capítulo 3
Espero que gostem da história! Desculpa sumir por tanto tempo do wattpad.
Estava no terceiro dia sem água encanada e isso estava começando a ser desesperador demais, seus poros estavam tão dilatados e sujos que tudo que o Kim tocava parecia imundo. A sensação etérea de tocar no líquido transparente dava arrepios em sua cabeça quando imaginava o toque fluído.
O governo havia cortado o suporte de água da cidade devido a falta das chuvas e algumas áreas precisavam de maior amparo, como idosos, alguma criança que houvesse sobrado no mundo e doentes. Crianças eram algo raro neste mundo, tanto pela falta de interesse da população em ter mais uma boca para alimentar quanto por não terem tempo para transar.
Taehyung não queria trazer mais uma pessoa para este mundo, ele preferia não ser o cara que traria alguém para sofrer junto a si em uma fábrica, ou passar fome, ou dormir em lugares insalubres... a questão era que casais heterossexuais não eram mais incentivados nessa era, agora o normal é ver casais compostos de pessoas do mesmo sexo.
O atual presidente, Park Jimin, era casado com um homem!
O loiro não conseguia se lembrar quando isso havia sido algo comum, quando o sol foi se aproximando da terra gradativamente ele percebeu um aumento nos desenhos animados que via 一 quando havia alguma visão 一, os casais eram homossexuais, com algumas exceções, como o amigo do protagonista e o amor da vida dele, coisas assim.
Mas ele sabia que antigamente os filmes eram centrados em um casal com uma mulher do lar, leal e bonita com um homem, geralmente militar ou de um cargo alto, bem educado e levemente mulherengo. O Kim até já tinha visto algumas dessas velharias para rir.
Agora, enquanto tomava café requintado apoiado num sofá já sem espuma, ele pensava em como tudo isso era injusto, ele sabia que os mais necessitados deviam ter prioridade, mas ele queria um banho, de forma urgente.
Ele estava tendo uma agonia intensa se espalhando por todos os seus ossos enquanto andava, comia e dormia. A dor da sujeira também estava o afetando na execução das tarefas, ele quase havia matado dois coelhos e se exposto de propósito no sol para ter uma limpeza, sua pele saiu mais queimada do que limpa, mas era um alívio.
Mas ele tinha coisas a fazer hoje de mais importância do que pensar em como ele fora estúpido em se jogar em direção a uma possível morte dolorosa; tinha um compromisso.
Taehyung colocou sua jaqueta contra luz UVA, a bengala e saiu da casa. Procurou o piso tátil e foi raspando pelas extremidades mais altas do chão, ele se lembrava que se saísse para a esquerda e passasse por três pisos de aviso estava na casa da mulher.
O rapaz bateu na porta dela e esperou, o lugar era muito excêntrico, a casa estava pintada de rosa choque e a porta era amarela, um contraste inteligente de se pensar, mas muito feio. Sentiu um cheiro doce, ao mesmo tempo era um odor férreo que dava ânsia no estômago. O Kim ouviu um entre abafado vindo de dentro do lugar e mesmo hesitante ele entrou.
Ainda com o objeto que era uma extensão de seu corpo em mãos, ele foi andando pela residência tentando ouvir qualquer coisa. O plano deu certo já que a velha soltou uma risadinha estranha, parecia riso, choro e tormento. Com mais medo do que antes, andou devagar, acabou se trombando em uma mesa, mas já estava acostumado, então passou reto, chegou em uma porta de correr.
A risada, choro, horror, continuava, mas agora o cheiro doce férreo era extremamente forte, forçando o garoto a tapar o nariz com a manga da roupa. Os seus olhos lacrimejavam e seu instinto estava completamente acordado, se sentia como uma criatura indefesa dentro do ninho de um predador novo.
一 Você chegou querido, vamos venha até aqui 一 a velha bateu as mãos em um tampo 一 sente-se um pouco comigo.
O Kim engoliu em seco, mas se movimentou calmamente até o som, a bengala bateu em alguma coisa e quando viu era uma banqueta. O loiro se sentou lá, estava com os olhos bem arregalados, tentava captar pela luz o que estava acontecendo, só conseguia ver um lugar muito verde, mas quando percebeu sua visão era inteiramente capturada pelo vermelho.
Vermelho vivo, parecia sangue de tão vivo e brilhante, era tão belo, tão chamativo, parecia até mesmo suculento. Taehyung sentia sua boca salivando naquela planta nova que ele nunca tinha visto. Ouviu a senhora pigarreando e se lembrou de que não estava sozinho.
