45
Acordei com o som de uma música clássica, uma linda música por sinal, que se parecia com a valsa tocada no dia do meu aniversário, na qual eu dancei ao lado do meu pai.
Quanta saudade.
Levantei e percebi que eu ainda estava na sala, porém o outro sofá que Caleb havia se deitado estava vazio e desarrumado.
Caleb nunca o deixaria bagunçado. Ele sempre deixa tudo arrumado, com os cobertores perfeitamente dobrados.
Olhei em volta procurando por ele, mas não encontrei.
Será que estou sonhando, e de onde está vindo essa música.
Conforme eu andava, a música ia aumentando, até eu perceber que o som vinha da cozinha.
Fui até lá, descalça e esfregando os olhos para me certificar de que eu não estava dentro de um sonho ruim.
E encontrei Caleb na cozinha, todo atrapalhado fazendo o café e coberto de farinha.
Murmurando algumas melodias.
Eu nem sabia que ele cantava.
Escorei no batente da porta, cruzei os braços, e fiquei observando ele.
Ele estava com a mesma roupa da noite anterior, gravata solta e o cabelo bagunçado, ele nem sequer tomou o seu banho matinal.
Eu achei tudo tão estranho.
Ele reparou que eu estava ali, e rapidamente desligou a música.
—– Oi, amor — Disse com um largo sorriso
Ele nunca manteve um sorriso no rosto por tanto tempo, e vê-lo tão feliz com certeza era um motivo de preocupação.
—– Oi — Respondi confusa, em seguida me aproximei.
—– Está tudo bem? — Perguntei desconfiada, visualizando toda aquela bagunça que ele havia feito.
Tinha farinha até no teto.
—– Eu estou ótimo — Disse, crescendo ainda mais o sorriso.
Passei a mão sobre um pouco de farinha que estava em seu rosto.
—– Mas não parece — Falei, aproveitando para pôr a mão em sua testa e checar sua temperatura.
Ele segurou a minha mão, depois a beijou.
—– Por que não se senta? daqui a pouco levo o café pra você. Ah, deixa eu colocar o bolo pra assar...
Reparei que ele se quer tinha posto a água pra ferver.
Aquilo era bizarro demais, e era preocupante ver que ele estava por horas amassando a massa nas mãos.
Sem nem ter uma fôrma por perto, como ele pretendia assa-lo?
Sorri meio sem jeito.
—– Não precisa, meu amor, eu posso cuidar disso.
Ele parou de amassar a farinha e olhou pra mim, despreocupado.
—– Estou tentando te tratar da maneira que você merece, fazendo um café especial pra você — Ele direcionou os olhos para o fogão e sua expressão mudou subitamente — Caramba, eu esqueci de pôr a água no fogo. Espera um pouco.
Ele foi até a pia, colocou o copo pra encher e ficou por horas olhando pra ele transbordar.
Agoniada, eu fui até lá e fechei a torneira.
—– Amor — Tomei o seu rosto em minhas mãos — Por que não vai se sentar, eu cuido disso, está bem?
—– Não, eu vou cuidar disso — Seus olhos se encheram — Se não, a mamãe não vai ficar feliz.
Fiquei chocada ao ouvir isso.
—– Tá, vem cá.
Conduzi ele até a pia e lavei as suas mãos, tirando toda aquela massa grudenta e em seguida sequei elas e direcionei ele até a mesa onde ele se sentou e ficou inerte.
Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, e eu não sabia como ajudá-lo.
Isso nunca aconteceu.
Depois que terminei de fazer o café, levei até ele, com algumas torradas.
E Caleb ficou me olhando de um jeito retraído.
—– Come — Ordenei, incomodada com o seu olhar direto.
—– Não vamos fazer uma oração antes?
Fiquei ainda mais assustada, as feições de Caleb não pareciam as mesmas. Ele tinha traços absurdamente infantis.
—– Sim, vamos — Fechei os olhos, mas quando abri ele ainda me olhava — Eu disse vamos.
—– Temos que dar as mãos — Ele disse estendendo a mão na minha direção. Olhei para sua mão e depois pra ele com um pouco de receio.
—– Tá me zuando?
Bom, eu estava me sentindo estranha participando dessa loucura, mas que escolha eu tinha, não acho que surtar seria a melhor solução.
—– Ok — Suspirei, vendo que ele não parava de me fitar.
Segurei a sua mão e fechei os olhos.
Ele começou a orar, e eu me sentia confusa por não entender nada do que ele estava fazendo.
—– Pronto, agora podemos comer — Ele disse com um sorriso genuíno
Não sei por quê, mas eu enxerguei toda a vulnerabilidade de Caleb através do seu olhar.
Fiquei paralisada olhando para ele, até que reparei que suas feições havia mudado drasticamente e ele parecia confuso dessa vez.
—– Ella?
Ele me olhou ainda mais confuso e depois olhou à sua volta, ficando horrorizado.
—– Que bagunça é essa..como eu vim parar aqui ? — Ele perguntou exigindo de mim uma resposta que nem eu mesma sabia como responder.
—– Não sei, eu acordei com uma música e você estava aqui na cozinha, agindo de uma maneira estranha — Tentei explicar da minha maneira, mas eu estava deixando ele ainda mais assustado.
Ele colocou a mão na testa, atordoado.
—– Não acredito que aconteceu de novo — Ele falou baixo.
—– O que?
Ele se levantou e saiu andando, me deixando ali perplexa.
—– Caleb, o que houve aqui? — Perguntei indo atrás dele.
—– Não houve nada, Ella, não tem que se preocupar — Ele disse irritado.
—– Como não, você... você parecia uma...
Ele parou e me olhou sério.
—– Uma criança — Suspirei nervosa — Eu não entendo
—– Nem tente entender.
Ele subiu as escadas, e eu subi atrás inconformada.
—– Caleb? — Gritei, tentando desesperadamente alcançar os seus passos.
Ele parou de repente, fazendo meu corpo se chocar com o dele, e nossos olhos acabaram se encontrando, me deixando sem reação.
—– Por acaso quer vir tomar banho comigo, Ella Watson? — Perguntou, me deixando boquiaberta e com a respiração acelerada.
Depois disso, ele agarrou o meu rosto e me beijou com força, machucando levemente os meus lábios.
—– Ai — Gemi
Mordi os lábios, instigada com essa abordagem dele, inesperada.
Ele me pressionou na parede e me beijou novamente, nossas respirações se misturaram e a temperatura do meu corpo subiu.
Suas mãos passeavam por cada canto do meu corpo, me fazendo delirar.
—– Caleb, assim não vale — Suspirei ao sentir a sua língua no meu pescoço.
Eu estava tão louca de prazer que nem fazia ideia de como fomos parar tão rápido embaixo do chuveiro.
Ele soltou uma alça do meu vestido e apalpou um dos meus seios que estavam rígidos e sensíveis e encarou os meus olhos, me fazendo arfar de desejo.
—– Quer que eu pare ? — Perguntou com malícia.
Mordi os lábios outra vez, e ele brincou com o meu mamilo, seus dedos faziam movimento circulares, pra lá de excitante, assim ficava impossível negar.
—– Te fiz uma pergunta.
—– Não — Arfei, fechando os olhos
Ele então sorriu de lado e soltou a outra alça do meu vestido, deixando-o cair no chão, revelando o meu corpo seminu.
—– Hum — Ele murmurou ao ver que eu não estava usando calcinha.
Ele acariciou os meus lábios com o dedo, depois o introduziu na minha boca.
—– Deixa esse assunto para quando fomos ao terapeuta — Ele disse com a respiração acelerada.
Chupei o seu dedo, sem tirar os olhos dele, o que o deixou extremamente excitado.
Esse mesmo dedo saiu da minha boca e passeou pelo meu corpo, deixando o seu rastro úmido, até parar em um ponto lá embaixo.
Não demorou muito para uma onda de prazer me consumir por inteiro, depois disso ele tirou a calça, e não me deu nem a chance de recuperar o fôlego, me virou de cara para o boxer e me comeu ali mesmo sem escrúpulos.
Minutos depois, eu estava com a cabeça em seu peito envergonhada por ter gritado mais do que eu deveria, mas fora isso, eu me sentia preenchida e satisfeita.
Foi a melhor transa que tivemos nos últimos tempos.
—– Não vai trabalhar hoje? — Perguntei com receio de que sua resposta fosse sim.
Ele suspirou, e me abraçou forte.
—– Não, hoje eu quero passar esse dia com você.
Foi difícil disfarçar o sorriso de felicidade.
—– Só que agora preciso levantar, tenho que arrumar a cozinha, pois daqui a pouco é hora de preparar o almoço.
—– Hum, você quem vai preparar?
—– Na verdade, nós dois vamos.
—– Interessante, mas temos que fazer uma coisa antes — Enfiei a mão por baixo da coberta e o acariciei.
Ele mordeu o lábio inferior e fechou os olhos, se contorcendo todo.
—– Ella...
—– Minha vez...
Rolei por cima dele e o instiguei com movimentos leves e beijos ardentes.
Nem preciso dizer o que aconteceu depois disso.
Caleb costumam pegar pesado quando o assunto é sexo, e pra falar a verdade era desse tipo de violência que eu estava sentindo falta.
Tomamos outro banho, depois disso descemos para a cozinha.
Caleb e eu fizemos o almoço no meio de algazarra, depois assistimos a um filme de drama.
Eu chorei e ele depois de tirar sarro da minha cara, me consolou com suas mãos firmes e acolhedoras.
Dormimos agarrados no sofá.
Depois arrumamos a casa juntos, mas eu fiquei excitada de ver ele sem camisa, com aquele avental que deixava o seu mamilo aparente, sem contar suas mãos grandes com veias grossas aparentes, apertando a esponja com vontade enquanto lavava a louça.
Sim, eu fiquei molhada por causa disso.
Um homem como Caleb fazendo qualquer coisa, é excitante.
Resultado : Transamos na mesa da sala e depois no chão, que eu ainda nem tinha limpado, e depois que limpamos, transamos de novo.
Foi um dia maravilhoso, do qual eu nunca vou me esquecer. Um dia de sorrisos sem a presença constante das lágrimas.
Lágrimas que derramamos um pelo outro, durante esses dez anos.
Esse dia parecia um sonho, que eu não queria acordar, não quero pensar que depois desse dia as coisas podem voltar a ser as mesmas.
Eu me questionava. Por que só agora? Por que ele demorou tanto para me tocar?
Por que ele me fez odiá-lo tanto, a ponto de desconfiar que dias assim podem ser reais?
Afinal, dias como esses, nunca existiram nas nossas vidas.
Eu estava limpando a casa outra vez, quando Caleb se aproximou e tirou o rodo das minhas mãos e colocou em um canto.
—– O que está fazendo? — Perguntei com um riso solto. Não vamos transar de novo, eu mal sinto as minhas pernas, você acabou comigo hoje bonitão.
Ele não disse nada, apenas me conduziu até a sala, me abandonou ali e passou rapidamente por mim.
—– Caleb?
Ao invés da sua voz, escutei novamente a melodia daquela linda música.
Depois ele voltou e me estendeu a mão.
Logo a sua imagem ficou embasada, por causa da grande nuvem de lágrima que se formou em meus olhos.
—– Ella Watson, me concede essa dança? — Ele perguntou com os olhos brilhando.
Limpei as lágrimas e funguei.
—– Sim — Sorri emocionada
Ele me puxou para o canto mais vazio da sala, e começamos a dançar.
Mas ele acabou com as minhas expectativas, quando começou a pisar no meu pé. Comecei a rir entre lágrimas.
—– Caleb, para — Ordenei, mas ele continuou, me girou e por fim me deitou em seus braços.
—– O que foi, não gostou?
—– Você não sabe dançar — Ri sem parar — Meu deus! eu pensei que você sabia, eu dancei muitas vezes com você na minha cabeça, você era muito bom.
Isso fez ele se entristecer um pouco, mas logo o sorriso voltou para os seus lábios.
Ele então me puxou de volta e pressionou seu corpo contra o meu.
—– Então me ensina.
Sorri um tanto surpresa.
—– Está bem.
Foi bem difícil, porque Caleb era muito desengonçado, mas no fim acabou dando certo.
À noite, depois de jantarmos um peixe cozido que ele havia feito, que a propósito estava uma delícia, a gente se deitou na cama, e ele aproximou o seu rosto do meu.
—– Você é a única mulher que eu amei na vida, e a única que eu espero acordar e encontrar aqui do meu lado — Suspirou, me comovendo totalmente e depois disso, ele fechou os olhos.
—– Caleb? — Chamei por ele com a voz embargada
—– O que? — Ele sussurrou sem abrir os olhos.
—– Eu te amo.
—– Eu sei.
Dei uma cotovelada em seu braço, o fazendo sorrir ainda com os olhos fechados.
—– Também te amo.
Depois disso, eu sorri esperançosa e fiquei um tempo olhando pra ele, admirando sua beleza enquanto dormia, sentindo a sua respiração profunda soprar em meu rosto, e com a mente repleta de incertezas, até que eu finalmente fechei os olhos e dormi.
Dormi acreditando que o dia seguinte não seria diferente.
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