Capítulo 26
Boa Leitura!
Brendon
Ele continuava me olhando, sem dizer uma palavra. Sabia que estava pensando demais.
— Anjo. — Levo uma mão para seu rosto, o segurando e mostrando que sempre estaria ali para ele. Mesmo que não pudesse perceber. — Me diz?
— Brendon... Eu... — Respira fundo, depois expulsando o ar. — Não posso. — Suas mãos recai para os lados de seu corpo. Não consigo ignorar a dor que me atinge. — Me desculpe. — Assinto, olhando para baixo.
— Tudo bem. — Limpo a garganta, o vendo de novo. Seus olhos estavam distantes e disparam para mim de imediato. — O jogo final está chegando. — Seu olhar continua atento, com minha mudança brusca de assunto. — Você vai?
— Acho que não.
— Por favor, venha?
— Não tenho motivos para ir.
— Mas eu tenho motivos para que vá. Você é minha força. Se você estiver lá, eu posso ao menos ter mais chances de vencer.
— Brendon...
— Apenas vá. Só te peço isso. — Ele muda seu peso de um lado para o outro.
— Vou pensar sobre isso. — Sorrio.
— Certo. — Passo meus dedos em seu rosto, acariciando. Escuto um pigarrear de sua parte, me tirando do transe que entrei, o olhando.
— Eu tenho que ir.
— Claro.
Castiel faz menção de se afastar, me fazendo notar que nossos corpos ainda estavam grudados. Dou um passo para trás, contra minha vontade, apenas para vê-lo ir.
Eu iria tê-lo de volta. Não importa o quê está o impedindo de ficarmos juntos. O que realmente estava acontecendo. Mas eu iria até o inferno, apenas para o ter novamente.
***
Duas semanas haviam se passado. Desde o dia em que consegui falar com ele, nada mais havia mudado. Castiel continuava distante e mesmo nas aulas que tínhamos juntos, nenhum contato verbal foi feito. Mas as vezes o pegava me olhando, só para logo depois desviar. E outras, a troca de olhares era tão intensa, que ficávamos uns bons minutos, nos olhando. Até sorrisos surgirem e ele quebrar o contato.
O último jogo da temporada estava quase para começar e nada estava funcionando para me acalmar. Acredito que nem mesmo os remédios de Brian, iriam funcionar, no momento.
Minha visão passa pelo monte de pessoas, agrupadas e sentadas em seus lugares. Algumas chegando e outras indo, mas nada dele.
Será que ele realmente não vem?
Volto meu olhar para o outro lado. Vejo Castiel sentar na arquibancada. Meu queixo cai, quando meus olhos o varriam de cima a baixo.
Ele estava usando seus coturnos preto, um jeans mais claro colado, com rasgos nos joelhos e um moletom preto. Seu corpo estava tão desenhado naquela roupa. Mesmo que a blusa fosse um pouco folgada e grande, diferente de sua jaqueta de couro, usual.
Ele estava tão fodidademente perfeito.
Tão simples e tão lindo. Eu amava quando usava esses tipos de calça. Realçava tanto, suas pernas e bunda.
Reparo em alguns pares de olhos o encarando, mas ele parecia não notar. Quando me viu, sorriu mínimo. Devolvo o sorriso, com um mais amplo. Me certifico de que tínhamos um bom tempo até o jogo começar e vou em sua direção.
— Como é que vocês vão conseguir jogar nesse frio? — Me diz, assim que fico em sua frente. A única frase depois de dias.
Era tão bom escutar sua voz, melhor ainda quando se direcionava a mim.
Seus olhos passeavam pelo local, enquanto passava suas mãos uma na outra, afim de se esquentar. Sua franja estava um pouco grande, quase encobrindo seus olhos, suas bochechas e nariz estavam corados por conta do frio.
Ele estava tão fofo, daquela forma.
— Não se preocupe meu anjo, nem vamos sentir com toda a correria e os empurrões. — Me olha. — Você está lindo. — Seus olhos se desviam para baixo. Coça a nuca.
Suas manias sempre foram tão claras para mim e eu amava cada pedacinho dele.
— Obrigado. — Murmura, levando as mãos em formato de concha para a boca, soprando.
— Espera aqui.
Saio apressado, antes que pudesse me responder. Me encaminhava para o vestiário, abrindo meu armário e pegando o que queria. Volto para onde estava me esperando.
— Aqui, coloque isso.
Passo meu casaco do time, em seus ombros. Castiel me encara por um segundo, depois coloca seus braços na manga a vestindo. Puxo o zíper, fechando.
Ficou tão perfeita nele.
Pego suas mãos frias, e as encubro com as minhas, tentando esquentá-las. Passo meus olhos para os lados, encontrando várias pessoas nos encarando e cochichando.
Mesmo depois de tudo, eu não ligava para o que as pessoas podiam achar. Eu realmente não sabia como conseguia ser tão calmo com tudo isso, como nada daquilo podia me afetar. Mas ao olhar para ele, eu podia enxergar a razão de tudo isso.
— O que foi? — Pergunto, já que me encarava. Castiel balança a cabeça negando. Dou um beijo em sua bochecha e depois pego suas mãos as juntando e beijando seus dedos. — Tenho que cuidar bem do meu garoto. — Justifico meus atos. Ele solta um riso triste.
— Brendon, nós...
— Eu sei. Mas você veio, certo!? É isso o que importa.
Eu queria tanto beijar sua boca, o abraçar e nunca mais soltar. Queria fazer carinho nele até que enjoasse. Sentia uma falta absurda de seus toques. Eu estava morrendo por dentro.
Meu desejo é que pudéssemos a ser como antes. Juntos. Sem essa barreira enorme no meio de nós. Essa barreira que nem eu mesmo sabia como era.
Escuto Ariel, me chamando.
— Tenho que ir, anjo. Me encontra em frente ao vestiário no fim do jogo? — Ele assente e saio sorrindo, com a visão de seu rosto corado. Eu queria tanto poder ficar mais tempo com ele.
Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo.
Chegando ao lugar onde nos reuníamos para jogar, vejo todos do time me encarando.
— Como vai o namoro? — Ariel, pergunta.
— Vai bem, obrigado. — Percebo o que tinha acabado de falar quando vejo um semblante raivoso no rosto do loiro a minha frente.
— Porra, Brendon, depois de todo o drama, volta a namorar e nem passou na sua cabeça em nos contar? — Questiona, sentido, mas não surpreso.
— Estou me sentindo traído. — Connor, coloca uma mão no peito, junto com o capacete que segurava, fazendo drama.
— Estou genuinamente magoado. — Eric, se junta.
De todas as reações que imaginei, que meus amigos teriam, essa era a menos esperada. Não era como se eles não soubessem da minha orientação sexual. Não escondia de ninguém, sobre isso. Mas não era de se esperar que um bando de héteros marmanjões, que mais se parecia com uma alcateia de lobos descontrolados, reagissem desta forma. Parecendo filhotes magoados.
Quando entrei no time, não os conheciam, obviamente, mas com o passar dos treinos e com o tempo, nos tornamos amigos, daqueles que se metiam em qualquer confusão, só para apoiar o outro, mas também, que davam conselhos e tentava ajudar. As broncas também vinham quando merecíamos, deixando essa parte para Ariel, já que era o único que conseguia colocar ordem na nossa bagunça, chamada amizade.
Quando contei a eles sobre minha sexualidade, eles estranharam inicialmente.
Eric dizia que eu não fazia o tipo que se interessava por homens. Eu ri do seu comentário e mais ainda quando Ariel deu um tapa em sua nuca, o fazendo resmungar e calar a boca.
Ariel disse que seu irmão mais velho também é gay e não tinha problemas nenhum com isso.
Eden, bem, eu o conhecia desde que nascemos, então ele já sabia disso a muito tempo, só estava ali para me dar "força" caso algo ocorresse, então se manteve quieto.
Connor, ficou quieto, me encarando como se eu fosse um alienígena, e soltou um: cara, eu jurava que você fosse hétero.
Eu ia rir, mas meu irmão irrompeu em gargalhadas muito antes de mim. Fazendo todo mundo o acompanhar quando ele começou a parecer um porco indo para o abate.
Depois daquela cena na sala de minha casa, onde tinha reunido todo mundo para contar. Eu achava que eles mudariam comigo. Pelo menos eu achava que eles não seriam como antes, como já escutei muito relatos de amigos meus, dizendo que tudo mudava depois que contaram. Mas comigo foi diferente. Com o passar dos dias eles continuaram como antes. Nada havia mudado, quer dizer, ficamos mais abertos uns com os outros.
— Desculpa gente, é só que...
— Não teve confiança o suficiente para nos contar. — Ariel me interrompe.
Olho para Eden, que estava sentado no banco, rindo da cena. Peço ajuda mentalmente. Ele dá de ombros como se dissesse "se vira".
Babaca.
— Não é isso, é que ainda está um pouco confuso. — Me justifico e todos parecem aceitar. Também não estava com vontade de contar todo o drama que estava acontecendo para eles, nesse momento. — E não é como se já não soubessem, seus bandos de falsos, nem fingir surpresa vocês sabem! — Ralho com eles que começam a rir. — Não sei para quê toda essa cena. Todos já sabiam. — Reviro os olhos.
— Okay galera, não importa quem o Winter namora ou deixa de namorar. — O nosso técnico grita para que todos escutassem. — Temos que focar aqui. No jogo. — Todos do time se reúnem.
Depois das palavras de encorajamento do treinador e revisar alguns pontos de estratégias. O Árbitro chama nossa atenção para dizer que o jogo iria começar.
— Eu realmente não sei bem o porquê de você ter voltado com ele depois de tudo o que aconteceu. — Eric diz, com a mão em meu ombro, me fazendo o olhar. — Mas todos nós sabemos que você nunca faria isso se ele realmente não tivesse uma boa explicação para o que fez.
— Sim. E porque vimos com nossos próprios olhos o quanto ele gosta de você e estava mal. Mesmo tendo sido um babaca. — Connor chega.
— Obrigado. — Sorrio para os dois. — E vocês estão certos. Tudo o que aconteceu foi um "mal entendido" imenso e assim que tudo se resolver vocês ficarão sabendo.
— Claro que sim, irmãozinho. — Eric bate em meu capacete. — Vamos jogar! — Diz sorrindo e os dois se afastam.
Passo meus olhos para o time adversário. Eles pareciam bons, eram fortes, altos e pareciam um bando de ursos ferozes. Uma cabeleira loira chama minha atenção. Sentado no banco de reserva estava o loiro que algum tempo atrás, Brian havia me dito que tinha o ameaçado. E sempre me esbarrava nele, em momentos que nunca pude realmente esmurrar sua cara.
Jackson.
Só de vê-lo ali meu sangue fervia. Ele me encarava, não sei há quanto tempo, mas quando meu olhar se encontrou ao dele, o seu já estava ali esperando. Não parecia ser do time, não usava uniforme, parecia mais que estava os acompanhando.
#BoaNoite^^
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