Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

- Parte II -

A noite seguiu tranquilamente para todos, exceto para Lorina, que interrompia o seu sono para ficar em alerta, e qualquer ruído era suficiente para fazê-la sentar na cama de couro e olhar para as paredes buscando a origem do barulho. Quase sempre se tratava de ratos.

Por outro lado, os filhos dormiam como bebês desmamados, ambos deitados em um grande leito no chão, forrado por couro de vorgo e com travesseiros de plumas de ganso, tudo adquirido através dos viajantes que comercializavam por aquelas terras, eles sempre traziam coisas essenciais para os aldeões.

Na verdade, os viajantes poderiam ser considerados como um meio de sobrevivência para todos, já que o sustento obtido por metade dos moradores no porto não era capaz de sustentar as necessidades de todas as famílias. Sim, porque metade foram retirados para erguerem a muralha ao redor da vila, cujo motivo até então não estava claro. Muitos questionavam as tirênias de forma agressiva, ou até mesmo gentil, mas elas nada diziam, e também evitavam chamá-los de escravos, pois diziam que todo o seu sofrimento iria acabar assim que o muro estivesse pronto. Alguns tomavam aquilo como verdade na esperança de crer num futuro melhor, já outros as consideravam traiçoeiras demais para serem dignas de confiança.

No dia seguinte, muitas senhoras puderam se alegrar, pois dois viajantes chegaram na vila para fazerem seus negócios, ambos em suas próprias charretes.

Nesse horário do dia, Lorina fazia uma das tarefas cotidianas, foi buscar cereais na casa de Evilana para encher sua despensa, a tal mulher era responsável por armazenar os grãos em sua casa, tendo em vista que seu marido possuía grande parte da terra plantada nos arredores da vila. No caminho que percorria de volta para casa, trazia um vaso de barro nas mãos, grande e trabalhado, fechado por uma tampa e cheio de grãos.

— Sua dispensa ainda está cheia, Lorina? — Alenina perguntou gentilmente, a vizinha da casa ao lado, cuja simpatia dos meninos era escassa. Talvez porque seus filhos eram muito agressivos e gostavam de zombar de Liandro e Nalan por serem mais baixos e magros.

— Temos batatas ainda, ervilhas e cebolas, tudo guardado há umas duas semanas.

— A minha também está por um triz. Meus meninos passaram a comer mais depois que cresceram, de um ano para cá, eu diria. Comem, comem e não enchem. Antes era uma tigela nas refeições, agora são duas ou três, só não comem mais porque matariam eu e Rober de fome.

— Hunf — Lorina suspirou ao imaginar a cena, o que poderia ser considerada catastrófica para qualquer morador nas redondezas por causa da escassez. — Espero que os meus não fiquem assim. Sem meu marido já passamos dificuldades, com uma boca a mais as coisas ficariam piores, já basta o tanto que cada um de nós comemos.

— Ah, não diga isso. Morbelo era um homem forte, trabalhador, traria mais sustento para casa, para suprir o que ele viesse a comer.

— É, isso é verdade — Lorina concordou, recordando-se de seu falecido esposo. — Lembro que ele costumava jantar lá pelos portos mesmo, para que não faltasse a comida de casa para os meninos quando eles eram pequenos.

— Nem consigo imaginar o que seria de mim se Rober morresse, já me canso pelo trabalho que faço, quem dirá trabalhar mais.

— Posso dizer que a única diferença é que Nalan e Liandro assumiram as tarefas dele. Não tem mais tempo para brincadeiras ou caminhadas pela noite com os outros rapazes, agora é só trabalho e casa.

— Mas é assim para todos agora, Lorina. Quem vai ser idiota o bastante para ir brincar com essas mulheres por perto? Rezo todo dia para que Vilmor as queime no fogo eterno.

Mesmo que Vilmor tenha ouvido as súplicas, ele não parecia disposto a atendê-las, pois as tirênias seguiam exercendo sua opressão pelo vilarejo dia após dia. A caminhada em que puderam dialogar livremente era uma das poucas oportunidades em que não mantinham a cautela em seu próprio lar, pois no geral, passaram a viver como roedores na toca amedrontados por serpentes.

Quando as duas mulheres chegaram perto de casa, se surpreenderam ao ver o velho Arnolo por ali, um dos comerciantes mais frequentes que passavam por aquelas bandas. O homem em questão tinha a pele bronzeada pelos dias de viagens debaixo do sol. Também ostentava uma barba trabalhada com alguns ornamentos, coisas que ele adquiriu nos lugares que visitou. Mas o que mais atraía a atenção de quem o visse, era a sua charrete, pois esta trazia objetos dos mais variados tipos para serem vendidos ou trocados, desde potes com insetos em conserva à utensílios domésticos estranhos. Há de se ter alguém que se interesse por tais coisas.

O homem de origens desconhecidas dedicava todo o seu esforço em fazer as negociações, e para isso teve que ouvir propostas razoáveis, e outras nem tanto assim, como uma senhora que desejava três sacos de lentilhas em troca de uma panela sofisticada, que por sinal não apresentava nada de especial. Arnolo não trabalhava sozinho, tinha o auxílio de seu filho para vigiar o veículo quando precisava compartilhar sua atenção, afinal não poderia correr o risco de ser roubado.

Lorina e Alenina aproximaram-se do homem que já as conhecia há certo tempo. O problema, porém, era que uma tirênia também chegou perto, e caminhou em passos lentos até a charrete do sujeito, buscando vasculhar a existência de qualquer item anormal ou proibido. Arnolo não demonstrava qualquer reação com aquilo, embora soubesse do que aquelas mulheres eram capazes e o tipo de coisa que andavam fazendo pelos vilarejos portuários.

As vizinhas, no entanto, evitaram manter contato visual com a inquisidora, e chegaram até o comerciante trazendo simpatia no rosto.

— Senhoras, que surpresa vê-las por aqui — ele as cumprimentou repousando as mãos sobre a fivela do cinto e mostrando um dente de ouro na boca.

— Ora, sempre nos vemos por aqui, homem — Alenina disse, o que arrancou um riso por parte dele, mas que logo se desfez.

— Senhora Lorina, não quero parecer rude, mas parece que está meio doente, não me lembro de tê-la visto tão pálida e magra da última vez. Por acaso precisa de algum remédio?

Lorina foi pega de surpresa pelo comentário, e buscou contornar o assunto como pôde. A última coisa que iria querer naquele momento seria atrair a atenção das tirênias ao redor, ou dos demais vizinhos.

— Não, não, eu estou bem. — Atentou-se em abrir um sorriso contido, pouco perceptível. — Talvez seja os ovos das codornas que estavam estragados.

— Para a sua sorte eu também trabalho com muitos remédios, cada lugar que passo parece ter uma doença nova por descobrir — ele riu. — Venham, por favor, vejam o que posso oferecer para ajudá-la, tenho ótimos produtos das terras do leste, e de Varosia.

O fato do homem evidenciar a última palavra em sua fala acendeu a esperteza de Lorina, mas Alenina pouco importou-se. Segurando os vasos que carregavam, as duas chegaram mais perto da charrete, e perceberam que outra tirênia patrulhava o local. Lorina evitou encará-las, e manteve-se focada no que o homem tagarela dizia. Este, por sua vez, abriu um enorme baú ornamentado em madeira antiga, e revelou frascos e potes excêntricos. Um tinha até olhos em conserva, sabe-lá de quê.

— Que esquisitices são essas? — Alenina indagou, enojada.

— Esses são os remédios mais raros que você poderá encontrar em sua vida, minha senhora. E por isso, também são muito eficientes.

— Você já viu alguém ser curado usando isso

— Não. Mas um dia alguém vai tentar.

— Eu não quero ser a primeira - Lorina adiantou-se, o que arrancou um riso do estrangeiro.

— Ah, tudo bem se não quiser experimentar agora, de fato a senhora pode melhorar depois de alguns dias. E caso não melhore, eu voltarei daqui um ou dois meses trazendo mais produtos. E notícias.

Lorina atentou-se, estreitando os sentidos para capturar cada pista dita pelo sujeito.

— Bom, e... Como andam as coisas em Varosia? — buscou desvendá-lo.

— Um pouco agitadas, eu diria. Conheci uma mulher num prostíbulo da cidade, lugar famoso, que sempre está disposta a ajudar os outros. Ela parecia muito com a senhora.

As duas mulheres se surpreenderam, e Alenina revoltou-se pela clara ofensa à sua vizinha.

— Mas do que você...

— Alenina — Lorina a cortou com intrepidez, transmitindo rigidez através de seus olhos. — Pode deixar eu falar com o senhor Arnolo agora? Se não se importar.

A mulher estranhou o pedido, ainda mais após a ofensa do sujeito. Mas não contestou, e buscou procurar algum utensílio na charrete que viesse a despertar sua curiosidade.

Tendo a oportunidade, Lorina prosseguiu:

— Qual o nome dessa mulher?

— Viliana. Está sempre por lá, poderá encontrá-la com facilidade.

Um nome que Lorina nunca ouvira. Não que se lembrasse, e faria o possível para guardá-lo.

— Certo — anuiu, buscando formular sua próxima frase. — Bom, eu espero poder conhecê-la em breve, mas é difícil viajar em uma distância tão longa para quem não tem experiência.

— Claro, claro. Eu tinha explicado isso a ela, de como as visitas são difíceis, e por isso ela me pediu que te entregasse um recado, uma palavra que poderá ajudá-la caso precise.

A mulher arregalou os olhos de expectativas.

— E qual é?

— Venha, chegue mais perto. — Ele usou as mãos para convidá-la.

Ela viu-se diante de mais um enigma, aparentemente. Passando os olhos ao redor, constatou que a situação ainda se inclinava a seu favor, e as duas tirênias rodeavam as redondezas a passos lentos a ouvidos atentos, como uma águia que vasculha o campo pelos ares.

Quando ficou do lado do comerciante, ambos viraram-se para o baú na charrete, e ele cochichou alguma palavra em seus ouvidos. Uma palavra estranha, que ela não fazia a menor ideia de seu significado, e que tampouco teria a liberdade para perguntar sobre tal.

— Infelizmente, isso é tudo o que eu posso oferecer hoje, senhora Lorina — ele lamentou, já se afastando dela. — Espero que seja útil para a senhora.

Lorina manteve-se parada diante dele, ambos do lado da charrete. Refletiu, expressando sua aparência abatida e fraca, mas lembrou-se que o local em que estava não era o ideal para isso. Portanto, ela enfiou sutilmente a mão numa abertura de seu vestido, perto da cintura, e de lá tirou duas moedas de prata encardida, um valor considerável, levando em conta que ela não havia comprado nada do homem, a não ser informação.

— Obrigada.

Tendo terminado o negócio, Arnolo virou-se para o seu baú e o fechou, passando-lhe o trinco. Tinha que passar em outras casas pelo vilarejo naquele dia, ficaria por ali até o amanhecer, e não havia dúvidas que ele seria supervisionado pelas tirênias vigilantes.

Lorina, por sua vez, viu-se tomada por muitas mensagens ocultas que precisava decifrar, e isso iria apenas contribuir para o seu tormento. Quando deu o primeiro passo para voltar para a casa, viu-se sendo observada por uma das mulheres, o que a fez interromper seu caminho.

Do outro lado da rua de terra, olhos dourados em pele escura a viam. Um rosto feminino frio, apático, ausente de sentimentos, que a julgava fixamente como se não possuísse pálpebras. Seria mentira dizer que Lorina não estremeceu internamente diante daquilo, mas não haveria motivos para se assustar, afinal de contas, ela era uma pessoa normal como todas as outras.



.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro