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Chegando no hospital, Caleb foi levado às pressas para o centro cirúrgico, enquanto eu fiquei apreensiva do lado de fora, rezando por boas notícias.
Você só percebe o tamanho do amor que sente, quando está prestes a perder a pessoa que ama.
De agora em diante, eu vou fazer o que for preciso para salvar o nosso amor, vou fazer dar certo dessa vez, pra mim já chega toda essa merda.
Vi que o enfermeiro que estava se aproximando, era o mesmo que estava acompanhando o caso de Vicent.
Droga!
Tentei disfarçar, olhando pra frente e rezando para ele não falar nada comigo porque aquele não era o momento para perguntas.
—– Café? — Ele ofereceu com um singelo sorriso nos lábios.
Suspirei e olhei pra ele, mas não disse nada.
—– Vão demorar um pouco, e nada melhor do que um café pra esquentar nesse frio, não se preocupe, ele vai ficar bem.
Peguei o café de suas mãos, e me sentei, mas não consegui sequer dá um gole. Eu estava profundamente abalada com tudo o que estava acontecendo.
O enfermeiro se sentou do meu lado, e tomou o gole do café, fazendo um barulho esquisito.
Não aguentei ficar calada, e o encarei aflita, já antecipando as lágrimas.
—– Por favor, não conte para o meu marido que me viu aqui com outra pessoa.
Ele parou com o copo próximo da boca, e me fitou com um olhar compreensivo.
—– Não fazemos esse tipo de coisa por aqui — Assegurou me fazendo soltar um suspiro de alívio.
—– É uma história complicada, se eu te contasse, você não ia entender - Soltei com um olhar perdido.
—– Eu imagino
—– Eu sei que vai soar estranho, mas eu amo os dois, e não quero que nada de ruim aconteçam com nenhum deles.
—– Bom, não parece feliz amando os dois, e também não vai poder manter isso por muito tempo, vai ter que sacrificar um — Ele sugeriu com um tom divertido.
—– O que quer dizer com isso? — Encarei ele, temerosa.
—– Que vai ter que fazer uma escolha, e inevitável se machucar, mas amar também é deixar ir. Deve haver algum que você ame mais.
Quando ele disse isso, eu olhei para a porta da sala de cirurgia. E pensei em tudo que eu abri mão pra está com Caleb, tudo o que eu perdi por não conseguir deixá-lo, se isso não era amor, então o que era.
Voltei os olhos para o enfermeiro.
—– Você tem razão, eu amo o meu marido, e só a ideia de perde-lo é insuportável.
—– Então reflita sobre.
Dito isso, o enfermeiro sorriu, se levantou e após tocar no meu ombro me deixou ali, sozinha com os meus pensamentos e o café gelado nas mãos.
Minutos após isso, a mãe adotiva de Caleb surgiu aos berros no corredor.
—– Onde está o meu filho? Onde ele está? — Gritava sem obter respostas da enfermeira que tentava acompanhar seus passos apressados
Assim que ela se aproximou, levantei por impulso do banco.
—– Aurora, se acalme, ele...
Antes de eu terminar de falar ela me deu um tapa no rosto.
—– Onde você estava? — Ela me interrogou.
Virei o rosto na sua direção, sem entender porque ela tinha feito aquilo, embora eu merecesse.
Impaciente com o meu silêncio. Ela me segurou pelos ombros e me sacudiu.
—– Onde você estava, porque deixou ele sozinho? — Ela insistiu com a voz chorosa. E eu não conseguia dizer uma palavra sequer.
Meus lábios tremiam.
Porque aquelas palavras eram como facas sendo cravadas no meu coração.
Eu não deveria ter deixado ele sozinho.
Se Caleb não resistir à cirurgia, eu jamais vou me perdoar.
—– Mamãe, para, solta ela, a Ella não tem culpa de nada — Mia interviu atordoada.
Por fim, Aurora me soltou e eu cai pesadamente no banco, sem reação.
Ela passou a mão pelos cabelos enquanto ofegava. Ali eu pude ver claramente o seu sofrimento.
Caleb tem o dom de desestabilizar pessoas, deixá-las completamente loucas e fora de controle.
Mia sentou do meu lado e absorveu um pouco do meu silêncio, enquanto eu me espremia pra chorar sem conseguir.
—– Ella, me desculpe por isso — Lamentou observando a sua mãe sendo levada por uma enfermeira.
—– Ela tem razão, eu não estava lá — Falei com uma dor aguda me corroendo por dentro.
—– Não, você não tem culpa de nada.
Apoiei minha cabeça em seu peito e só assim pude deixar as lágrimas rolarem livremente.
Algumas horas depois, Caleb recebeu alta. Sua mãe até insistiu para que ele fosse com ela pra casa, mas ele se recusou balançando a cabeça, já que ainda não podia falar.
Então eu o levei pra casa, com o auxílio de uma cadeira de rodas.
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