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Capítulo 15 - Assumir e Sumir

"Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar"

(Ovelha Negra – Rita Lee)

A frase que a amiga usara quando Guilherme tinha sido assaltado fora exatamente aquela: "meu irmão sofreu um acidente".

Brigite levaria as duas meninas até o hospital para encontrarem os pais de Sabrina e lá os cinco receberiam a notícia. Entretanto isso só deveria acontecer no ano seguinte.

Regina sentiu o estômago embrulhar diversas vezes durante o trajeto. Ela e Brigite passaram para pegar Sabrina e seguiram para o hospital. As três estavam tensas, porém ninguém chorava. Não que Regina não estivesse lutando contra as lágrimas a cada segundo, mas ela não poderia dizer que já sabia o que tinha acontecido.

O celular apitou e ela leu uma mensagem enviada algumas horas antes e que ela não havia visto: "Me desculpa por ter te agarrado?".

Foi como ter recebido um soco. Ela quase podia imaginar a expressão entristecida de Guilherme escrevendo aquela mensagem, porque ele nunca queria chatear ninguém. E agora ele estava morto sem nem saber que não tinha nada pelo que pedir desculpas.

Ela mordeu o próprio punho pois já era quase impossível não começar a chorar.

As três desceram do carro e atravessaram a avenida que separava o estacionamento da entrada do pronto socorro.

— Pode ir na frente... — falou sem olhar direito para a amiga. Sabrina assentiu e correu para dentro.

Regina aspirou todo o ar que pôde de uma única vez e se segurou no ombro da mãe, soluçando.

— Que foi Regina? Que foi?!

— Ele morreu mãe... O Guilherme morreu.

— Não, meu amor! Fica calma... Vamo lá dentro, ele não morreu não.

A garota tremia, tentando sem sucesso se recompor, porque sabia que em poucos minutos teria que abraçar Sabrina e deixar que ela berrasse, chorasse, corresse, dormisse e acordasse para começar tudo de novo.

Ao passarem pela porta do pronto socorro, a amiga veio em sua direção com os olhos marejados, contudo não estava descontrolada como da primeira vez, para estranhamento de Regina.

— Eu vou entrar pra visitar ele, você quer entrar?

— Ãh? — Regina sentiu as pernas falharem e sua mãe a segurou, conduzindo-a para uma cadeira vaga.

Sabrina explicou:

— A mulher da recepção falou que pode entrar de dois em dois, aí a gente troca com os meus pais.

— Pode ir na frente, a Regina ficou nervosa... — Brigite respondeu pela filha, que se sentava com o olhar perdido.

A garota concordou e seguiu pelo corredor.

— Rê, não fica impressionada não. Tá tudo bem, tá tudo bem... — Brigite, em pé, apoiava a cabeça de Regina na própria barriga e acariciava seus cabelos.

Ela não ouvia a voz da mãe, apenas murmurava:

— Foi uma batida ou um assalto? Será que foi uma batida mesmo e eu nem fiquei sabendo da primeira vez? Uma batida agora e um assalto ano que vem...

— Que foi filha? Fala mais alto.

— Nada...

— Vou buscar uma água pra você.

Ela concordou com a cabeça. Brigite voltou em poucos segundos com um copo d'água e os soluços foram diminuindo, conforme dava pequenos goles no líquido gelado.

Ainda não seria dessa vez. Ela não iria reviver tudo aquilo.

— Regininha! Entra lá pra ver o Gui! Ele falou pra você ir... — A mãe de Sabrina a abraçou e em seguida cumprimentou Brigite.

— Obrigada por ter trazido a Bina.

— Imagina...

— Esse moleque só apronta... — O pai de Sabrina e de Guilherme chacoalhava a cabeça sorrindo, aliviado.

Regina forçou um sorriso, tentando convencer seu coração a se acalmar, em seguida assoou o nariz e limpou as lágrimas com lenços de papel que a mãe lhe ofereceu.

Quando se sentiu capaz de falar novamente se afastou dos adultos, informou seus dados na recepção e seguiu pelo corredor até encontrar a porta com o número do quarto. De um lado do cômodo umsenhor estava deitado numa maca, cercado por alguns homens, do lado opostoestava Guilherme, também deitado numa maca, com Sabrina a seu lado, sentadanuma poltrona.

— Não dá esses sustos na gente não! — Regina se aproximou e se inclinou para abraçá-lo, sem pensar muito.

Os dois irmãos responderam com suspiros.

Quando se soltaram é que ela deu uma boa olhada para o rapaz: cabelo despenteado, um supercílio com pontos, o lábio inferior inchado, o olhar cansado, mas no geral, ele estava bem. Guilherme vestia uma camisola de hospital e um cobertor azul o agasalhava da cintura para baixo. Ele parecia assustado a julgar pela falta do sorriso habitual.

— O que aconteceu?

— Eu me distraí e passei no farol vermelho... Aí o outro carro bateu na lateral do meu... Eu acho, não tô lembrando muito bem dos detalhes... — A voz de Guilherme também estava alterada, mais baixa e vagarosa, muito diferente do usual.

— Eu vou lá perguntar pra mãe se ela vai buscar uma roupa pra você ou se ela quer que eu vou... Acho que a sua mãe me leva, né Rê? — Sabrina foi saindo pela porta.

— Acho que sim, acho que sim... — Respondeu sem desviar os olhos de Guilherme.

— Minha calça rasgou. Fiquei com inveja de você aquele dia no show. — os lábios do rapaz finalmente se curvaram.

Regina correspondeu ao sorriso e apertou a mão dele, desviando o olhar e respirando fundo.

— Eu recebi a sua mensagem.

— Puta que pariu, achei que não tinha ido! — Ele se ajeitou na cama — Foi por isso que eu me distraí...

— Ãh? — Regina o encarou novamente, com os olhos arregalados. Por causa dela, por causa daquele beijo, Guilherme tinha sofrido o acidente.

— Bom, pelo menos se eu tivesse morrido você ia receber as minhas desculpas.

— Como é? — Ela soltou a mão dele.

— Depois do aniversário da Sabrina ficou tudo esquisito, você nem tava olhando na minha cara e eu fiquei pensando que eu não devia ter feito o que eu fiz. E eu gosto muito de você Rê, eu não queria fazer nada que você não quisesse... Então me deu um estalo hoje de manhã e eu precisava te mandar aquela mensagem... — Ele continuava falando de forma lenta, provavelmente por causa dos remédios que havia ingerido, porém ela acreditou que ele estava ciente do que estava confessando.

— Guilherme... — Regina balançou a cabeça em negativo e disse a verdade — Eu queria aquele beijo. Se você não tivesse me beijado, com certeza eu que teria feito aquilo.

Ele demorou alguns segundos para reagir com um sorriso e uma inclinação de cabeça:

— Tá facinha assim só porque eu quase morri? Bom saber.

Ela riu e lhe deu um tapinha no ombro:

— Ah, para com isso!

Ele segurou a mão dela, antes que Regina a afastasse novamente.

— Sério agora Rê... Posso te ligar então, depois que eu estiver menos... Acidentado?

O coração de Regina teimava em voltar a acelerar. Ela deveria dizer que não, que eles tinham que ser apenas amigos, porém não teve coragem, não alí, observando Guilherme tão vulnerável.

Não alí, com seu coração adolescente tão ridiculamente apaixonado.

A porta do quarto foi aberta por Sabrina:

— Rê, sua mãe tá te chamando, falou que tem que ir fazer não sei o que com a sua avó.

— Ah tá... Tchau então... — Ela deu um beijo na bochecha de Guilherme, outro na da amiga e saiu do quarto.

Quando já estava em casa, seu celular apitou com uma nova mensagem do rapaz "Queria que o beijo de hoje tivesse sido na boca também".

