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I

O terraço da pousada lembrava uma pintura renascentista do jardim do Éden. Resquícios de neve pesavam as folhas das flores postas em vasos em torno das muretas. Aos fundos, uma edícula onde estavam os convidados da tia Mosketa. Ela sorriu ao ver a chegada de Charlie, acompanhado de Leonid.

Charlie vislumbrou o estranhamento na face das pessoas. Ele, um psicólogo vestindo roupas simples, escoltado por um homem alto, tatuado e com a cara impassível de sempre. O que tornava sua aparência menos ameaçadora era a roupa que Charlie escolhera para ele: um moletom de natal vermelho com o desenho de veados carregando a carroça do papai noel bordado no tecido de algodão. Um homem de dois metros usando algo totalmente distante de sua personalidade.

— Finalmente Charlie chegou com o seu... — Tia Mosketa se engasgou nas palavras ao tentar definir o que aquele par de homens era de fato.

— Com o seu acompanhante para esse almoço maravilhoso — Charlie interviu. — Obrigado pelo convite.

Se sentaram junto aos outros, próximos da churrasqueira, enquanto a anfitriã cutucava a carne na grelha com a espátula.

Em geral, o almoço acabou sendo normal, quebrando as expectativas de Charlie. Não houve comentários caóticos vindos de Leonid, muito menos ações inesperadas. Comeram em paz a carne maravilhosa feita pela tia Mosketa.

Nenhum outro convidado ousou trocar palavras com Leonid e Charlie. O psicólogo agradeceu mentalmente por ter trazido ele, afinal trocar palavras com vizinhos fofoqueiros era algo que Charlie sempre evitava, com exceção de tia Mosketa, a única fofoqueira que ele gostava incondicionalmente.

Pelas três horas da tarde, Leonid se dispôs a assar mais carnes enquanto a tia Mosketa descansava. Uma grande mentira vinda dela. Uma fofoqueira nunca descansa até saber de todos os detalhes.

— Ignorando a mangueira de bombeiro que vi hoje mais cedo, quem é o seu namorado? — Perguntou, enquanto observava as flores de seu jardim no terraço junto à Charlie.

— Leonid não é meu namorado — Charlie respondeu, fingindo prestar atenção nas rosas.

— Imagino que ele seja o ricaço que te trouxe para casa ontem.

— Não foi ele, mas Leonid é rico também.

— Esse seu traseiro vale ouro, hein. No meu currículo, só tive um homem rico, e ele ainda era gay às escondidas. No começo, eu não me importava nem um pouquinho, o que valia era o dinheiro entrando na minha conta — acariciou as flores que ela tanto cuidava.

— Agora tá explicado como conseguiu essa pousada, sua velha safada — Charlie e tia Mosketa deram gargalhadas.

— Em minha defesa, eu e ele amávamos nossa relação. Ele sabia comprar roupas para mim — ela cutucou Charlie. — E quanto a você, gosta de Leonid?

— Se eu te explicasse as circunstâncias da situação, você me internaria em uma clínica de reabilitação — Charlie suspirou. — Leonid é um cara atraente, bonito, bem equipado.

Tia Mosketa riu.

— Mas... — Continuou. — Existe uma grande diferença entre minha vida e a dele, sinto que a qualquer momento essa diferença pode não existir mais caso eu continue com ele nesse jogo.

— O amor é um cupido bêbado, não é mesmo?

— É sim, e isso me dá raiva. Ao mesmo tempo que digo isso, percebo que talvez ele queira viver uma vida como a minha. Uma vida normal. Mas me pergunto o porquê ele escolheu logo a mim para essa missão difícil.

— As pessoas são como quebra-cabeças, querido. Duas peças iguais podem se encontrar, mas dificilmente vão se conectar. Todos buscam por alguém que preencha o que falta em si, é aí que as peças se encaixam e se completam.

— Será que não posso encaixar minha peça com a daquele ator Nicholas Alexander Chavez? — Charlie sorriu.

— Sem homens americanos por aqui, você já tem um homenzão da porra bem em sua frente. Porque não dá a ele uma chance?

Naquele momento, Charlie e tia Mosketa observavam Leonid entregar pedaços de pão de alho para as filhas de uma das hóspedes da pousada. As duas meninas com lacinhos rosas nos cabelos loiros riam, intimidadas pela altura de Leonid porém encantadas com o ato agradável e gentil dele.

— Спасибо (obrigada) — as duas garotinhas disseram em uníssono.

— Talvez — Charlie respondeu.

Quando o sol ameaçou se esconder novamente no horizonte para dar espaço para o anoitecer, as pessoas foram embora, restando apenas Charlie e Leonid no terraço. Sentado na mureta, com os pés suspensos em direção a avenida lá embaixo, o psicólogo admirava a paisagem, enquanto a brisa do fim de tarde assoprava seu rosto. Um fio rebelde de cabelo caiu sobre sua testa.

— Parece que curtiu — comentou.

— São boas pessoas.

— Só não conte nenhum segredo a elas, a língua de cada uma é bem grande.

— Até mesmo daquela senhora adorável? — Leonid indagou, curioso.

— Tia Mosketa? Não, ela é diferente. Confio nela, apesar da língua dela ser um chicote.

— Como se conheceram? — Leonid se apoiou na mureta.

— Há dois meses, quando cheguei em Moscou, as casas alugadas eram caras demais e as pousadas queriam cobrar valores extras por eu vir de fora. Por um momento, pensei que iria virar um mendigo na Rússia, ou até mesmo um prostituto — Leonid olhou-o, incrédulo. — Tia Mosketa foi a primeira pessoa a estender a mão pra mim. No primeiro mês, ela não me cobrou aluguel até eu me ajustar. Ela até mesmo indicou um lugar barato e com bom endereço para começar meus atendimentos. Devo muito a ela.

— E em dois meses você conseguiu ter uma boa base de clientes, isso que eu chamo de homem de negócios.

— Sinto orgulho por isso — Charlie sorriu. — Minha mãe estaria orgulhosa. Nunca tivemos muito, sabe? E o pouco que tínhamos, ela usou para financiar minha faculdade no Reino Unido. Foi difícil para ela cuidar de mim sozinha, sem o apoio de meu pai. Ele havia ido embora quando eu era apenas uma criança. Voltou para cá e desapareceu, nem mesmo deu sinais ou deixou recados. Isso arrasou minha mãe. Quando comecei os estudos na faculdade, ele magicamente começou a depositar dinheiro na minha conta, e eu pensava que ele estava morto.

— Sua mãe ficou no Reino Unido?

— Ela partiu. Infelizmente, nem todos conseguem vencer a depressão. Minha mãe era forte, mas estava arrasada — suspirou. — Por isso, mesmo que meu pai esteja vivo, nunca vou perdoá-lo por ter nos deixado, não importa o motivo.

Leonid envolveu o ombro de Charlie com seu braço direito, o puxando para perto.

— Na minha família, aprendemos a cuidar de nossos iguais.

— Assim como uma alcateia de lobos.

— Não é atoa que nosso símbolo seja um — falou, enquanto admirava a cidade ao lado de Charlie. — Você é forte como um lobo, por isso o admiro.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, observando o movimento incessante da cidade. Sinais de que um dia a neve cobrira Moscou em branco estavam desaparecendo com a chegada do verão. Charlie adorava climas ensolarados e céu azul.

— A biblioteca nacional de Moscou ainda está aberta. Aceita?

— Às vezes me assusta a forma como você me conheceu tão rápido — Charlie comentou.

— É o meu talento. Então, aceita?

— É um lugar cheio de livros, como não poderia aceitar — sorriu. 

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