Capítulo 11
Olá, meus queridos leitores. Estou bastante sumida, eu sei, mas como falei, estou trabalhando agora, e meu tempo está muito corrido... Mas sinto uma falta imensa de escrever, aí dei um jeitinho... Demorei, mas voltei com mais um capítulo, espero que gostem, foi escrito com muito carinho...
Ao chegar em casa, Amanda tomou uma ducha refrescante e se preparou para dormir. Mas apesar do dia ter sido bastante cansativo, o sono não veio logo, como ela esperara. Seus pensamentos voltavam a todo instante para os acontecimentos daquela noite. O encontro inesperado com seu ex. Ricardo a defendendo das palavras maldosas de Fábio. O incidente no restaurante. Ela lembrava que não o corrigira quando Ricardo dissera ao seu ex que era seu atual namorado. E ela mesma dissera ao gerente do restaurante que uma das garçonetes dera em cima do seu namorado. Na hora fora tão natural se referir a Ricardo assim... Amanda havia proposto a ele que fossem amigos coloridos, a fim de se conhecerem melhor. Mas Ricardo dissera que para ele, ela já era sua namorada, e só concordara com a amizade colorida porque ela se sentia mais confortável assim. Mas será que seu coração já o enxergava como seu namorado?, Amanda se perguntava. Na tarde anterior ficara muito decepcionada quando não recebera nenhuma mensagem de Ricardo convidando-a para sair. E ficara com o coração aliviado e cheio de alegria quando ele explicara, ao ligar à noite, o motivo para não convidá-la. Ela admitia que sentia o coração disparar toda vez que se cruzavam na empresa, e que não era fácil vê-lo durante o expediente e não poder tocá-lo e beijá-lo. E admitia que contava os minutos para a noite chegar para ficarem sozinhos. E quando finalmente ficavam a sós sentia uma felicidade intensa invadi-la. Era delicioso ser abraçada e beijada por ele... Receber seus carinhos... Ela se sentia nas nuvens quando estava nos braços dele. Isso seria um sinal de que estava se apaixonando por Ricardo? Para responder essa pergunta, ela teria que se fazer outra. Seria capaz de se afastar agora de Ricardo? Conseguiria ficar sem seus beijos e seus carinhos e manter uma relação de simples amizade? Amanda não precisava pensar muito para responder a isso. Ricardo entrara devagarinho em sua vida, pegando-a meio que de surpresa, e ela agora não conseguia imaginar-se longe dele, mesmo tendo- o conhecido há pouco tempo. Porém, apesar de seu coração estar batendo mais forte por ele, Amanda tinha sérios problemas em confiar em alguém. Devido ao preconceito que sempre sofrera devido a sua deficiência, e ao seu fracassado namoro com Fábio, ela só conseguia confiar em Daniel e Cristiane. Tentava sinceramente confiar em Ricardo. Era verdade que ele demonstrara algumas vezes ser digno de confiança, e Daniel, a pessoa que mais a amava no mundo, dera total aprovação ao seu envolvimento com Ricardo. Daniel não confiaria a felicidade da única irmã a alguém que não inspirasse confiança, confiaria?
O que a preocupava também era o que acabara revelando a ele durante a conversa que tiveram dentro do carro. Será que agira certo ao contar naquele momento, enquanto os dois ainda estavam se conhecendo, sua inexperiência? Bom, de qualquer modo uma hora ele ia acabar desconfiando... Ou até descobrindo por si próprio. Isso era uma coisa que não dava para esconder por muito tempo. Ainda mais nos dias atuais, onde a maioria das mulheres se entregavam logo a seus parceiros, muitas no primeiro encontro. Amanda não conseguia ser tão moderna e liberal assim. Não que fosse careta. Mas como namorara pouco e após sua desastrosa experiência com Fábio, ela se fechara para outros relacionamentos e se tornara cautelosa, talvez até cautelosa demais. Houvera várias oportunidades, ela recebera inúmeras cantadas, mas preferira permanecer sozinha do que correr o risco de sofrer outra decepção. Até que Ricardo surgira em sua vida e conseguira fazer com que ela se abrisse para um novo amor e derrubara as barreiras que ela erguera em torno de si. Sim, talvez fosse o momento de ela assumir o relacionamento dos dois. De assumir que ele era seu namorado. Ou talvez não... Ricardo estava aceitando bem o fato de ela ser deficiente, tinha uma paciência enorme com ela, coisa que ela não obtivera de várias pessoas com quem convivera ao longo dos anos. Mas será que ele aceitaria uma namorada deficiente e inexperiente? Ele dissera que não a pressionaria e esperaria até que ela estivesse pronta, até que ela decidisse o momento certo, mas será que ele não se cansaria de esperar? Porque, por mais que estivesse se apaixonando por ele, Amanda não iria dar um passo tão importante em sua vida apenas para agradá-lo. Seria quando ela achasse que a hora certa havia chegado. E quando seria essa hora, ela não sabia dizer. Até lá talvez ele se cansasse de esperar e acabasse por preferir estar com uma mulher mais experiente... Um homem como Ricardo não aguentaria namorar muito tempo sem sexo. Talvez Amanda devesse continuar com sua cautela. Pois confiar totalmente levava tempo. E ela precisava confiar totalmente nele antes de entregar seu coração... E sua inocência. Amanda suspirou e se ajeitou melhor na cama. Estava exausta, precisava descansar, pois trabalharia no dia seguinte, e ficar pensando em Ricardo não a ajudaria a pegar no sono. Depois de mais um tempo rolando na cama, ela relanceou o olhar para o relógio digital em cima do criado-mudo e constatou que já passava da meia noite, e nada do sono dar as caras. Dando um longo suspiro, ela se sentou na cama, colocou seu aparelho e pegou seu celular. Precisava falar com Cristiane. Amanda sabia que ela às vezes ficava até altas horas da madrugada estudando, e ela rezou para que naquela noite a amiga estivesse fazendo o mesmo. Cristiane até ligara para ela na segunda, e quase implorara a Amanda para ela lhe contar em detalhes o que acontecera depois que deixaram a pizzaria no domingo à noite, mas Amanda se recusara a contar qualquer coisa por telefone, dizendo que preferia que as duas conversassem pessoalmente. Cristiane tentara argumentar, dizendo que estava sem tempo durante a semana, e que morreria de curiosidade até o próximo fim de semana, mas Amanda fora irredutível. Decidida, Amanda começou a digitar o número da amiga, ajustando o telefone para o modo viva-voz, torcendo para que Cristiane encontrasse um tempo para vê-la, e logo. Precisava desesperadamente desabafar com alguém. Cristiane atendeu no segundo toque, e Amanda quase suspirou de alívio ao ouvir a voz da amiga.
- Qual é a emergência? - Cristiane foi logo perguntando, direta como sempre.
- Olá, Cris. Boa noite para você também. - Amanda cumprimentou a amiga, com um leve toque de ironia.
- Desculpe esquecer as boas maneiras, Amanda, mas fiquei preocupada com sua ligação... Achei que tinha acontecido algo muito grave.
- Não aconteceu nada de grave. - Amanda afirmou. Em seguida perguntou, lembrando o quão tarde era. - Eu acordei você?
- Não, não acordou. Estava estudando para a prova de amanhã. Mas o que houve? Pensei que a essa hora você estaria dormindo como uma pedra.
- Eu também pensei. - Amanda replicou com um suspiro. - Mas não estou conseguindo dormir.
- Por quê? Aconteceu alguma coisa que não seja grave?
- Bem... Mais ou menos.. - Amanda começou, pensando se conseguiria fazer a amiga ir visitá-la.
- Pode me contar, querida. Sou toda ouvidos agora. - Cristiane disse, enquanto Amanda ouvia o som abafado de livros e cadernos sendo fechados.
- Na verdade, não queria falar por telefone. - Amanda respondeu, e não pôde deixar de sorrir ao escutar a amiga bufando do outro lado da linha. - Cris, você não consegue arranjar uma brecha nessa sua maratona de estudos e arrumar um tempinho para visitar sua amiga? A gente não se vê desde domingo e estou me sentindo meio abandonada, sabe?
Cristiane riu, e se fez um breve silêncio do outro lado da linha. Amanda presumiu que a amiga estava olhando seu calendário de provas e pensando no que poderia fazer.
