51
Depois de muito esforço eu consegui arrastar o corpo de Caleb para fora da água.
Fiz respiração boca a boca nele, além de pressionar o seu peito com força, para ele expelir toda a água que tinha engolido durante o afogamento.
Não demorou muito até ele começar cuspir a água e tossir ao mesmo tempo.
Deitei do seu lado me sentindo imensamente aliviada.
Eu consegui salvá-lo.
Meu deus! Eu pensei que não conseguiria. Seu corpo era tão pesado, e as ondas estavam o levando cada vez mais para longe.
E quanto mais eu nadava, mais o seu corpo se distanciava de mim.
Ajudei ele a se levantar, e ele se posicionou na minha frente e sorriu radiante.
Era uma linda visão.
Sua camisa branca estava encharcada e transparente, assim era possível visualizar seu tronco perfeito.
O seu olhar era tão azul quanto o mar à nossa volta.
Os seus cabelos negros agora estavam molhados e com um brilho intenso. Ele umedeceu os lábios enquanto olhavam para os meus.
Entendi o que ele queria com isso, então fechei os olhos e aproximei o rosto do seu.
Mas ao invés da deliciosa sensação do toque dos seus lábios sobres os meus, eu senti um vento frio soprar em meu rosto.
Abri os olhos confusa e percebi que o paraíso à nossa volta estava se desmanchando por conta de uma terrível tempestade repentina.
O céu escureceu, o mar estava agitado, com ondas violentas.
E estava uma ventania terrível.
Voltei os olhos para Caleb e vi todo o seu brilho desaparecer. Eu até então não estava entendendo nada.
Não sei por que o clima mudou de repente, se eu só fechei os olhos por um segundo.
E por que Caleb está olhando assim pra mim?
Como se estivesse sentindo alguma coisa.
O que era?
Abaixei os olhos e logo notei uma pequena mancha vermelha na sua camisa branca de botões.
Essa mancha foi se espalhando, foi crescendo e crescendo cada vez mais.
Gelei completamente.
Ele então caiu de joelhos no chão, e o sangue que até então estava somente em sua camisa, escorreu pra fora dela, se misturando com a areia da praia, se tornando escuro e áspero.
E nesse mesmo instante a chuva despencou.
Direcionei meus olhos pra frente e mesmo que a chuva atrapalhasse um pouco minha visão. Eu vislumbrei Thomas exatamente como eu o havia conhecido antes. Cabelos loiros, olhos tão verdes quando as folhas dos pés de coqueiro ao redor, que na verdade não existiam mais, pois o vento tinha carregado eles pra longe.
Thomas também estava vestido de branco e parecia mais um anjo.
Ele estava apontando um revólver na minha direção.
—– Sem final feliz pra você, Ella.
Dito isso, ele apertou o gatilho e o tiro rapidamente se aprofundou em meu peito, me queimando.
Meu deus! como isso queima.
O meu coração estava acelerado em um nível que eu não conseguisse mais respirar.
Caí no chão, e as últimas forças que me restavam, eu usei para me arrastar até Caleb.
Se eu tivesse que morrer que fosse do lado dele. Nem assim eu iria abandoná-lo.
A chuva de repente cessou.
Thomas se aproximou com passos lentos do meu corpo, que tremia em choque, eu não tinha forças pra lutar pela minha vida.
Comecei a gemer em agonia pela a morte que se aproximava. Inspirando fundo com a boca à procura de ar, mas o mesmo sequer entrava, muito menos saia.
Eu estava sufocando com o meu próprio sangue, e a sensação era horrível.
Ele parou do meu lado, e apontou novamente a arma na minha direção, dessa vez para o meu rosto.
Implorei com os olhos para que ele não fizesse isso. Mas ele posicionou o dedo no gatilho e depois atirou.
O susto fez com que eu despertasse subitamente.
Meu coração batia tão forte, que era possível ouvi-lo.
Esqueci até de como respirar. Na verdade, minha respiração nunca mais foi a mesma desde que conheci Caleb.
Eu sempre estou hiperventilando.
Olhei para o lado ofegante e notei que ele não estava na cama. Soltei um suspiro trêmulo.
Segundos depois, escutei o barulho do chuveiro, e rapidamente me levantei da cama e fui até o banheiro, abri o boxer e me agarrei ao seu corpo molhado.
Sem me importar se eu estava com roupa ou não, nem com a frieza da água. Eu só queria abraçá-lo, ter certeza que aquilo não passou de um pesadelo horrível.
—– Meu amor, o que foi? — Ele perguntou surpreso. Mas eu fiquei em silêncio, contando cada batida do seu coração.
Ele afastou meu corpo do seu e me encarou, fazendo a mesma pergunta, só que com os olhos.
—– Nada, só quero tomar banho com você.
Fiquei na ponta dos pés para me igualar a sua altura, meus braços estavam em volta do seu pescoço.
—– Então tire a roupa, como pretende tomar banho assim — Ele correu os olhos brevemente pelo meu corpo.
Ele não faz ideia de como meu corpo vibra quando ele faz isso.
Sorri estupidamente.
Me soltei do seu pescoço e levantei os braços, ele puxou sutilmente a camisola que eu estava usando e a jogou dentro da pia.
Voltei para os seus braços, e ele tentou me encaixar em seu corpo de uma forma que a água derramasse em nós dois ao mesmo tempo.
O que funcionou.
Era um chuveiro diferenciado. Era quadrado e tinha um jato de água forte.
—– Você vai trabalhar hoje? — Perguntei enquanto ele lavava o meu cabelo com shampoo.
A sensação de suas mãos sobre o meu cabelo era inebriante.
—– Sim, feche os olhos — Ordenou.
Fechei os olhos e senti a água junto com o shampoo escorrer pelo meu rosto.
Assim que abri os olhos, depois de ter viajado com a sensação prazerosa dos dedos dele.
Caleb estava me encarando de um jeito estranho.
Eu devo estar com cara de idiota.
—– O que? Tem sabão no meu rosto?
—–Não, é que...você é maravilhosa, acho que nunca te disse isso...eu deveria ter falado isso pra você mais vezes.
—– Ah, esquece isso, agora estamos bem, é isso que importa — Agarrei o seu rosto e beijei sutilmente seus lábios.
Ele abriu um meio sorriso, mas a tristeza não abandonou o seu rosto completamente.
—– Um dia você terá tudo que sempre quis, e não será eu quem vou te dá.
Senti meu brilho sumir na hora. Ele tinha que estragar esse momento. Já não bastava aquele pesadelo.
Me afastei dele por um instante.
Ele percebeu que eu tinha ficado chateada com isso, então tentou reparar me puxando de volta.
—– Na verdade — Disse me abraçando — Hoje eu não vou trabalhar, vou pedir para o Artur desmarcar todos os meus compromissos.
Fico feliz em saber que ao invés de uma secretária bonitona cuidando da sua agenda, era um homem que fazia isso.
—– Vou comprar nossas passagens e agendar nossa viagem para amanhã de manhã, o que você acha?
De novo ele com esse assunto.
—– Não está tentando fugir da terapia, está? — Perguntei apertando os olhos desconfiada.
—– Não, meu amor, assim que a gente voltar eu vou continuar com as sessões...
—– É bom mesmo — Ameacei
—– O que foi? Achei que você gostava de tartarugas.
—– Tem tartarugas lá? — Perguntei entrando no seu jogo.
—– E estrela do mar.
Abri a boca, surpresa, e ele mordeu meu lábio inferior, intrigado com a minha reação.
Pulei em seu colo e devorei seus lábios com desejo, ele pegou uma toalha no meio do caminho enquanto me carregava pra fora do banheiro.
Nossas bocas só se desgrudaram depois que ele me jogou na cama e deitou por cima de mim.
Ele ainda teve o cuidado de pôr a toalha por baixo, para não molhar a cama.
Ele é mesmo um maníaco.
Abracei seu quadril com as pernas. E ele tirou o cabelo do meu rosto para me visualizar melhor.
—– Você é tão linda.
Seus olhos azuis passeou por todo o meu rosto e corpo, assim como suas mãos, me levando a loucura.
Seus lábios estavam avermelhados e sensíveis.
Me inclinei para beijá-lo mais uma vez mas ele se afastou de repente, fazendo meu corpo cair pesadamente na cama.
Puta merda!
É frustrante quando ele faz isso
Seu beijo é tão viciante, que meus lábios formigam quando sua boca não está por perto.
Quem diria.
Antes eu sentia pavor de quando Caleb me beijava, me tocava.
—– Vem, vamos vestir a roupa — Ele convidou, se afastando cada vez mais de mim.
O quarto ficou frio de repente.
—– Ah não — Resmunguei
—– Ella, não me faça ir até aí em, vou te dar uma surra que você jamais vai esquecer.
