TRANSFORMAÇÃO
Transformação
Inspetor Mathews
A garota não lhe parecia suspeita. Muito pelo contrário, exalava uma certa aura de inocência.
Claro que isso seria irrelevante. Afinal, ele era um inspetor e pelo visto havia muito trabalho a ser feito.
Sua rotina beirava o tédio. O dia a dia da garota se alternava em caminhar no Central Park, ficar com aquele cachorro parecido com um lobo e se enfiar no orfanato.
Seguiu-a por diversas vezes e ela não revelou nada. Como não revelava nada agora, parada na frente de seu prédio acariciando o cachorro.
O fato de não poder interrogá-la o deixava furioso, mas o maldito namoradinho de sua irmã, entrou com um mandato oficial a impedindo de contribuir com relatos à polícia, alegando sua perda de memória. E o relato de sua irmã Raquel não adiantou de nada, ela parecia um fantoche narrando um discurso ensaiado.
Mas o cara era cheio de dinheiro e se não tivesse nada a esconder, por que se daria a esse trabalho?
Inspetor Mathews não se convenceria facilmente e passou a segui-la, à espreita do acaso. Se por uma enorme coincidência esbarrasse com a garota na rua, não violaria nenhuma ordem judicial.
Ele assumiu as investigações no lugar do Delegado Machado, apesar da certeza de que o próprio, seria a melhor pessoa para o trabalho.
Perderam um excelente profissional, o que aumentou sua motivação para dar um fim aquela história.
O que diabos teria acontecido naquele cemitério?
Aquele relato não o convencia, óbvio, era o relato daquele cara cheio da grana. Definitivamente o cara escondia perversidades por trás do sorriso pomposo.
Em sua opinião, o garoto sofreu o pior destino. Queimado dentro do círculo de fogo. Quanto a isso não podiam negar, a marca do fogo estava lá. Uma evidência medonha e circular marcada no chão.
Em relação a Ethan Empreendor, haviam muitas pontas soltas.
Ah, se ele mesmo o tivesse interrogado isso teria sido bem diferente.
Leu dezenas de vezes os relatórios.
Anna recebeu toda a culpa, Ethan alegou ter recebido um pedido de socorro através de uma mensagem de Raquel e ao chegar, tudo aconteceu num piscar de olhos.
De acordo com ele, Anna perdeu o controle da arma e atirou por acidente em seu próprio pai, Delegado Machado.
Após isso, ele conseguiu dominá-la antes que ela machucasse Liza ou Raquel, mas já era tarde para o garoto e não houve tempo de apagar o fogo.
Falar com Anna seria ainda mais difícil, na verdade seria próximo do impossível.
A mãe da garota rapidamente alegou insanidade mental e partiu para Nova Iorque, onde a internou em um instituto psiquiátrico.
O relatório confirmava a sua psicose, dizia que ao levarem-a até a ambulância, Anna entoava repetidamente: Ele é o meu mestre. Meu Salvador. O sacrifício está feito.
Mas inspetor Mathews não era de se deixar impressionar. Pesquisou sobre rituais, tentou encontrar possíveis ligações entre outros crimes, até que descobriu as flores.
As malditas orquídeas que apareciam agora em Nova Iorque, e releu o caso pelo qual Delegado Machado se tornou obsessivo anos antes.
As orquídeas negras estavam lá, em todas as súbitas mortes de jovens de 17 anos. Estavam em Los Angeles, em Nova Iorque e em Winterhill. Sem nenhuma data capaz de criar conexões.
Apenas Liza esteve em todos esses lugares, ela precisava ter alguma ligação com aquilo.
Mas qual? E por que isso trouxe o terrível destino a seus colegas de trabalho?
Será que seus amigos teriam se aproximado de alguma descoberta?
Ele nunca saberia, uma vez que os dois delegados anteriores, cometeram suicídio durante a investigação dos homicídios e do ritual no Jardim dos Anjos em Winterhill.
Suas esposas correram os boatos de que suas casas foram assombradas. Disseram ter escutado vozes na madrugada, ter visto vultos nos corredores e serem atormentadas com o som de unhas arranhando as paredes.
Não dava para acreditar em suicídio por terem sido levados a loucura. Diabos, eles eram delegados!
Mas nada justificava o sangue escorrendo por seus olhos ao serem encontrados. Muito menos as cartas de despedida de todos, trazendo o mesmo recado:
Na próxima lua eu levantarei, e todos cairão aos meus pés.
Na delegacia em Los Angeles, passaram a dizer que investigar esse caso era como brincar de roleta russa.
Sendo assim, ninguém quis assumir o posto e o inspetor Mathews era o único com coragem o suficiente.
No dia em que assumiu o caso, a delegacia recebeu uma encomenda endereçada ao inspetor.
A mesma orquídea negra, com uma ameaça, pelo menos foi o que lhe pareceu.
"Quanto mais se aproximar, menos enxergará."
Quem conhecia o inspetor, sabia que aquele era o exato estímulo necessário.
O inspetor Mathews tinha todos os requisitos para chegar até o fim, mas questionou sua própria sanidade, ao olhar para o outro lado da rua e ver o cachorro que passava todos os dias com a garota, de repente assumir a forma de um homem.
Esfregou os olhos para ter certeza e confirmou seu medo.
Agora o cachorro era um homem e ele próprio agora, era um homem que precisava dar um tempo e de uísque, bastante uísque.
Os homens céticos, cultivam o hábito de cair mais facilmente no abismo.
____________________________________________________________________________
E aí?? O que acharam do inspetor? Será que ele sobreviverá ao Olaf? Ou terá um final triste como o do Delegado Machado? =O
Beijos amoresssss, até sexta!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro