Em uma bela tarde de domingo, a sua amiga Camila, uma das poucas pessoas que ainda se mantinham próximas ao Caio, após criar muita coragem, foi até a casa dele para falar com os pais a respeito da mudança no comportamento do rapaz.

Camila já conhecia os pais do seu amigo Caio porque ela já esteve na casa dele muitas vezes, mas naquele dia em especial ela estava receosa de ir para lá. Receosa com a reação dos pais do Caio e principalmente com a dele, pois estava com medo de perder a amizade do rapaz que ela tanto gostaria que se tornasse o seu amor.

Ela, que sempre andava com rapidez, saltitante e com um largo sorriso sempre que ia para a casa do seu melhor amigo, estava séria, andando lentamente, pensativa e com medo do que iria acontecer, mas ela sabia que deveria realizar a missão porque não poderia deixar Caio se perder de vez.

Camila respirou fundo, mas quando ia bater na porta da casa de Caio, hesitou, olhou para a rua, virou de costas e deu dois passos para trás, mas o coração da moça apertou e ela se deu conta que independentemente do que ocorresse lá, ela deveria tentar salvá-lo. Mal ela sabia naquele momento que um monstro como Caio jamais teria salvação.

Camila bateu na porta timidamente, pois parte dela queria que ninguém a ouvisse e ninguém a ouviu, mas então ela mudou de ideia, resolveu tocar a campainha e encarar de vez os seus temores.

O coração dela estava acelerado, mas apesar de tudo, ela estava sorrindo porque o veria, porém o sorriso dela se desfez assim que a mãe de Caio abriu a porta, pois ela desejava que ele o tivesse feito. "Senhora Maria." Ela disse, após ter respirado fundo.

"Camila, que bom te ver! Talvez você consiga tirar o Caio do quarto. Está um dia tão bonito para um passeio e ele está trancado no quarto." Maria bufou.

"Creio que não conseguirei tirá-lo do quarto, pois com o Caio só sendo uma vampira para conseguir tal proeza." Camila fez uma carinha triste.

"Mas você é a melhor amiga dele e a única que eu acho que seria capaz de fazê-lo sair do quarto." Camila negou com a cabeça e Maria respirou fundo.

"Camila! Como você está?" Jorge, pai do Caio, fez a pergunta para a jovem assim que apareceu na sala.

"Estou bem e o senhor?" A menina perguntou.

"Bem também." Jorge sorriu.

"Amor, está na hora de tomar o remédio." Jorge deu um remédio chamado Atenolol para a mulher que sofre de problema cardíaco.

"Obrigada, meu amor." Maria o agradeceu com um lindo sorriso nos lábios, o deu um beijo e tomou o remédio.

"Você quer comer um bolo? Acabei de fazer." Maria perguntou para a menina que a olhava com olhos aflitos.

"Não, obrigada. Eu queria conversar com vocês antes de ver o Caio."
Camila sabia que jamais conseguiria comer algo durante aquele assunto desconfortável que ela traria em pauta.

"Sente-se, por favor." Maria sorriu para a menina, enquanto apontava o sofá para a mesma sentar.

Camila assentiu com a cabeça e sentou no sofá, enquanto Jorge e Maria se entreolharam já imaginando o assunto que a mesma abordaria, depois sentaram-se no sofá e olharam para a menina esperando que a mesma começasse a falar.

Camila respirou fundo e começou a falar mantendo o olhar no chão, pois temia olhar para os pais de seu melhor amigo: "Eu conheço o Caio desde o jardim de infância e todos sempre gostaram muito dele. Ele era daquele tipo de menino popular que vivia com diversas pessoas ao redor o bajulando o tempo todo, mas depois que ele passou a assistir os filmes da saga Crepúsculo tudo mudou. No começo ele começou a ver e a se interessar pela série como todos, porém agora ele tem agido de um jeito bem estranho, é difícil explicar... As pessoas passaram a sentir medo dele, pois o Caio mudou o tom de voz e o modo de se vestir. Por vezes, sinto que ele se perdeu, sinto que ele não existe mais e que ele precisa de ajuda para se reencontrar. Vocês não notaram nada de diferente?" Camila deixou algumas lágrimas rolarem por sua face e só se deu conta disso quando finalizou o discurso.

Maria sentiu uma forte dor no peito ao ouvir a menina, mas se controlou para que ninguém percebesse. Ela sabia que a menina tinha razão, porém admitir para ela mesma e para o mundo que o filho dela precisava de ajuda psicológica a assustava, a fazendo sempre postergar tal momento.

"Nós iremos tomar as devidas providências." Jorge disse com um tom de voz sério e Maria notou que aquelas palavras não foram ditas apenas para acalmar a menina e que de fato desta vez ele chamará por ajuda psicológica.

Camila assentiu com a cabeça e deu um forte e demorado abraço em Maria, pois percebeu que a mesma havia ficado triste com toda aquela situação e assim que o abraço terminou ela disse para a Maria: "Vou ver o Caio agora. Quem sabe eu não consiga tirá-lo do quarto?" Camila sorriu e piscou. Maria assentiu com a cabeça e observou Camila subindo as escadas, torcendo mentalmente para que a mesma conseguisse tirá-lo do quarto.

Camila parou em frente ao quarto do Caio e bateu na porta. "Caio, sou eu, Camila." A menina disse com o coração aos pulos.

Caio sem dizer uma única palavra, levantou-se preguiçosamente da cama e abriu a porta que estava trancada para que a amiga entrasse. "Perdeu o filme." Caio fez uma expressão triste e em seguida olhou para o notebook, onde ainda estava passando o letreiro com o nome de todo o elenco do filme.

"Que bom que terminou porque eu vim aqui para te convidar para sair." Camila sorriu.

Ela estava tentando aparentar naturalidade, mas temia que a sua proposta fosse recusada pelo rapaz. Camila mordeu os lábios ao vê-lo sem camisa, mas Caio não notou a reação dela porque para o mesmo, infelizmente ou felizmente, eles eram apenas melhores amigos.

"Não vai dar porque eu quero ver a continuação deste filme." Caio respondeu dando de ombros e Camila não conseguiu esconder a tristeza no semblante.

"Você já viu esses filmes tantas vezes! Quanto tempo faz que nós não saímos mais? Por favor..." Camila se aproximou mais ainda do rapaz, tanto que podia sentir o calor do corpo dele assim como o mau hálito proveniente de tantas horas sem comer, mas ela não estava incomodada com aquilo, pois tudo que ela queria era ele.

"Já disse que não!" Caio foi mais enfático desta vez.

"Finge que sou uma vampira, que estou te hipnotizando e que você terá que fazer o que eu mandar." Camila fez carinho no rosto de Caio que, por sua vez, sorriu ao ouvir o que a amiga disse. Os olhos dela o imploravam para que ele não negasse novamente o convite que ela havia feito, pois ela sabia que se ele o fizesse não conseguiria tirá-lo de lá.

"Você não é uma vampira. Não queima no sol, não me hipnotiza, não tem presas e não se alimenta de sangue. Vou assistir o filme." Caio sentou na cama e clicou para assistir a continuação do filme.

"Então eu vou para casa." A voz da Camila saiu entrecortada.

O coração da besta, se é que de fato ele o tem, se apertou assim que ele viu a menina abrir a porta do quarto. Caio respirou fundo, mudou o tom de voz, se transformou em Edward Cullen e disse a frase que o personagem disse para a Bella no filme: "Se você ficar, eu não preciso do paraíso."

A menina secou as lágrimas, olhou para o amado, lançou-lhe um belo sorriso e perguntou: "Você quer que eu fique?". Caio assentiu com a cabeça e sorriu para ela.

"Fica aqui que eu vou ver se tem pipoca. Vê se não começa a assistir sem mim!" Camila disse com um tom de animação na voz.

"Pode deixar." Caio sentiu a barriga doer e só então percebeu que apenas havia tomado o café da manhã.

Caio estava inquieto esperando a amiga voltar com a pipoca, até que a mesma subiu, não somente com pipoca, mas com chocolate e refrigerante. Aqueles dez minutos para o Caio mais pareceram uma eternidade, visto que ele não aguentava ficar nem mais um minuto sem ver a saga.

Jorge e Maria estavam felizes porque mesmo que a menina não tivesse conseguido tirá-lo de casa, ela estava o fazendo feliz porque o som da risada deles dava para se ouvir por toda a casa.

"Tenho que ir porque já está ficando tarde." Camila disse. Ela estava feliz porque durante aquelas horas que ela estava com ele, Caio não estava imitando ninguém. Ele estava sendo o mesmo Caio por quem ela se apaixonou.

"Até amanhã na escola." Caio disse.

"Estudou para a prova de matemática?" Camila perguntou.

"É amanhã? Esqueci." Caio bagunçou os cabelos com a mão a fazendo suspirar.

"É sim. Estuda um pouco antes de dormir." Camila piscou.

"Vou ver outro filme. Senta perto de mim para eu colar de você, por favor, minha salvadora." Caio sorriu e ela assentiu com a cabeça, afinal, não tem nada que ela não faria por ele.

Camila o abraçou forte e disse baixinho no ouvido dele, como se fosse um sussurro: "Quando eu te abraço, meus braços conseguem segurar o mundo. Pois meu mundo é você.".

"Esta frase que o Edward disse para a Bella é realmente magnífica." Caio sorriu e Camila bufou por ele não ter conseguido compreender o que ela estava de fato querendo dizer com aquela frase.

"O que foi?" Caio perguntou confuso ao ver a reação da menina.

"Que espécie de vampiro é você que não sabe ler pensamentos?" Camila tentou se esquivar, pois o medo de dizer o que sentia era maior.

"Do tipo recém-criado." Caio riu.

"Até amanhã." Camila sorriu.

"Até." Ele disse. Assim que Camila começou a descer as escadas, Caio trancou a porta do quarto e colocou outro filme para assistir.

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Boa noite, meus amores! ❤

Será que a besta realmente tem um coração? Será que a Camila conseguirá beijar o Caio ou, quem sabe até, namorá-lo? Só lembro para saber!

Beijos  💋💋