Capítulo 14
Olá, meus queridos leitores!! Estou sumida, eu sei!!! Mas tive alguns problemas particulares, de saúde, e também estava com um baita bloqueio... Mas estou de volta! Explico melhor minhas razões para voltar depois do capítulo, pode ser? Sei que vocês estão mega curiosos, então vamos lá!
No dia seguinte, logo após o almoço, Ricardo foi buscar Amanda para irem juntos à ONG, como combinaram na noite anterior. Os dois fizeram o trajeto em silêncio. Amanda estava super nervosa, pois não parava de pensar sobre o que Ricardo acharia do seu trabalho com as crianças. A opinião dele contava e muito, para ela. Ele, por sua vez, estava ansioso para ver essa faceta de sua namorada, uma das muitas que ela possuía, que a tornavam essa mulher incrível e maravilhosa que o atraíra completamente.
Quando chegaram, Amanda primeiramente levou Ricardo à sala da presidente da ONG, e ele não conteve um sorriso de satisfação ao ouvi-la o apresentando como seu namorado. Dona Marisa lhe dirigiu um sorriso caloroso, enquanto se levantava e apertava sua mão com firmeza.
- Seja bem-vindo, meu jovem. - ela disse em um tom cordial. - É bom finalmente conhecer o rapaz que fez Amanda enxergar que existem outras coisas na vida além de trabalho.
- Ora, dona Marisa, desse jeito a senhora me faz parecer uma viciada em trabalho... - Amanda disse, corando levemente.
- E não é? - dona Marisa retrucou, com as mãos na cintura. - Não que eu esteja reclamando, você foi um achado e tanto para a ONG, mas garotas da sua idade precisam se divertir, namorar, aproveitar a vida...
- Pode ficar tranquila, dona Marisa, que vou me certificar que Amanda faça tudo isso... - Ricardo replicou, com um sorriso maroto, fazendo Amanda corar ainda mais.
- Gostei de você, meu jovem. - dona Marisa disse com uma risada. - Agora, melhor você ir lá para o pátio, Amanda, as crianças já me perguntaram inúmeras vezes se você vinha hoje.
- Como se eu cogitasse a possibilidade de não vir... As crianças estão cansadas de saber que...
- Você ama estar aqui. - dona Marisa completou. - Sim, elas sabem, mas como seu tempo aqui foi reduzido, elas ficam inseguras, o que é compreensível...
- Então não vamos deixá-las esperando mais. Foi um prazer conhecer a senhora, dona Marisa. - Ricardo disse, estendendo a mão.
- O prazer foi meu, querido. - dona Marisa respondeu, apertando novamente a mão de Ricardo e lhe dirignido outro sorriso caloroso. - Fique à vontade e sinta-se em casa.
Ao chegarem no pátio, Ricardo ficou surpreso ao ver que várias crianças vieram correndo na direção de Amanda e a abraçaram, quase fazendo-a cair para trás. Ela se abaixou em meio a risadas e começou a falar com os pequenos na língua de Libras. Os pequenos o fitaram com curiosidade, e novamente Amanda o apresentou como seu namorado, o que levou vários pares de olhos o analisarem com curiosidade redobrada. Ricardo se limitou a sorrir e acenar.
A ONG promovia várias atividades ao longo da tarde, mas havia duas que eram as mais esperadas. Uma era uma imitação de circo, onde Amanda e outros voluntários se passavam por palhaços, e sempre usando as Libras, arrancavam gargalhadas das crianças. A outra era uma espécie de teatro, onde algum voluntário e algumas crianças encenavam algum conto infantil. O conto que encenariam aquela tarde era "Branca de Neve e os Sete Anões", Amanda seria a Branca de Neve, outra voluntária a madrasta má, e as crianças fariam os sete anões. Era uma versão adaptada do conto, pois como toda a peça seria encenada na língua dos sinais, ficaria cansativo para as crianças, então Amanda e os outros voluntários selecionaram as cenas e as falas mais importantes.