Isso despertou um gatilho terrível, mas eu ignorei, eu sei que agora ele não estava falando daquele tipo de surra.
Ele foi até o guarda roupa e tirou um vestido simples e arremessou na minha direção, acertando o meu rosto em cheio.
—– Veste esse — Ordenou, sem me olhar.
Arrastei o vestido pra fora do meu rosto e lancei um olhar mortal para ele, que me olhou sem entender nada.
—– Filho da mãe! — Joguei a toalha nele que aparou imediatamente.
Ele suspirou irritado, demostrando que não estavam com tempo para as minhas brincadeiras imaturas.
Mas acho que foi porque eu estava molhando a cama, com o meu cabelo molhado.
Mas ele jogou o vestido em mim, eu tinha que revidar não é mesmo.
—– Perdão — Levantei da cama e agora ao invés dela, eu estava molhando o chão. Então eu voltei pra cama e sorri maquiavélica.
Ele voltou a me olhar como se fosse me matar.
—– Ella, se veste logo — Ele disse com uma leve autoridade na voz.
Desci da cama resmungando e vesti o vestido enquanto eu o observava atentamente.
Eu estava vestida, mas ele estava completamente nu, procurando alguma coisa pra vestir.
Que visão perfeita. Que homem.
Vou ter que trocar o vestido, porque eu com certeza babei nesse.
Ele me entregou o secador, enfiei na tomada, e comecei secar o cabelo.
Eu não quero pensar no fato de que Caleb tem uma doença, e que a qualquer momento ele pode surtar, quero pensar nele assim, sendo o melhor que ele pode oferecer.
Eu sei que ele está se esforçando, e por que não dá uma chance, todo mundo merece uma segunda chance, não é mesmo?
Ele fez muitas coisas ruins comigo, sensações que nunca vão deixar o meu corpo, mas ele também me fez sorrir muitas vezes.
E não é isso que importa? Os momentos felizes? As boas lembranças?
Eu não sei muito sobre o amor, mas eu acho que é isso.
Tem haver com perdoar e seguir em frente. Amar as pessoas como elas são e vice versa.
E também, o que ele me pede sem roupa que eu não faço sorrindo.
—– Vou voltar um pouco tarde hoje, porque tenho um monte de coisas pra resolver, e também vou comprar as nossas passagens...eu estava pensando que a gente ....
Por um momento, eu viajei nas curvas do seu corpo.
Que homem perfeito. E o mais incrível é que ele é meu.
Eu conheço ele por dentro e por fora. Conheci a sua pior versão. E me sinto privilegiada por isso.
E eu nem acredito que vamos viajar.
Já pensou eu em uma ilha paradisíaca com esse homem, eu iria me sentir como naqueles filmes de Hollywood.
Será bom pra relaxar e fugir de todo esse estresse.
—– Você está me ouvindo?
—– An? — Tirei meus olhos dos seus Países baixos e olhei diretamente pra ele, mordendo os lábios instivamente
Ele sorriu e balançou a cabeça, se afastando.
—– Não acredito — Suspirou baixo.
—– Você deveria vestir uma roupa pelo menos, não tem como olhar em seus olhos, se outra coisa maior está chamando minha atenção.
Ele riu e abriu uma de suas gavetas, pegou uma cueca e vestiu.
—– Tá bom assim — Engrossou um pouco a voz.
—– Sim, tá ótimo — Fui até ele e joguei os braços em volta do seu pescoço.
Se eu falar que ele não me jogou na cama e me comeu tão forte a ponto de deixar minhas pernas bambas, eu estaria mentindo.
—– Então eu vou fazer as malas — Ajeitei a sua gravata, enquanto ele me olhava como se fosse me comer de novo — Pra amanhã a gente só entrar na porra daquele avião e sumir daqui.
—– Ótimo.
Eu até imploraria por um beijo, se minha boca não estivesse tão dormente.
Depois que ele saiu, deitei na cama e fiquei encarando o teto com um sorriso solto e completamente satisfeita.
Eu estava terminando de fazer as malas quando a campainha tocou.
Me questionei sobre quem poderia ser a essa hora. O dia mal tinha amanhecido direito.
—– Quem é ? — Perguntei a poucos metros da porta.
Depois de toda essa loucura que aconteceu na minha vida, fiquei mais atenta com as visitas que recebo na minha casa.
Não quero psicopatas passeando por aqui como se fosse um manicômio.
—– Sou eu Ella, pode abrir por favor.
Conheço essa voz, e a detetive, o que será que ela veio fazer aqui?
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