03 - CENA - 04
Vita seguia atrás de todos os seus colegas. Com olhos curiosos atentava para cada parte daquela casa. O teto parecia chegar ao céu e o lustre, nessa visão infinita, parecia ser roubado. Nunca que Andreia teria condição de ter um lustre desses, pensou Vita. Na mesma hora ela surgia descendo uma escada de mármore que, mais uma vez, na cabeça de Vita, ela não deveria ter.
— Desde quando você é rica? – lançou chateado.
Com um sorriso no rosto, Andreia descia como uma rainha desce de seu trono.
— Desde quando eu nasci?
— Sempre achei que você fosse pobre.
— Não gosto de ostentar minha riqueza.
Júlia estava boquiaberta.
— Nossa. Geralmente não concordo com Vita, mas dessa vez... – Júlia levava sua mão a uma orquídea que ficava sobre o cetro da sala, mas ouviu um grito fino incomodar seu ouvido: "Nem pense nisso, mocinha". De imediato levou sua mão ao bolso de seu macacão. – Desculpa. – disse. – Sua casa é realmente linda, velho! Por que nunca quis que viéssemos aqui? – Mas ao acabar a indagação, deduziu com seus botões o motivo. – Olhou para a mãe de Andreia.
— Bem, acho que descobriu. – ela riu.
— Eu ouvi, viu, Andreia?!
Andreia, sabendo que isso daria assunto pra manga, decidiu relevar.
— Essa é minha mãe Altrícia. Melhor mãe impossível. – levantou as sobrancelhas na medida em que seus lábios se apertavam. – Vamos pro meu quarto, Ian tá lá já.
Rose revirou os olhos, enquanto Vita mais Francesco e Júlio sussurravam um com o outro.
— Poxa, velho. Vacilo.
— O que é vacilo Vita? – indagou Júlio.
— Andreia é rica, mano.
— É, isso também surpreendeu a gente. – Trotti riu. – Mas por que tá tão chateado?
— Ah, qual foi, mano? – cruzou o braço. – Tá me tirando? – bufou. – Você tá ligado que ela sempre foi a fim de mim...
— Mas o que isso muda? – disse Júlio. – Não vá me dizer que namoraria com ela só por conta da grana... isso não é amor, velho.
— Lá vem você com seu fundamentalismo.
— Você que é cristão aqui. – disse seco como uma pedra atirada à pele de uma pessoa.
— Não precisa ir tão baixo, Júlio. – mordeu seus lábios. – Já entendi.
Chegando ao quarto, encontraram Ian deitado sobre a cama com forro rosa de Andreia fazendo alguma ligação. Mas logo deixou seu celular de lado.
— Eai, pessoal. – disse num italiano com sotaque bem puxado. Deram risada dele, mas sem malícia.
— Seu italiano tá progredindo muito, Ian. — disse Marcela batendo no ombro dele. – Eai, tudo bom?
— Sim. – deixou alguns risos fracos saírem de sua boca. – Você precisa ver meu irmão falando. – olhou pro celular jogado na cama. – Ele parece até um nativo. – riu mais uma vez.
— Imagino. – disse Marcela.
— Então ele realmente não vai vir conosco, não é? – indagou Vita.
— Marcos gosta de ficar na dele. – iniciou. – Ainda mais agora que está nessa de ser best-seller e coisa do tipo. – pegou o celular. – Só quer saber disso, nem minhas ligações atende mais. – discou mais uma vez para seu irmão.
Miriam, aproveitando que Ian ficou de costas para todos, falou ao ouvido de Rose:
— Fala com ele, burra. Provoca.
— Quer ver o circo pegar fogo, não é? – sorriu. – Você não presta. – Puxou Miriam pra mais perto de si. – Relaxa que a hora dele vai chegar.
O tempo foi passando e o sol se pôs. A casa que era iluminada pela luz do dia, se viu dominada pelas lâmpadas led.
— Hora da janta, garotada. – gritou Altrícia de algum lugar da casa.
Ian, oras sentado, oras em pé, fuçava seu celular a cada trinta segundos.
— Relaxa, moço. – disse Vita. – Na hora certa ele mesmo te liga. – sorriu. – Parece até que ele que é o caçula da família. – gozou dando um leve peteleco em sua testa. – Vamos, bora comer.
— Tem razão. – encarou Rose do outro lado da porta com seus dentes grandes e brancos a mostra. – Bora.
A mesa era gigante e o que pra eles era janta, para a maioria dos jovens ali, era, na verdade, almoço.
— Quem é que come lasanha no jantar? – disse Júlia para Miriam que acabara de sentar ao seu lado.
— Olha, desconheço. – começou ela. – mas se tiver que chutar: Marcela. – as duas riram, mas Júlia, com o indicador na boca, olhou ressabiada para Miriam assoprando. – A gente não quer briga aqui, então para. – Miriam concordou, mas não tendo se passado cinco segundos, Marcela gritou: Oba, Lasanha! Amo! E as duas gargalharam.
— Que foi agora? – indagou Marcela, já com as mãos na comida.
— Miriam que é muito besta aqui. Não foi nada com você, não.
Marcela deixou isso de lado.
Ian surgia do fim da sala mais Vita. A mesa já estava toda ocupada. Só havia duas cadeiras vazias. Uma ao lado de Júlio, que Vita logo se pôs a ocupar e outro ao lado de Rose.
Ian respirou fundo.
— É, vamos lá.
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