- Bem, deixe-me ver. - ela disse depois de alguns minutos. - Depois da prova de amanhã, a próxima é só na segunda. Acho que dá para dar uma pausa breve nos estudos e podemos nos ver amanhã à noite. A não ser que você tenha outro compromisso... - ela acrescentou sugestivamente.
- Amanhã à noite? Sério, Cris? - Amanda disse animada. Ela até tinha outro compromisso (ou achava que tinha, se Ricardo a convidasse para sair), mas poderia dar um jeito nisso. - Mas isso é ótimo! Estou precisando demais falar com você.
- Deve estar mesmo, para estar me ligando a essa hora ao invés de estar dormindo...
- Você pode vir então jantar comigo? Não ficaremos até muito tarde, prometo.
- Claro. Mas fique avisada, dona Amanda, que quero saber de tudo que está acontecendo.
- Pode deixar. Juro que contarei tudo nos mínimos detalhes.
- Então está combinado. Agora acho melhor você tentar dormir, ou vai ficar parecendo um zumbi amanhã.
- Olha quem fala...
- Eu já estou acostumada, querida. E estou me preparando para quando me formar, quando dormir será uma coisa que não farei com muita frequência.
Amanda riu, e depois de se despedirem, as duas finalmente desligaram. Sentindo-se bem mais tranquila, Amanda se ajeitou novamente na cama e em alguns minutos dormia profundamente.
Deitado em sua cama, Ricardo também encontrava dificuldades para dormir. Repassava em sua mente a conversa que tivera com Amanda mais cedo em seu carro. Ainda estava bastante surpreso. Sabia que Amanda estava sem namorar já fazia algum tempo, mas nem nos seus mais loucos sonhos poderia supor que sua namorada fosse inexperiente. Amanda era uma linda mulher, possuía um corpo de tirar o fôlego, com curvas nos lugares certos. O fato de ela ser deficiente não fazia diferença para ele, pois Amanda era uma mulher maravilhosa, certamente com muito mais qualidades que muitas pessoas "normais". Mesmo tendo sofrido com o preconceito durante grande parte de sua vida, isso não a impedira de pensar em uma maneira de ajudar àqueles que sofriam as mesmas limitações que ela. Amanda era mesmo uma caixinha de surpresas. A cada dia que passava não parava de surpreendê-lo. Claro que não era comum ela ainda ser virgem aos vinte e dois anos de idade, mas Ricardo não achava que ela fosse uma aberração por isso. Isso só mostrava o caráter de Amanda, mostrava que ela não era uma mulher que cedia à pressões. Preferira esperar até que surgisse em seu caminho alguém que ela julgasse digno de receber o maior presente que uma mulher poderia dar a um homem. Mesmo tendo sido pressionada pelo babaca do ex, mesmo sabendo que todas as garotas da idade dela já tinham transado, ela escolhera esperar e se guardar. Agira segundo sua consciência e seus princípios. Ricardo a admirava por isso. E se sentia cada vez mais envolvido por ela... Sentia vontade de gritar, de revelar a todos que ele e Amanda estavam juntos. Mas não sabia se Amanda ainda enxergava a relação deles como uma amizade colorida. Ele já deixara bem claro, de várias maneiras, que para ele ela era sua namorada. Que para ele o relacionamento dos dois era sério. Será que depois da conversa que tiveram no carro Amanda também passara a pensar assim? Ele esperava ardentemente que sim, pois não via a hora de mostrar a todos que os dois estavam juntos. O infeliz encontro com o ex dela deixara provado uma coisa que Ricardo já sabia. Ele não era o único homem a querer Amanda ao seu lado. E ele nem podia pensar na possibilidade de vê-la nos braços de outro homem, o que poderia acontecer, se Amanda continuasse enxergando-o como um amigo colorido. Não, Amanda era dele, somente dele, e ele não mediria esforços para conseguir conquistá-la de vez. Sem pressioná-la, sem forçar a barra, respeitando-a, como ele havia prometido a ela. Não seria uma tarefa fácil, pois bastava ele olhá-la para ele sentir seu sangue esquentar nas veias. Mas ele estava determinado a mostrar a Amanda que era muito diferente do ex-namorado dela, que, ao contrário daquele babaca, ele não via nenhum problema ou empecilho em sua deficiência, e que era um homem em que ela podia confiar. É claro que ele desejava Amanda... Desejava beijar cada pedacinho daquele corpo macio, desejava ardentemente iniciá-la nos mistérios da paixão. Desejava puxá-la para si e só soltá-la quando os dois estivessem exaustos e sem fôlego. Mas acima de tudo desejava conquistar a confiança de Amanda, e entrar em seu coração de uma maneira que ela não pensasse em nenhum outro homem que não fosse ele. E se para isso ele tivesse que namorar como um colegial, até que ela decidisse que era hora de dar o próximo passo, ele faria isso de bom grado. Sabia que o sacrifício valeria a pena.
No dia seguinte, como era quinta- feira e Amanda não tinha nenhum compromisso na ONG, ela almoçou com Ricardo e Daniel. Os três estavam saindo do restaurante, a caminho da empresa, quando um outro funcionário, que também era amigo de Daniel, se aproximou, e depois de cumprimentar educadamente o trio, anunciou que precisava falar algo importante com Daniel. Ricardo puxou discretamente a mão de Amanda, incitando-a a diminuir o passo. Os dois começaram então a andar mais devagar, aumentando a distância entre eles e Daniel e o tal funcionário.
- E aí, doçura? Podemos nos ver hoje à noite? - Ricardo perguntou quando já estavam bem afastados, e não podiam mais ser ouvidos.
Amanda respirou fundo. Desejava e muito ver Ricardo depois do expediente, sentia vontade de estar com ele todos os dias, e estava super feliz de constatar que ele também sentia o mesmo. Mas já combinara de jantar com Cristiane em seu apartamento depois do trabalho, e além de estar morrendo de saudade da amiga, precisava desesperadamente conversar com ela. Esperava ardentemente que Ricardo compreendesse. Sentia-se dividida entre ele e sua amiga, pois os dois eram igualmente importantes para ela.
- Bem... eu... hum... eu convidei a Cris para jantar hoje lá em casa, Ricardo. - ela disse meio sem jeito. Olhou para ele com pesar. - A última vez que a vi foi no domingo. Ela está estudando feito louca, anda sem tempo para nada, e dei sorte por hoje ela dar uma pausa nos estudos. Me desculpe.
- Não precisa se desculpar, doçura. - Ricardo devolveu, e Amanda não pôde deixar de notar um breve lampejo de decepção no olhar dele. Sentiu-se mal por isso. - Eu entendo.
- Você entende? - Amanda perguntou, sem ter certeza de que ouvira direito.
- Claro que sim. Acho que ando monopolizando você. Estou sendo meio egoísta, e a única coisa que posso dizer em minha defesa é que não consigo ficar longe de você. Eu é que peço desculpas.
- Você não anda me monopolizando, Ricardo. Também fico ansiosa para nos encontrarmos depois do expediente, mas é que estou com muita saudade da Cris e...
- Tudo bem, Amanda. - ele replicou, um meio sorriso brincando em seus lábios. - Já disse que entendo. Pode curtir a companhia da sua amiga sossegada. Teremos muitas outras noites para nos vermos.
- Obrigada, Ricardo...
- Não precisa agradecer. - ele disse, ficando bem próximo a ela. - Não será fácil ficar longe de você essa noite, mas não sou aquele tipo de cara que trata a namorada como se fosse sua propriedade. Mas eu estaria sendo muito abusado se pedisse para você me ligar depois que sua amiga for embora?
- Se não for muito tarde, ligo, sim.
- Pode me ligar a hora que for. Já estarei sendo privado da sua presença, não quero ser privado de ouvir sua voz também.
Amanda deu risada, o que ajudou a dissipar a leve tensão que se instalara entre os dois. Ricardo deu uma rápida olhada no relógio de pulso e constatou que faltava pouco para o horário de almoço acabar, e os dois apressaram o passo para chegar na empresa a tempo.
Quando chegou em casa, Amanda deu uma rápida arrumada no apartamento e tomou um banho rápido, vestindo roupas confortáveis. Se apressou em preparar logo o jantar, pois Cristiane não demoraria a chegar. Colocou a lasanha no microondas e começou a fazer o arroz. Vinte minutos depois tudo estava pronto, e ela estava arrumando a mesa quando ouviu a campainha tocar. Depois de conferir pelo olho mágico que se tratava mesmo da amiga, ela abriu a porta e as duas trocaram um abraço apertado. Por fim, Amanda deu passagem para Cristiane entrar e fechou a porta.
- Até que enfim resolveu me dar o prazer de sua ilustre visita. -Amanda disse, enquanto se encaminhavam para a sala.
- Hunf... Fazer chantagem não é nada bonito, dona Amanda. - Cristiane retrucou, fingindo um olhar ofendido.
- Pare de drama. Estava com saudade de você, sua boba. Ultimamente os livros ficaram mais importantes do que eu...
- Agora quem está fazendo drama? - Cristiane devolveu, arqueando uma sobrancelha bem delineada. Amanda riu, fazendo a amiga rir também. - Para provar que também estava com saudade de você, trouxe sorvete. - ela declarou, estendendo uma sacola de supermercado para a amiga. Amanda se dirigiu à cozinha e guardou a sobremesa no freezer, não sem antes protestar, dizendo que não era necessário, e começou a servir o jantar, com a ajuda de Cristiane.
As duas estavam jantando em silêncio fazia alguns minutos, quando Cristiane estalou a língua e largou o garfo no prato.
- Esse suspense está me matando, Amanda. - ela disse, quebrando o silêncio. - Você vai me contar o que está havendo, ou não?
Amanda também parou de comer e encarou a amiga.
- Bem, é que eu... eu... não sei por onde começar...
- Que tal pelo começo? - Cristiane sugeriu, e ao ver a expressão aflita da amiga, emendou: - Vou te ajudar, então. Vamos começar pelo último dia que nos vimos. Sei que o Ricardo trouxe você em casa. O que aconteceu entre vocês dois?
Amanda fez um breve relato do que acontecera entre ela e Ricardo no domingo, enquanto terminavam de comer, e Cristiane a fitava surpresa quando ela terminou de falar.
- Quer dizer que você e o Sr. Bonitão são amigos coloridos? - Cristiane quase gritou, totalmente boquiaberta. - Nunca pensei que você curtisse lances casuais, Amanda.
- E não curto. Mas eu estava com medo de me envolver, Cris. Estava, e estou, com medo de me machucar. Não quero que o que houve com o Fábio se repita. Por isso sugeri essa... amizade colorida. Achei que fosse uma maneira de conhecê-lo melhor e assim decidir se devo me envolver ou não.
- E você acha que essa "solução" que você encontrou pode te impedir de se apaixonar por ele? - Cristiane indagou, erguendo novamente a sobrancelha bem delineada. - E acha que isso pode impedi-lo de brincar com seus sentimentos e acabar magoando você, como o babaca do seu ex fez? Não que eu ache que o Ricardo seja capaz disso.
Colocando as coisas daquela forma, Amanda não pôde deixar de pensar que sua amiga tinha certa razão. E suas reflexões sobre seu " relacionamento" com Ricardo na noite anterior vieram à sua mente. Bem, talvez sugerir uma amizade colorida fora uma ideia meio estúpida...
- Ah, não sei, tá bom? - Amanda respondeu à amiga. - Eu estava muito confusa. Estava morrendo de medo de me jogar em um relacionamento de novo, mas, ao mesmo tempo, estava atraída demais pelo Ricardo. Ainda mais depois que percebi que ele não se importava com meu problema. Achei que assim estaria mais segura. Que meu coração estaria mais seguro.
Cristiane lançou um olhar à amiga que dizia exatamente o que ela pensava da solução que Amanda encontrara, mas achou melhor não verbalizar esse pensamento. Em vez disso, perguntou:
- E como está funcionando esse "arranjo" entre vocês? Como o Ricardo está te tratando?
- Ah, ele tem sido muito atencioso e carinhoso comigo. - Amanda respondeu, com uma expressão sonhadora no rosto. - E me disse, na noite do dia seguinte, que para ele, já estamos namorando, que ele só concordou com essa história de amizade colorida porque eu me sentia mais confortável assim. Confesso que ele tem me surpreendido bastante.
- Amanda, você não acha que está na hora de parar com essa história de "amigos coloridos" e assumir o relacionamento de vocês de uma vez?
Amanda se levantou, recolhendo os pratos, e Cristiane a ajudou a retirar a mesa, seguindo a amiga até a cozinha.
