei em meus braços, eu senti uma paz interior tão grande que eu poderia facilmente flutuar

Ela era tão frágil, leve como uma pena.

—– O nome dela é Amber — Joy disse estudando minhas feições.

—– Oi, Amber — Sussurrei para a bebê que sorriu pra mim.

É como se todos desaparecessem daquela sala e só ficasse nós duas.

Deve ser uma sensação incrível ser mãe, mas infelizmente eu nunca vou saber.

Quando eu a entreguei de volta, senti imediatamente o vazio me consumir, e a dor no meu ventre foi tanta que eu precisei me sentar para não ter que cair no chão.

Por um instante parecia que todo mundo estava rindo de mim, me olhando como se eu fosse uma coitada, e isso fez eu me sentir humilhada, me fez chorar.


Eu não estava curtindo a minha própria festa, eu passei a maior parte do tempo sentada, sorrindo forçado para cada pessoa que passava por mim.

E as pessoas que paravam pra falar comigo eu não conseguia sequer prestar atenção.

Olhei para aquele cartaz com o meu nome e desejei desaparecer novamente.

Era tudo muito estranho, era como se eu não pertencesse mais aquele lugar.

Eu estava exausta, implorando para toda aquela gente ir embora, para que eu pudesse subir para o meu quarto e me trancar lá e passar o resto da minha vida chorando e me culpando por não ter feito diferente.


Eu nunca vou me recuperar dessa merda.

Eu sentia os olhares furtivos da minha mãe o tempo todo para mim, ela parecia preocupada com o que eu estava sentindo diante de tudo aquilo.

E quer saber mãe, está tudo uma merda, você chamou todas essas pessoas para contemplarem o meu fracasso.

Aposto que todo mundo sabe o que aconteceu, e não sente nem um pouco de pena de mim.

Em um certo momento ela se aproximou e se sentou do meu lado.

—– Por que não está feliz minha filha? — Questionou — É a sua festa de boas vindas, todos nós estamos contentes com a sua volta.

—– Eu estou feliz mãe, obrigado pela festa, mas eu me sinto exausta, foi uma viagem longa, preciso urgentemente descansar.

—– Entendo, querida, aguenta só mais um pouco — Ela olhou para frente e eu segui seus olhos para o seu atual marido que dançava alegremente com o  seu filho, que agora com os olhos abertos percebo a incrível semelhança comigo.


Sorri irônica. Ela nem me apresentou sua família nova.

—– Você se casou com um dos seus amantes? — Provoquei

Ela virou o rosto na minha direção e fechou a expressão.

—– Não é o momento pra falarmos sobre isso.

—– E quando será o momento — Alterei a voz —  Porque você sempre foge dessa conversa, se eu não tivesse acordado aquela noite com você e o papai discutindo, até hoje eu não saberia quem é o meu pai de verdade.

Só quando eu citei o meu pai, que me dei conta de que ele não estava na festa, mesmo que ele e minha mãe não estivessem mais juntos, acho que isso não seria justificativa para ele não vim me ver.

—– O Richard não é meu amante , eu o conheci depois que...

Por um momento, ela hesitou em dizer.

—– Que o que? — exigi, nervosa — Onde está o meu pai?

Ela soltou um suspiro trêmulo, e  permaneceu calada. Levantei imediatamente da cadeira e fui procurar por ele.

—– Filha? — Ela chamou, mas ignorei seu chamado, e continuei andando,  já antecipando as lágrimas.

Todo mundo até então não estava entendendo nada.

E era bom que ninguém entendesse mesmo. É bom que ninguém saiba do  terrível segredo que ronda essa família de princípios e de uma reputação impecável.

Nem tudo é o que parece ser.

Fui procurar pelo meu pai no único lugar que eu sabia que ele iria estar.

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