Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

2. Subjetivo

Capítulo 2 | O Som do Silêncio

As coisas começaram a mudar mais rápido que ele havia imaginado. Aliás, Liam nunca imaginara que tudo que aconteceu em seguida fosse de fato acontecer. É fato que não se pode prever o próprio futuro; mas, às vezes, cria-se expectativas demais sobre ele. O garoto esperava que os pais não divorciassem – ele não sabia que havia mais questões envolvendo-os, e o caso do filho mais velho não foi o único empecilho. Liam também esperava que Jonathan finalmente visse o que estava fazendo consigo mesmo e com sua família.

Liam iludiu-se. Tudo aconteceu de uma vez, e o destino golpeou-o sem misericórdia. Os pais anunciaram a separação. A partir desse dia, as coisas começaram a ficar ainda mais difíceis. A casa a qual moravam fora colocada à venda. Ao ficar sabendo daquilo, Jonathan saiu de casa. Mesmo anunciando a separação, os pais continuaram brigando. Aquilo era insuportável para Liam - e nem sempre Marcela podia estar com ele.

A primeira crise veio quando o garoto tinha treze anos. Marcela estava na faculdade e um casal havia acabado de olhar a casa para comprar. Liam estava em seu quarto quando os pais começaram a brigar, culpando um ao outro de coisas que o menino não entendia. O que estava acontecendo? Eles nunca havia discutido tanto desde que Liam era pequeno. Ele não compreendia. De súbito, começou a pensar coisas sobre as quais não conseguiu ter controle: e se eles estavam brigando por causa dele? E se fosse Liam a causa de toda aquela confusão? Jonathan se revoltara por causa dele? Será que os pais iam...devolvê-lo?

Todos aqueles pensamentos começaram apenas como perguntas aleatórias em sua cabeça. Depois, seu coração começou a acelerar e uma mão invisível apertou a sua garganta. Sua respiração falha começou a ressoar cada vez mais alto sobre os gritos dos pais na sala de estar. De repente, achou que fosse morrer.

Liam gritou. A sala de estar ficou em silêncio e, no instante seguinte, os pais estavam em seu quarto com uma expressão espantada. Mas o menino não se importou e continuou chorando, sentindo cada vez mais o ar saindo de seus pulmões. A mãe achou que ele estivesse tendo um ataque cardíaco e disse ao pai que precisava levá-lo ao hospital. Liam negou de imediato. Sua boca estava seca e ele mal conseguia falar, por isso, balançou a cabeça freneticamente.

O menino só se acalmou quando Marcela chegou. Ele sabia que a irmã não o deixaria sozinho.

❀❀❀

Ele não sentiu mais aquilo durante um bom tempo. Depois da estranha crise, os pais perceberam o quanto aquele conflito estava afetando não apenas o filho mais novo, mas toda a família. As coisas finalmente começaram a fluir: a casa foi vendida e Liam foi morar com a mãe e Marcela em um pequeno apartamento. O pai alugaria um apartamento próximo ao trabalho e visitaria os filhos sempre que pudesse. Ele nunca havia morado em um apartamento antes e, a princípio, sentiu muita falta de um jardim e de uma paisagem menos monótona que a janela do vizinho. Ainda sim, havia coisas as quais Liam começou a gostar mais: agora, ele dividia o quarto com a irmã - e isso não era uma desvantagem para ele. Sua nova escola era próxima e havia uma lanchonete bem embaixo do prédio. Não havia mais brigas e, à tarde, a casa pertencia apenas aos dois. Marcela e Liam aproveitavam para ver filmes, jogar videogame, fazer guerra de travesseiros e conversar sobre a vida.

Apesar de sentir falta da vida anterior, Liam sentia-e bem - até o primeiro ano desde que tudo mudou.

Ele não sabia dizer quando tudo começou a piorar dentro dele. Talvez fosse o ambiente tóxico da nova escola. Talvez fosse a falta que Marcela fazia quando ela começou a trabalhar durante as tardes. Ou, quem sabe, fosse o namorado novo de sua mãe - desde o primeiro momento em que foram apresentados, o garoto não gostou nada dele. Isso foi motivo de grande atrito entre ele e a mãe, que não admitia a falta de cortesia do filho diante o namorado. Liam estava ciente de que não se tratava de ciúmes - ele simplesmente não foi com a cara daquele homem.

Liam nunca havia sido motivo de atrito na família. Nunca havia brigado com a mãe a ponto de ficarem dias sem se falar - até que ela convidou o namorado para almoçar em sua casa em uma sexta-feira. Marcela estava trabalhando e Liam havia acabado de chegar da escola. O homem estava sentado no sofá da sala quando o garoto abriu a porta do apartamento.

O novo namorado de sua mãe olhou em sua direção. Ele tinha cabelos grisalhos e uma barba rala, além de um rosto quadrado e nariz largo. Liam, com fones de ouvido, capuz e a cara fechada, bateu a porta e fingiu que não tinha visto nenhum intruso em sua casa.

- Liam, cumprimente Antônio - sua mãe apareceu no corredor.

O garoto parou, tirando a mochila das costas e olhando para trás. Ainda com os fones no ouvido e o rosto emburrado, ele murmurou:

- Oi.

Mal ouviu a resposta do homem, pois logo virou-se novamente e marchou para seu quarto. Ouviu a porta se abrir logo quando fora fechada. A mãe adentrou o aposento e olhou para Liam com uma expressão de cólera.

- Eu espero que tenha mais educação na próxima vez! - ela vociferou, arrancando os fones de ouvido dos ouvidos do menino. - Está me ouvindo?

- Estou! - Liam não pretendia gritar com a mãe, mas não conseguiu evitar.

- Não grite comigo! - a mãe disse mais alto. - Não estou te entendendo, Liam. Faço tudo por você, e você chega sempre com essa cara emburrada e ignora quem quer que esteja à sua frente!

- Eu já disse - Liam murmurou. - Eu não gosto dele.

- Você não tem que gostar de nada, rapaz - a mãe estava vermelha. - Está de castigo! Sem computador por duas semanas.

A mulher virou-se para sair do quarto, mas Liam gritou:

- Não! Eu preciso fazer um trabalho da escola.

- Se vire, Liam - a mãe falou no corredor. - Você pediu por isso.

O garoto, que não estava tendo um bom dia desde que acordara cedo para ir ao colégio, sentiu seu peito comprimir e a garganta se fechar. Lançou a mochila na cadeira e jogou-se no tapete do quarto, sentindo as lágrimas teimosas escapando de seus olhos. Não era apenas Antônio que o irritava. Irritava-o a forma como a mãe parecia tão distante; irritava-o o fato de Marcela estar trabalhando tanto a ponto de deixá-lo sozinho por tantas horas. Não... Não era de fato uma irritação. Liam pensava estar apenas irritado, mas era uma tristeza profunda que começava a dominá-lo aos poucos. Sentia-se cada vez mais solitário e frustrado com tudo: a escola, a família, os antigos amigos - amigos estes que não eram mais tão amigos após a mudança de escola.

A adolescência podia ser um tanto cruel. Os adultos pareciam se esquecer de que um dia já passaram por essa fase. Ninguém dava um manual de instruções orientando a como lidar com tantos sentimentos e mudanças - seja ela mental ou corporal. A escola não se importava. A sociedade não se importava. Restava-se apenas descobrir por si mesmo e aprender a lidar com tudo.

Chegara um momento em que Liam não conseguia lidar com nada - sobretudo com todos os pensamentos que insistiam em atravessá-lo toda vez que despertava pela manhã. Embriagado por um torpor incompreensível, ele não conseguia se lembrar exatamente quando teve a ideia descontar suas dores em seu corpo. Começara com um inofensivo arranhar de braço na aula de matemática. Depois, pegando a lâmina de barbear de Marcela (sim, mulheres usam lâminas de barbear) teve a ideia idiota de arrancar os pelos do braço. Arrancara não só os pelos, mas a própria pele. A ardência, por mais incômoda que fosse, tirava-lhe o foco do que estava sentindo além do corpo.

Seu corpo começou a pedir mais por aquela dor perversa, e o garoto não conseguia fazer nada a não ser obedecê-lo. Liam não se orgulhava de nada daquilo. Mas a dor, as cicatrizes, suas atitudes e motivos eram tão subjetivos que passava despercebido por todos. Era apenas Liam e Liam. Apenas um garoto de catorze anos com seus fones de ouvido, livros de fantasia e um olhar débil.

Subjetivo demais para que o ouvissem além de sua voz e sorriso vazio.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro