c a p í t u l o - 🇽 🇮 🇮 🇮
Aquela lembrança não sairia da minha memória tão fácil. Senti as sombras balançando em minha volta enquanto tomava um banho gelado para tentar esquecer. Assim que toquei a mão forte e calorosa de Bucky, uma onda me invadiu, mas consegui guiá-la até a lembrança importante: o dia em que meus pais morreram. Vi a cena atemorizada com os gritos, tiros e o fogo.
Aquilo foi mais doloroso do que poderia imaginar. Ver meu pai e minha mãe novamente, com aquele olhar, aquele fogo... Foi triste. O sentimento da perda veio para cima de mim como um tsunami, pronto para me afogar. Ao tocá-lo, me vi revivendo cada um dos dias depois da morte deles... do funeral até a minha contratação no museu.
Eu sei que Bucky talvez não tivesse realmente nada a ver com o que aconteceu, mas ele ter me escondido aquilo tinha me deixado furiosa. Com tudo o que eu estava sentindo, foi só um impulso para ficar ainda mais brava. Eu senti que o atingi de alguma forma quando ele se despediu, cabisbaixo. Não queria ter feito isso.
Já faz quase três meses desde que eu o conheci. Trabalhando juntos, lutando, nos aproximando. E aquilo foi uma traição. Eu sei que para você, talvez não pareça, mas para mim... mentir e omitir estão na mesma linha. As duas ações são cruéis. Eu estava me sentindo infeliz naquele momento, enquanto abraçava o travesseiro, chorando tudo o que podia.
Sabe aquele momento que você está desabando aquilo que não havia antes? Que, depois de tanto tempo, a última gota transbordou o seu copo? Tentei libertar tudo aquilo que estava me magoando. Meus pais mortos, um amigo mentiroso, não poder ter uma vida normal, as sombras, a maldade, a luta, a guerra...
Chorei por cada coisa que estava atolada na minha mente e eu não libertava por medo das sombras. Cada sentimento que afundei dentro de mim. Deixei a água do chuveiro simplesmente cair sobre meus ombros, lavando a dor embora.
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Na manhã seguinte, me levantei com uma batida na porta. Eu já havia acordado há um tempo, com a luz do sol entrando pelas frestas das altas cortinas claras, mas não tinha forças para levantar. Eu já estava bem melhor, mais leve de todo aquele sentimento da noite anterior. Queria falar com Bucky sobre isso e imaginava que era ele na porta, conforme havia me dito.
— Bom dia, flor do dia — Samuel falou assim que abri a porta.
Minha ansiedade se tornou decepção por alguns segundos. Não era bem quem eu esperava ver.
— Bom dia pra quem? — retruquei, ranzinza, franzindo a sobrancelha. Me sentia um caco ainda, com o corpo todo dolorido de me revirar na cama.
— Nossa você tá com uma cara péssima — retrucou ele, entrando no meu quarto em passadas largas.
— Olha eu... não tive uma ótima noite, então tô só o pó da rabiola — eu disse, separando uma botina no armário e sentando na cama para colocá-la.
— Eu soube — ele retrucou, cruzando os braços sobre o peito musculoso. — Mas precisamos ver algumas coisas antes da missão, preciso te mostrar como Renata e Josiane trabalham com a gente e preparar o seu disfarce.
Afirmei com a cabeça, terminando de colocar o calçado. Ainda estava esperando Bucky aparecer a qualquer momento, mas parecia que isso não iria acontecer. Olhei por trás de Samuel esperando encontrá-lo por ali.
— Ele saiu — Samuel falou, como se lesse os meus pensamentos.
— Quem? — me fiz de desentendida.
— Bucky — disse ele, semicerrando os olhos. Ele não era burro. — Só volta à noite, quando sairmos.
— Ah...
— Olha só. Eu não sei tudo o que aconteceu entre vocês ou como — Sam começou a dizer, me fitando com seus grandes olhos castanhos. — Mas tudo o que Bucky anda fazendo é por sua segurança e cuidado.
— Segurança e cuidado?
— Bucky sempre se arriscou. Fez maluquices. Saiu pulando em caminhões, se jogando de prédios e correndo de balas. Mas nunca vi ele se apaixonar. Não da forma como ele gosta de você — continuou ele. Parei por um segundo, prestando atenção naquelas palavras. Apaixonar? — Ele errou muito, Samantha, em toda a vida que ele teve. Mas não aja como se também nunca tivesse errado.
Fiquei calada com aquelas palavras enquanto Samuel me levava até a sala principal onde Renata e Josiane estavam. Josi era baixinha, com longos cabelos escuros que contrastavam com sua pele clara cheia de sardas.
— Até que enfim — Renata falou, me puxando pelo braço suavemente até as mesas de escritório.
Passei a manhã e a tarde inteira lá, ouvindo e me preparando para cada passo do que havia sido planejado. A cada palavra de Renata eu percebia o quanto ela era inteligente. Josi era calada, mas seu talento com tecnologia era absurdo. Uma nerd incrível. Samuel andava de um lado para o outro, focado, mas sua mente parecia estar em outro lugar.