Uma semana havia se passado e Regina só sabia que Guilherme tinha tido alta e estava bem. Optou por não enviar mensagem ou telefonar, para que ele não confundisse as coisas.

Agora o foco de seus amigos era o churrasco de pré-formatura daquele dia. Mesmo as provas finais começando apenas na semana seguinte, eles se permitiam comemorar como se já estivessem livres.

Cinco ônibus partiram para um sítio a poucos quilômetros de São Paulo e nunca os alunos estiveram tão contentes em estar na escola às sete da manhã. Alguns professores os acompanharam e, para alívio geral, Violeta não era um deles.

Apesar de ser primavera o dia amanheceu nublado e frio, porém nem isso os desanimou.

— Se não tem piscina, tem truco, tem violão, tem o que a gente quiser... — Babí anunciou e foi aplaudida pelos colegas de sala.

O local possuía um grande barracão com mesas de pingue–pongue, sinuca, pebolim, fliperamas, e longas bancadas com comida e bebida à vontade. Havia também uma área gramada com um campo de futebol, quadras de vôlei e basquete e uma piscina. Um DJ providenciava a trilha sonora mas a maioria dos alunos estava envergonhado demais para ocupar a pista de dança.

Regina e suas amigas dividiram o dia entre jogar sinuca, jogar truco e cantar num videoquê.

Tudo seguia bem, até que dois ou três meninos de outra sala começaram a ameaçar jogar alunos na piscina gelada. A discussão se iniciou quando não havia um professor sequer por perto. Alguns jovens foram jogados, outros fugiram para locais mais distantes e muitos apenas ignoraram a "brincadeira".

Regina, Amanda, Andrei e Diogo brincavam de pebolim e, próximo a eles sentados no chão, o restante dos amigos jogava baralho. Eles eram dos que tinham optado por simplesmente desprezar a situação, o que não foi possível por muito tempo:

Angay! Você por aqui!

Andrei fechou os olhos e engoliu devagar ao escutar a voz de um dos baderneiros atrás de si. Ele respirou fundo e respondeu sem se virar:

—Três anos e vocês não enjoaram de me encher o saco?

— Ui! Ele tá invocadinho!

— Acho que um banho gelado vai acalmar.

— A gente não enjoou não, Angay. Aliás, temos que aproveitar que só tem mais três semanas de aula.

Quando um deles tocou no ombro de Andrei e ele arregalou os olhos, encontrando os de Regina, ela gritou:

— Solta ele!

Babí levantou do chão e gritou também:

— Isso aí, larga ele!

— Ah, relaxa meninas! — Um dos meninos puxou os ombros de Andrei enquanto outro segurou os pés.

— Me solta! — o garoto se debatia.

— Ui! Socorro! — Eles riam e o carregavam em direção a piscina — Pô Angay, vem brincar com a gente!

Regina passou os olhos por seus amigos: Sabrina, Marcela, Amanda, Bárbara, Diogo, Silveira e Ricardo. Ninguém disse nada, apenas correram em direção ao grupo, sabendo que sendo sete pessoas contra três não haveria a menor chance.

Eles berraram, seguraram os braços dos agressores e lhes passaram rasteiras. Andrei foi solto no chão e segundos depois, como que por mágica, professores e alguns funcionários do sítio chegaram para apartar o alvoroço.

Os grupos reclamavam todos ao mesmo tempo:

— Eles que começaram com essa ideia idiota de jogar o pessoal na piscina!

— Ninguém estava agredindo ninguém! Esses loucos que vieram bater na gente!

— Vocês não estavam ouvindo a palavra "não"!

— A gente estava brincando! Vocês que vieram na ignorância!

Na falta de saber o que fazer, os responsáveis decidiram levar os envolvidos para uma sala isolada e os proibiram de continuar a aproveitar o dia.

O local era amplo, decorado com alguns sofás como numa sala de estar, e com uma televisão que eles não se interessaram em ligar. Regina pensou em recomeçar a argumentar sobre a injustiça do castigo, mas ela já nem ligava mais, o importante é que Andrei não tinha sido arremessado na piscina.

A professora Socorro foi encarregada de vigiá-los e se sentou numa poltrona, com um livro. Ao menos eles podiam conversar entre si e os dois grupos se organizaram em lados opostos, trocando olhares ameaçadores durante a hora seguinte.

— Regina, você pode vir aqui um pouco? — Odete, a orientadora pedagógica da escola, abriu a porta da sala.

— Pois não, dona Odete? — Regina a seguiu até a recepção.

— Olha, eu ia esperar pra falar com você na segunda, mas acho que a gente pode conversar agora.

— Claro. — Ela só tinha visto aquela mulher duas vezes na vida: no primeiro dia de aula e em algum evento escolar. Até achou graça por ela se infiltrar na excursão.

— Eu preciso te falar uma coisa, de coração, porque eu acho que você tem que ouvir isso de alguém. É um conselho que você vai levar pra vida toda.

Regina cruzou os braços e a mulher continuou a falar:

— Não tenta ser uma justiceira não, isso só vai te prejudicar e prejudicar os outros.

— Ãh?

— As pessoas têm que ser capazes de lutar suas próprias lutas. Se você continuar levando eles no colo, tendo dó, passando a mão na cabeça... Eles nunca vão...

— Olha aqui — Regina a interrompeu — "eles" são meus amigos. E eu vou lutar por eles sim e eles vão lutar por mim quando eu precisar sim. Estou muito feliz que a senhora vai se aposentar ano que vem porque esse tipo de conselho é um desserviço. Se na sua geração é cada um por si, na minha, graças a Deus, não é!

E virou as costas.

— Regina Medeiros! Mocinha!

Ela ignorou os gritos histéricos de Odete e retornou à sala do castigo. Mesmo que seus pais recebessem algum telefonema da escola, ela sabia que eles ficariam a seu lado.

— O que que a Odete queria? — Sabrina questionou.

— Acabar com a nossa amizade... — e se virou para Socorro — Professora, pelo amor de Deus! Libera a gente.

A mulher balançou a cabeça e fez um sinal com a mão, sem levantar o olhar de seu livro:

— Vão... Vão curtir o churrasco...

— Fica longe da gente! — um dos baderneiros apontou para o grupo de Regina antes de saírem da sala, provocando uma risada coletiva nos que ainda estavam se levantando do sofá.

— Patético. — Babí resumiu o sentimento dos amigos.

O grupo moveu a rodinha de dentro da sala para o jardim do sítio. Eles estavam jogando detetive, aquela brincadeira na qual o assassino faz vítimas piscando com um olho. A cada "morte" eles exageravam mais na dramatização, despertando gargalhadas inesquecíveis...

Uma pena que nenhum deles se lembraria delas, pensava Regina.

No caminho para casa, no início da noite, quase todos acabaram adormecendo no ônibus. Regina não era uma destas pessoas porque, mesmo que tentando ignorar, as palavras de Odete tinham mexido com ela.

Enquanto observava as luzes amarelas dos carros passarem pela janela a seu lado, começou a murmurar, com um dos dedos na boca, mordendo uma unha.

— Tô brincando de reviver o passado... E com qual finalidade? Pra eu me sentir melhor com as escolhas dos outros? Pra manipular eles? As escolhas deles são o que os fizeram ser quem são... Eles vão amadurecer por causa dessas situações. Quem sou eu pra achar que o Andrei precisa ser defendido? Ou que a Angélica não deve namorar com William? Ou que a família da Sabrina não deve sofrer uma perda? Ou que o Ivan e a Ingrid têm que ser irmãos perfeitos?

— Que foi? — Sabrina gemeu sonolenta a seu lado.

— Nada não...

— Vai dar tudo certo Rê.

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