I
Dois meses haviam se passado e Moscou seguia sombria e congelada. Camadas de neve pesavam telhados e se amontoavam nas avenidas movimentadas. O calendário marcava 25 de dezembro. Na Rússia, o natal é comemorado no sétimo dia de janeiro, o que era estranho para Charlie, que preferia manter a tradição de seu país.
Ajeitou o blazer de tecido inglês em seu corpo enquanto encarava seu reflexo no espelho do banheiro. Sempre bem arrumado, charmoso e jovial. Havia algo na feição de Charlie que fazia as pessoas dizerem que ele era um bom garoto, mesmo sem conhecê-lo. Talvez fosse seu dócil olhar azulado ou as roupas de tons geralmente claros. Na faculdade, Charlie aprendeu as várias formas de como as cores podem afetar a percepção que as pessoas têm de alguém. Como psicólogo, conhecido como Sr. Evans, ele sentia-se obrigado a manter esta imagem.
Penteou pela última vez os fios escuros de seu cabelo e deixou para trás seu quarto.
A pensão da Tia Mosketa era recheada de plantas. Dos corredores até a recepção, o verde era muito presente. Charlie gostava daquele lugar, sentia-se em casa, mesmo que sua estadia fosse temporária até que ele pudesse bancar um lar próprio.
Trancou a porta do quarto e desceu a escadaria em direção a sala de boas-vindas, onde se deparou com uma velha de braços fortes e vestes coloridas conversando com o carteiro.
— E eu falei para ele seguir o próprio rumo e parar de me importunar ou eu faria ele ter um encontro direto com satanás. Eu tinha apenas vinte e cinco anos nas costas, papai não tinha criado uma mulher fraca — a voz de tia Mosketa era estridente e ecoava pelo ambiente florido e bem decorado.
— Seu ex-marido te deixou em paz depois disto? — O carteiro com sardas nas bochechas perguntou timidamente.
— Bom, ele não me mandou nenhum cartão-postal me dizendo se lá é quente ou fervente.
O carteiro corou. Tia Mosketa riu descontroladamente.
— Bom dia — o sorriso da dona da pensão se alargou ao ver seu hóspede favorito.
— Bom dia, querido. Mais um dia de trabalho?
— Felizmente, sim.
— É bom que esteja bem agasalhado, lá fora está nevando a beça — a mulher de olhos verdes e pele levemente rosada pareceu lembrar da presença do jovem carteiro, pois arregalou os olhos, animada, e envolveu o garoto em seus braços volumosos. — Eu estava aqui tendo um papo leve com o responsável por trazer minhas correspondências.
— Contou sobre seu ex babaca? — Charlie sorriu.
— Com todos os mínimos detalhes.
— Se for seu dia de sorte, talvez finalmente o cartão-postal tenha chegado. Tenho muita curiosidade em saber como é o lugar onde os cristão dizem que vou queimar.
— Espera... É verdade? — Os olhos do carteiro se arregalaram de espanto.
Charlie piscou para o jovem e seguiu seu caminho até a saída.
Ser gay na Rússia beirava a ilegalidade. O governo estava considerando classificar o movimento LGBTQI+ como um grupo terrorista. O desafio de simplesmente existir chamava a atenção de Charlie, afinal ele era um Evans; e um Evans não foge de desafios.
Às vezes Charlie pensava na hipótese de que esse pensamento confiante e pertinente um dia o faria ter o mesmo fim de seu pai, que desaparecera misteriosamente quando Charlie tinha apenas onze anos. Apesar do glamour, a Rússia era um lugar perigoso. E lá estava ele, disposto a seguir o mesmo destino de seu pai para encontrar a resposta de seus traumas.
O trajeto até o consultório era sempre o mesmo: caminhada de dez minutos até a estação Kiyevskaya e uma viagem de cinco minutos até o centro da cidade através do metrô eficiente de Moscou.
O consultório se localizava próximo da estação da cidade, em um prédio comercial de aspecto clássico, como se tivessem se recusado a seguir os modelos arquitetônicos modernos do século 21. Para Charlie, aquele era o lugar perfeito.
Passou pelo porteiro de cara amarrada que sempre estava imerso em um livro e entrou no elevador no fim da recepção, onde pressionou o botão ''3'' no painel, andar onde Charlie atendia seus pacientes.
O elevador levava diretamente até o andar. Não havia corredores, cada andar do prédio era uma sala comercial com diferentes objetivos. Charlie suspeitava que sua colega de negócios do andar de cima dava aulas intensas de yoga.
Quando a porta se abriu, Charlie avistou o brilho pálido refletido através das janelas do consultório, seu assento marrom de couro, uma pequena e elegante cozinha e um divã próximo ao assento de Charlie. Um sujeito estava deitado no divã.
— Bom dia, como posso ajudar? — Charlie se aproximou hesitante.
— Ah o-oi — o homem se levantou, nervoso. — Me perdoe por aparecer assim. Cheguei muito cedo para a consulta e estava muito frio lá fora. O porteiro deixou eu entrar.
As primeiras características que Charlie notou do homem eram suas olheiras e sua feição cansada. Um casaco mal passado protegia o sujeito do frio.
— Tudo bem, senhor Ivan, certo? — Ivan assentiu. — É ótimo finalmente conhecê-lo. Lá fora está um gelo, quer um café ou alguma coisa?
— Não, não, estou tranquilo — ele voltou a se sentar no divã após cumprimentar Charlie desajeitadamente.
— Certo, então vamos começar, temos muito tempo para conversar — Charlie se acomodou na poltrona.
Acima da mesinha de vidro posta entre o divã e a poltrona, havia um cronômetro revestido de couro. A única herança que o pai de Charlie deixara para ele antes de partir para uma viagem sem volta. Desde então, Charlie passou a usar o cronômetro — que também servia como relógio — em suas consultas, assim ele nunca extrapolava o tempo de atendimento. Ligou o pequeno cronômetro e a contagem começou.
— Como está sendo seu dia, senhor Ivan?
Ivan deu um longo suspiro.
— Bem. Minha mulher e minha filha estão bem em casa. Está tudo bem, tudo ótimo — usou sua mão direita para afastar os fios de cabelo loiros de sua testa enrugada.
Não estava tudo bem. Mão direita levemente trêmula, desconforto na voz, expressão abatida. Como psicólogo, Charlie se considerava um arqueólogo: sempre se aventurando nas partes mais profundas e sombrias da mente das pessoas.
— Me referi a você.
— Eu estou bem, doutor. Só que... — Se perdeu em pensamentos por alguns instantes enquanto olhava fixamente para o chão. — Não sei como fazer isso.
— Você não precisa saber, estou aqui para te guiar. Basta confiar em mim.
— Não confio em ninguém. Estou ficando louco, doutor. O trabalho... Ele tá me matando.
Charlie reparou nas mãos judiadas de Ivan. Era claro que seu trabalho era braçal.
— Muita pressão?
— Perigo — desta vez, Ivan centrou seu olhar em Charlie.
— Que tipo de perigo? — Charlie prosseguiu, curioso.
— Tudo o que eu disser aqui, não pode sair daqui, não é?
— Nós, psicólogos, temos um sigilo rigoroso para seguirmos. Me veja como um baú onde você pode guardar seus piores segredos, senhor Ivan. Um baú que jamais será aberto. Sem julgamentos.
Ivan se deitou no divã
— Não me orgulho da minha profissão, doutor. Todas as coisas que eu já fiz e vi estão voltando para me assombrar. São tantas coisas... Это ужасно! (Que coisa horrível!).
— Prossiga.
— Trabalhava para os Makarov como informante. Matei um pai de família para conseguir um drive contendo informações nada boas para os negócios da família Makarov. Na verdade, eram informações que afetariam até mesmo o governo Russo — Ivan despejava cada palavra como se estivesse cuspindo espinhos de sua boca. — Existem pessoas trabalhando contra essa milícia, acabei me aliando a elas em troca de proteção.
— Mas você não se sente seguro — Charlie observou o dedo indicador de Ivan roçar repetidamente em uma pulseira colorida, provavelmente feita por uma criança. — Você teme pela vida de sua família.
— Sabe o que eles fazem com traidores? Eles matam você e sua esposa e vendem sua filha para o tráfico de pessoas. Há peixes grandes dentro desse jogo. Por isso, não me aliei completamente à oposição. Deixei o drive escondido na loja de meu amigo.
— Vejo um dilema: terminar o seu trabalho ou fazer a coisa certa. E provavelmente a mais segura. Esses opositores te garantem segurança?
— Como eu te disse, não confio em ninguém.
— Confia em seu instinto?
Ivan assentiu.
— E o que ele lhe diz?
— Como consegue escutar todas estas coisas e agir normalmente? Minha família me julgaria até no dia de minha morte.
— Sou um psicólogo, não sua família.
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Uma semana havia se passado desde que Charlie atendera Ivan. Casos complexos como aquele eram comuns no ramo da psicologia, porém Charlie não esperava que fosse acontecer tão cedo em sua vida profissional. Ivan admitiu ter cometido vários crimes. Uma pessoa normal com certeza iria recorrer às autoridades, mas Charlie não era uma pessoa normal, muito menos um psicólogo fofoqueiro. Queria mais do que tudo ajudá-lo a superar aquela situação da melhor forma possível.
Naquela manhã, Charlie estava tomando café da manhã com a tia Mosketa. O apartamento dela era típico de uma velha aposentada e muito preocupada com a vida alheia: croches por todo canto, obviamente plantas e janelas bem grandes para manter os olhos atentos no movimento da rua.
— Tia Mosketa, aqui na região é comum esquemas criminosos, como uma máfia? — perguntou, virando uma caneca de leite quente na boca.
— Às vezes esqueço que você chegou aqui apenas há dois meses — ela se ajeitou na cadeira, se preparando para contar mais uma de suas histórias malucas. — Pense nesse país como uma grande e gigantesca máfia. Todos esses políticos têm envolvimento com o que não presta. TODOS. Meu terceiro ex-marido era mensageiro de mafiosos. Acabou que terminou a carreira passando recado no inferno, aquele сукин сын (filho da puta).
Charlie assentiu, certo de que aquilo já era informação suficiente.
Ele sabia que a Rússia escondia partes sombrias, só não imaginava que a sujeira embaixo do tapete era muito maior do que parecia. Um país tão conservador e tão sujo. Será que um desses segredos envolviam o presidente Putin usando calcinhas às escondidas?
Charlie sorriu para si mesmo enquanto se despedia do apartamento de tia Mosketa e partia para mais um dia de trabalho.
Era quarta-feira. Dia marcado para atender o paciente Ivan. Pelo menos era o que Charlie esperava. No entanto, a situação estava prestes a tomar um rumo além do esperado.
Um psicólogo deve sempre direcionar o paciente para o melhor caminho. Mesmo em situações como a de Ivan, ainda havia esperança. Pelo menos era o que Charlie acreditava; sempre fiel ao pensamento de que as pessoas podem ser boas. Ele esperava que Ivan enxergasse uma vida longe do crime.
O que Charlie não esperava era toda a sujeira da situação respingando em sua vida.
Logo quando chegou ao edifício, se deparou com três Honda Civic RS foscos preenchendo as vagas em frente a portaria. A situação ainda estava sob controle, nenhuma anormalidade. Por outro lado, o porteiro parecia diferente. Não estava com a sua atenção perdida em seu livro. Charlie acenou para o homem. Ele não retribuiu. Seus olhos arregalados e a palidez em sua pele indicavam o mais puro medo. Na lata de lixo ao lado do balcão da portaria, os restos rasgados de um livro.
Será mesmo que a situação estava sob controle?
Charlie ignorou os sinais e entrou no elevador. O trajeto até o terceiro andar estava lhe causando uma estranha ansiedade. De repente, o elevador parecia pequeno demais. Até mesmo o cheiro de mofo do interior do elevador havia se dissipado e substituído por um forte odor de perfume caro, provavelmente um Sauvage masculino.
As portas do elevador abriram seguidas de um leve som anunciando sua chegada.
Cinco homens engravatados estavam posicionados em volta da sala. Pareciam estátuas, pois não moviam um músculo. Os óculos pretos em seus rostos tornavam difícil decifrar o que eles eram e porque estavam ali. Charlie era um ótimo observador, mas não tinha visão de raio-x.
Pensou meticulosamente e com calma: ''Que porra é essa?''
Havia um homem sentado em sua poltrona.
De pernas cruzadas usando calça social escura, assim como o terno elegante que cobria seu corpo atlético, o homem observava Charlie silenciosamente. Um charuto do tamanho do dedo mindinho de Charlie estava na boca do estranho. Ele fumava tranquilamente, ignorando a placa ''proibido fumar'' pregada na parede. A poltrona parecia pequena demais para ele, visto que aquele brutamontes parecia ter dois metros de altura. Suas pernas eram longas e seus braços eram robustos. A camisa social parcialmente desabotoada abaixo de seu blazer exibia uma prévia de seu peitoral tatuado.
Em outras circunstâncias, Charlie desejaria se afogar naqueles músculos salientes e tentadores. Porém, talvez sua vida estivesse em jogo, então quaisquer pensamentos indevidos evaporaram de sua mente.
— Posso ajudar? — Perguntou, ainda parado em frente ao homem confortavelmente sentado em sua poltrona favorita.
— Na verdade, pode sim — ele tirou o charuto da boca e despejou as cinzas no tapete. Charlie engoliu sua raiva. Aquele tapete tinha sido extremamente caro. — Quero ser atendido, Charlie Evans.
A forma como aquele estranho pronunciou seu nome provocou um arrepio inesperado.
— A agenda de hoje já foi preenchida, marque para outro dia — aquele homem transparecia perigo, mas não o suficiente para amedrontar Charlie, que estava se segurando para não expulsá-lo de seu consultório.
— Não, não foi — ele falava com tanta certeza e confiança que irritava Charlie.
— Desculpe, senhor, no momento não posso fazer nada por você. Meu cliente deve estar prestes a chegar.
— Cliente? — Ele sorriu, exibindo seus dentes perfeitamente brancos e alinhados. — Falando desse jeito você me parece uma prostituta.
— Seguinte — avançou até o homem. Os engravatados em volta se prepararam para sacar suas armas, porém o estranho sinalizou com a mão para que parassem. Agora, o rosto de Charlie estava a centímetros de distância do homem que mudaria sua vida para sempre —, não sou nenhum palhaço, e não sei o porquê dessa visita inesperada, mas o que quer que você esteja procurando, não vai encontrar aqui.
Charlie pôde notar o olhar sereno do homem. Seus lábios se esticaram em um sorriso de canto. Ele estava gostando da situação. Os olhos azuis do estranho pareciam capazes de afogar Charlie em um infinito oceano.
— O que quero está exatamente na minha frente. Sendo mais direto, o que está dentro da sua cabeça — usou seu dedo indicador para cutucar a testa de Charlie, que por sua vez continuou parado, sustentando seu olhar raivoso. — Um ex-funcionário meu possivelmente te revelou informações que não são da sua conta.
— O assunto das minhas consultas são extremamente confidenciais. O que ele contou ou deixou de contar, na verdade, não é da sua conta.
Charlie afastou seu rosto do estranho. O sorriso confiante e levemente debochado continuava intacto no rosto daquele ser humano irritante.
— Consegue ver o volume na minha calça? — Ele abriu as pernas. — Não é meu pau. É uma pistola TT-30. Fabricação russa. Não costumo ser um homem paciente, senhor Evans, apenas gosto de manter a classe. Caso colabore, nunca mais irá me ver. Temos um acordo?
O homem dizia palavras tão baixas e ameaçadoras de forma calma, como se estivesse saboreando cada segundo daquele momento. Charlie cruzou os braços.