Eu não encontrei Bucky o dia todo. Isso me deixava com borboletas no estômago. Será que ele havia ficado bravo comigo? Ou havia saído para alguma missão maluca de última hora? Bem, Samuel não soube me responder quanto o questionei e depois do que me disse pela manhã, eu ainda me sentia envergonhada demais para puxar esse assunto com ele.
O plano era difícil e provavelmente poderia acabar sendo um problemão. Mas aquilo impulsionava a adrenalina no meu sangue, fazendo meus pensamentos rodarem a mil, entendendo as várias possibilidades do que poderia acontecer.
— Garota, você não tem noção de como está gata — Renata falou, terminando de arrumar o tecido do vestido que ela havia preparado.
Me olhei no espelho, dando uma última olhada para a pessoa que me tornei em frente à ele. Meu rosto tinha uma maquiagem arrasadora e meus cabelos escuros haviam sido enrolados com babyliss, presos em um penteado solto extremamente bonito. Havia um tempo que eu deixei de ser uma simples restauradora. Eu havia me tornado uma guerreira, sexy, poderosa.
Quando fitei os meus olhos castanhos no espelho, percebi que estava brilhando!
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As sete horas da noite, eu estava na limusine preta arrumando uma pistola e uma faca no tecido de couro da cinta liga na minha coxa. Aquilo apertava, mas preciso confessar: estava me sentindo uma grande gostosa desde que me olhei no espelho a primeira vez, assim que Renata terminou de me vestir com uma roupa especial, projetada para me deixar comum e ser utilizada em batalha sem problemas.
Estava com poucas armas espalhadas pelo meu corpo, mas isso era interessante já que eu era a principal arma dessa ação. Balancei a pulseira dourada do meu pulso e testei o brinco com som que Josi me deu. A pedraria de diamante refletia seu brilho e equilibrava o meu rosto, me deixando bonita.
Samuel estava em minha frente vestindo um terno glamoroso, olhando para fora da janela, pensativo. Ele estava muito bonito, vestindo um terno era preto, liso, contrastando com a camiseta azul celeste por baixo.
— Preparados para a ação? — Renata questionou do banco do motorista, nos olhando pelo retrovisor.
Ela e Josi estavam na frente. Renata dirigindo e a pequena nerd com um notebook no banco do carona, teclando rapidamente alguma coisa em um software preto e azul.
— Sempre estive — Samuel respondeu com um sorrisinho, apesar de seu olhar estar extremamente sério.
— Bucky está chegando, vai nos encontrar na entrada do teatro — ela comentou. — Lembrem de entrar todos juntos para que ninguém os expulsem. Sam, eles precisam de você, mas não vão te dar mole, ok?
— Entendido — falei. Então percebi que não era comigo.
— Não é com você, é com o outro Sam — Renata riu, balançando a cabeça. — Apesar de Samuel ser importante para o governo, sabe como eles são craques em apagar arquivos, não é, Samantha?
— Sei. E como sei — falei.
— Já estou aqui, vão demorar? — ouvi a voz de Bucky nos meus ouvidos. Arrepiei por um segundo antes de perceber que ele estava falando pelo comunicador.
— Estamos chegando, Bucky, apenas alguns segundos — Renata respondeu.
Então, finalmente Renata estacionou em frente a um majestoso espaço de teatro. Uma construção antiga, mas renovada, com belos vitrais brilhantes que refletiam uma luz amarelada das lâmpadas internas. Havia muita gente ali. Centenas delas. Assim como muitos carros luxuosos e paparazzi.
O local estava infestado de gente quando o carro entrou numa via específica para o caminho. Por um segundo, agradeci pelos vidros escuros, pois apesar dos curiosos que rondavam nosso carro, não houve nenhuma ação. Meus nervos estavam começando a ficar irritados e eu sabia que a noite ali, estava longe de acabar.
Renata parou em frente a um longo tapete vermelho na entrada do teatro. O maldito teatro onde meus pais morreram. Firmei tanto os dentes que achei que iria quebrá-los apenas com a raiva. Ali dentro estava o motivo pelo qual eu fiquei sozinha. Qualquer uma daquelas pessoas poderia ser a culpada pela morte dos dois.
Eu esperava desesperadamente conseguir realizar tudo o que esperávamos fazer ainda hoje.
— Todos preparados? — Renata mandou pelo comunicador.
— Sim — ouvi a voz de Bucky em meu ouvido novamente junto com a de Samuel e a minha.
Então, um homem do lado de fora foi até a porta da nossa limusine e a abriu, me fazendo sair ao lado de Samuel, com cuidado para não estragar nada da minha roupa, enquanto dezenas de flashes estalavam em meu rosto.
E assim que fiz isso, meu coração errou o compasso. O encarei por alguns milésimos de segundo, vendo um lindo homem alto em um terno de alta costura totalmente preto, do blazer à camiseta de gola informal, contrastando intensamente com o tom branco de sua pele e o brilho azul de seus olhos.
Bucky.
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NA: O coração chegou a dar um erro, né? Imagina só o Sebastian Stan de terno preto...
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