Ricardo, que preferira se acomodar em um canto, observava tudo completamente fascinado. Viu quando Amanda subiu no palco montado no meio do pátio, o mesmo que servira para a apresentação do circo, e que agora estava decorado para a peça. Amanda estava vestida como a personagem do conto, com um vestido azul que já vira dias melhores, mas que não diminuía sua beleza. Os outros personagens foram subindo no palco e cada um assumindo seu lugar, e a peça teve início. Ricardo não conseguia tirar os olhos do palco. Ele nada sabia sobre as Libras, mas uma coisa ou outra ele conseguia captar, e não pôde conter uma risada no momento em que a madrasta de Branca de Neve ofereceu a ela a maçã "envenenada" e uma das crianças da platéia se levantou e ficou balançando o dedo em um gesto de negação, tentando impedir que Amanda "comesse a maçã". Dona Marisa, que estava assistindo a apresentação ao lado de Ricardo, comentou que as peças já foram encenadas inúmeras vezes, mas que as crianças não se importavam e aguardavam ansiosas por elas, e assistiam como se estivessem vendo pela primeira vez. Ricardo achou admirável a iniciativa da ONG, de levar um pouco de diversão e cultura para crianças deficientes. Em um mundo onde a acessibilidade caminhava a passos lentos, o esforço dos voluntários era admirável.
Antes do final da peça, um garotinho veio correndo na direção de Ricardo e dona Marisa e começou a falar na língua de Libras. Ele lançou um olhar aflito para a senhora, pois, por mais que se esforçasse, não estava entendendo o que o garotinho estava falando. Dando uma risada, dona Marisa se apressou em explicar:
- Ele está perguntando se você pode ser o príncipe que vai beijar e acordar a Branca de Neve.
- Eu? Mas eu nem faço parte da ONG... - Ricardo retrucou surpreso.
Dona Marisa traduziu para o garotinho o que Ricardo havia dito, e ele observou o garoto responder em Libras.
- Ele disse que você é o namorado da senhorita Amanda, então você deve ser o príncipe. - dona Marisa disse para Ricardo, dando outra risada. - Disse que antes ele que fazia o príncipe, mas agora que a senhorita Amanda tem namorado, ele não pode mais beijá-la...
Ricardo arqueou uma sobrancelha, e com um meio sorriso, falou:
- Você é muito esperto, sabia? - ele disse, bagunçando os cabelos do menino. - Ok, vamos lá, temos uma princesa para salvar. - ele disse, estendendo a mão para o garotinho. Depois de "ouvir" a rápida tradução de dona Marisa, ele aceitou a mão que Ricardo lhe estendia, e os dois se dirigiram para o palco improvisado. Ricardo se aproximou de onde Amanda fingia estar em um sono profundo, e inclinando-se, depositou um casto beijo em seus lábios, o que provocou gritinhos e risadinhas das outras crianças da platéia. Depois que Amanda "despertou", uma garotinha, uma das poucas que conseguia falar, se apressou em orientar Ricardo:
- V-você t-tem que se a-ajoelhar e p-pedir a s-senhorita Amanda em... em c-casamento!
Com um sorriso travesso, Ricardo se ajoelhou, e olhando nos olhos de Amanda, perguntou, entrando na brincadeira:
- Branca de Neve, aceita se casar comigo? - ele perguntou, e ficou espantado ao vê-la balançar a cabeça para os lados.
- As crianças não ouvem, Ricardo. Tem que ser em Libras.
- Ops, desculpe, esqueci desse detalhe...
-Vou fazer os sinais e você me imita, está bem? - Amanda disse com uma risada. Ricardo assentiu e observou Amanda, antes de imitá-la. Quando ela disse "aceito" em Libras, houve mais gritos e risadinhas, e várias mãozinhas começaram a se movimentar.
- Eles estão pedindo que a gente se beije de novo. - ela esclareceu, ao ver que Ricardo olhava confuso para os lados. Os dois trocaram outro beijo casto, e ouviram os aplausos da plateia. Outra salva de palmas irrompeu no pátio quando os "atores" deram as mãos na frente do palco e se inclinaram, agradecendo a atenção de todos.
Antes do fim da tarde, todos se sentaram no pátio para o piquenique que a ONG havia organizado. Aos sábados, as crianças tinham permissão de convidar os pais, parentes e amigos para as atividades recreativas, e a única condição que ONG impunha era que cada família ajudasse como pudesse no grande piquenique. Os voluntários trabalhavam, ajudando a distribuir os lanches e a acomodar as crianças. Só depois que todos estavam servidos e acomodados é que Amanda se acomodou na grama ao lado de Ricardo. Ele notou que ela estava visivelmente cansada, mas não deixava de dar atenção às crianças que iam até onde os dois estavam para falar com ela. Era evidente que ela era muito querida ali, as crianças a idolatravam, e os outros voluntários a adoravam. Sentiu seu orgulho e sua admiração por ela aumentarem, e pensou mais uma vez em como ele era um homem de sorte.
