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Um Prostíbulo Famoso

O medo foi o sentimento predominante em Liandro naquele momento. Medo por seu irmão nas mãos de estranhos, e também pelo o que poderia lhe ocorrer.

Sua respiração tornou-se ofegante e os olhos arderam quando gotas de suor lhes cobriram. As pernas exigiam que interrompesse os passos rumo ao desconhecido, mas sua mente lhe ordenava que seguisse, já que não tinha outra escolha. Pensou em muitos problemas enquanto tateava os blocos das paredes cinzentas, e desejava tanto que as coisas voltassem como eram antes. Antes de furtarem, e até mesmo antes das Tirênias. Sonhos longínquos e inconcebíveis.

Liandro tomou a rua à esquerda no final da viela e viu-se diante de um aglomerado de residências altas com mais de um andar, e diante delas, homens perambulavam sozinhos ou em grupos, às risadas e aos tropeços com canecos de cerveja na mão. Quando pisou no chão tortuoso de blocos, ele desejou voltar, mas lembrou-se da prazerosa sutileza que a voz lhe falara, pedindo que prosseguisse.

Viu bebuns caídos e mulheres rindo pelos cantos, também faziam práticas indecentes para o costume em que fora criado, mas quem era ele para julgar o que haveriam de fazer em seu próprio lar. Os gemidos o perturbavam, mas esse era o menor de seus incômodos.

No fim da rua, deparou-se com a maior das residências, e soube que era o mais famoso daqueles prostíbulos, tendo em vista o número de homens que saíam dele, assim como o alto som de instrumentos musicais. Um prostíbulo famoso, lembrou-se das palavras de sua mãe, e logo lhe veio à mente o nome da mulher indicada. Talvez não fosse sábio tomar conclusões precipitadas, e por isso poupou-se de criar expectativas sobre quem ou o quê encontraria ali. Dessa forma, deu o primeiro passo e subiu os degraus para atravessar a porta que permanecia aberta, cujos deleites internos sempre eram oferecidos para quem a avistasse.

Quando pisou no local, passou por uma cortina escura, sedosa e perfumada, com odores que lhe trouxeram prazer em lugares inesperados de seu corpo. Tomado pela cautela, a primeira coisa que viu foi mulheres desnudas com os seios expostos, enquanto outras vestiam camisolas transparentes de seda, e engatinhavam sensualmente pelo chão, como predadores ocultos que vigiam suas presas.

Se já não soubesse como era o corpo de uma mulher, Liandro enlouqueceria de constrangimento ali mesmo, pois nunca havia presenciado tamanha luxúria e desprezo pela moral. Pelo menos a moral que conhecia. Viu membros se contorcendo em posições estranhas, mulheres desfrutando de óleos e aromatizantes, e homens nus que buscavam prazer em outros homens também. Tudo muito distante do contexto em que cresceu.

À essa altura, os cabelos ondulados de Liandro já estavam úmidos, por tanto suor impregnado, e muitos fios mantinham-se colados na sua testa. Virou-se para os lados lentamente mas não conseguiu ver nada além de pessoas que se entrelaçavam pelo chão repleto de tapetes e almofadas, e a fumaça coberta pelo odor de ervas que apoderou-se de seu nariz. As paredes nos cantos eram escuras, certamente estavam cobertas com cortinas que impediam a luz diurna entrar, mas sabia que havia portas ocultas por ali, pois o local possuía dois andares. Quando deixou de abismar-se pelo cenário diante de si, notou os dois músicos assentados nos cantos do grande cômodo, estes tocavam harpas, não se importando com a orgia ao seu redor.

Liandro desejou sair do prostíbulo, e quase teria conseguido se não fosse impedido por uma mão que tocou em seu ombro. O rapaz espantou-se e virou-se, já assustado com tanta coisa que vira, mas o susto foi apaziguado com uma graciosa beleza em sua frente. Era uma garota, pouco mais velha que ele, morena, e que exibia um encantador punhado de cachos ondulados ao redor do rosto.

Liandro paralisou, mas não temeu, tampouco afugentou-se por medo de ela querer capturá-lo em decorrência a seu irmão. Ficou quieto e refém diante dela, ainda mantendo os olhos presos em sua beleza.

— Você é bonito — disse ela com um sorriso singelo, pouco exposto e contido. Não revelava encanto algum, apenas conformidade com a aparência do rapaz em sua frente. Liandro, por sua vez, ficou mudo, e julgou ter escutado a voz dela antes, mas não se recordava de já tê-la visto.

Quando ela retirou a mão de seu ombro, ele saiu de seu transe e raciocinou o que ela havia lhe dito, embora não fosse capaz de retribuir o elogio, por mais que não soubesse o motivo.

— É mudo? — ela perguntou com doçura na voz, porém com um semblante de ousadia, como se quisesse fazê-lo perder a timidez que refletia.

— Não, não — gaguejou. — Falo, sim. Dizem que falo até demais. — Houve espontaneidade em suas palavras, e enfim deixou de lado a paralisia que o consumia. — Espera, você é a voz que me falou para vir aqui?

Ela sorriu contidamente, e deu-se conta de que a pessoa que encontrou lhe trouxe muito mais agrado do que julgou inicialmente, embora ainda mal o conhecesse.

— Sim, fui eu que o falei.

— Mas como fez isso? Parecia que sua voz vinha de dentro de mim, eu não entendo... — Antes que prosseguisse em suas indagações, Viliana pôs o dedo gentilmente em seus lábios para silenciá-lo, e ele assim fez, arregalando os olhos.

— Vem comigo.

Segurando-o pela mão, a garota o fez atravessar o antro de prostituição até os confins das cortinas escuras, e Liandro finalmente respirou o ar puro e ausente de malícia, tendo deixado os gemidos e os risos para trás.

Fora do salão de entrada, o interior do local era provido da luz diurna que penetrava pelas janelas e frestas das paredes, o que revelava o quão grande era por dentro. As bases foram erguidas em blocos cinzentos, assim como todas as outras construções da plebe, e tábuas de madeira forneciam sustento para as escadas e demais móveis espalhados pelos cômodos.

Depois que passaram por um corredor, viram-se diante de uma escada larga que permitia o acesso ao segundo andar, e a cada pisada nos degraus, ela rangia, e Liandro teve o pressentimento de que ambos cairiam a qualquer momento, talvez estivesse velha demais, ou consumida pelos cupins. Mas o rapaz sentiu certo conforto com a companhia da garota, mesmo que não soubesse suas verdadeiras intenções, e decidiu não ser tolo de revelar qualquer coisa que o perguntasse, por mais bonita que ela fosse. Só esperava ser capaz de fazer tal coisa.

No fim da subida, Liandro viu-se diante de um corredor comprido com uma fileira de portas nas laterais, sendo que gemidos também podiam ser ouvidos de seu interior. A garota abriu uma porta da parede esquerda do corredor e indicou para que Liandro entrasse, e mesmo hesitante ele o fez, alternando a visão entre ela e o caminho à sua frente, no receio de ser apunhalado ou algo assim.

— Onde estou? — perguntou, embora soubesse que estava em um quarto. Um quarto muito confortável por sinal, com uma cama grande, maior do que todas as que já viu. Um baú para as roupas, uma janela com cortina, uma bacia para banho e um penico para as necessidades. Pode-se dizer que um único quarto tinha todo o conforto de sua antiga casa.

— É um quarto para os clientes que preferem privacidade.

— Clientes? — ele franziu o cenho.

— Você sabe o que as pessoas fazem em uma casa de prazer, não sabe? Quantos anos você tem?

— Dezessete.

— Hum — ela o analisou. — Mais novo do que eu imaginei. Seu irmão é como você?

— O Nalan... — Nesse momento, Liandro lembrou-se do fato que lhe ocorreu. — Nalan foi pego pelos guardas! Eu preciso ajudá-lo!

— Opa, opa — Ela entrou no quarto com um passo e fechou a porta atrás de si, impedindo que ele passasse. — Não há nada que você possa fazer para ajudá-lo agora. Sei que ele foi capturado porque vocês roubaram de um vendedor no Beco dos Peixes. Não adianta enlouquecer por isso agora, podemos resolver amanhã.

— Espera — Parecia que seu raciocínio era interrompido por cada novidade apresentada pela garota. —, como você sabe que roubamos um pão? Você estava lá?

— Não, vi pela minha mente — respondeu da forma mais singela possível. — E era um pão? Pensei que era um bolo. — Pelo visto suas visões não possuíam a nitidez da qual se orgulhava, e isso a decepcionou.

— Viu pela mente? Mas quem é... — Nesse instante, Liandro enfim se deu conta do quão pouco inteligente estava sendo. — Você é a Viliana! — extasiou-se, sorrindo involuntariamente.

— Eu mesma. Não que eu seja grande coisa — disse, esbanjando simpatia.

— Minha mãe vai se orgulhar de saber que eu consegui te encontrar, ela me falou para vir até um prostíbulo famoso, que aqui você nos ajudaria. — Liandro mostrou-se verdadeiramente eufórico com seu sucesso, era muito animador saber que conseguiu cumprir o que lhe foi instruído, mesmo diante das muitas adversidades.

Mas um detalhe em sua fala atraiu a curiosidade de Viliana.

— Remortan trouxe vocês três? — indagou desconfiada.

— Quem?

— Remortan, o norsel. — Sua explicação não foi capaz de fazê-lo compreender, pois continuava com cara de bobo. — O cavalo voador — enfatizou, gesticulando com a mão.

— O nome dele é Remortan? Por que ele não falou isso?

— Porque norséis não falam...? — Ela arqueou a sobrancelha, interpretando que teria que ser extremamente didática com o rapaz.

