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I

As notas dos violinos preenchiam o ambiente recheado de vozes distintas em um emaranhado de assuntos relacionados a política e dinheiro. Nenhum dos homens engravatados estavam interessados no mais puro conceito de arte que reluzia pelo salão de festas da mansão Makarov. Charlie era o único com olhos suscetíveis o suficiente para enxergar a beleza da melodia daqueles instrumentos guiados por mãos habilidosas.

Parado em frente a pequena orquestra concentrada no palco improvisado no canto do salão, Charlie assistia os dedos dos talentosos artistas se desenrolarem pelas cordas, provocando sons hipnotizantes para seus ouvidos e imaginação.

Trajado em seu terno branco com uma rosa cravada no paletó, o psicólogo recusou-se a usar uma máscara ao perceber que o tema da festa era um pretexto para conversas sombrias o suficiente para que todos escondessem suas identidades por preocupação. Charlie não tinha nada a esconder, mas tinha o que revelar.

Tirou a atenção da orquestra e caminhou pelo salão lotado, se dirigindo até a mesa com os drinks e pegando uma taça com uma rodela de limão. Com a intenção de se afastar de todo aquele barulho, Charlie retirou-se do salão e se alojou na sala de estar da mansão, onde acabou encontrando Victoria Makarov sentada em frente a lareira.

A cauda do vestido vermelho da moça estava recaindo em sua volta como um manto. De longe, ela parecia como uma rosa desabrochando. Em suas mãos, ela segurava um álbum de fotos. Charlie aproximou-se, curioso.

— Enjoada da festa?

— Chama isso de festa? Tá mais para uma convenção de homens gordos e desinteressantes.

Victoria observava uma fotografia em específico do álbum. Ela e Maxwell crianças sorriam alegremente para a foto.

— Ele era um menino muito bonito — Charlie comentou, se pondo de joelhos ao lado de Victoria.

— Maxwell seria um grande homem se nada daquilo tivesse acontecido — ela suspirou.

— E como está seu namorado?

— Edward? Provavelmente está ao lado de Leonid. Ele é o braço direito do meu irmão. São muito amigos — Victoria fechou o álbum de fotos e passou a encarar as chamas na lareira.

— Ainda não contou a verdade a ele, não foi?

— E porque eu deveria? Porque pessoas como nós sempre temos que nos preocupar com a verdade? Edward se apaixonou por mim pelo meu modo de ser. Essa é a verdade, afinal de contas. Porque um detalhe pode estragar tudo?

— Acredite, eu te entendo.

— Como um homem gay como você pode entender as disforias de uma mulher trans?

— Porque homens héteros sempre nos fazem sofrer — Charlie a olhou, rindo.

Victoria não se conteve em sorrir diante da fala de Charlie.

— Droga, porque não nascemos apenas como duas garotas normais e fúteis de Nova York?

— Tudo seria mais fácil, não seria? — Charlie olhou para a lareira, sonhador. — Salão de beleza, Instagram e balada às sextas-feiras.

— Em falar em homem, percebi que meu irmão está caidinho por você.

— Ele é louco.

— Louco por você.

— Você sempre soube que seu irmão era gay?

— Meu radar sempre indicou que ele era um viadão.

Charlie gargalhou.

— Ele teve outros casos? — Charlie indagou.

— Casos de uma noite? Teve vários. Mas o coração dele sempre esteve no Reino Unido. Leonid sabe ser desapegado, ele nunca escolhe a pessoa errada para proteger e amar. E claro, ele é possessivo.

— Muito — concordou com um balançar de cabeça.

— Não tivemos uma criação normal, Charlie. Fomos criados como animais no meio da selva. Quando a mamãe partiu, Leonid passou a se agarrar no que ele ama, apesar de nosso pai ter criado ele para ser um sanguinário sem sentimentos. Ter você na vida do meu irmão significa que ele pode mudar.

No meio daquela conversa casual e reconfortante, Charlie decidiu revelar o segredo que estava entalado no nó de sua garganta:

— Eu e Leo vamos fugir.

— Para onde?

— Para bem longe daqui.

A expressão de Victoria não animou Charlie. Ela parecia ter acabado de escutar o sonho impossível de uma criança.

— Vocês precisam ser cuidadosos. Nosso pai não é flor que se cheire. Ele te tratou cordialmente, porém pode ter certeza que aos olhos dele você não deixou de ser um Petrov. Leonid que teve a ideia?

— Eu sugeri, mas ele disse para esperarmos, ele tem algo para fazer antes de partirmos.

— Leonid sempre tem um plano — Victoria desviou o olhar até Charlie e repousou sua mão sobre a dele amigavelmente. — De qualquer forma, desejo felicidade para vocês dois. Não te conheço há muito tempo, Charlie, mas sei que você é uma pessoa boa.

— E eu sei que você vai fazer a escolha certa para a sua vida, Victoria — sorriu. — Lembre-se de sempre aceitar sua verdade.

O namorado de Victoria, Edward, entrou no cômodo repentinamente. Soava estranho o modo como seu cabelo estilo militar não contrastava nada com o terno caro e elegante em seu corpo de porte musculoso. Apesar da feição dura, como a de qualquer homem russo, quando seu olhar encontrou o de Victoria, uma luz pareceu surgir no fundo de sua íris. Charlie tinha certeza que ele a amava.

— Estava te procurando — colocou as mãos no bolso, tímido ao pensar que atrapalhou uma conversa importante. Mesmo tão imponente, diante de Victoria ele parecia abaixar a cabeça e servi-la. — Aceita dançar?

— É claro que sim — ela deixou o álbum no chão e foi até ele, contornando seus braços em volta dos dele. — Obrigada, Charlie.

— Aproveitem — Charlie se despediu dos dois.

Ainda no chão, Charlie abriu o álbum e assistiu atentamente a linha temporal da família Makarov se desenrolar em cada página através de fotografias que atravessaram décadas de existência. Lá estava um Leonid garoto em uma das páginas amareladas pelo tempo e pelo mofo. Um garotinho sério olhando para a câmera. Virou a página e se deparou com uma fotografia da mesma criança ao lado de um homem com um sorriso cordial. Fiódor em sua versão mais jovem. Era a única foto do álbum mostrando o sorriso infantil e inocente de Leonid.

Leo nunca me contou sobre Fiódor. Talvez ele tenha sido um pai para ele quando o biológico não era.

Fechou o álbum e levantou-se.

Era hora de procurar por Leonid. 

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