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Capítulo IV - Ídolos


O concerto dos Linkin Park iria acontecer no Hollywood Bowl, um anfiteatro muito famoso de Los Angeles que acolhia espetáculos musicais e que tinha capacidade para cerca de dezassete mil pessoas. Já não havia bilhetes disponíveis, pelo que o recinto iria apresentar-se cheio e ruidoso e elétrico, o ideal para um concerto da nossa banda favorita. Contava cantar bastante naquela noite.

Depois de um lanche substancial preparado pela Nani e pela Susi – tinha de tomar cuidado, àquele ritmo iria engordar uns dez quilos durantes aqueles dias –, fui para o meu quarto despachar-me. Vesti umas calças de ganga, a t-shirt com o logótipo da banda que nos tinha sido oferecida pela organização, calcei umas sapatilhas confortáveis e desci para a sala. Levava também uma mochila com uma segunda muda de roupa, pois a saída com a banda até ao bar iria acontecer logo a seguir e não havia tempo para regressarmos à mansão para nos arranjarmos. Presumi que iríamos suar bastante no concerto e não me importei. Suar significava esforço, e esforço significava entrega, e eu estava mais do que motivado para mostrar a mim e aos outros que estavam comigo que era um fã a sério dos Linkin Park.

Em breve juntámo-nos os sete na sala. Ora de pé, ora sentados no sofá, a mexer nos respetivos telemóveis, a olhar a paisagem pelas enormes janelas que mostravam o relvado e a piscina. Por falta de distração ou para acalmar a ansiedade, não sei qual das duas escolher, a Lara foi sentar-se no colo do Matteo e começaram a beijar-se, como se não estivesse ali mais ninguém. A Bela não gostou de ver aquilo, mas seria mais por causa da atitude exagerada da russa do que por ciúmes do italiano. Os outros fingiram não estar a ver nada e eu também me posicionei de maneira a deixar de ver. Se o Matteo e a Lara quisessem estar na marmelada, que estivessem... eram adultos e responsáveis pelos seus atos.

Dez minutos antes das cinco da tarde, o John apareceu.

– Olá, meus amigos!

– Olá, John! – respondemos todos em uníssono e desatámo-nos a rir. Para além de estarmos vestidos de igual, com a mesma t-shirt, estávamos a comportarmo-nos como um bando de criancinhas do infantário que iria fazer uma visita de estudo. Apesar de constrangedor, porque já tínhamos idade para sermos menos impressionáveis, era divertido!

– Hum... estão bastante animados! Isso é excelente – disse o John com um sorriso. – E vejo também que estão a conferir as atualizações do nosso grupo de WhatsApp. Isso, façam sempre isso, porque antes de cada evento ser-vos-ão enviadas as indicações específicas que deverão seguir. Pois bem, o que vos quero dizer é que não é necessário decorar o programa do "The Summer with Linkin Park", as notificações vão vos mantendo ao corrente. Não sei se alguém sabe o programa de cor... – Passou o olhar por todos e eu percebi, pela atitude ligeiramente hirta, que ninguém se tinha dado ao trabalho de ler o programa exaustivamente. O John também percebeu e pigarreou. – Muito bem! Então, para hoje... teremos o concerto da banda.

Alguns gritos, o Henry mandou toda a gente calar-se. Era embaraçoso, murmurou.

– Terão lugares especiais junto ao palco e terão também escolta dos seguranças da comitiva oficial – continuou o John –, pois no final da atuação irão seguir para os bastidores para um pequeno encontro com a banda. Será o primeiro da noite.

Toda a gente resfolegou, a reprimir a vontade de gritar. Henry vigiava-nos e tentámos não o perturbar, porque o texano estava preparado para nos voltar a admoestar.

– Após o concerto, vão ter uma segunda oportunidade para privar com os Linkin Park e conversar com os membros da banda, pois iremos encontrar-nos num bar exclusivo, com toda a privacidade. Estamos prontos? – completou John.

Foi uma resposta coletiva afirmativa, sem histerias. Acho que o Henry ficou satisfeito e sentiu-se mais tranquilo.

Entrámos na carrinha e a nossa viagem até ao Hollywood Bowl começou. Passavam dois minutos das cinco da tarde. A pontualidade impressionou-me e mostrou-me que, dali em diante, devia ter atenção para não me atrasar para nada, podia irritar alguém – e eu sentia o peso acrescido por ser o sétimo elemento do grupo.

Estava sentado ao lado da Bela que olhava nervosamente a cidade rolar pela janela do seu lado esquerdo. A Lara tagarelava com o Chris que gargalhava loucamente, os dois estavam sentados com o Matteo no banco de trás. No banco da frente seguiam a Lia e o Henry, calados. O condutor era o John, e com ele estava a mulher do dia anterior, a Amy, que tirava notas e as inseria no seu telemóvel.

– Estás tão calada. Estás ansiosa?

A Bela sorriu-me quando a interpelei.

– Sim, você não está? – respondeu-me em português.

– Um pouco... Está bem, vou confessar-me a ti, senhora enfermeira – disse, também em português. – Estou demasiado ansioso. Não me queres medir a tensão, querida?

– Oh, André! Você é muito louco! Como vou medir sua tensão aqui?

– Achas que podemos pedir para parar numa farmácia?

– Ué... p'ra quê? Você 'tá se sentindo mal?

– Não! Para comprar o aparelho para medir a tensão.

A Bela riu-se bastante. Tentei deixá-la bem-disposta porque ela parecia-me sempre muito encolhida, acanhada e desconfiada. Passado um pouco, o Chris desatou a cantar canções da banda, a começar por One Step Closer, e nós pusemo-nos a acompanhá-lo nas nossas gloriosas vozes desafinadas. Os berros encheram a cabina da carrinha e só desistimos de cantar quando chegámos, por fim, ao Hollywood Bowl, precisamente às seis da tarde.

O veículo contornou o recinto seguindo por uma estrada vigiada pela polícia, mas ainda pudemos ver as filas de pessoas que se preparavam para entrar no anfiteatro, a multidão que, como nós, iria vibrar com mais um espetáculo da sua banda favorita.

Eu só tinha visto os Linkin Park ao vivo uma vez, no festival Rock in Rio em Lisboa em maio de 2012. Tinha pensado repetir a experiência dois anos depois, mas acabei por não conseguir bilhetes. Era mesmo um fã ocasional. Quando me dava para ser um fã a sério chegava a ser fanático e a ficar obcecado. Em 2012 tive um ataque sério de fãzice. Ter visto os Linkin Park atuar ao vivo fora uma experiência inesquecível e avassaladora. O som, as luzes, a voz do Chester, as canções a serem tocadas sem que existissem grandes diferenças com as suas versões de estúdio... Em 2012 foi uma noite perfeita! Agora, anos depois, iria repetir essa experiência estupenda, e esse facto, que se tornava concreto e irrefutável, quando descia da carrinha na companhia dos meus mais recentes amigos, todos fãs da banda também, tão ou mais ansiosos e entusiasmados do que eu, esse facto, dizia, começava a assentar no meu espírito e eu oscilava entre a euforia, o nervosismo e a vaidade.

Era o meu pedaço de sorte. Tinha de o viver maravilhosamente bem.

O John entregou-nos cartões de identificação para usarmos ao pescoço e renovou os conselhos para que não nos afastássemos uns dos outros. Tínhamos de permanecer sempre juntos e seguir todas as instruções dos roadies que já sabiam que nós iríamos estar nos bastidores, atrás do palco e com permissões de acesso a áreas restritas. Olhei para o meu cartão. Estava personalizado com a minha fotografia, a mesma enviada para o concurso, e indicava que eu era alguém VIP. Senti-me especial e a minha euforia, o meu nervosismo e a minha vaidade aumentaram de volume. Se eu fosse um daqueles antigos termómetros de mercúrio, estava prestes a rebentar e a espalhar o metal por todo o lado.

Antes de nos enviar pela passagem que nos levaria à plateia, o John ainda nos disse que a imprensa musical estaria presente e que nós não deveríamos estranhar o pessoal que captava imagens para a série da LPTV. O "The Summer with Linkin Park" iria ser ocasionalmente registado em vídeo para que fossem editados uma série de pequenos episódios a serem publicados nas diversas redes sociais da banda. Nós já sabíamos disso, estava no contrato que assinámos, também tivemos de ceder os nossos direitos de imagem e essas tretas legais.

Ao chegarmos ao lugar privilegiado no público de onde iríamos assistir ao concerto, levámos com uma onda ruidosa de alegria vinda da multidão que preenchia o anfiteatro do Hollywood Bowl e que aguardava pelo início da apresentação. Esse mar de gente ficava nas nossas costas e era quase impossível não nos sentirmos empurrados pelo seu calor e pelo seu barulho. O lugar era delimitado por baias metálicas. Desde aquele espaço que nos pertencia em exclusivo, e que estava a ser vigiado por seguranças genéricos do espetáculo e um segurança específico que nos protegia e controlava, podíamos conviver com as filas de fãs que tinham conseguido entrar primeiro. Ainda falei com dois rapazes, mas estávamos aos gritos e acabei por desistir da conversa.

Esperámos mais ou menos uma hora ali. Ninguém se queixou.

O espetáculo começou quando os holofotes se apagaram e escureceram completamente o Hollywood Bowl. Surgiram focos de luz vermelha na parte lateral do palco que se cruzaram mais acima, formando uma espécie de portal luminoso. Apareceu Joe Hahn e a assistência entrou em delírio. O clube dos sete também. Assobios, gritos, urros. Eu acho que o meu espírito saiu do corpo e vi a figura ridícula que estava a fazer, aos saltos como um louco. Estávamos todos assim, contudo. Completamente alucinados porque iríamos ver a nossa banda tocar e cantar.

O nome 'Linkin Park' era repetido pelo coro dos milhares de vozes, num chamamento tribal.

Joe arrancou com o espetáculo, utilizando uma remistura de Fallout com Roads Untraveled. A primeira canção era The Catalyst e foi então que os outros elementos da banda surgiram em palco. Rob, Brad, Dave e Mike. Chester apareceu a correr em toda a extensão do tablado.

A seguir, foi música e sensações. Hora e meia de puro entusiasmo febril, servido com luzes, som e reações de uma multidão frenética que estava a adorar estar naquele local, àquela hora, a aproveitar ao máximo a maravilha de assistir a um acontecimento que transmitia motivação, alegria e exultação. Passei metade do concerto abraçado ao Chris que também tinha o braço por cima dos meus ombros, a cantar e a saltar. Um festim de canções. Given Up, Somewhere I belong, Papercut, New Divide, What I've Done, Numb, From the Inside, Breaking the Habit, Waiting for the End, Wastelands, até One More Light e Nobody Can Save Me. Os Linkin Park cobriram os seus sete álbuns de estúdio e ainda nos deram de presente uma Easier to Run, uma She Couldn't em versão acústica, e o habitual medley que juntava Leave Out All the Rest, Shadow of the Day e Iridescent. Fizeram a graça de cantar uma velharia que levantou o público numa ovação brutal, And One, que só os fãs que eram fãs a sério conheciam, a primeira canção que escreveram quando o Chester entrara na banda em 1999.

Na canção In The End tivemos o anfiteatro inteiro a cantar em uníssono com o Chester a sorrir, os dois braços estendidos, dedos esticados, o habitual microfone com a faixa amarela na mão esquerda apontado às nossas vozes.

O espetáculo fechou com a incontornável Bleed It Out, com solos de guitarra de Brad, um despique de setores do público coordenado alternadamente por Mike e por Chester, que pediam que repetissem os seus "oh-oh", um outro mais prolongado, porque parecia que até a banda não queria que aquilo terminasse.

Chester agradeceu a todos pela noite incrível, disse aquelas palavras da praxe que mostravam a ligação especial que existia entre os músicos e o seu público fiel. Éramos uma família. Éramos soldiers. Os seis músicos juntaram-se na boca do palco e fizeram uma vénia, outro sinal de gratidão. Depois andaram a atirar palhetas e as baquetas do baterista, a limpar o suor a toalhas e a trocarem palavras entre eles quando se cruzavam naquela pequena última azáfama da apresentação, com os holofotes ligados sobre si, numa intensa luz amarela.

Sentia os músculos das pernas doridos e tinha suado três litros de suor. Os meus cabelos estavam empapados, a nuca encharcada, as costas molhadas. Bati com o meu punho no do australiano. Tinha sido épico e melhor do que tínhamos antecipado ou sequer sonhado – estávamos muito perto do palco e chegámos a comer o pó que os saltos do Chester libertava da plataforma que estremecia com cada canção.

Durante parte do concerto tivemos câmaras apontadas a nós, os tipos da LPTV, mas acho que ninguém reparou nesse detalhe. Só nos interessou o que se desenrolava mais adiante, em cima do palco.

O segurança que nos acompanhava fez-nos sinal e nós seguimo-lo. Fomos para um recanto dos bastidores onde nos deram garrafas de água e toalhas para nos limparmos. O John também apareceu e perguntou se tínhamos gostado. Uma algazarra de sete vozes tentou explicar que sim, que tínhamos adorado, cada um a falar por cima do parceiro do lado, e depois rimo-nos como loucos, de olhos brilhantes. Era como se tivéssemos acabado de sair de uma experiência religiosa ou algo parecido. A nossa adrenalina estava nos píncaros.

E aquele era somente o primeiro item do programa!

O calor nos bastidores era praticamente insuportável e devo ter bebido umas cinco garrafas de água. O John pediu-nos para que o acompanhássemos e nós obedecemos sem perguntar onde estávamos a ir. Podia estar a levar-nos para uma sala para assassinar-nos a sangue-frio que iríamos morrer felizes, nem sequer iríamos sentir dor ou perceber o que estava a acontecer. Estávamos dormentes e anestesiados e brutificados. A minha felicidade era tanta que tinha o coração a bater como louco e a garganta doía-me. Sim, estaria dorida por causa dos berros que dei a fingir que cantava no mesmo tom que o Chester e que o Mike, mas era também aquela impressão de quando estamos apaixonados, quando não conseguimos comer nada porque parece que temos um caroço ali entalado.

Olhei em volta e reparei que faltava uma pessoa.

– Ei, pessoal... falta a Bela!

Mas ninguém me fez caso, porque estavam todos a seguir o John muito concentrados e excitados, pois iria seguir-se a segunda parte daquela noite. Um encontro com a banda, a acontecer ainda no Hollywood Bowl.

– Falta a Bela! – insisti.

Olhei por cima do ombro. Hesitei – deveria voltar para trás e tentar encontrá-la? Seria estúpido, porque não conhecia o caminho e podia também me perder, como ela. Só me restava pedir ajuda e insistir até ser atendido. Por isso, segui o grupo e aguardei pela oportunidade de me fazer ouvir.

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