Capítulo 23
Boa Leitura!
Brendon
Acordo com dor de cabeça e em todo meu corpo. Me levanto, indo direto ao banheiro. Tomo um banho e vou atrás de comida. Eu realmente não queria comer, mas me obriguei. Não podia ficar como estava. Já fazia dias que estava na mesma. Sem sair direito do quarto, e meus pais sempre tentando me tirar dele.
Assim como Eden.
Estava sendo difícil. Complicado demais saber que eu havia sido o único verdadeiro nisso tudo. Em todo o relacionamento. Suspiro.
Eu sempre pensava nele, sem nem mesmo, querer.
Vejo meus pais entrarem na cozinha. Sorrindo e felizes por estarem juntos.
Eu sempre quis um relacionamento como o deles. Para mim, sempre foram um modelo de casal feliz. Eles eram jovens, e teve a mim e meu irmão, quando haviam acabado de se formarem na universidade.
- Bom dia, filho. - Minha mãe deseja, se sentando à mesa. Meu pai faz o mesmo e os sigo.
- Como está? Vai para aula hoje? - Vejo os olhos de meu pai preocupados. Assinto.
- Tenho que ir. Não posso mais ficar aqui. Mesmo que eu esteja fazendo tudo em casa. - Ele assente.
- Certo.
Eu não contei exatamente o que estava acontecendo. Apenas que eu e Castiel havíamos terminado. Meus pais eram advogados muito renomados, e espertos. Sabiam ser discretos, mas sabia que minha mãe estava se roendo de curiosidade.
Até um certo momento, eu tive uma vida leve e posso dizer que feliz. Mas coisas aconteceram. Eu e Brian perdemos muito. Eles nunca souberam e nunca saberiam. Mas achei que ele, era meu presente. A única pessoa que me fez voltar a ter essa leveza.
- Onde está o Brian? - Pergunto, freando as lembranças.
- Ele já foi. - Meu pai responde.
Eu o estava vendo poucas vezes, ultimamente. Sempre saía para fazer alguma coisa, além das aulas. E sabia que nenhum de nossos amigos estava com ele.
Comemos e logo meus pais saíram para a empresa, me deixando sozinho.
Ajeito tudo que eu deveria levar e faço o mesmo, pegando o carro e dando partida.
Eu não podia deixar minha mente viajar mais do que já estava. Eu não conseguia me livrar das lembranças. Do sentimento. Era horrível sentir algo tão grande, por alguém que nunca se importou de verdade.
Eu estava melhor. Tinha que estar.
Só esperava que eu pudesse me sentir assim, quando o visse novamente. Só de imaginar, meu estômago se revira e sinto falta de ar. Passo minha mão trêmula no rosto e aperto o volante com a direita, respirando fundo. Eu sabia que o primeiro horário seria com ele.
Sinto raiva por estar dessa forma. Por sentir toda essa coisa. Eu não podia.
Não depois de tudo.
Minha raiva aumenta, quando de novo, volto a vê-lo em frente ao meu prédio, em minha mente.
Foi um dia depois de tudo acontecer. Andy havia ido me ver, mas não o deixei subir. Mesmo da forma que estava, desci, fingindo que nada estava acontecendo. Quando me deu um abraço de despedida, eu o vi.
Sabia que estava nos observando, porque nossos olhares se encontraram.
Seus olhos negros estavam brilhando e sua feição não era muito boa. Ele não parecia muito bem. Mesmo com tudo, eu ainda tinha esperanças de que viria e dizia sentir muito por tudo. Que pedisse para voltar. Eu estava tão mal, que não pensaria duas vezes em dizer que estava tudo bem.
Isso é ridículo.
Ele nunca faria isso e nem acredito que eu faria. Ele foi embora e nunca mais o vi. Solto um riso triste.
Eu não entendia o que meu coração estava tentando me dizer, junto à uma vozinha lá no fundo de minha cabeça, me fazendo querer ter esperança.
