PÚRPURA
PÚRPURA
Liza
Eu havia mergulhado no breu e de repente acordei tremendo de frio.
Um sussurro macabro chamava meu nome.
Liza, volte para mim.
Senti algo tocar meus ombros:
- Liza! Liza, acorde!
Ethan me sacudia, o olhei confusa.
Como eu cheguei em casa?
- Ethan! Eu senti tanto frio. Pensei que fosse morrer. Aquela voz, ela me queria, ainda a ouço dizer meu nome, aquela mulher, aqueles olhos.
Eu tremia na cama, parecia haver neve debaixo da minha pele.
- Shhhhh, vai ficar tudo bem – me abraçou – Você desmaiou na porta do orfanato e deve ter ficado um tempo na neve. Por isso teve febre e esteve delirando.
- Não, não pode ser, eu não enlouqueci. Foi real, eu sei que foi – me mexi rápido e derrubei algo na cabeceira da minha cama. Olhei para o chão e encontrei a evidência. A orquídea.
Comecei a chorar. Tomada pelo desespero solucei várias vezes. Sentia medo e principalmente uma dor, uma falta gigantesca do algo me invadiu. O algo que eu sabia que existia, mas não conseguia me lembrar o que era.
Fechei os olhos e um par de íris esmeraldas, brilhantes de lágrimas me olhava surpreso. Subitamente fiquei mais calma. Um toque morno como o sol nascendo, me acariciou da maneira mais leve, mais amena.
Voltei a olhar para Ethan e ele me encarava em um misto de susto, raiva e suspeita, não entendi o motivo.
- Quem trouxe essa orquídea para cá? – perguntei quando meu nariz queimou com o cheiro da flor. A lembrança viva do ocorrido, mas estranhamente a ideia me desfazer dela me apavorava.
- Você falou assim que lhe peguei no colo, que queria a flor no seu quarto. Não se preocupe Liz, vou trazer um chá para você, tudo bem?
- Meu estômago, acho que vou rejeitar Ethan, estou um pouco enjoada.
- Eu insisto Liza, para o seu bem.
Acenei a cabeça, não custava nada, ele só queria ajudar.
Me deitei na cama enquanto esperava o chá e olhei para a flor caída no chão. Ouvi a voz sussurrando meu nome novamente e me sentei ofegante, o medo endurecia minhas veias. Ethan entrou segurando uma bandeja com torradas e uma xícara de chá. Não pude conter um sorriso de gratidão, ele sorriu de volta e se sentou ao meu lado, passou o braço por meu ombro e com a mão livre, virou meu rosto para ficar de frente para o seu e me acariciou na bochecha.
- Me preocupo muito com você Liza.
- Eu noto isso Ethan, me desculpe por lhe trazer preocupações – disse timidamente enquanto bebia o chá, me sentia levemente incomodada pela proximidade daquele momento e ao mesmo tempo desejava tê-lo mais perto. Estava zonza e fraca para reagir, o que quer que ele tenha botado na bebida, era forte.
- Não disse isso para você se desculpar, disse para mostrar o quanto gosto de você.
Baixei os olhos para a xícara e bebi mais chá, precisava manter minha boca ocupada.
- Também gosto de você Ethan – encarei o chão.
- Olhe para mim Liza – ele puxou meu queixo.
Ficamos por um momento nos olhando, seu rosto se moveu em câmera lenta na minha direção, e eu fui atraída como ímã.
- Não faça isso Ethan, por favor – implorei sem forças, fechando meus olhos para esperar seus lábios tocarem os meus. Ele me puxou pela nuca e após dar um longo beijo na minha bochecha, me disse:
- Vou me casar com Raquel, Liz. Vou deixar você descansar.
Caí na cama, devastada por uma explosão de sentimentos confusos. Ethan acomodou a orquídea na cabeceira e deixou o quarto.
Encarei as pétalas negras da flor, e não sei se foi efeito do chá ou outra alucinação, mas algo me disse que ainda naquela noite, eu faria uma escolha e me arrependeria pelo resto da vida.
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Gennnnnte, que escolha horrível será essa? =O
Bjosss e até amanhã!
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