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- Parte II -

Não foi a primeira vez que Viliana acolheu um pobre garoto perdido, muito menos uma vítima das atrozes Tirênias. Sim, pois ela costumava usar a Casa da Joane como abrigo temporário para os que ajudava, seja homem ou mulher, jovem ou velho. Nunca fora escolha sua, mas a prostituição foi a melhor maneira de se sustentar e manter-se escondida na cidade.

A tarde nem sempre trazia muitos clientes, o completo oposto da noite, pois era sob os encantos do luar que as ruas de prazer se enchiam de desejos lascivos. Muitos homens deixavam suas moradias para buscarem o conforto que não recebiam em casa, principalmente soldados, pois estes mal podiam se dar ao luxo de casarem, já que as funções militares os impediam de tomar esposas e construírem famílias. Pelo menos um pouco das necessidades carnais podiam ser supridas nos braços de outras mulheres.

O prostíbulo de Joane era dito como o melhor daquelas bandas. Tinha músicos durante a noite, como harpistas e violinistas, estes costumavam aparecer no início da madrugada, quando os ânimos já se aquietavam, e o gracejo do silêncio lutava em perdurar. O suave som de tais instrumentos pareciam trazer uma aura diferente para o ambiente, algo que contribuía para o deleite de quem ouvia. Não era fácil encontrar músicos com tamanho talento, mas não fora Joane que os chamou, e sim eles que vieram em busca de trabalho. Um trabalho muito recompensador, por sinal, tendo em vista que algumas mulheres por ali se agradavam de suas companhias.

Viliana, por sua vez, esbanjava a simpatia de Joane que a recebera uns três anos atrás, mas não seria por isso que ela haveria de morar em seu antro gratuitamente, pois também teria que deitar-se com clientes e contribuir com a manutenção do lugar, em troca da permissão de acolher quem quisesse, desde que não trouxesse muito escândalo.

E essa foi mais uma noite em que a garota de vinte anos precisou exercer seu trabalho, e fazia isso com a mais profunda dedicação, para não correr o risco de desagradar sua empregadora.

Num dos quartos do segundo andar, no alto do cair das estrelas, Viliana escondia sua nudez entre os lençóis brancos e perfumados. O tecido fino evidenciava o desenho de suas curvas, e isso atraía mais o desejo de quem a visse. O cliente da vez era um homem novo, não parecia ter chegado aos trinta anos ainda, a considerar pela ausência de barba ou de rugas. Viliana poderia ter feito perguntas para conhecê-lo melhor, mas sabia que o interesse dos homens era o prazer em primeiro lugar, e talvez depois o diálogo.

Acariciando-o com o toque de sua mão, a andilar fez desenhos gentis com a ponta de sua unha no rosto do sujeito enquanto o beijava, e isso o agradou. Prosseguiu com o toque descendo gentilmente, passando por seu peito moreno e terminando em sua virilha, que também estava oculta por lençóis.

Tendo terminado o encontro de seus lábios, Viliana suspirou e sorriu sutilmente, observando-o com seus olhos atraentes, semelhantes aos das corujas. O homem também sorriu, mas possuía menos beleza do que ela, e trazia um verdadeiro suspiro de paixão. Talvez fosse por ela ser sua primeira parceira de cama.

— Você é perfeita — disse ele, encarando-a extasiadamente, o que a fez soltar um risinho de satisfação.

— Me diga se eu estiver errada, mas sinto que sou a primeira mulher com quem se deitou.

A pergunta o assustou.

— Como sabe? Fiz mal?

— Pelo contrário, fez muito bem. — Ela era ótima em mentir. — Mas fez com amor, como se eu fosse mais do que uma mera prostituta para você.

O homem não interpretou a verdadeira intenção da garota, e cogitou tê-la deixado descontente por alguma coisa.

— Mas você pode ser mais do que isso para mim — afirmou, na esperança de obter algo a mais em sua investida.

— Posso, é? — Ela arqueou a sobrancelha, encarando-o com sedução e requintes de gentileza, em seguida desviou o olhar e permaneceu um tempo em silêncio, refletindo sobre algo. — Já pensei em sair daqui — continuou, deixando de lado a sensualidade da ocasião. — Ter um marido, uma família. Mas nunca encontrei um homem que tenha condições ou interesse em fazer isso.

— Posso não ser um dos ricos dessa cidade, mas com certeza poderia nos sustentar com o pagamento de militar — ele respondeu prontamente, trazendo o rosto dela de volta para si, a fim de admirá-la.

— Um ótimo pagamento, aliás, pelo o que sei — sorriu, e um fiapo de seus cachos cobriu parte de seu rosto.

— Não muito, mas dá para as coisas, como comida e roupas.

— Imagino que se subir de posição, o pagamento também sobe, não?

— Sim, e acho que algum dia vou conseguir chegar à posição de tenente, tenho trabalhado para isso.

Viliana percebeu o quão profunda eram as intenções do sujeito, e que ele de maneira nenhuma a rejeitaria, nem qualquer coisa que pedisse. Mas não era de seu desejo explorá-lo.

— Hum. Ouvi dizer que os soldados dos palácios ganham quase tão bem quanto os tenentes.

— É quase isso.

— E não acha que seria mais fácil ir para os palácios?

— Seria sim, mas proteger os ricos é muito pior que proteger os pobres. Se algo ruim acontecer, ou se alguém se ferir, eles sempre vão culpar o guarda ou o soldado que esteve por perto. E eles nos exilam ou cortam nossas cabeças, dependendo do quanto o riquinho se machucou. Por isso prefiro ficar por aqui mesmo.

Depois da fala, ele ousou tomar-lhe outro beijo, e ela o concedeu para agradá-lo. Mas logo afastou-se gentilmente para continuar suas perguntas descompromissadas.

— Já foi ao palácio? — continuou o assunto, ajeitando o cobertor para cobrir seus seios.

— Algumas vezes, por quê?

— Que ele é bonito por dentro, todo mundo sabe. Mas me disseram que os calabouços lá são cruéis para os prisioneiros.

— São sim. Uma burrice deixar os presos tão perto dos nobres, mas como o Oligarca é juiz em seus salões, então faz sentido.

— Mas os calabouços devem ser muito protegidos, não?

— Só dois guardas nos corredores e uma porta trancada, fica no último andar das escadarias. Mas por que quer saber?

A pergunta final era esperada, e ela buscou desfazer o assunto da melhor forma possível.

— Curiosidade — respondeu, encerrando o diálogo com mais um beijo.

Não havia uma noite sequer que o bordel de Joane não viesse e se encher com o cair do entardecer, e isso fazia com que todas as mulheres e homens do lugar se ocupassem com a submissão a seus clientes. Viliana, porém, usava de sua simpatia com a patroa para gastar seu tempo com os afazeres de seu interesse, sempre preocupando-se em não ultrapassar os limites da paciência da mulher.

Ora, Joane sabia que Viliana não era uma garota comum, mas nunca insistiu que ela lhe revelasse sua verdadeira identidade, levando em conta que bordéis são os lugares conhecidos por haver todo tipo de desajeitado, como os rudes em Virturia costumam chamar. Certa vez, Joane a aconselhou a usar de sua suposta identidade exótica, seja lá qual fosse, para atrair mais clientes para si. "Não há um homem sequer que resistirá à curiosidade de experimentar uma estrangeira, principalmente uma que não é Filha dos Homens", foram as palavras da cafetina. Mas Viliana não pareceu interessada em acatar tal sugestão.

Desde que chegou na cidade, a andilar buscou usufruir de todas as práticas prazerosas que poderiam lhe beneficiar. É sabido que no continente de Virturia, pelo menos nas regiões que seguem o culto a Vilmor, a cultura predominante é o desfrute do prazer, seja entre homens, seja entre mulheres. Na verdade, tornou-se raro que os homens adultos andassem publicamente acompanhados de suas esposas, afinal essas eram usadas unicamente para conceber-lhes filhos, estando sujeitas a autoridade incontestável dos maridos. O prestígio social voltava-se para a relação entre dois homens, publicamente ou não, a fim de demonstrar os valores masculinos tão admirados na sociedade virturiana, práticas muito desprezadas pelas terras do ocidente.

Aqueles que desejavam deleitar-se com mulheres, costumavam buscá-las nas casas de prazeres, tidas como prostitutas, e esse foi o caminho encontrado por Viliana se quisesse sobreviver.

De qualquer forma, a garota seguiu sendo uma boa funcionária para Joane, assim como hóspede. Mais uma vez trouxera outro rapaz para o bordel, e isso não passou despercebido aos olhos dos que ali habitam.

— Quem é o garoto dessa vez? — Joane perguntou surgindo das cortinas escuras, estava envolvida pelo seu vestido carmesim com adornos dourados.

A mulher encontrou Viliana no quarto íntimo das mulheres, onde elas dormiam e se ajeitavam para as noites, assim como os rapazes. O lugar era grande, pois também acomodava quatro banheiros, e havia pilastras de madeira por todos os lados sustentando o teto. Muitas camas enfileiradas, quase todas arrumadas, uma ou outra com cobertores desajeitados.

A garota, por sua vez, já tinha se desfeito da camisola que usou com o último cliente, o soldado, e agora cobria-se com um vestido modesto e comprido, simples, como se desejasse passar despercebida de olhares vigilantes.

— Veio das vilas portuárias — disse, enquanto usava as mãos para arrumar seus cachos volumosos. — Acabou de perder a mãe, e o irmão está preso por roubo.

Joane escutou e lançou um olhar investigativo.

— Se sumir alguma coisa daqui, vou descontar do seu pagamento — ela frisou, com um braço cruzado em sua barriga e com o outro segurando um cachimbo fino e longo, a fumaça liberada fazia-o parecer uma chaminé.

Joane era alta, e parte disso era causado pelos saltos em seus pés. Uma mulher que gostava de luxo, a observar o colar e os brincos que ostentava, assim como as unhas pintadas e o coque preso com um diadema. Talvez não fossem jóias valiosas, mas definiam sua personalidade.

— Sabia que você iria falar isso, mas pode ficar despreocupada, ele não vai roubar nada.

— Não hoje porque ele está dormindo como um urso que hiberna, parece que não fecha os olhos há dias. Só espero que ele não suje os meus lençóis, as botas dele estão imundas. Nem preciso te dizer que qualquer sujeira...

— Eu terei que limpar — Viliana completou. — Já disse, não se preocupe.

A garota virou-se para ela, e usou de sua expressão gentil para tranquilizar o desgosto da mulher, fazia isso quando não desejava prolongar discussões. E funcionou, pois Joane não prosseguiu com o assunto, e deu uma longa tragada no cachimbo.

— Vai manter ele aqui até quando?

— Um ou dois dias, mas vou despachá-lo daqui o quanto antes. — Tendo terminado de se arrumar, ela sentou-se em sua cama, uma entre várias outras enfileiradas por ali, e calçou suas sandálias desgastadas, era a última etapa que restava. — A propósito, não se assuste caso não me veja mais por aqui, Jo. Terei que partir em pouco tempo.

A mulher analisou a informação em silêncio, olhando para ela de cima, mantendo o nariz empinado.

— Coisas de magia?

— Sim. Coisas de magia — confirmou, terminando de ajustar a sandália.

Viliana levantou-se da cama com um pulo, e avaliou a si mesma, buscando certificar-se de que não haveria nada que pudesse lhe humilhar em suas vestes.

— Vai embora sem me contar o que você é? — Joane perguntou, já sendo a quarta ou quinta vez que insistia no assunto. — Ou de onde veio? Ou por que guardou esse monte de gente aqui nos últimos anos?

— Sim, vou ter que pedir que engula sua curiosidade, que sei que é muito grande, e que não me chantageie.

A mulher não exibiu muita satisfação em seu rosto, mas contentou-se.

— Vou abrir uma exceção para você. — Sorrisos não eram algo rotineiro na cafetina, mas Viliana pôde ter certeza de ter visto um. — Vai sair?

— Para o palácio. Coisas de magia — disse por fim, partindo, antes que ela lhe fizesse mais perguntas.





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