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Capítulo XXI - Os prémios merecidos


Os dois dias de folga que nos deram depois da saída noturna deixaram-nos impacientes. O tempo parecia nunca mais passar e qualquer coisa que escolhêssemos para nos entreter esgotava-se ao fim de algumas horas. Tentei fazer vida de lorde, mas os mergulhos constantes na piscina acabaram por me cansar. Acho que nunca vi tanta televisão como naquelas quarenta e oito horas. Com o Henry cumpri duas maratonas de séries e, no fim, sentia como se não tivesse visto nada. As histórias não se fixaram no meu cérebro. Uma mensagem do John no final do segundo dia mudou tudo, quebrou a monotonia e instalou no clube dos sete um estado de euforia muito semelhante à loucura que acontecera no clube de Long Beach. Iria finalmente acontecer alguma coisa!

A mensagem contava que na noite seguinte iríamos a uma entrega de prémios acompanhar os Linkin Park que tinham sido agraciados com mais um galardão que celebrava a sua incrível carreira, o seu maravilhoso talento e o seu sucesso enquanto músicos. Seria um evento de gala e iríamos apresentar-nos no nosso melhor. Foram alugados smokings e vestidos de festa, sapatos e acessórios, foram contratados profissionais que tratariam dos cabelos e das maquilhagens das mulheres. Como acontecia nos Oscars – emprestavam-nos os fatos e as joias, nós fazíamos a devida publicidade.

Fiquei nervoso com esse evento, diga-se de passagem. Nunca fui muito bom a seguir protocolos e preceitos rígidos, ficava sempre com receio de pisar em falso e de fazer uma figura ridícula. Olhando em meu redor, contudo, observando os meus companheiros de aventura, não tinha nada a temer, pois era bem provável que nós fizéssemos essa figura ridícula em conjunto. Seria uma novidade para todos, frequentar uma gala do calibre de uma entrega de prémios em Los Angeles.

No dia da gala, acordámos com as instruções, mais uma vez precisas e minuciosas, do John no grupo 'The Summer'. Devíamos estar prontos a partir do meio-dia, altura em que a carrinha iria buscar as mulheres para as levar até a um salão de beleza, onde fariam um tratamento completo, desde cabelos a unhas dos pés, para estarem radiosas à noite. Os seus vestidos seriam escolhidos posteriormente ao salão de beleza de um lote previamente selecionado. Os homens seriam transportados para um alfaiate de renome, onde iríamos experimentar os nossos fatos alugados.

Comemos um brunch rápido preparado pela Nani e pela Susi. A Bela sentou-se à mesa, longe de todos, até de mim. Consegui apanhá-la a sair da cozinha.

– Bela?

– O que foi, André?

Meneei a cabeça, incitando-a a contar-me o que se passava, a razão de se ter mostrado tão abatida naqueles últimos dias. Nunca mais tínhamos conversado e sentia-me mal por não ter forçado uma aproximação. Deixei-a estar e se calhar não a devia ter deixado estar.

– Fiz merda – queixou-se ela, uma sombra sobre o rosto a toldar-lhe o olhar com uma tristeza funda que me atingiu. – Foi só isso... fiz merda.

Estava relacionado com o Shinoda, estava relacionado com o Bennington. Aquele triângulo amoroso esquisito que era feito de sentimentos unilaterais – cogitei. O Chester queria a Bela, a Bela queria o Mike e o Mike... o que quereria ele?

A tarde passou-se. De volta ao meu quarto, vesti-me para a gala e mirava-me ao espelho. Escolhia um fato escuro, tecido acetinado e macio como nunca tinha visto ou vestido nenhum, tinha lá dinheiro para andar de smoking! Nem dinheiro, nem ocasião propícia para exibir toda a elegância que conferia no meu reflexo. Ao pescoço usava um laço – todos os rapazes tinham escolhido laços em vez de gravatas –, calçava sapatos também escuros, tão engraxados que podia ver-me no reflexo deles. Eram surpreendentemente confortáveis, como se calçasse pantufas. Quando dava uma voltinha para apreciar a minha imagem que, com certeza, não se repetiria nunca mais – a não ser que recebesse um convite para os Globos de Ouro de uma famosa estação televisiva portuguesa, chamados os Oscars de Carnaxide, o que era improvável – era como se flutuasse, pudesse correr até ao fim do mundo e voltar sem criar uma única bolha. Estava muito confortável, sem calor ou frio, perfumado, o cabelo arranjado, decente. Pisquei-me um olho. Era isso. Tinha de me manter... decente.

Saí do quarto, fechei a porta. Havia um corrupio no corredor, com a Lara a aparecer e a desaparecer, a chamar pela Lia. As modistas estavam lá para ajudarem as mulheres a se vestirem e a ajustar as costuras às curvas de cada corpo feminino. Elas já estavam penteadas e maquilhadas, e um odor floral pairava no ar.

Desci as escadas e juntei-me aos três rapazes no piso inferior. Estavam também o John, o Brian e a Amy, mais o Jimmy da LPTV que captava algumas imagens na mansão.

Notei que o Henry andava de um lado para o outro, longe do par Chris e Matteo que discutiam sobre música, com os respetivos telemóveis na mão para mostrarem vídeos do YouTube um ao outro.

– Eu também estou nervoso – disse ao texano, para puxar assunto.

Henry olhou para mim. As suas narinas dilataram-se quando inspirou fundo. Mais do que inquieto, ele estava também... aborrecido. Reprimia uma qualquer questão que o deixava furioso e ansioso.

– É por causa do Brad? – murmurei.

– Não, meu! – exclamou indignado. Enfiou as mãos nos bolsos das calças. Abanou a cabeça tristemente. – É por causa da gala, sim... mas não tem que ver com o Brad. Vou encontrar-me com ele outra vez, depois do que aconteceu no clube, mas estaremos num local público e... ele vai estar acompanhado. Nós todos iremos estar acompanhados, é o que dizem as regras do John. Já as leste, não leste? Nestas festas todos devem ter... um par.

– Sim, eu vou com a Bela. O Matteo vai ter de aturar a Lara que só vai ter olhinhos para o seu namorado, o Bourdon... Ah, esse é o teu problema? Quem é o teu par? Sim, somos quatro homens e três mulheres.

– O John quer que eu vá com a Amy.

– Ela não é feia...

– Preferia ir com o Brian – atirou, orgulhoso, espetando o queixo.

Fez-se-me luz no cérebro. Ele preferia um acompanhante masculino e estava no seu pleno direito de o ter. Olhei para o John que conversava de uma forma amena com os seus dois assistentes.

– Pede-lhe.

– Não quero pedir nada...

– Então, peço eu.

– Espera! – Puxou-me pela manga do casaco. – Eu... e se eles não gostarem disso? Os Linkin Park... E se eles acharem que é uma afronta, ou algo assim? Talvez sejam regras obrigatórias, que os pares sejam... sejam casais mistos. Um homem e uma mulher. Não quero ser acusado de quebra de protocolo.

– Que disparate! Então se tu fores com a Amy, o John vai com o Brian.

– Eles podem ter os seus pares, duas outras mulheres...

– Daqui vamos para o auditório onde vai acontecer a cerimónia. Não vão aparecer mais duas mulheres. E não me parece que a Nani ou a Susi tenham sido convidadas. Elas continuam na cozinha, a arrumar as coisas. Tu vais com o Brian e o Brian vai contigo. Está decidido. Vou convencer o John disso. E não acredito que os Linkin Park se importem.

Falei com o John à parte. Expliquei-lhe, sem entrar em grandes pormenores, que o Henry gostaria de ir à festa com o Brian e não com a Amy, se o Brian não se importasse. Era uma questão muito importante para ele e seria uma entrada diferente, inclusiva e nem sequer forçada. O John olhou para o texano, olhou para o assistente. Agradeceu-me a dica e foi falar com o Brian. Missão cumprida. O Brian tornou-se no par do Henry. O assistente adorou a ideia. Impôs algumas regras; nada de braços dados, nem de encostos exagerados, tudo com decoro e classe. A Amy passou a ser o par do John.

A Lara e a Lia desceram as escadas em ritmo de passagem de modelos, a exibirem os seus vestidos vermelho e azul, respetivamente. O decote da russa mostrava-lhe o peito de uma forma descarada, mas depois de eu ter provado as mamas da Clara já não queria saber das mamas da Lara para nada. Uma pena, pois a Lara estava disponível, assim que levasse o pontapé mais do que previsto do Bourdon, e a Clara passara para a esfera dos sonhos irrealizáveis.

A seguir apareceu a Bela num sofisticado vestido preto.

Ofereci-lhe o meu braço num gesto cordial, pois eu seria o seu par.

– Isabela! Estás incrível!

Ela entremostrou-me um sorriso triste.

– Você também está um gato, André.

– Achas, linda?

– Claro!

– Estás melhor? – perguntei com uma pitada de preocupação.

– Sim, estou. Na medida do possível.

– Ei, estás maravilhosa. Ergue a cabeça, Bela! O Mike e o Chester vão enlouquecer quando te verem. Estás preparada para te reencontrares com eles?

– Eu não estou preparada p'ra nada. Estou apenas tentando respirar e... ficar firme.

– Respira fundo e larga toda a tua insegurança. Esta noite não podes ficar triste. Não combina com a tua beleza, amiga.

Quis dar-lhe um beijo, mas tive medo de fazer algum estrago, no penteado e na maquilhagem perfeita. Ela estava muito bonita, os meus elogios foram sinceros e refletiam o que eu estava a ver.

Aliás, estávamos todos magníficos, umas autênticas princesas, uns verdadeiros príncipes. Merecíamos uma limusine para nos transportar para a gala, mas tivemos de nos contentar com a nossa querida e corriqueira carrinha.

A festa, que incluía um jantar, começava às oito da noite e iria acontecer no auditório Evelyn Grant for Arts na baixa de Los Angeles. Os prémios eram atribuídos pela American Association of Music and Musicians. Eram de segunda categoria, quando comparados com os Grammy, por exemplo, mas isso não interessava nada. Seria uma distinção que iria seguramente enriquecer o currículo da banda, nenhum prémio ou condecoração era de menosprezar. Para mais, da nossa parte de fãs, estávamos todos embonecados e seguíamos um protocolo restrito como se fôssemos assistir a uma apresentação requintada. Era Hollywood, as aparências contavam. Movíamo-nos, pelo tempo daquela noite, no olho do furacão, em plena fogueira das vaidades. A sensação de viver um conto de fadas era avassalador e eu não iria desperdiçar um minuto daquilo.

Saímos num parque de estacionamento genérico. John alinhou-nos, com os nossos respetivos pares ao lado, como numa procissão. Seguimo-lo e ele levou-nos até a um pórtico. Aí, conferiram os nossos convites e deram-nos as nossas credenciais, tudo registado nos respetivos telemóveis. A Bela e as outras tinham os seus aparelhos nas bolsas diminutas que levavam na mão esquerda, umas pochetes cravejadas de brilhantes. As nossas miúdas cintilavam, não só por causa dos vestidos deslumbrantes, mas também por causa das joias que usavam.

Levaram-nos para um local onde aguardámos a nossa vez para entrarmos na passadeira vermelha ladeada por baias, por detrás das quais estava uma multidão de fotógrafos de um lado, uma turba de admiradores, curiosos e mirones do outro. O John fez-nos sinal e nós avançámos. Tentei caminhar o mais naturalmente possível, mas era quase impossível não fazer um andar esquisito que nada tinha que ver comigo quando o chão se tinha transformado numa massa fofa, afundando-se com cada passo que dava. Os clarões dos flashes das câmaras fotográficas cegavam-me ao ponto de ter pintinhas pretas a macular-me a visão. Era tudo impressão, mas para quem não estava habituado àquele assédio era como uma intrusão à alma. Agarrei na mão da Bela com firmeza, que pousava na curva do meu cotovelo, e conduzi-a através daquela passagem do terror, com a certeza de que iria cumprir o desafio.

Alcançámos um painel repleto de publicidade e tivemos de fazer uma paragem, por pares, para os derradeiros disparos dos fotógrafos. O John com a Amy. O Matteo com a Lara. O Henry com o Brian, e estavam os dois divertidíssimos. Eu e a Bela. Por fim, o Chris com a Lia. Passada essa prova intimidante, que me colou o estômago às costas, entrámos num vasto e luxuoso hall onde estavam os participantes e demais convidados da gala. Músicos, empresários, jornalistas, apresentadores, amigos, respetivos acompanhantes.

O hall rebrilhava de luz e de riqueza. Do teto penduravam-se lustres de cristais que despediam centelhas brilhantes que pareciam verter sobre as pessoas numa chuva de prata. As carpetes, ainda da cor vermelha, algumas com desenhos de arabescos, forravam integralmente o chão. A decoração em redor destacava os painéis de madeira com entalhes em dourado. O fausto e o poder estavam presentes ali em quantidades absurdas.

Num canto havia um pequeno palanque para a reportagem do canal de televisão que estava a transmitir a gala em direto. Notei pela primeira vez o Joe e o Jake da LPTV, imaginei que o Jimmy, que tinha estado na mansão, chegasse mais tarde. Captavam imagens rápidas, apontavam a câmara aleatoriamente e filmavam muito pouco. Queriam apanhar-nos a agir normalmente, sem afetação, o que era quase impossível. Aquele ambiente excessivo contaminava-nos e excitava-nos.

Encontrei os Linkin Park ao circunvagar o olhar uma terceira vez pelo enorme salão. Ali estavam eles, a banda dos seis, com as suas acompanhantes. Tudo aos pares, como devia de ser. Homens e mulheres, casais. E foi então que senti um orgulho tremendo do meu amigo Henry – e também pela coragem do Brian – por ter furado essa convenção.

Como esperado, e porque eram um dos premiados da noite, os Linkin Park tinham um verdadeiro enxame de gente junto deles, que aproveitava o momento para estar perto e cumprimentá-los, dando-lhes os parabéns pela sua carreira irrepreensível, temperando as palavras amenas com uma bajulação untuosa.

John deu-nos indicações para nos juntarmos a eles. A Bela estremeceu. Afastei o braço para lhe dar a mão e assim irmos os dois numa postura mais íntima e segura. Ela precisava que eu funcionasse como muleta. Notei-lhe o nervosismo subtilmente escamoteado sob a maquilhagem que disfarçava qualquer defeito que pudesse existir, grande ou pequeno. Ou invisível. No entanto ... o meu coração apertou-se e as minhas pernas deixaram de funcionar. Parei no meio de uma passada e não fui capaz de avançar. A Bela, fixada em Mike, ou em Chester, não soube bem destrinçar qual dos dois captavam mais a sua atenção, avançou sem se dar conta de que eu ficara para trás.

E qual o motivo para eu ter petrificado no centro do hall do auditório Evelyn Grant for Arts? Simples, muito simples.

Rebobinando alguns segundos, revi mentalmente o que me captara a atenção.

Os Linkin Park. O Mr. Hahn e a sua mulher Heidi. O Dave com a Linsey, também a sua esposa. O Rob e uma outra mulher – a Lara iria ficar chocada. O Chester, apoiado numa bengala que disfarçava o seu coxear, com a sua ex-mulher, Talinda. O Mike muito rígido ao lado da sua esposa Anna. E, por último, o Brad com... de mão dada com...

Engoli em seco. Dei meia-volta à procura de uma escapatória. Precisava de fugir, de me refugiar e de me esconder para organizar as minhas ideias. E recuperar o sangue-frio.

O Brad Delson, guitarrista dos Linkin Park, estava de mão dada com a Clara.

Essa mesmo. A Clara!

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