一 Estou feliz que esteja bem 一 Illinois riu feliz 一 preciso perguntar, qual o nome dessas flores?
一 São tulipas selvagens, mas você pode chamar de tesouro 一 a dona suspirava 一 são minha passagem.
一 Como podem ser tulipas, eu não vejo uma flor tão vermelha a anos!
Era uma verdade sem precedentes, existiam no planeta poucas flores com esse tipo de pigmento vermelho tão forte, devido a antocianina presente nas plantas carmesim o povo correu atrás e quase levou a espécie em extinção se não fosse a intervenção do governo. A substância ajuda na proteção da ação da luz, então foi muito requisitada para tratamentos de pele no início do período Heliano.
一 É uma pergunta engraçada a sua, 一 a senhora riu, chorou, horrorizou um pouco e seguiu falando, mas cada vez mais fraca 一 não há coisa mais vermelha no mundo do mundo que o sangue, se quer ver vermelho se corte, você é alto, deve ter muito sangue.
一 Eu sei, mas nunca vi algo assim tão de perto 一 o loiro sorria como um bobo, segurava a vontade de tocar na flor por respeito 一 como você está?
一 Eu estou velha 一 a mulher esperou um pouco, o homem acabou vendo pelo reflexo como a pele da senhorinha estava pálida 一 credo, você é ruim de piada. Eu estou bem.
Após ela ter dito ser uma piada, Taehyung se permitiu rir um pouco, ele pensou que tinha ofendido ela, por isso havia travado. Agora ele se sentia mais calmo, mas um pouco preocupado com a saúde da vizinha. Sim, ela era branca como um papel, ele sabia disso por que ele brilhava levemente quando a encontrava na rua durante seu caminho ao trabalho, mas desta vez estava diferente.
一 Você anda precisando de alguma coisa? 一 o Kim perguntou para sanar sua dúvida.
Um longo silêncio se sucedeu, onde tudo que dava para prestar atenção era no fluxo de ar que passava por alguns buracos da janela e formava um som fantasmagórico. Isso estava começando a ficar estranho de novo.
一 Agora não, quando eu for para a minha cápsula eu terei tudo que eu quiser 一 o rapaz ouve um som de dor vindo dela e depois uma fita.
一 Cápsula? 一 ele pergunta curioso.
一 Você já deve saber do projeto Willow, eu vou pra lá com essas belezinhas 一 a mulher dizia fraca, mas com um forte orgulho.
Illinois se levantou e começou a entrar na residência, deixando-o muito confuso sobre o que havia acontecido. Quando ele estava se levantando para segui-la, foi surpreendido com dois galões de água, roupas e uma toalha.
一 O banheiro é lá em cima, segunda porta à direita, espero que estas roupas te sirvam 一 a velha empurrou tudo em seus braços.
一 Por que está me dando tudo isso? 一 o garoto indaga e a mulher ri.
一 Para beber e tomar banho, pra que seria?
Taehyung sente uma queimação nos olhos e mesmo sem entender porque estava recebendo essa ajuda vai correndo até o banheiro, tateia a casa muito rápido e acha a segunda porta no segundo andar, tirou as roupas tão rápido que acabou se arranhando um pouco mas valeu a pena quando abriu a rede da água e sentiu as gotas batendo em suas costas soltou um uivo de satisfação.
Se sentia no céu, estava tomando o banho no qual ficou imaginando a dias, seu tão sonhado banho. Saiu do chuveiro com custo, não queria largar aquela maravilha, mas sabia que não podia gastar toda a água da dona Illinois. Ele pegou a toalha e se secou calmamente, tinha apreço pelo momento tão esperado, queria aproveitar.
O Kim colocou as roupas novas, cabiam bem e tinha ainda aquela aspereza de tecido novo, cheiro de algodão escovado e trançado em linhas finas para ficar perfeito. Parecia que tudo tinha sido feito para ele.
O garoto desceu até o primeiro andar animado e a senhora o esperava no sofá com um café passado na hora. Eles se sentaram na mesa em silêncio e aproveitaram o momento junto a um bolo de trigo bravo.
一 Eu não sei o que dizer... muito obrigado por tudo isso.
一 Isso não é nem metade do que merecemos, querido.
A senhora Illinois dizia isso segurando sua bengala velha e torta para a direita, no início era de um tom verde bonito, mas já havia se desgastado com o tempo.
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