- Por que você está me olhando assim? - Amanda perguntou, ao perceber que Ricardo a fitava com intensidade.
- Estava aqui pensando que você é uma caixinha de surpresas...
- E isso é ruim? - Amanda quis saber, dando uma mordida no seu sanduíche.
- Não, doçura. Gosto de ser surpreendido. - ele respondeu colocando uma mecha de cabelos dela atrás da orelha. - Você é incrível com essas crianças. Elas te adoram.
Amanda abaixou o olhar, envergonhada. Um nó na garganta fez com que o pedaço do sanduíche demorasse a descer.
- Não faço nada demais...
- Faz, sim, doçura. - ele replicou, erguendo-lhe o queixo para que ela o encarasse. - Você faz uma diferença enorme na vida dessas crianças. E faz tudo isso com amor e dedicação. Tenho muito orgulho de estar ao seu lado.
Amanda sentiu suas bochechas corarem e com o pretexto de terminar de comer o sanduíche, desviou o olhar. Os dois continuaram a comer em silêncio quando uma mulher com uma criança meio adormecida no colo se aproximou. Reconhecendo a criança no colo da mulher como uma de suas alunas, Amanda se levantou, e Ricardo fez o mesmo.
- Olá, desculpe interromper. - a mulher falou. - Você que é a Amanda? - depois de ver Amanda assentir, a mulher continuou: - Muito prazer, sou Júlia, mãe da Beatriz, uma de suas alunas. Desculpe estar atrapalhando, mas é a primeira vez que venho aos sábados...
- A senhora não está atrapalhando. - Amanda interrompeu a mulher com gentileza.
A mulher fitou Amanda com um misto de surpresa e admiração. Estava literalmente de boca aberta. Amanda não pôde deixar de rir.
- Eu uso as Libras para me comunicar também, mas consigo ouvir com a ajuda do aparelho auditivo e da leitura labial. - ela esclareceu, com um sorriso gentil.
- É, eu sei, me falaram que você ouvia, e ouvi você falando na peça, mas... - a mulher balançou a cabeça para os lados. - Me perdoe, é que é costume associar as Libras à uma pessoa surda e muda.
- Sim, infelizmente. Aqui usamos muito as Libras porque pegamos muitos casos de crianças e até adultos que já nasceram surdos, e por consequência disso não falam. Mas isso não significa que todo surdo só se comunica usando as Libras.
- Sim, sim, claro. Mais uma vez me perdoe. Vim aqui te agradecer e não te passar uma imagem errada sobre o que penso.
- Me agradecer?
A mulher ajeitou melhor a criança no colo antes de falar novamente.
- Sim. Antes de começar frequentar a ONG, e a sua turma, a Beatriz era uma criança bastante retraída. Não brincava com ninguém, não interagia, só ficava quieta no canto dela. - Júlia fez uma pausa. - Mesmo na escola especial em que eu a matriculei, ela não progredia. Eu não sabia mais o que fazer. Eu via a minha filha cada vez mais retraída no mundinho dela, e eu sabia que ela sofria com isso. E eu sofria junto, Amanda. Até que pesquisando na internet eu soube desse projeto maravilhoso. Eu inscrevi a Bia aqui e confesso que nos primeiros dias eu não via esperança alguma. Até que vi minha filha ir se soltando aos poucos, os professores dela na escola começaram também a notar a diferença, e ela aos poucos começou a tentar se comunicar. Minha vida é muito corrida, devido ao trabalho, quem sempre a traz é meu marido, mas hoje eu fiz um esforço para vir e conhecer o trabalho de vocês. Eu fui agradecer a dona Marisa, e sabe o que ela me disse, entre tantas outras coisas? "Agradeça a Amanda. Se sua filha está conseguindo se comunicar aos poucos, agradeça a ela." Então aqui estou eu.
Pela segunda vez no dia, Amanda sentiu um nó se formando em sua garganta.
- Não precisa me agradecer, dona Júlia. - ela disse com voz embargada. - É o meu trabalho e...
- É um trabalho voluntário. - Júlia a corrigiu gentilmente. -Você está aqui por sua livre e espontânea vontade. E eu sei que você tem realmente um trabalho fora daqui. E eu só tenho a agradecer pelo que você tem feito. Se hoje eu posso ter esperanças quanto à minha filha é graças a você.
