002. keep calm
O voo tinha sido realmente longo e com várias conexões, assim que Alice e Seyran finalmente chegaram na casa em que iriam ficar durante a reportagem, ela não se aguentou e foi imediatamente tomar um banho para se jogar no sofá e aproveitar seus últimos dias de folga, a casa era linda, menor do que as dos atletas, mas era o suficiente para ela e a equipe.
Alice se jogou ao lado da melhor amiga e deitou no colo da mesma, as duas se conheceram no primeiro dia de trabalho, nenhuma das duas sabiam o que fazer, aonde ir e quando olharam uma para a outra, sabiam que podiam contar uma com a outra.
──── O que vamos fazer hoje? Que tal uma noite das garotas? ──── Perguntou Jane.
──── Acho que vou dar uma volta pela praia, ver como estão as ondas, me preparar.
──── Tem certeza que isso não é uma desculpa para ver ele?
──── Não tem nada a ver com ele e por favor não fale mais sobre isso, tá bom? ──── Perguntou Seyran enquanto se levantava vendo a amiga fazer um sinal de que iria ficar calada.
A Miller colocou os chinelos e pegou seu caderno e foi andar pela beirada da praia, vendo todos se prepararem para o começo das Olimpíadas, ela observava o tempo e a quantidade de ondas que se formavam por minuto, ela se sentou na areia e respirou fundo enquanto via as ondas quebrarem nos corais quando pensamentos começaram a preencher sua mente, de repente Seyran estava de volta a Califórnia com seus dezessete anos.
Era seu primeiro verão desde que tinha ido morar na Antalya, após a morte da sua mãe, a mesma voltou com o pai para os Estados Unidos e para esquecer o luto ela sempre ia para a orla respirar a maresia, quando certo dia sua amiga do colégio a chamou para ver uma competição de surfe que estava tendo ali, a Miller ficou encantada com o esporte e a cada flip que eles faziam ela ficava boquiaberta, a bateria estava acabando e ia começar uma próxima, os surfistas já corriam em direção a largada quando ela sentiu um peso a empurrando.
──── Ei! ──── Respondeu olhando o braço que teve um pequeno corte sem olhar para a pessoa.
──── Perdão, eu tenho que ir para a água, mas depois peço para alguém ver o corte. ──── Disse um garoto com sotaque e a prancha embaixo do braço correndo em direção a água olhando para ela.
Assim que ela olhou para o tal garoto ela sentiu seu coração bater um pouco mais rápido e a adrenalina aumentou tanto que ela esqueceu do corte.
──── Quem é esse? ──── Perguntou sorrindo.
──── É um surfista brasileiro, não faz muito tempo que ele começou, se chama Gabriel Medina.
──── Gabriel Medina... ──── Sorriu a turca-americana enquanto segurava o braço que sangrava um pouco.
Pingos de chuva começaram a cair em Teahupo'o e isso fez com que a mulher de agora vinte e nove anos saísse do transe e se levantasse tentando lembrar aonde era a casa em que estava, ela começou a correr quando esbarrou em alguém fazendo seu caderno cair e a polaroid que guardava voasse.
──── Ei! Tá perdida? ──── Perguntou uma voz um tanto familiar, fazendo a morena congelar no lugar, de canto de olho, ela o viu pegar seu caderno e a polaroid caída. ──── Seyro? ──── Perguntou ao ver com atenção a polaroid.
Ela respirou fundo algumas vezes tentando se acalmar e deu um sorriu sem graça.
──── Oi Gabby. ──── Disse enquanto ajeitava uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Os dois se encararam por alguns minutos sem saber o que falar e com a chuva aumentando ele não pensou duas vezes antes de botar sua jaqueta da seleção brasileira nos ombros da repórter.
──── Você vai congelar nessa chuva, vem, vamos ficar na casa da minha seleção até a tempestade passar.
──── Não precisa, eu acho o caminho.
──── Você continua teimosa, vamos!
Ele a guiou até o local em que os surfistas e técnicos brasileiros estavam e assim que entraram receberam olhares de confusão.
──── Já começou a festa foi Gabriel? ──── Falou uma loira no que a Miller reconheceu ser português.
──── Gente, essa é Seyran Miller, somos conhecidos de longa data e eu não podia deixá-la na chuva, tem algum problema?
A morena apertava a jaqueta no corpo por causa do frio e percebeu que até seu cheiro tinha mudado, aquilo fez seu coração apertar um pouco e então a loira se levantou.
──── Prazer, eu sou Tatiana Weston-Webb, vem que eu vou lhe dar umas roupas quentinhas. ──── Disse a surfista a levando até o quarto da mesma. ──── Quer tomar um banho antes?
──── Seria ótimo, obrigada.
Assim que ela saiu do banho, viu que Tatiana tinha deixado uma blusa e um short para ela e em seguida foi em direção a sala que todos estavam, cada um se apresentou da forma que sabiam e com isso Seyran se sentiu mais leve, acolhida até e quando Medina voltou para o cômodo, ele percebeu que a Miller ainda estava tremendo um pouco e pegou um de seus moletons para dar a mesma.
──── De onde vocês se conhecem? ──── Perguntou João Chianca que sentava perto de Luana Silva, sua namorada que deu uma leve cotovelada no homem.
──── Na competição Rip Curl Pro Search na California. ──── Respondeu a morena enquanto olhava para o homem que sorriu com a lembrança.
──── Nossa, então faz muito tempo! ──── Respondeu Chianca levando um tapa leve na cabeça de Medina.
──── Tá me chamando de velho, rapaz? ──── Brincou fazendo todo mundo rir.
──── Ele era chato assim naquela época?
──── Talvez um pouco pior. ──── Respondeu Seyro com um sorriso que fez todos começarem a implicar com o surfista.
As horas começaram a passar e a chuva não diminuía, as meninas foram dormir primeiro pois queriam focar no treino e em seguida Toledo e Chianca também foram, restando apenas os dois na sala.
Ela começou a sorrir ao ver como o time era unido e bem humorado, faz anos que ela se fechou para o mundo e não soube o que era essa leveza.
──── Está tudo bem? ──── Perguntou Gabriel sorrindo também.
──── Sim, é só que faz muito tempo que eu não me sentia bem assim. ──── Respondeu sem perceber.
──── Parece que essa chuva não vai passar hoje, eu durmo aqui no sofá e você dorme na cama.
──── Não precisa, a chuva vai passar daqui a uns trinta minutos no máximo, é o tempo que você tem que me aguentar. ──── A Miller respondeu olhando para as unhas.
──── Então parece que temos muito para botar em dia, não? ──── Perguntou o surfista olhando nos olhos azuis claros da repórter.
──── É, acho que sim. ──── Disse a de olhos claros olhando para a parede.
Aqueles trinta minutos parecia que ia durar para sempre, ou era isso que ela sentia.
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