- Confesso que estive pensando muito nisso. Ainda mais depois de ontem... - Amanda parou o que dizia e sentiu que corava. Se virou para pegar o sorvete no freezer.
- O que houve ontem? - Cristiane incitou a amiga, ao perceber que ela não iria terminar a frase.
Amanda não respondeu de imediato. Se concentrou em servir o sorvete em duas vasilhas e entregou uma para Cristiane. Guardou o pote novamente no freezer e seguiu para a sala. Só quando se acomodou no sofá é que ela por fim respondeu.
- Eu acabei contando para ele que eu ainda não... que eu ainda sou... você sabe. - Amanda disse, corando ainda mais. - Eu não queria contar, mas encontramos com o idiota do Fábio na entrada do restaurante e ele tentou vir com gracinha pra cima de mim, depois que o Ricardo se aproximou, ele me defendeu. - Amanda continuou, meio que atropelando as palavras, e Cristiane não disse nada, apenas a encarou com as duas sobrancelhas arqueadas. - O Ricardo me defendeu e disse umas boas verdades para ele. Mas quando ele me trouxe de volta o assunto veio à tona, ele estava surtando, cheio de ciúmes, imaginando coisas entre o Fábio e eu e... acabei falando.
- E como ele reagiu? - Cristiane perguntou, depois de engolir mais uma colherada de sorvete.
- Bem, primeiro ele ficou bastante surpreso. Una garota da minha idade que ainda não... é uma raridade, né? Ficou me fitando como se eu tivesse duas cabeças. Mas depois disso disse que jamais me pressionaria, que não forçaria a barra nesse sentido. Disse que iria me respeitar e esperar até eu estar pronta para dar esse passo.
- Bem, eu conheci o Ricardo rapidamente na pizzaria, o que não foi lá grande coisa, mas além de achá-lo lindo, simpatizei muito com ele. E agora confesso que ele subiu bastante no meu conceito. Acho que ele foi um perfeito cavalheiro com você, Amanda.
- Sim, mas não sei se agi certo ao contar uma coisa... tão íntima para ele. Quer dizer, sei que é uma coisa que não dá para esconder por muito tempo, mas nem namorados somos ainda...
- Porque você não quer. - Cristiane apontou. - Ou ainda não se deu conta de que vocês já deixaram de ser amigos coloridos.
Amanda acabou seu sorvete e depositou a vasilha em cima da mesa de centro. Virou-se para a amiga, aflição e confusão estavam estampadas em seus lindos olhos azuis.
- Eu estou muito confusa, Cris. Não sei se devo deixar as coisas como estão ou se devo assumir de vez nosso relacionamento. E confesso que agora estou com muito mais medo do que antes.
- Por quê? - Cristiane perguntou, se inclinando para colocar sua vasilha ao lado da que a amiga usara, na mesinha de centro.
- Porque ele sabe da minha inexperiência. E não sei quando vai rolar, e se vai rolar. Você sabe o que eu penso sobre isso, Cris. Por mais que eu esteja... atraída por ele, não vou me entregar a ele só para agradá-lo. E se ele se cansar de esperar?
- Se o Ricardo estiver mesmo a fim de você, se sentir o mesmo que você sente por ele, te garanto que ele não vai cansar de esperar. Pelo contrário. Acho que a espera pode tornar tudo mais... excitante.
- Você acha mesmo, Cris? Mas e se ele se der conta de que prefere estar com uma mulher mais... experiente?
- Amanda, se ele estivesse atrás de sexo, acho que talvez ele preferisse estar com uma mulher mais experiente. Mas creio que não é o caso. Se ele aceitou ficar com você mesmo sabendo do seu... problema, se aceitou ser seu amigo colorido apenas para agradar você, acho que ele sente algo por você. E quer saber de uma coisa? Acho que está na hora de você confiar mais no seu taco. O Ricardo já te deu provas de que é digno de sua confiança. Tente relaxar um pouco e entregar ao que você está sentindo. Algo me diz que você não vai se arrepender.
E aí, meus queridos? Espero que tenham gostado... Não esqueçam de comentar, e clicar na estrelinha, se estiverem gostando... Façam essa autora feliz. Um beijo no coração de todos e até a próxima!!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro