Brunna estava recostada no sofá, com as pernas esticadas, uma por cima da outra, e com os braços cruzados enquanto esperava Ludimilla sair do banho. Mil perguntas se passavam em sua cabeça, mas não encontrava resposta para nenhuma. O clique da fechadura a fez sair de seus devaneios e erguer o rosto.

Somente ali, no claro, pôde analisar a garota melhor. Ela era incrivelmente linda, pele negra levemente bronzeada, olhos caramelo mais penetrantes do que parecia no escuro; os cabelos eram castanhos e ela era dona de lindas curvas.

Ela vestia uma camisa larga de dormir comprida, que Brunna havia lhe emprestado e um short de seda, fresquinho. O que mais chamou a atenção em Brunna foi que a garota ainda segurava a toalha em frente ao seu corpo.

-- Pode deixar no banheiro. -- Brunna disse, porém a garota a ignorou, se encostando atrás do pequeno balcão de madeira que havia no centro do lugar. Só então ela soltou a toalha, pendurando-a em uma das cadeiras dali.

-- Obrigada por me deixar dormir no seu trailer hoje. -- Ludimilla disse e Brunna assentiu.

-- Não se preocupe com isso.

-- Eu posso dormir no sofá sem problema nenhum. -- Ela disse, vendo que tinha uma cama mais ao fundo, protegida por uma pequena cortina que estava enlaçada naquele momento.

-- Não. Eu não vou dormir aqui, vou dormir com Thaissa, então pode usar a cama. -- Brunna disse e uma interrogação se formou na testa de Ludimilla.

-- Quem...

-- Minha namorada. -- Brunna disse, vendo Ludimilla assentir. -- Por que estava nos espionando?

-- Olha só, me desculpe por isso. -- Ludimilla pediu ligeiramente ruborizada. -- Não foi nada pessoal, eu só estava... com fome.

-- Certo. -- Brunna disse, ainda de braços cruzados. Ela havia requentado a comida para Ludimilla comer antes de tomar um banho e se surpreendeu com o tamanho da fome dela. -- Você foi pareada com alguém? -- Uma pequena expressão de pavor dominou o rosto de Ludimilla.

-- Eu não sei. -- Disse baixo.

-- Me diz seu sobrenome. -- Brunna pediu, se levantando e se aproximando do balcão. -- Eu posso ver isso para você. Temos os dados de todos. -- O corpo de Ludimilla enrijeceu e ela negou com a cabeça.

-- Prefiro... não saber. -- Ludimilla falou, piscando lentamente e Brunna assentiu, dando de ombros.

-- Tudo bem. -- Disse singelamente. -- Eu combinei com você de não falar para as minhas amigas que está aqui, mas se for ficar por um longo tempo eu não poderei esconder. Elas são espertas. -- Brunna disse.

-- Elas não... me machucariam, não é?

-- Não. Elas são do bem. -- Brunn assegurou e Ludimilla sorriu com o canto dos lábios.

-- Então tudo bem. -- Disse, um pouco insegura do que dizia.

Ela deveria ficar? Ou fugir no meio da noite ou pela manhã? Não sabia o que faria, porque realmente estava cansada de fugir, porém o medo de ficar ainda era enorme.