— Eu sabia. Nalan achou que ele se recusava a falar conosco, mas no fundo eu acreditei que ele não seria mau assim.

— Norséis podem ser orgulhosos, mas isso não é da natureza de Remortan. Ele trouxe vocês três? — repetiu a pergunta.

— Não, só eu e meu irmão. Minha mãe disse que nos encontraria aqui.

— E como ela faria isso?

— Ela não disse, nos separamos na noite em que fugimos, ela ficou na nossa casa enquanto corri para fora do vilarejo com Nalan.

Viliana escutou e ponderou. Tirou o olhar sobre ele, vendo que não haveria mais o que lhe ser dito, e buscou alternativas para desviar de suas suspeitas. Virou-se e deu passos reflexivos perto da cama, olhando para o chão e cruzando os braços, afundando-se em seus pensamentos. O repentino silêncio da garota serviu apenas para deixar Liandro ainda mais inquieto, mas desta vez, de uma forma negativa.

— Por que ficou calada assim? — ele indagou, seguindo-a angustiado, e quando ela virou-se para ele, disse com um semblante tristonho:

— Receio que nunca mais voltará a ver sua mãe, garoto.

A fala direta e seca penetrou o coração dele como uma adaga fria e mortal, capaz de perfurá-lo e permanecer fixa enquanto o sangue lhe escorria.

— Por que diz isso? — Piscou os olhos várias vezes, não sabendo ao certo como reagir, embora ainda não tomasse aquilo como verdade.

— O comerciante que me falou sobre vocês, disse que uma mulher suplicava por ajuda dos andilares, pois a vida dela e de seus dois filhos estavam nas mãos de quem pudesse ajudar. A única coisa que pude fazer foi enviar Remortan, e um norsel é capaz de carregar apenas duas pessoas. Se sua mãe tivesse algum outro plano de fuga, ela teria trazido essa informação para mim, para que não atrapalhasse o plano. Se ela ficou lá, e se as Tirênias os viram escapar, é certo que elas a mataram.

Um arrepio de medo passou pelo corpo de Liandro, enrijecendo os pelos de seus braços, e um doloroso frio cresceu em seu estômago. Não conseguiu mais manter os olhos fixos em Viliana, vagando com eles pelos cantos ao redor, incomodando-se em permanecer parado conversando diante de tanta inquietude.

— Mas por que elas fariam isso? — perguntou em seu medo, tendo os olhos lacrimejantes.

— Porque ela era uma andilar. E se ela conseguiu ficar tanto tempo escondida, é porque usou uma arte que inibe os dons, e que adoece o corpo, como consequência.

— Isso... Isso não pode ser verdade. — Embora buscasse negar, os indícios que Viliana trouxe eram condizentes com o cenário que presenciou, e o seu âmago já não conseguia lutar contra a verdade que florescia, por mais dolorosa e perturbadora que ela fosse.

Liandro esqueceu-se da bravura que prometeu a si mesmo adotar, e agora fechou os olhos fortemente, segurando os soluços do choro que ameaçavam lhe tomar. As palavras ditas ecoavam em sua mente, e seus punhos fechados eram um indício do quanto ele insistia em negar a realidade. Tremia e tremia sem sair do lugar, tentando não desabar, enquanto mantinha os olhos fechados na luta para conter as lágrimas que escorriam por seu rosto.

Diante do estado aflito do rapaz, Viliana quase julgou ter agido errado em dizer-lhe a verdade. Mas no fim sabia que aquele era o melhor caminho para ele. Não havia porquê prolongar uma dor que uma hora ou outra viria lhe atormentar, sendo melhor enfrentá-la o quanto antes.

— Vou te deixar um pouco sozinho, volto mais tarde para conversarmos. — A garota afastou-se em passos cautelosos e abriu a porta atrás de si, pondo-se para fora. — Tente não alimentar tanto a tristeza de perdê-la, mas sim o orgulho por ela ter escolhido ficar para que vocês escapassem. É a prova mais forte de amor.

Sozinho, Liandro permaneceu, e assim permitiu que seus olhos derramassem as lágrimas que lutavam contra a negação de seu orgulho. Orgulho de julgar que veria sua mãe outra vez, apesar das intempéries que os condenavam.

Não abriu os olhos para comprovar se não havia mais ninguém ali, pois isso pouco lhe importou, e soltou os soluços de choro presos em sua garganta.

Veio-lhe a imagem de sua mãe, e se lembrou dela nos mínimos detalhes, do quanto era bela, apesar do adoecimento. Do quanto era doce, e do quanto ela os amava. Não suportou o peso de seu corpo e dobrou-se ajoelhado, sentindo que até a força de suas pernas lhe faltaram. Cobriu o rosto com as duas mãos e não impediu que as lágrimas escorressem, assim como os soluços e os gemidos.

— Mãe... — esforçou-se em dizer, engasgando em seu choro.



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