— Não faço acordos com criminosos. Sei bem o que você é e o motivo de sua visita.
— Hm...
O modo como aquele criminoso encarava Charlie o deixava levemente tímido. Sentia-se como um veado à espreita pela floresta, fugindo do caçador. Aquele olhar despreocupado escondia algo voraz e mortal, como uma fera enjaulada.
Olhou-o por mais alguns instantes e pareceu se decidir quanto ao destino do psicólogo. Levantou-se da poltrona e ajeitou o blazer em seu corpo. Seguiu até o elevador acompanhado dos cinco engravatados. Charlie continuou parado, como se fosse nada, apenas mais um móvel insignificante na sala.
— Ei! — Se aproximou da porta do elevador. — Nunca mais apareça aqui, está me ouvindo? Se não, vou chamar a polícia. Vou levar meu paciente até as autoridades para te denunciar.
— Creio que o destino de Ivan Petrova já esteja selado. Até mais, psicólogo.
A porta do elevador se fechou.
Tudo o que restou da presença do homem misterioso era o cheiro de perfume caro que se espalhou por todo o consultório.
Merda, pensou Charlie.
A psicologia ensina que um psicólogo não deve se envolver completamente na vida do paciente. Quando isso acontece, o aconselhável é impor limites. Como Charlie poderia impor algum limite se todos os seus limites foram ultrapassados em apenas um dia?
Uma máfia russa estava em sua cola, e provavelmente aquele homem lidou com Ivan, por isso ele não apareceu para a consulta. A situação parecia um grande furacão descontrolado. Tudo o que Charlie desejava no momento era que aquelas pessoas jamais voltassem a aparecer novamente em sua vida. Por dentro, ele sabia que isso era apenas uma doce ilusão.
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Quando o relógio indicou seis horas, Charlie fechou o consultório e desceu até o primeiro andar. O porteiro continuava exatamente no mesmo lugar de antes. Por incrível que pareça, pela primeira vez, ele pareceu reagir à presença de Charlie, pois quando o psicólogo apareceu na recepção, seus olhos se arregalaram.
— Vem cá — se aproximou do balcão. — Por favor, não deixe qualquer pessoa subir até meu consultório.
— Eram seus amigos? — Os olhos do homem continuavam arregalados.
— Não.
— Namorado?
— Claro que não. Apenas, por favor, não deixe ninguém subir além dos pacientes.
Charlie deu as costas para o porteiro e se retirou do edifício. A noite parecia chegar mais rápida em Moscou. Minúsculos flocos de neve caíam do céu enevoado de inverno. Naquele horário, a rua não era muito movimentada. Desde que chegou na Rússia, Charlie nunca sentiu insegurança quanto a andar sozinho pela cidade, mas por algum motivo, todo aquele silêncio noturno estava lhe dando nos nervos e o deixando ansioso.
E porque eu sentiria medo? Tem apenas um homem louco de uma máfia perigosa na minha cola. Uma coisa boba e insignificante. Pensou, enquanto andava com as mãos no bolso do casaco.
Ao chegar nas longas escadas da estação de metro, reparou em uma figura parada no último degrau. Um homem engravatado.
— Não seja bobo — sussurrou para si mesmo enquanto descia o lance de escadas.
Por estar com medo, seu cérebro encontraria sinais da presença do mafioso em todos os lugares possíveis. Não passava de uma insegurança boba. No entanto, aquele engravatado se parecia muito com os homens que escoltaram o mafioso mais cedo.
— Eu acho que posso pedir um táxi — virou ao sentido contrário e subiu as escadas.
Antes que pudesse pisar na calçada novamente, uma mão enluvada segurando um pano banhado em clorofórmio contornou o rosto de Charlie e tampou seu nariz.
Charlie lutou em vão. O efeito do clorofórmio conseguiu ser forte o suficiente para derrubá-lo em um minuto. O ambiente em sua volta perdeu o foco até que tudo fosse engolido pela mais densa escuridão.
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