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Capítulo XXXII - Como armar e desarmar uma bomba


A Anna lançou um sorriso generalizado à sala.

O Chester, sempre muito solícito, levantou-se imediatamente do sofá e ofereceu a sua ajuda de braços estendidos. Um perfume convidativo a chocolate evolou-se das bolachas que fumegavam, ainda mornas. A Bela torceu o nariz, enjoada. Baixou a cabeça que apoiou na mão, como se lhe doesse, como se estivesse maldisposta. Continuou a escrevinhar no seu caderno.

– Oh! Obrigada, meu querido – agradeceu a Anna ao deixar que o Chester lhe tirasse o tabuleiro das mãos. – Podes colocá-lo sobre a bancada. Transfere as bolachas para um prato, por favor. Ah... estou a abusar?

– Não, Anna. Tu és a dona da casa. Nós somos os teus convidados. Pede e fazemos – disse o Chester despachado, a falar e a fazer o que ela lhe dizia.

Em menos de um minuto devolveu-lhe o tabuleiro vazio e distribuía as bolachas por todos. Eram aquelas cookies tipicamente americanas, rodas grandes e grossas enfeitadas com gulosas pepitas de chocolate. Admito que salivei a antecipar aquela delícia. O Chester passou por mim, estendeu-me o prato e escolhi a que me pareceu mais tostada. Dei-lhe uma generosa dentada e saboreei cada migalha que se derretia divinamente na minha boca. Entre comer e sexo não sabia escolher o que me dava mais prazer. Eram duas atividades que se complementavam para me conferir equilíbrio emocional e me deixarem feliz de uma maneira egoísta.

A voz da Anna subtraiu-me aos devaneios.

– Trouxeram o caderno, meninos?

A Lara respondeu-lhe:

– Sim, senhora Shinoda. Estamos a usá-lo para criar a letra da canção que está a ser criada neste preciso momento. Foi uma prenda muito útil.

– Hum... Vejo que estão a dar-lhe outra utilidade. Podes chamar-me de Anna, Lara. Estão na minha casa, deixemos as formalidades de lado.

– Está bem... Anna – concordou a russa untuosa.

– Podemos fazer o jogo na mesma – propôs a Lia conciliadora. – Utilizamos as primeiras páginas do caderno para ensaiarmos os nossos poemas e a letra da canção, reservamos as últimas páginas para o jogo.

– É uma boa ideia! – concordou o Henry que se tinha juntado assumida e definitivamente ao grupo das meninas para dar as suas contribuições para a tarefa de escrita.

– Sim, é uma boa ideia – repetiu a Anna.

O Chester colocou o prato à frente dela. Restavam meia dúzia de bolachas depois de todos se terem aviado da sua. Até o Mike e o Brad comiam uma bolacha enquanto abriam os programas de mistura digital e elencavam os sons numa hierarquia que lhes facilitasse o trabalho.

– Sou um autêntico animal – desculpou-se ele, com uma expressão angelical que lhe garantia o perdão imediato de qualquer um. – Desculpa ter-te deixado para último, Anna. Normalmente é assim que faço em casa... Sou quase sempre o cozinheiro de serviço e deixo-me ficar para o fim, com os restos, para dar o melhor aos outros.

– Isso é muito nobre da tua parte – comentou o Matteo.

A Anna agitou uma mão.

– Não quero a bolacha. Obrigada, Chester – disse com uma pequena contração das sobrancelhas.

Olhei para a meia lua que prendia entre os dedos. Porque estão envenenadas? A seguir olhei para a Bela que tinha retirado uma bolacha do prato, mas que ainda não a tinha começado a comer. Repousava, apetitosa, sobre um guardanapo branco de papel à frente do caderno. Se ela não a quisesse comer, comia-a eu. Envenenadas ou não, as bolachas estavam excelentes. Eram as melhores bolachas que tinha comido na vida, superavam as da Susi e as da Nani que já eram boas. Mas estas... tinham a consistência certa, o doce no ponto, eram um pequeno paraíso para o meu palato.

– É por causa do chocolate – continuou a Anna a explicar. – Foi um tormento fazê-las, mas quis deixar esse agrado e contribuir para o lanche. Como sempre, o Mike é que tratou de tudo e não me deixou fazer nada. Mas eu tinha de fazer alguma coisa, não era? Tinha, eu sei que tinha, não adianta argumentares, Chester... só que o chocolate deixa-me um pouco nauseada. O cheiro... Passei a detestá-lo. É por causa da gravidez, mas não deixa de ser um incómodo ficar afetada com coisas normais, como o cheiro do chocolate.

O Chester girou sobre si mesmo depois de pousar o prato na bancada.

– Gravidez? – estranhou.

Um silêncio denso caiu na sala.

Fechei a meia lua de bolacha na boca, trincando-a com os dentes. O rangido escutou-se demasiado bem, o som de algo frágil a ser triturado e reduzido a pó. Evitei olhar para a Bela, não queria saber como ela reagia àquela bomba.

A Anna entremostrou um sorriso recatado. Felizmente, tínhamos o Chester connosco, o bom e velho Chester Bennington que tornava tudo numa enorme festa e algazarra, que agia tantas vezes sem filtros, adoravelmente insolente, rebelde e palhaço, que exagerava, que berrava, que criava uma muralha de barulho e alegria que separava o que era feio do que era bonito. Que mascarava, disfarçava e enganava.

– Ei, Mike! Vais ser pai? Não nos tinhas contado nada, bandido! Que história é essa? A Anna diz que está grávida! – exclamou ele, como se estivéssemos muito longe e não o pudéssemos escutar de outra maneira, como se fôssemos todos idiotas e precisássemos que nos gritassem para percebermos o que era ininteligível.

Sem se levantar, Mike girou a cadeira de rodízios. As suas costas estavam tensas e a sua tez de uma palidez imprevista denotava que a notícia não era para ter sido dada naquele lugar, daquela maneira, com aquela plateia eclética, na presença dos fãs que, para todos os efeitos, eram estranhos à família, que a Anna o tinha fintado e tinha desrespeitado uma qualquer combinação que fizeram os dois antes daquele dia em que iriam receber-nos, a Bela incluída, a Bela que tinha uma posição especial no esquema, na sua casa.

Antes de o Mike confirmar a novidade, o Dave deu-lhe uma palmada no ombro e desejou-lhe os parabéns. Avançou até à Anna e abraçou-a. Esses movimentos do baixista quebraram o feitiço que tinha congelado a cena numa fotografia tridimensional. O Chester deu um aperto de mão ao Mike, que continuava atarantado, e puxou-o para fora da cadeira dando-lhe um sacão no braço. Continuava a falar alto e a dar-nos cabo dos tímpanos. Os outros companheiros, o Rob, o Brad e o Mr. Hahn, também felicitaram o casal com gestos mais contidos. Os fãs deixaram-se ficar estáticos, incertos e inseguros se deviam entrar naquele círculo fechado, na tal família, até que a Lara tomou a iniciativa e dirigiu-se à Anna, primeiro numa frase em russo que explicou tratar-se da fórmula que se usava no seu país para abençoar os pais que comemoravam a chegada de um bebé. Depois deu-lhe os parabéns carregando de propósito no sotaque. Não percebi a intenção... A Anna agradeceu-lhe, outra vez com aquele sorriso repuxado que dava a impressão de ser pouco genuíno.

A Bela também felicitou a Anna. Fê-lo entre a Lia e o Henry, antes de mim que avancei logo em seu auxílio para prevenir uma cena dramática de acusações e recriminações. Estava preparado para a defender com os punhos, se fosse necessário o exagero. No entanto, tanto ela quanto o Mike e a Anna, eu achava que a Anna já sabia da pequena aventura do marido, sempre soubera, mostraram-se impecavelmente civilizados. A Bela não se destacou no clube dos sete, empregou as mesmas palavras inócuas de parabéns, e vislumbrei um pequeno desapontamento na russa que buscava, claramente, a polémica de uma situação insustentável. Seria, no mínimo, deselegante que a confrontação dos grandes pecados do anfitrião fosse feita na cave da sua casa, no estúdio que ele usaria, certamente, como um refúgio pessoal e um porto de abrigo. O Mike era o mais profissional dos Linkin Park, mas também teria necessidade de um sítio onde se pudesse esconder da própria fama e de todas as exigências de comandar um navio gigantesco como aquele. Onde se pudesse despir das mentiras da sua vida privada.

A seguir a toda esta roda-viva de abraços, apertos de mão, palmadinhas nas costas e sorrisos delambidos, caiu um silêncio embaraçoso. Entreolhávamo-nos sem saber muito bem o que fazer com aquela informação, com aquele momento esquisito que fora, apesar de todas as tentativas, desprovido de alegria e de espontaneidade.

Foi o Mike que recuperou o controlo da situação.

– Muito bem! Vamos continuar com o que nos trouxe até ao meu estúdio? Temos até às oito da noite, meus amigos. É o limite para terminar a nossa canção. Às sete a estrutura deve estar concluída, para ficarmos com mais uma hora para as afinações e eventuais melhorias. Concordam com o cronograma?

A canção tinha sido relegada para segundo plano depois do anúncio de que os Shinoda iriam ser pais pela primeira vez. A máquina tinha parado, e voltar a colocar aquele pequeno mostrengo metálico em funcionamento implicava gastar o dobro do combustível. O Brad assumiu-se como o maquinista. Reocupou a sua cadeira, fez sinais ao Dave e ao Mr. Hahn, pediu em surdina que o Rob puxasse o Chester para o sofá. O Henry, seguindo o exemplo do Brad – talvez procurasse impressioná-lo – determinou a partição que se tinha estabelecido. As meninas cuidavam da eventual letra, os meninos ajudariam o Mike na produção da trilha sonora. A Anna ficava, assim, claramente a mais. Ela apercebeu-se dessa posição. Recuperou o tabuleiro com o qual tinha trazido as bolachas. Elevou a voz para se fazer notada.

– Quanto ao nosso jogo... – disse.

– Sim? – respondeu-lhe a Lia solícita. – Gosta da nossa ideia, senhora Shinoda... quero dizer... Anna? Utilizamos as folhas de trás do caderno para o jogo.

– Claro. Podem usar as últimas folhas para o jogo – concordou, distraída.

Notei que ela marcava tudo o que o Mike estava a fazer pelo canto do olho, ao mesmo tempo que media os gestos da Bela e, curiosamente, os da Lara também.

– E como é que vai ser esse jogo? – perguntou o Chris.

– Oh! É muito fácil! – respondeu a Anna, que se agitou de repente. – Será um jogo de palavras. Estava a pensar em três desafios, com uma hora, sensivelmente, para completarem cada um. Não quero interferir na outra tarefa que têm em mãos de criarem uma letra para a canção que o Mike está a inventar, e nem pretendo ocupar-vos a tarde toda! Não é para isso que estão aqui, sei disso. No final de cada hora, farei a avaliação do desafio e vou eliminando as prestações menos conseguidas. Atenção! Não significa que aqueles que não passarem à fase seguinte tenham feito o desafio incorretamente... Trata-se de uma análise subjetiva que vai destacar os textos que me vão surpreender acima dos demais. Vocês podem ter uma opinião, eu tenho a minha que será soberana. É apenas um jogo, lembrem-se! Uma maneira de vos manter ocupados porque, acreditem, ver o Mike trabalhar pode ser muito, mas mesmo muito aborrecido... Ele fica no mundo dele e nós só temos de esperar... Sem interferir! Muito bem. Na primeira fase, ao fim do primeiro desafio, vamos eliminar três pessoas. Na segunda fase vamos eliminar duas. Na terceira fase, como vão restar as últimas duas pessoas, farei o anúncio de quem ganhou o jogo. Ou seja, só haverá um vencedor. O prémio é um livro de minha autoria, com autógrafo e dedicatória. Compreenderam as regras?

Assenti com a cabeça e os outros fizeram o mesmo. A Bela estava nitidamente irritada e a Lara ficou intrigada. Franzia a testa e isso era sinal de que aquilo não era o que estava à espera. Ninguém lançou qualquer dúvida, pelo que estávamos todos esclarecidos. Desconfiava de que ninguém gostara daquele jogo idiota, ainda por cima com eliminatórias. Queríamos despachar essa tarefa e passar à parte aborrecida de ver o Mike trabalhar na companhia dos restantes Linkin Park. Esse era o evento, esse era o nosso propósito para aquela tarde. Não me importava uma pevide de ficar simplesmente sentado a ver o Mike criar uma canção a partir daquele cimento matizado que lhe tínhamos amassado a partir dos papelinhos da tigela.

A Anna pediu-nos para abrirmos os nossos cadernos e anunciou, solene:

– Para o primeiro desafio dou-vos as palavras amigo e paixão. Quero que escrevam uma frase utilizando essas duas palavras. Uma única frase, do tamanho que entenderem. Pode ser longa, pode ser curta, pode ser cheia de floreados ou simples. Façam o que acharem melhor. – Conferiu o seu relógio de pulso. – Às quatro horas regresso para fazer a avaliação e eliminar três concorrentes do jogo. Boa sorte!

Quando ela deixou a cave, os meus ombros relaxaram e só então me dei conta de que tinha os músculos rígidos. O Chester desejou boa sorte a todos, com um toque de ironia e uma risada no fim. Pelos vistos, estivera a escutar a Anna e também achava aquele jogo uma estupidez inútil, se já havia a criação da canção.

– Não é preciso que me ponha a matar a cabeça – atirou o Matteo com desdém. – Já sei quem é que vai ganhar o jogo... Ora bem. Amigo e paixão. Fácil... – Pousou a ponta da caneta na folha do caderno que retirou do bolso de trás das calças e murmurou, ao mesmo tempo que escrevia: – Ou és amigo ou há paixão. Está feito!

– E quem é que vai ganhar o jogo? – perguntou a Lia que continuava a mostrar-se a mais empenhada do clube dos sete.

– O português – respondeu o italiano. – Ele é escritor, ele sabe fazer as melhores frases.

Bufei.

– Não sou bom a fazer frases curtas – justifiquei-me.

– Fazes uma frase longa. Que se dane! Está no papo, português. Vais ter um livro da Anna Shinoda.

– Eu também já terminei – anunciou a Bela voltando às folhas da frente do caderno. – Podemos concentrar-nos na letra da canção?

– Foste muito rápida – observou a Lia, espantada.

– Também sou uma escritora – disse a brasileira.

– Ah... sim? Também escreves?

A Bela não quis responder.

A Lara escreveu a sua frase rapidamente, sem lhe dedicar muito tempo, carregando na caneta com impaciência. O Chris ajudou a namorada a escrever qualquer coisa, enquanto lhe dizia que aquilo não era assim tão importante. Ajudei o Henry e também escrevi a minha frase. A paixão faz do amigo um amante. Era pirosa, mas, tal como a russa, também não quis perder muito tempo com aquilo.

O Mr. Hahn estava atento.

– Estou a ver que gostaram muito do jogo das frases... – Escondeu o sorriso zombeteiro no copo de refrigerante que bebia. – Pelo menos nisso estão todos de acordo.

– No que é que estamos de acordo? – perguntou o Matteo.

– Que detestaram o jogo das frases.

– Não contes nada, hum?

O pedido era inútil, porque toda a gente dentro daquela sala percebeu que não queríamos saber daquele maldito jogo para nada. O Mike não teceu nenhum comentário, nem a favor, nem contra. Não estava disposto a defender a mulher, percebi, porque já achava que ela estava a meter-se onde não era chamada. Deixava-a interagir com os fãs para a apaziguar. Tinha havido negociações entre eles para aquela visita, cada vez tinha mais a certeza disso.

– Suborna-me! – exigiu o Mr. Hahn ao italiano.

– Diz o teu preço.

– Vais ser o meu escravo estar tarde e vais servir-me de toda a comida que te pedir.

– Aceito – concordou o Matteo, destemido. – De qualquer maneira, já estou eliminado na primeira fase e fico livre disto.

– Mas eu gostei do que escreveste.

– Estás a ser generoso!

Os dois riram-se um para o outro. Aquela pequena gargalhada desfez quaisquer resquícios de tensão que pudessem existir depois de a Anna ter visitado o estúdio. O ar como que clarificou.

Foram muitas coisas ao mesmo tempo. As bolachas, o anúncio da gravidez, o jogo das palavras, a possível armadilha das eliminatórias...

Podíamos ir para a canção, com dois pequenos intervalos para mostrarmos frases idiotas, como se fôssemos meninos da escola e fingirmos que apreciávamos a atenção da dona da casa, tanto quanto adorávamos o talento do anfitrião. Ninguém se preocupou em disfarçar o que quer que fosse e eu senti-me menos ingrato.

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