- Eu não faço nada demais. - Amanda se viu repetindo novamente. - E o que faço é com muito amor e dedicação. Eu... sei o que elas sentem, dona Júlia. Sua filha, e todas as outras crianças deficientes. Sei como é tentar se comunicar e falhar, sei como é querer ouvir e não conseguir, sei como é lidar com o preconceito. Tento tornar o mundo um lugar melhor para elas.
- Por isso eu tenho tanto a agradecer a você. Claro que todos que trabalham aqui merecem meu agradecimento, mas você, Amanda... Você é igual a elas, como você mesma disse... E dispõe de um pouco do seu tempo para ajudá-las. É uma atitude linda da sua parte. Muito obrigada. - Julia finalizou, com lágrimas nos olhos. - Posso te dar um abraço?
- Claro, dona Júlia. - Amanda, disse, com lágrimas nos olhos também.
As duas mulheres se abraçaram, desajeitadamente, a pequena Bia no meio delas. Quando se separaram, as duas precisaram disfarçar para tirar um "cisto que tinha caído" no olho.
- Bem, eu preciso ir agora. Obrigada mais uma vez. - a mulher disse, antes de se virar e se misturar com os outros pais que também se preparavam para partir.
Ricardo que assistira a tudo calado, fitou Amanda com as sobrancelhas arqueadas.
- O que foi? - Amanda perguntou, vendo que Ricardo não parava de fitá-la daquela maneira.
- Estou começando a achar que estou namorando uma santa... - ele gracejou, e tentou desviar quando Amanda deu um tapa em seu braço.
- Pare de gracinhas. Está parecendo que tem a idade dos meus alunos. - ela replicou, com as mãos na cintura. Começou a recolher as sobras do lanche deles. -Vou só ajudar os outros voluntários a arrumar a bagunça e poderemos ir embora.
Vendo a expressão de cansaço no rosto dela, ele se prontificou em ajudar, e em pouco tempo o pátio estava limpo e organizado de novo, e os dois se despediam de dona Marisa e dos outros voluntários.
Amanda deu um suspiro de alívio quando se acomodaram no carro e ele deu partida no motor.
- Cansada, doçura? - Ricardo perguntou, tirando a atenção do trânsito por alguns instantes, para olhar para ela.
- Bastante. Mas também muito feliz, e com a sensação de dever cumprido.
Mesmo sabendo o quanto ela estava cansada, Ricardo não queria que a noite acabasse. Passara uma tarde maravilhosa vendo Amanda "em ação" com as crianças, mas não tivera a oportunidade de ficar sozinho com ela. Sabia o quanto o trabalho na ONG era importante para ela, mas ver Amanda e não poder tocá-la como gostaria era um martírio para ele. E a noite estava tão linda... Céu estrelado, temperatura agradável... E estava apenas começando. Seria um desperdício se não pudessem aproveitar aquelas horas para namorar, certo? Por isso, ele se virou para ela, e indagou:
- O que você acha de irmos a algum lugar bebermos alguma coisa?
Amanda reprimiu um bocejo e deu um sorriso amarelo. Os sábados eram cansativos para ela. Ela amava o que fazia na ONG, amava estar com as crianças, mas... elas a deixavam esgotada. Quando saía da ONG tudo o que queria era chegar em casa, tomar um banho relaxante e ficar deitada assistindo TV.
-Ricardo, não me leve a mal, mas... Estou muuuito cansada. Sem energia nenhuma de ir a qualquer lugar. - ela respondeu em tom de desculpas. E vendo a decepção estampada no rosto dele, emendou rapidamente: - Mas podemos alugar um filme e assistirmos lá em casa comendo pipoca. O que acha?
Bem, não era o que Ricardo tinha em mente, mas se ele ia poder ficar sozinho com Amanda e iria poder abraçá-la e beijá-la o quanto quisesse, para ele estava ótimo.
- Por mim, tudo bem, doçura. Tem algum filme em mente?
Sim, Amanda tinha, um filme brasileiro que ela não tivera chance de ver nos cinemas, pois na época ainda não estava trabalhando.
Ao chegar na locadora, Amanda foi procurar o filme em questão. Ao achá-lo o virou e começou a ler a contracapa. Após soltar um muxoxo, colocou o filme de volta na prateleira.
- O que foi? - Ricardo perguntou. - Não gostou da sinopse? Mas não era esse filme que você queria ver?
- Não é isso. É que o filme não possui legendas. - Amanda respondeu, desanimada.
- Ué, mas o filme é nacional. - Ricardo replicou confuso. - Por que precisa de legendas?
- Para uma deficiente auditiva, precisa. - Amanda começou a explicar, cansada. - Nem sempre dá para acompanhar apenas com a leitura labial. Sempre perco várias falas.
- Entendi. Desculpe, doçura, sabe que sou novo nesse meio... - Ricardo disse, envergonhado.
- Sim, eu sei. Vamos escolher outro filme. - e os dois começaram a vasculhar as prateleiras da locadora. Não foi tarefa fácil. Às vezes o filme agradava, mas não era legendado, somente dublado. Ou somente legendado. Amanda queria um que tivesse as duas coisas: dublagem e legenda, pois entendia que, para quem não era deficiente, era um saco ter que acompanhar as legendas. Às vezes achavam um que tinha as duas coisas, mas o enredo não agradava. Por fim, quando estavam quase desistindo, acharam um que agradavam a ambos, e era dublado e legendado.
Enquanto ia no caixa deixar o aluguel do filme pago, Ricardo pensava que era realmente injusto que Amanda não pudesse assistir ao filme que ela queria ver logo que adentraram na locadora. Devia existir uma lei que obrigasse as produtoras a colocarem legendas em seus filmes. Até havia uma lei recente, mas era para filmes exibidos em cinemas apenas. Até quando acessibilidade iria ser um problema?, ele pensava, enquanto agradecia e pegava seu troco e o filme. Até quando deficientes como Amanda seriam negados de fazerem algo que queriam por não terem um acesso decente? Amanda ainda ouvia. E os surdos que não ouviam nada? Não se divertiam?
- No que você está pensando? - Amanda quis saber, enquanto Ricardo se dirigia para o apartamento dela. - Está tão calado...
- Estou furioso porque você queria ter alugado aquele filme e não pôde. - Ricardo falou, cerrando os dentes.
-Deixa pra lá, Ricardo. Era só um filme. - Amanda murmurou, dando de ombros.
- Não, não era só um filme. Não se trata só disso... Como você faz para se divertir, Amanda?
- Quando vejo TV, eu vejo se o programa que eu quero ver tem close caption. Se tiver eu vejo, senão... - ela deixou a frase no ar, dando de ombros. - Se for programa nacional, sem close caption, eu tento acompanhar com a leitura labial. Quando alugo filme, olho sempre se tem legenda.
Isso queria dizer que as opções dela eram muito limitadas. Ela nem tinha TV por assinatura, pelo que Ricardo sabia. Aquilo não era justo. Mas de que adiantava se revoltar? Ele não ia mudar as coisas do dia para a noite. Infelizmente.
Olá, meus amores!! E aí, gostaram do capítulo?? Sei que demorei para postar, massss... Como o tema da redação do ENEM foi justamente acessibilidade para surdos e LIBRAS, eu senti que era quase um DEVER continuar a escrever esse livro. Porque apesar do casal super fofo da história, quero que esse livro passe uma mensagem... E para quem fez o ENEM e ainda tem dúvidas, ou para quem não fez... Bem... Não, as LIBRAS não é a língua dos surdos. E não, não existe surdo-mudo. Vou explicar. Existem surdos que nasceram assim, e, como aprendemos a falar OUVINDO, quem nasceu surdo acaba tendo dificuldade para falar. Pode acabar ficando mudo? Pode. Mas isso NÃO significa que TODO surdo seja mudo. Com relação às LIBRAS. Os surdos que não conseguem falar (por terem nascidos surdos), normalmente usam as LIBRAS para se comunicarem. Tem também os surdos que APRENDEM essa língua, como uma forma de se comunicarem com outros surdos. Como nossa protagonista. Ela aprendeu essa língua (sim, LIBRAS, é uma LÍNGUA, não uma linguagem) para poder trabalhar na ONG. Mas tem surdos que falam, sabem ler, escrever... Acessibilidade para surdos, é ter legendas em filmes e programas de TV, na vídeo-aula da faculdade, é ter avisos luminosos, não apenas sonoros, principalmente em aeroportos, para citar alguns exemplos. Acessibilidade não é ter somente uma pessoa fazendo aquele monnnte de sinais de LIBRAS no cantinho da TV, como muita gente pensa. A deficiência auditiva tem muitas facetas, digamos assim. Deu para entender? Espero que sim... Hahaha Agora deixa eu ficar por aqui, não queria fazer textão...
Não esqueçam de comentar e votar, se estiverem gostando. Façam essa autora feliz... Um beijo no coração de todos... E até a próxima!!!
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