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Capítulo XVI - Reconfiguração


Acordei na manhã seguinte com as notificações do telemóvel a tilintarem nos meus ouvidos. O John avisava no grupo 'The Summer' que iria aparecer na mansão às três horas da tarde para nos dar a conhecer sobre o novo calendário da experiência. Iria acontecer uma semana de pausa no programa e isso tinha afetado o cronograma pré-estabelecido. Gostava da linguagem de gestor do Mr. Halloway, divertia-me e lembrava-me do escritório de contabilidade onde trabalhava. Preferia mil vezes ter o John como o meu chefe, do que aquele homenzinho que efetivamente me chefiava. Só que não podíamos ter tudo na vida...

Muito provavelmente, quando regressasse a Portugal, iria despedir-me e procurar outro emprego. Estava a formar essa decisão dentro de mim que me parecia cada vez mais adequada ao meu novo estatuto. Não iria sair dos Estados Unidos rico, em termos monetários, nem por sombras. Mas tinha a sensação persistente de estar a adquirir um tipo de riqueza diferente, algo incorpóreo e fundamental, que me nutria o espírito e que me deixava saciado, feliz e completo. E se tivermos a alma bem, o corpo ganha outro tipo de arrojo.

Depois do almoço o John reuniu-nos a todos na sala. Incluindo a Bela, que chegara, entretanto, da sua noite de vigília na casa do Chester. Ela também se sentou connosco, muito cansada.

A introdução foi um aviso sobre os nossos comportamentos. O sermão que eu esperava e que foi mais do que justo. O John fez um discurso de mais ou menos quinze minutos sobre nós e sobre o que estávamos a fazer ali, sobre o contrato que tínhamos assinado, as nossas obrigações e os nossos direitos, os nossos deveres e as nossas premissas. Não mencionou nomes, nem particularizou situações, mas todos nós sabíamos que o que tinha motivado aquela lição moralizadora fora o ambiente maldoso e de rivalidade que surgira entre a Lara e a Bela. Se a brasileira se mostrava afetada com as palavras do John, torcendo as mãos e mordendo os lábios, lívida e com a culpa nos olhos, a russa tinha novamente aquela postura de soberana magnífica e inatingível. Eu tinha-me sentado ao pé da Bela – estávamos os sete sentados e o John falava de pé, de frente para nós – e, para sossegá-la, apertei-lhe a mão. Ela sorriu-me agradecida pelo apoio.

Finalizada aquela introdução, o John passou a elencar os eventos que tinham sido adiados. Felizmente conseguiram reagendar tudo e nada foi cancelado. Estava previsto que cada um dos elementos da banda criasse uma atividade com os fãs e todos quiseram manter as suas ideias, mas em datas diferentes.

O Chester tinha sugerido a praia e isso já tinha acontecido. Fora no dia anterior, a dezassete de julho.

O Brad tinha sugerido uma visita guiada por Los Angeles, sendo que ele seria o guia turístico. Era para ser depois de amanhã, pelo que a visita foi reagendada.

O Mike tinha sugerido a criação de uma música a partir de sons selecionados pelos fãs, a acontecer no estúdio da sua casa, que acabou cancelado à espera de uma nova data ainda não definida.

O Dave tinha sugerido uma tarde desportiva, com diversos jogos individuais e coletivos. Esse dia foi obviamente cancelado, devido à lesão do Chester, também com nova data por definir.

Mantinham-se uma ida a um clube noturno, sugerida pelo Rob a acontecer dali a uma semana, e uma exposição de fotografia, sugerida pelo Mr. Hahn que foi marcada para depois do evento do baterista, porque nessa altura esperava-se que o tornozelo do Chester já não desses problemas e que ele estaria disponível para participar nos encontros.

No fim, o John acrescentou que tinha registado a ideia do intercâmbio gastronómico, enviada ontem pelo Matteo em mensagem particular e validada pelo Mike. Logo veria onde se podia encaixar essa atividade, mas iria acontecer mais para o fim do calendário, já em agosto. Talvez o Chester gostasse de apadrinhá-lo, uma vez que o vocalista se orgulhava dos seus dotes na cozinha.

– O Chester vai ter dois eventos, então – observou o Henry curioso.

– Sim – confirmou o John. – O Chester pediu-me para colocá-lo à frente de um segundo evento porque se sente mais ou menos culpado por a ida à praia Venice não ter terminado da melhor maneira. Ele não tem culpa, claro, ele sabe também que não tem culpa, mas o Chester é uma pessoa atenciosa, preocupado com o bem-estar dos outros. Por isso, pediu-me para encaixar um segundo evento com o seu patrocínio e a sugestão do Matteo veio a calhar.

– Serão três eventos do Chester, se contarmos com a visita à sua casa no outro dia – acrescentou o Chris.

– Essa visita à casa do Chester não é classificada como um evento – esclareceu John. – Foi uma surpresa decidida no próprio dia. Não a inscrevi oficialmente no programa.

– E para que serve essa inscrição oficial no programa? – quis saber a Lia.

– Serve para constar na emissão do certificado no final da experiência.

– Vão dar-nos um diploma? – admirou-se o Chris.

– Uma espécie de diploma, sim – confirmou o John. – Se quiserem utilizar o documento nos vossos currículos, estão à vontade.

– Por que motivo se cancelou a criação da música? – perguntou o Matteo. – O Chester não podia aparecer na casa do Mike, mesmo com um tornozelo magoado?

– Os primeiros dias de convalescença do Chester são cruciais e ele não deve sair da cama, para não apoiar qualquer peso no tornozelo. O dia da criação da música estava agendado para depois do passeio do Brad, mas ainda calhava dentro da semana em que o Chester deve estar de convalescença. Era demasiado cedo. Por outro lado, o Mike cancelou o evento porque são vocês que não querem fazer nada sem o Chester. Era possível, claro, fazer esse evento sem ele, e até sem os outros, porque será o Mike que vai liderar todo o processo. No entanto, ponto número um, o Mike cancelou o evento. Ponto número dois, vocês preferem ter a banda toda junta ou não a ter, de todo. Correto?

– Eh... sim, John – disse o italiano. – Correto.

– Então, ficamos assim. Vai ser uma semana de pausa e vai passar rapidamente.

– Se os eventos foram reagendados... outros foram cancelados – observou a Lia. – Os eventos desta semana vão sobrepor-se aos que estavam previstos nesses dias. Estou a pensar bem?

– Sim, Lia. Estás a pensar bem – admitiu o John com um sorriso plácido. – Fizemos uma reconfiguração das nossas tabelas. Não temam. Ao fim dos quarenta dias com os Linkin Park não ficará nada por fazer. A experiência terá a mesma intensidade e maravilha daquela esperada, mesmo se o Chester não tivesse magoado o tornozelo. Estamos a ver se a banda pode participar numa gala de prémios que não estava prevista inicialmente e isso irá compensar, seguramente, os pequenos eventos que foram cancelados. De acordo?

– De acordo – concordou a Lia.

Em jeito de resumo, e para terminar aquela reunião tática do general com as suas tropas, o John informou-nos novamente, e de viva voz, de que iria acontecer uma semana de pausa na experiência. Deixou-nos, por mensagem, ali à nossa frente, sugestões do que poderíamos fazer nesse intervalo de tempo – espetáculos de teatro e de música, cinema, passeios variados, visitas a museus e afins – e anunciou que estaríamos com a banda no próximo dia vinte e quatro de julho para acompanhar primeiro uma sessão de fotografias, depois para realizarmos o evento do Rob. Ele visitaria amiúde a mansão e continuava a estar inteiramente disponível. Despediu-se, saiu, e ficámos a olhar uns para os outros, meio perdidos. Agora, cabia-nos a organização do nosso tempo durante aqueles seis dias de tédio.

A Bela levantou-se do sofá, muda e calada, e foi para o quarto dormir.

Bem, teria de me dedicar agora à definição do meu dia. Fácil, ajuizei. Aproveitar as sugestões do John, manter a minha rotina de utilização da piscina da mansão, comer e dormir. Talvez convidar alguém para me fazer companhia, mas contava estar sozinho na maior parte das ocasiões. Muito semelhante ao que já fazia na minha casa. Podia até atualizar o diário ou iniciar a escrita de uma outra história que acrescentaria ao meu parco currículo de escritor.

Tudo podia ser assim tão fácil e direto, não fosse o facto de a Bela ter saído com o John numa tarde, dois dias depois, para uma ida até à casa... do Mike. Só eu sabia pormenores, mais ninguém, e a ausência dela causou um burburinho incómodo entre os outros, com falatório desnecessário potenciado pela Lara. A Bela tinha ido gravar a tal canção com o Shinoda, para responder ao convite que recebera no dia em que estivemos no churrasco com o Chester. Não seria nada de extraordinário se não fosse pelo facto de o próprio Mike ter cancelado o evento da música que iria fazer com todos os fãs, e pelo facto de a Bela frequentar a casa do Chester, pois continuava a acompanhar a sua recuperação. Ou seja, havia a impressão de que a Bela era favorecida dentro do clube dos sete. Tinha mais acesso aos Linkin Park do que todos os outros e havia algum ressentimento por estarmos uma semana afastados da possibilidade de privar com eles.

Quando a Bela regressou, já de noite, houve uma discussão feia com a Lara – e eu tive de lembrar o Matteo, que de vez em quando partilhava o quarto com a russa, de que devia pôr tino na namorada, ou ela ainda acabava expulsa do programa. O John Halloway não iria tolerar outra discussão entre as duas mulheres e nós podíamos apanhar por tabela. O que seria tremendamente injusto para mim, para o Henry, para o Chris e para a Lia. Até para o John e para a banda, que investiram o seu tempo naquilo. Era ingrato que tudo se destruísse por causa de ciúmes e de invejas.

As minhas palavras até que continham uma certa sabedoria e orgulhei-me do que disse, no calor do momento. Contudo, pouco efeito causaram na melhoria da interação do grupo, infelizmente, e continuaram a olhar a Bela de lado e a fazer mais caso do veneno destilado na intriga da Lara. Eu funcionava como um títere, ora para um lado, ora para o outro, e já nem sabia onde pertencia, porque gostava da Bela e achava que os demais estavam a ser parciais e maldosos. Mas também não me demitia do grupo, pois não queria perder o meu cartão de membro do clube dos sete. Em suma, jogava nos dois campos e tentava gerir a situação com muito jogo de cintura.

Numa tarde, quando estava a regressar de uma visita guiada aos estúdios antigos de Hollywood, onde se filmaram vários clássicos dos anos 40 e 50 do século XX, apanhei a Bela no corredor dos quartos. Ela estava a sair. Desta vez era o Brian que estava à espera dela num automóvel.

– Posso falar contigo? São só dois minutos. É rápido, amiga.

– Claro, André. O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Podemos falar no teu quarto?

– Estamos a conversar em português, ninguém vai entender...

– Eles não gostam quando falamos em português. Pensam que estamos a conspirar contra eles.

– E não estamos? – Ela riu-se. Mas como eu não me ri, percebeu que a situação não era para brincadeiras.

Ficámos de pé, atrás da porta fechada.

– Compreendo que tenhas andado ocupada e mais cansada do que nós, pois tens estado a trabalhar – comecei. – Percebo perfeitamente que quando regressas a casa queiras estar sozinha, relaxar e não aturar... certas merdas. Mas por favor, Bela. Não te isoles tanto.

– O que você quer que eu faça, André? – respondeu-me com tristeza. – Neste momento não posso, e nem quero, estar no mesmo lugar que aquela vaca da Lara que anda falando mal de mim, inventando mentiras para jogar os outros contra mim. Se eu entrar nas conversas, se eu conviver mais com todos vocês, vou dividir ainda mais o grupo.

– Não é uma situação fácil, eu sei. Mas faz um esforço e junta-te a nós. Quando o fizeres, terás obrigatoriamente de ignorar a russa ou vai estalar outra discussão. Ela está claramente a tentar colocar-te no papel da má da fita. O que ela queria era estar no teu lugar, a gravar canções com o Mike e a cuidar do Chester.

– Ela sabe que eu fui gravar uma música com o Mike? – perguntou-me alarmada.

– Não, não. Ninguém sabe disso. A Lara imagina coisas e põe-se a inventar sobre o que foste fazer na casa do Mike, e houve quem já tivesse dito que teve que ver com música.

– Inventam coisas, sei disso. E eu não posso me incomodar com mentiras que contam sobre mim.

– Amiga, amanhã vamos fazer uma pequena excursão à baixa de Los Angeles. Quero que vás connosco.

– Não sei se posso...

– Podes sim. Fazes por poder.

– André, estou saindo para ir até à casa do Chester. Vou ficar lá até à meia-noite. Preciso de dormir depois.

– Dormes na carrinha, pelo caminho.

– Carrinha?

– A... a van – corrigi, repescando o termo em português do Brasil. – Bela, por favor. Quero-te connosco. É importante. Para mim, para o grupo, para ti principalmente. Não admito que faltes. Já basta estes dias aborrecidos que temos passado, com esta divisão entre nós que não faz sentido algum. Tu andas por fora na maior parte do tempo, mas eu tenho estado aqui dentro e tenho aturado e ouvido cenas que, de bom grado, dispensava. Estamos aqui para nos divertirmos, não para começarmos uma guerra. Como disse o John, esta experiência é intensa e maravilhosa, precisamos de guardar dela as melhores recordações.

Ela baixou a cabeça e ficou algum tempo em silêncio. Pensava em tudo o que estava a acontecer, na noite em que iria dormir pouco, do que podia esperar daquele passeio à cidade no meio de inimigos, no Mike e no Chester, em mim, no sonho que era estar com os Linkin Park, no que faltava ainda para o verão terminar.

E disse-me que sim. Ela iria visitar a baixa de Los Angeles com o clube dos sete. Agradeci-lhe a cedência com um beijo na testa.

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