Após a terapia no parque, Victoria retornou para casa enquanto Charlie voltou para seu trabalho na clínica.

Todas as confissões sobre os sentimentos de Victoria fizeram Charlie enxergar outra face da irmã mais nova de Leonid. Por baixo da máscara arrogante, havia uma garotinha amedrontada.

Quanto a Leonid, seus sentimentos em relação ao mafioso se tornavam cada vez mais confusos. Odiava ele tanto quanto gostava de estar próximo dele. Ele era uma pessoa boa, então porque agia como um babaca?

Charlie sentou-se na poltrona e cruzou as pernas. Sua agenda ainda estava cheia, porém quem estava precisando de terapia naquele momento era ele.

— Esse homem me deixa tão confuso... — Falou em voz alta para as paredes.

De repente, seu celular apitou.

Será ele?

Contrariando as expectativas de Charlie, era uma mensagem de um número desconhecido.

''Aqui fora.''

Charlie arqueou as sobrancelhas e se dirigiu até a janela, se deparando com Alexander Petrov parado na calçada em frente ao prédio. O homem usava um colete azul combinando com seu blazer da mesma cor. Tinha as mãos no bolso enquanto estava com o queixo erguido, encarando Charlie fixamente.

Mesmo hesitante, Charlie desceu até a portaria. Alexander ainda estava lá.

— Boa tarde, Charles. Temos assuntos a resolver.

— Quais assuntos?

— Entre, por favor — abriu a porta traseira do carro estacionado próximo dele.

Charlie entrou no carro e se acomodou no banco de trás. Alexander sentou-se logo ao lado dele. Quando fechou a porta, o motorista deu partida.

— Não gosto de joguinhos, o que você quer me contar de tão importante? — Charlie chegou direto ao ponto, impaciente.

— Aceita uma bebida? — Alexander pegou uma garrafa de vodka do porta-copos do carro.

— Não, estou em horário de trabalho.

— Bom, Charlie Evans — Alexander encheu um copo transparente com vodka. — Leonid Makarov matou um de meus homens.

— Porque mandou me vigiarem?

— E tive conhecimento que você aceitou ele em seu apartamento — continuou, ignorando Charlie. — Aparentemente, você está bem familiarizado com os Makarov. Leonid, Victoria. Está gostando da companhia deles?

— Do que caralhos você está falando?

— Porque veio para a Rússia, Charlie?

— Á trabalho — Charles suspirou, se irritando.

Alexander virou o copo de vodka na boca.

— Hm... Eu poderia jurar que você veio em busca de seu pai.

— O que sabe sobre meu pai? Na verdade, o que você sabe sobre minha vida? Como sabe meu nome e onde moro?

— Sei tudo sobre você há muito tempo, Charlie. Antes de você pisar na Rússia, nós acompanhamos sua evolução como homem. Faculdade de psicologia no Reino Unido, certo? Sua mãe não conseguiu vencer a depressão, desde então você viveu sozinho. Pelo menos, você pensava que estava.

— Não estou entendendo.

— Deixe eu ser mais claro: você é um Petrov. Antes de ser assassinado, seu pai era líder da família. Mas Leonid não te contou isso, não foi?

Charlie paralisou.