Capítulo: 26
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-- Você vivia aqui por perto? -- brunna perguntou assim que Ludmilla chegou no trailer científico com mais uma amostra de seus espermatozóides.
-- Sim. -- Ludmilla respondeu entregando a amostra para brunna.
-- Obrigada. -- brunna replicou.
-- Isso é bem constrangedor. Sabe disso, não sabe? -- Ludmilla perguntou e brunnaa riu, assentindo. -- Tipo, eu gozo em um pote e depois você coloca ali no microscópio e fica analisando ele. Ele fica bem perto da sua boca. Bizarro!
-- Bem, tudo pelo bem da ciência. -- brunna disse e Ludmilla assentiu.
-- Acha que a mini hulk me mataria se me visse aqui? -- Ludmilla perguntou, se lamentando em seu interior por ter sentido vontade de beijar brunnaa.
Agora que brunnaa sabia que ela era intersexual não iria querer nada com ela, pensava.
-- No mínimo apanharíamos nós duas. -- brunna disse rindo, mas logo suspirou. -- Ela é uma boa pessoa, só está zangada por ter perdido tudo.
-- Eu consigo imaginar como ela se sente. -- Ludmilla disse em um sorriso fraco. -- Sua família está, hm, viva?
-- Minha mãe e avó sim. -- brunna respondeu e Ludmilla assentiu. -- E a sua?
-- Sou só eu agora. -- Os olhos castanhos se ergueram do que brunna analisava e a fitaram.
-- Sinto muito. -- brunna disse, vendo Ludmilla assentir. -- É tão difícil fazer tudo sozinha por aqui... -- brunna disse. -- O pior é que, quando estou tendo algum avanço, uma delas chega e tenho que esconder tudo.
-- Acha que, bem, que alguma delas esconderia o segredo? -- Ludmilla perguntou e brunna assentiu.
-- Thaissa. -- brunna disse e Ludmilla quase revirou os olhos, mas deveria se comportar. -- Patrícia sempre fala pelos cotovelos, acabaria contando sempre que vai à cidade. Larissa não consegue esconder nada de Patrícia. Ohanna é leal à ciência, sentiria a necessidade de te levar para os grandes laboratórios da grande cidade.
-- Que bom que foi justo você que me encontrou então. -- Ludmilla disse e brunna parou o que fazia.
-- Você viveu todos esses anos por aí sem jamais ser pega. -- brunna disse a fitando minuciosamente. -- Por que se arriscou em começar a roubar nossa comida a essa altura do campeonato? E não diga que foi por fome, porque sei que esse não é toda a verdade.
Ludmilla suspirou e sorriu-lhe fraco.
-- Um dos corpos que vocês queimaram... -- Ludmilla disse limpando a garganta. -- Era do meu pai. -- brunna abriu a boca sem reação alguma.
-- E veio atrás de vingança? -- brunna perguntou e Ludmilla negou.
-- Vim agradecer. -- Ludmilla disse em um suspiro. -- Todos os dias ver vermes comendo o corpo do seu pai não é algo confortável.
Brunna ainda a fitava paralisada, sem saber como se expressar.
-- Eu só perdi a coragem e comecei a roubar a comida para ver se iam embora. -- Ludmilla disse. -- Eu me sentia uma covarde, foragida, incapaz de agradecer e vocês estando aqui me fazia lembrar disso.
-- Jamais volte a pensar coisas ruins de você, me entendeu? -- brunnaa disse com veemência e Ludmilla assentiu.
-- Entendi. Vou ficar no trailer e te deixar trabalhar. Com licença. -- Disse e saiu, fazendo brunna suspirar apenada. Ela sabia que Ludmilla havia ficado triste.
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