Como eu pude me enganar com ele? Como eu pude pensar que ele sentia o mesmo que eu? Como eu consegui ser tão cego durante todo o tempo?
Eram sempre as mesmas perguntas.
E a voz dianteira, me fazia voltar a realidade. Me fazia enxergar tudo como era.
Estaciono, indo direto para meu primeiro horário. Me convencendo de que tudo ficaria bem, mesmo que eu mal pudesse andar de tão nervoso que estava.
Me convencendo, a não desabar.
Entro na sala de aula, indo para meu lugar sem olhar para nada em volta. Na verdade, sem olhar se ele estava lá. Eu não conseguiria ver seu rosto e não ter a vontade de beijá-lo, de o abraçar e pedir para que me dissesse que tudo o que estava acontecendo, não fosse real.
Mas acontece que eu sabia que era real. A dor que senti por todo esse tempo era real, a dor que estava sentindo neste exato momento é real. As noites em claros e mal dormidas. A vontade de me enfiar em um buraco e nunca mais sair é real demais para fingir que nada estava acontecendo.
As risadas, os abraços, os beijos, as caricias, as nossas conversas, tudo simplesmente fruto de minha imaginação. Eu realmente acreditei que era correspondido. Que era amado de volta, sem nunca termos realmente verbalizado isso.
Tudo falso.
E isso doía, doía tanto que eu mal conseguia manter minha máscara de: tudo está bem, por mais tempo.
Escuto Eden dizer algo, mas eu realmente não entendo. Minha atenção vai para o som da cadeira se arrastando, junto de suas botas.
Quando olho em sua direção, minha visão é preenchida por sua costa, saindo pela porta e levando suas coisas.
Quer dizer... Merda, tinha que ser real!
Eu estava lá. Eu vi seus sorrisos, seus olhos brilharem enquanto me olhava. Eu senti seu toque quente e acolhedor. Eu senti meus beijos sendo correspondidos com desejo.
Me levanto, pegando minha mochila e também saindo. Olho pelo corredor não o encontrando. Ando mais à frente.
Droga, eu estava mesmo indo atrás dele? Eu realmente estava o seguindo mesmo sabendo que estava me alto sabotando?
Vejo a ponta de sua jaqueta e mochila, quando dobro um corredor. Ele estava indo para os vestiários, onde provavelmente sabia que estaria vazio esse horário.
Volta Brendon... O cara já disse que não te quer, que não gosta de você. Sai dessa!
Meu cérebro me alertava. A parte racional de mim, tentava soar clara e precisa. Mas a outra parte, a outra que o queria por perto, que sentia sua falta, tentava me dar esperanças, me fazendo ir até ele.
Castiel entra no vestiário, me preparava para ir junto, quando uma garota entra apressada. Paro, mas não recuo. Me aproximo devagar tentando entender, o que uma mulher iria fazer em um vestiário masculino. Mas eu já a tinha visto antes. Seus olhos verdes e cabelos cacheados eram familiares. Já a tinha visto com ele.
Meu coração aperta, minhas mãos tremem, minha respiração falha e meu estômago se revira, com a possibilidade de estarem juntos. Afinal, foi com ela que ele estava se agarrando na frente de todo mundo. Na minha frente.
Controlo minha respiração, tentando me acalmar. Se era para ver que havia algo entre eles, que visse com meus próprios olhos.
De novo.
Quem sabe assim eu entenderia de uma vez por todas que estava me enganando. Entro no local, tentando não ser visto graças as paredes e armários que continham. Escuto um soluço baixo e uma respiração apressada.
Junto as sobrancelhas.
- Eu vi sua mensagem e vim o mais rápido que pude. - Escuto a voz feminina sussurrar.
Sua voz parecia controlada, não era ela quem estava chorando. Me aproximo mais em direção a voz. Me escondo vendo a garota abaixada, tentando consolar alguém. Ao seu lado a jaqueta dele estava ao chão, junto a bolsa.
Reparo melhor na pessoa sentada e só consigo ver as pernas, em seguida de suas botas.
Era ele.
Meu coração se aperta mais e seguro à vontade que tenho de ir até ele e o abraçar. Kate se senta, me dando a total visão de seu rosto coberto pelas mãos. Seus ombros subiam e desciam com o choro descontrolado.
Kate passa as mãos em seus cabelos, tentando tirá-los de sua testa. Castiel apoia os braços em seus joelhos, encobrindo parcialmente o rosto com as mãos, me deixando ver seus olhos fechados e as lágrimas correndo por sua bochecha vermelha. Quero chorar junto, só por vê-lo nesse estado, tão vulnerável. Ele respira fundo várias vezes, tentando se controlar.
- O que aconteceu? - Kate pergunta depois de o esperar se acalmar, com a voz mansa e realmente preocupada.
- Eu não consigo, Kate... - Sua voz estava mais grossa. Estava quebrada. - Eu não consigo ver ele daquele jeito e fingir que não me atinge também. - Funga. Ele abre os olhos tristonhos, brilhando. Sorrio triste com uma lágrima escorrendo por meu rosto. A limpo. - Ele está tão mal e eu nem posso tirar essa tristeza dele.
Me sinto mais triste e envergonhado por saber que estava tão visível assim.
- Por que não conta a verdade para ele? - Meu interesse aumenta.
Do que eles estavam falando?
Castiel nega.
- Não, o Brendon é perfeito... - Quase não consigo escutar a frase com seu choro vindo à tona, novamente. Prendo a respiração quando meu nome sai de sua boca. - Se eu disser, ele não vai sair de perto de mim.
Do que ele estava falando?
Queria ir até ele e perguntar. Eu estava aflito, queria tanto fazer com que parasse de chorar e me contasse o que estava acontecendo.
Que ao menos fosse verdadeiro.
- Mas se ele soubesse, você não estaria dessa forma. Cass, você mesmo disse que ele tá mal. O Brendon acha que você não gosta dele, e olha pra você? Mesmo sabendo disfarçar bem, você está péssimo com tudo isso...
- Não! Eu não vou dizer nada, deixa as coisas assim como estão. Deixa ele continuar pensando que sou um babaca egoísta.
- Mas você gosta dele. - Constata. - E ele acha que estamos juntos, o que é uma completa mentira.
- Porra, eu gosto, gosto pra caralho. - Respira fundo. Faço o mesmo. - Eu o amo e é por isso que quero ele longe. Eu fui atrás dele naquele mesmo dia, ia contar tudo e pedir que me perdoasse, mas depois de todas aquelas coisas que o Andy disse e depois de ver eles dois juntos no outro dia, eu simplesmente não tive coragem. Acho que é melhor assim. Não quero que ele se envolva nessa bagunça que é estar comigo.
Meu coração para por uns instantes. Minha mente tentando processar tudo o que havia acabado de escutar, mas a única coisa que realmente importava era aquela frase.
Eu o amo.
Então tudo o que ele me disse sobre o nosso término e o que havia feito era falso.
Tudo o que aconteceu entre nós dois foi real.
Porra, Castiel, o que está acontecendo?
Por mais que eu quisesse interrompe-los, eu não poderia fazer isso agora. Castiel estava mal, ele tinha um motivo, mesmo não sabendo o porquê de ter mentido para mim, eu não conseguiria falar com ele agora.
A falta de ar me impede de continuar escutando a conversa. Saio com o máximo de silêncio possível. Só quando estava na parte de fora do prédio, eu consegui respirar direito. Eu sugava o ar com toda a força que meus pulmões aguentavam. Vou para um canto mais isolado. As lágrimas de alivio rolavam por meu rosto.
Saber que Castiel também me amava e que estava sofrendo tanto quanto eu, me fizeram ter a única certeza.
Eu tinha que tê-lo de volta.
Sorrio, mas dessa vez de felicidade.
#BoaNoite^^
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