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O sonho Português

Em tempos, um familiar já falecido, deu-me uma noção muito concreta de futuro profissional. O espaço onde a profissão se desenvolve terá começado na rua, onde vivíamos, depois passou para cidade, mais tarde para a região, e o território foi crescendo com o desenvolvimento económico até aos dias de hoje com uma economia global, sendo que a nossa profissão pode ser praticada em qualquer parte do mundo. Obviamente que nem todos, e todas, estão preparados para um desafio desta dimensão, onde as raízes culturais e familiares tornam-se num verdadeiro obstáculo. Mesmo tendo em consideração o código genético dos portugueses, com uma facilidade para a «aculturação», o fato é que nem todos, e todas, conseguem vencer a amargura de enfrentar realidades culturais e sociais completamente diferentes.

Um dos principais problemas atuais, para quem consegue emprego, é precisamente a conciliação familiar. Não só os pais, avós ou irmãos mas acima de tudo manter uma relação que possibilite constituir família. Por muita tecnologia de informação que exista e permita comunicar a qualquer hora com som e imagem, a falta de «calor» humano, acaba por ser um obstáculo fulcral na felicidade desta juventude.

Estava então na UBI, na esplanada de um dos polos universitários. A tarde suspirava um convite e na mesa, para além do jovem, estavam os meus amigos professores Ilda e Alfredo, que informalmente estabeleceram uma conversa com este aluno que acabou por me prender a atenção. Não só senti uma proximidade entre eles (bem diferente do meu tempo académico em Lisboa) como também me pareceu que o jovem em causa estava dividido entre a razão e o coração, levando-o por esse motivo a ter uma conversa franca, em parte devido à informalidade e abertura dos seus professores.

Mesmo tendo conseguido logo trabalho ainda a concluir o curso, depara-se com a necessidade de mudar de cidade, deixando a família e a namorada. A alegria de dar início a uma vida profissional que esperamos promissora esbarra subitamente com o negro da solidão e da perda dos laços familiares. Sem duvida que o dinheiro não é tudo, pese embora faça muita falta!

Entretanto olho para aquele céu azul que teimava em não desaparecer, mesmo com nuvens a pairar, e recordei-me que também neste meu percurso profissional estive deslocado ao serviço de uma empresa estrangeira e, curiosamente, era o único profissional daquela equipa que não estava acompanhado da família nuclear, ou seja a minha mulher e as minhas filhas. Uma das políticas dessa empresa era precisamente que os colaboradores estivessem deslocados com a família, pagando os estudos aos filhos e usufruindo também de assistência médica. Parece um conto de fadas mas as esposas destes meus colegas nada faziam a não ser tratar das crianças o que, nalgumas, denotavam sinais de cansaço de uma vida «colonial» onde a mulher era a batuta da harmonia familiar. Por esse motivo estava sozinho e aproveitei para tirar uma pós graduação, ocupando desta forma o meu tempo livre com algo que me desse prazer e me valorizasse, ajudando-me simultaneamente a combater as saudades de casa.

E sem dúvida que aquele azul, do céu, com toda aquela envolvência informal, me fez concluir que estes jovens têm desafios muito mais difíceis do que quando conclui os meus estudos superiores há mais de 30 anos. Hoje em dia o espetro da partida é quase certo e a incerteza dos dias futuros torna-se numa equação com resolução cada vez mais certa, obrigando estes novos profissionais a ter uma capacidade de adaptação adicional e, porque não, extraordinária.

Mas não vale a pena desanimar. A realidade dos factos, apesar de parecer fria, deve ser encarada com otimismo. Mesmo que o sonho português de ter uma família, com os filhos, avós, tios e primos por perto, onde aos sábados, ou domingos, todos se juntam (muitas vezes para discutir) pareça distante desta nova geração, o importante é saber adaptar e viver o dia-a-dia na esperança de alcançar um objetivo.

E por incrível que pareça o grande desejo desta gente jovem, para além de um trabalho sustentável, é precisamente ter uma família, como os antepassados, mesmo tendo em conta que as cerimónias matrimoniais estejam a desaparecer, ou até famílias com outras realidades sociais, apenas com pais ou mães, e até monoparentais. Mas o facto é que são as suas famílias e a distância torna-se sem dúvida num sofrimento.

Por isso concluo que talvez a cor da esperança nem sempre seja o verde. Porque não azul, como a cor daquele céu?

No fundo tudo é uma questão de adaptação. E de acreditar, também!

Antonio José Alçada

UBI, 01 de junho de 2018

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