Capítulo 19
Boa Leitura!
Eden
Acordo com o som estridente de eletrodomésticos sendo usados, na cozinha. Bufo, sabendo que meu pai não pararia tão cedo. Levanto, ajustando minha visão embaçada, indo diretamente para o som, quase caindo escada abaixo, quando tropecei em um dos degraus, encontrando meu pai colocando algo grosso e verde em um copo. Recebo sua atenção, quando me sento na cadeira em frente à ilha de mármore.
— Bom Dia! — Me deseja. Toma um gole do líquido para logo em seguida passar para mim.
— Bom Dia. — Faço uma careta, observando a coisa verde. — O que é isso?
— Vitamina. — Diz como se fosse óbvio. O olho.
— Sério? Achei que fosse um tipo de sangue alienígena. — Ele revira os olhos azuis.
— Beba logo.
Observo para ver se nada vai sair pulando de repente, de dentro do copo. Quando noto ser seguro, tomo um gole.
É... Até que não é tão ruim assim.
— O que vai fazer hoje? — Pergunto. Ele franze o cenho.
— Vou correr um pouco e depois treinar vocês.
— Como assim? Hoje é sábado. — Ele coloca um sorriso debochado em seu rosto.
— Onde é que você está com a cabeça. Hoje é sexta-feira, Eden. — Arregalo os olhos, me levantando.
— Merda.
Resmungo, saindo correndo para me arrumar. Escuto uma risada alta atrás de mim quando literalmente tropeço no degrau da escada.
Depois de comer, sair escutando a risada alta de meu pai e estacionar, ainda sobrando alguns minutos para o início das aulas. Estava encostado e um dos bancos, no campus, pensando nos trabalhos que tinha de entregar, que nem havia começado. Quando vejo Brendon, quase passar por mim, com uma expressão ruim. Parecia que ele não dormia há dias, sem contar a carranca que carregava. Pensando melhor, tinha alguns dias que não conversava direito com ele.
Talvez seja isso, talvez seja saudades.
Dou risada com meus próprios pensamentos e o chamo. Fazendo com que se vire e venha em minha direção. Pela cara de tédio, não tinha feito tanta diferença em ter me visto.
— O que você tem? — Pergunto para ele, que não me olha. Franzo o cenho. — Cara, aconteceu alguma coisa?
— É isso que eu quero saber! — Respira fundo, me encarando, desta vez.
— Como assim?
— Castiel. — Faz uma pausa e reviro os olhos, indicando para que continuasse. — Eu não sei, cara. Ele está estranho. Tem umas duas semanas que não conversamos direito e na semana passada inteira, ele me ignorou totalmente. Tentei dar espaço para ele, talvez tenha acontecido algo em relação aos pais dele, mas tem uma semana que foram embora, depois do final de semana na casa de campo e é nesta maldita semana que ele não fala comigo.
— Hum... — Observo o tempo e as folhas das árvores se atingindo contra o vento, pensando em que eu deveria dizer. Ele estava certo. Castiel estava estranho e havia algo ali. — Bem, vocês estão juntos agora. — Recebo sua total atenção. Só agora consigo ver o quanto meu melhor amigo estava mal com isso. — Você já deu um tempo para que ele possa pensar, certo!? — Ele assente. — Então, vá falar com ele, agora. Você tem o direito de saber o que está acontecendo, já que está afetando vocês dois. — Brendon pensa um pouco.
— Você está certo. Não é como se eu quisesse me intrometer na vida dele ou algo assim. Sabe, eu estou preocupado com ele. Não só por causa do nosso namoro ou algo assim, mas estou preocupado que possa estar acontecendo algo e não estar lá para ele. — Sorrio.
— Você é um ótimo namorado mesmo. — Recebo um empurrão leve em meu ombro e finalmente consigo arrancar uma risada, sua. — Estou falando sério. Você merece ficar com alguém legal, depois de tudo.
— Todos nós merecemos. — Olha fixamente em meus olhos e de repente o momento se torna mais sério.
— Certo. — Sorrio mínimo, mudando meu foco para uma das mesas que ficava no campus.
Estreito os olhos, ajustando minha visão. Queria ter certeza se era realmente o que eu estava vendo. A única pessoa que conhecia, que ficava tão bem em roupas brancas e se parecia tanto com meu melhor amigo, ao meu lado, conversava com Castiel, que não estava com uma expressão muito amistosa, na verdade. Mas o que realmente me chamou atenção, foi Brian. Eu conhecia aqueles olhos, eu conhecia o jeito que seu maxilar tencionava quando estava com raiva. Eu conhecia tão bem aquele jeito intimidante e sua face raivosa. Mesmo que eu percebesse o quanto ele estava tentando se controlar.
E controle era algo complicado demais para ele.
Brendon não pareceu ver. Olho novamente para Brian que já não estava mais no mesmo lugar. Volto minha atenção para meu amigo.
— Olha quem está ali? — Faço um gesto com a cabeça, mostrando Castiel sentado, mexendo no celular. — Vai lá.
— Até depois. — Sorrir, me deixando.
Após perceber que ele já havia ido, vou atrás dele, aproveitando que não estava tão longe. O encontro parado, de costas, enquanto respirava fundo. Fico quieto, observando sua costa larga, subir e descer por uns segundos, até ele se virar e recebo um olhar surpreso.
Seu maxilar ainda estava tencionado. Seus olhos castanhos amendoados estavam brilhando. Sua pele branca, estava ruborizada em seu rosto. Levo meu olhar para seu pescoço, vendo uma veia saltada. Sabendo que não haveria os três sinais sequenciais ali, ao contrário de seu irmão.
— O que você quer? —- Sua voz grossa, ressoa.
— Saber se você está bem.
— Estou ótimo, agora pode ir. — Olho para Brian, soltando um riso nasalado.
Babaca.
— Eu não entendo. — Digo. — Porque isso? Eu por um acaso fiz algo de errado? — Pergunto irritado. Mesmo sabendo que não deveria, não no estado em que Brian estava. Ele dá um passo para trás, se afastando.
— Oh, você realmente não sabe? — Sarcasmo escorre por sua voz.
— Não, realmente. – Franzo o cenho. — Que porra eu fiz? — Brian rir.
Coça a ponta de seu nariz, o deixando vermelho. Fecha os olhos com força respirando fundo. E sei que tudo isto era para se controlar. Abre os olhos, os fixando no meus.
— Tem certeza que você não se lembra? — A última palavra foi cheia de significados que eu sabia - ao menos achava -, quais eram.
Desvio minha atenção acidentalmente para onde Brendon estava e o que vi não havia me agradado nem um pouco. Castiel e Brendon pareciam estar discutindo por algo. De repente meu foco se torna Brian novamente e meu cérebro parecia saber que ele tinha algo a ver.
— O que você fez? — Me aproximo mais uma vez. Vejo seu semblante confuso, com a mudança de assunto. — Castiel. O que você fez? — Ele rir indignado.
— Castiel!? Agora estamos falando sobre, Castiel!? — Sua voz se altera.
— Está vendo aquilo? — Mostro onde os dois estavam, discutindo. Não desvio meus olhos dele, assim, não perdendo o momento em que sua expressão vacila. Seu olhar me encontra. — Eu vi vocês conversando, agora pouco.
— E o que você tem com isso? — Questiona, depois de um tempo silencioso. Desta vez, ele se aproxima, quase colando nossos corpos. — Me diz? Por que você, se importa com isso?
— Você não está falando sério. — Rio, incrédulo.
— Eu estou. Responde! — Minha vontade era de socá-lo. Deixar aquele rosto perfeito, todo deformado. Mas não o faço.
— Ele é seu gêmeo, Brian. Você deveria se importar muito mais que eu. E ele é meu melhor amigo. É com isso que eu me importo. — Ele solta um riso nasalado.
— Então é com o Brendon, que você se importa!? — O encaro, não entendendo realmente o que ele queria.
— Claro que sim. Acha mesmo que ele vai ficar bem, com aquilo?
— Eu não sei o que está acontecendo entre os dois, mas o que quer que seja, você poderia ter uma oportunidade perfeita, não é?
Agora sim, acho que meu cérebro havia derretido. Mas que merda ele...
— Não entendi.
— Não mesmo? — Continuo o encarando, para que continuasse. — Está se fazendo de desentendido, ou você é tão apaixonado por ele que nem se deu conta ainda? — Engasgo com minha própria saliva.
Como é!?
— Como é!?
— Por favor, você está tão apaixonado que até me confunde com ele. — Desvia o olhar.
— Confundo? — Sussurro, incerto.
Como eu iria confundir os dois?
Certo que eles eram quase idênticos.
Quase.
Eu havia crescido com os dois, sei reconhecer cada um. E a pulseira que usavam também ajudava. Claro, que as vezes era um pouco difícil, mas depois de alguns minutos e trejeitos, dava para diferenciar. Mas era tão raro de acontecer que provavelmente, eu os confundia mesmo, quando éramos crianças.
— Fala sério. — Rir sem humor. Fico o encarando por longos segundos, tentando entender.
Oh. Oh!
Aquela vez, na festa do Thomas. O dia seguinte. Ele realmente acha que eu o havia confundido com Brendon!? Isso explicava algumas coisas, na verdade. Mas não tudo.
Porque merda ele pensava isso? Que porra! Ele nem se lembrava de algo, de qualquer forma.
A raiva cresce e a vontade de socá-lo, se torna maior.
— Você é um... — Quero xingar e jogar na cara dele, que não via Brendon desta forma, entretanto, a única coisa que fiz, foi revirar os olhos e sair dali.
Meu amigo passa apressado por mim, com a cara nada boa. Com toda certeza, os dois não estavam bem. Vou atrás dele, que vai em direção ao refeitório. O chamo, parando ao seu lado, o vendo paralisar e a expressão de nojo e repulsa em seu rosto, me faz olhar em direção onde seus olhos apontavam. O ar trava em meus pulmões, percebendo o que estava acontecendo.
Merda!
#BoaNoite^^
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